Devocional

Afinal de contas, por que motivo estou aqui?

Uma vida dedicada às coisas materiais é morta, um tronco cortado; uma vida moldada por Deus é uma árvore florescente.
Provérbios 11:28; Msg

Felizes os que confiam no Senhor [...] São como árvores plantadas às margens de um rio, cujas raízes alcançam águas profundas. Tais árvores não são afetadas pelo calor nem se preocupam com longos meses de seca. Suas folhas permanecem verdes e produzem fruto delicioso.
Jeremias 17:7, 8; NLT
Dia 1Tudo Começa com Deus

Pois tudo, absolutamente tudo, nos céus e na terra, visível e invisível [...] todas as coisas começaram nele e nele  encontram seu propósito.
Colossenses 1.16; Msg

A menos que se admita a existência de Deus, a questão que se refere ao propósito para a vida não tem sentido.
Bertrand Russell, ateu
A questão não é você.

O propósito de sua vida é muito maior que sua realização pesso­al, sua paz de espírito ou mesmo sua felicidade. É muito maior que sua família, sua carreira ou mesmo seus mais ambiciosos sonhos e aspirações. Se você quiser saber por que foi colocado neste planeta, deverá começar por Deus. Você nasceu de acordo com os propósitos dele e para cumprir os propósitos dele.
A procura pelo propósito (sentido) da vida tem intrigado as pes­soas por milhares de anos. Isso porque normalmente começamos pelo lado errado — nós mesmos. Nós fazemos perguntas voltadas para a nossa pessoa, como: “O que eu quero ser? O que eu deveria fazer com a minha vida? Quais são meus objetivos, minhas ambi­ções e meus sonhos para o futuro?”. Mas concentrarmo-nos em nós mesmos jamais desvendará o propósito de nossa vida. A Bíblia diz: A vida de todas as criaturas está na mão de Deus; é ele quem man­tém todas as pessoas com vida.1
Ao contrário do que dizem muitos livros famosos, filmes e semi­nários, você não irá descobrir o significado de sua vida olhando dentro de si mesmo. É provável que você já tenha tentado isso. Você não criou a si mesmo, logo não há jeito de dizer a si mesmo para que foi criado! Se eu lhe entregar uma invenção desconhecida, você não terá como saber sua serventia nem a própria invenção terá a capaci­dade de lhe dizer. Somente o criador ou o manual do fabricante poderá mostrar sua utilidade.
Certa vez, perdi-me nas montanhas. Quando parei para pergun­tar como chegar ao acampamento, disseram-me: “Não há como você chegar saindo diretamente daqui. Você deve ir para o outro lado da montanha”! Da mesma forma, você não pode chegar ao propósito da sua vida concentrando-se em si mesmo. Você deve começar com Deus, seu Criador. Você só existe porque Deus deseja que você exista. Você foi feito por Deus e para Deus — e, enquan­to não compreender isso, a vida jamais terá sentido. É somente em Deus que descobri­mos nossa origem, nossa identidade, o que significamos, nosso propósito, nossa impor­tância e nosso destino. Todos os outros ca­minhos levam a um beco sem saída.
Muitas pessoas tentam usar Deus para sua auto-realização, mas isso é contrário à natureza e está fadado ao fracasso. Você foi feito por Deus, e não o contrário; viver é deixar Deus usá-lo para seus propó­sitos, e não você usar a Deus para o que deseja. A Bíblia diz: A obses­são consigo mesmo nesses assuntos leva a uma situação sem solução; a atenção para com Deus nos leva a uma vida livre e abundante.2
Já li muitos livros que sugerem formas de descobrir o propósito de minha vida. Todos poderiam ser classificados como livros de “auto-ajuda”, pois abordam o assunto a partir de um ponto de vista egocêntrico. Livros de auto-ajuda, até mesmo os cristãos, normal­mente propõem as mesmas etapas previsíveis para achar o propósi­to para a vida: “Dê importância aos seus sonhos. Defina claramente seus valores. Estabeleça algumas metas. Defina em que você é bom. Aspire grandes objetivos. Vá a luta! Seja disciplinado. Acredite em si mesmo. Envolva outras pessoas. Não desista jamais”.
É lógico que essas recomendações freqüentemente levam a gran­des êxitos. Pode-se em geral ser bem-sucedido ao buscar uma meta, se houver concentração para o fim proposto. Mas ser bem-sucedido e cumprir o propósito para sua vida são coisas absolutamente distin­tas! Você poderia alcançar seus objetivos pessoais, tornando-se um sucesso pelos padrões do mundo, e ainda assim falhar em alcançar os propósitos para os quais Deus o criou. Você precisa de mais do que conselhos de livros de auto-ajuda. A Bíblia diz: Auto-ajuda não é em absoluto uma ajuda. Sacrificar-se é a forma, a minha forma, de você achar a si mesmo, seu verdadeiro eu?
Este não é um livro de auto-ajuda. Não ensina a achar a carreira correta, a realizar seus sonhos ou a planejar sua vida. Não ensina a encaixar mais atividades em uma agenda lotada. Na verdade, ele ensinará a fazer menos na vida — ao se concentrar no que mais importa. Ele o ajudará a se tornar o que Deus pretendia fazer de você ao criá-lo.
Então, como descobrir o propósito para o qual você foi criado? Você só tem duas opções. A primeira é a especulação. Essa é a opção escolhida pela maioria das pessoas. Elas conjeturam, supõem, teorizam. Quando as pessoas dizem “Eu sempre pensei que a vida fosse...”, querem dizer: “Este é o melhor palpite que posso dar”.
Por milhares de anos, filósofos bri­lhantes discutiram e ponderaram sobre o significado da vida. A filosofia é um tema importante e tem sua utilidade, mas quando se trata de determinar o propósito da vida, mesmo o mais sábio dos filósofos está apenas supondo.
O Dr. Hugh Moorhead, professor de Filosofia na Northeastern Illinois University, escreveu certa vez para 250 dos mais conhecidos filóso­fos, cientistas e intelectuais do mundo, perguntando: “Qual o signifi­cado da vida?”. Ele então publicou suas respostas em um livro. Al­guns deram seus melhores palpites, alguns admitiram ter apenas in­ventado um propósito para a vida e outros foram honestos o bastan­te para dizer que não tinham a menor idéia. Na verdade, vários inte­lectuais de renome pediram ao professor Moorhead que respondesse, caso descobrisse o propósito da vida!4
Felizmente, há uma alternativa à especulação sobre o significa­do e propósito da vida. Trata-se da revelação. Podemos nos voltar para o que Deus revelou sobre a vida em sua Palavra. O modo mais fácil de descobrir o propósito de uma invenção é perguntando ao inventor. Descobrir o propósito de sua vida funciona da mesma forma: pergunte a Deus.
Deus não nos deixou às cegas, para ficarmos nos questionando e conjeturando. Ele claramente revelou, ao longo da Bíblia, seus cinco propósitos para nossa vida. É o nosso “Manual do proprietá­rio”, que explica por que estamos vivos, como a vida funciona, o que evitar e o que esperar do futuro. Ela explica o que nenhum livro de auto-ajuda ou de filosofia pode saber. A Bíblia diz: A sabe­doria de Deus [...] trata profundamente de seus propósitos [...] não sendo sua mensagem recente, e sim a mais antiga — que Deus de­terminou como a forma de aflorar o melhor de si em nós?

Deus não é apenas o ponto de partida de nossa vida: é a fonte dela. Para descobrir o propósito para sua vida, volte-se para a Pala­vra de Deus, e não para a sabedoria do mundo. Você deve edificar sua vida sobre verdades eternas, e não sobre psicologia popular, histórias inspiradoras e estímulos para alcan­çar o sucesso. A Bíblia diz: É em Cristo que descobrimos quem somos e o propósito de nos­sa vida. Muito antes de termos ouvido falar de Cristo e de termos erguido nossas espe­ranças [...] ele já tinha seus olhos sobre nós; já havia planejado para nós uma vida glorio­sa, parte do projeto global que ele está elaboran­do para tudo e para todos! Esse versículo nos dá três descobertas a respeito do nosso propósito:
1.   Você descobre a sua identidade e propósito através de um relacionamento com Jesus Cristo. Se você não tem esse relaci­onamento, explicarei mais adiante como iniciá-lo.
2.   Deus já pensava a seu respeito muito antes de você pensar a respeito dele. O propósito determinado por ele para a sua vida é anterior à sua concepção. Ele planejou isso antes que você existisse, sem a sua contribuição! Você pode escolher sua car­reira, seu cônjuge, seus passatempos e muitas outras partes da sua vida, mas não pode escolher o seu propósito.
3.   O propósito da sua vida cabe em um outro propósito muito maior e cósmico, que Deus planejou para a eternidade. É disso que trata este livro.
Andrei Bitov, um romancista russo, cresceu sob um regime comu­nista e ateu. Mas Deus chamou sua atenção em um dia lúgubre. Ele recorda: “Aos 27 anos de idade, enquanto viajava no metrô de Leningrado (agora São Petersburgo), fui dominado por um desespero tão intenso que a vida pareceu parar de uma vez, anulando completamen­te o futuro e não deixando nenhum significado. De repente, uma frase apareceu por si só: Sem Deus a vida não faz sentido. Repetin­do-a, assombrado, eu repassei a frase como em uma escada rolante, saí do metrô e caminhei para a luz de Deus”.7
Você deve ter se sentido perdido a respeito do seu propósito na vida. Parabéns! Você está prestes a caminhar para a luz.

Primeiro Dia
Pensando sobre o propósito de minha vida

Um tema para reflexão: A questão não sou eu.

Um versículo para memorizar: Todas as coisas foram criadas nele e nele encontram propósito (Colossenses 1.16; Msg).

Uma pergunta para meditar: Apesar de todos os argumen­tos ao meu redor, como posso lembrar-me de que a vida é na verdade viver para Deus, e não para mim mesmo?













Dia 2 Você não é um acidente

Eu sou seu criador. Você estava sob meus cuidados mesmo antes de nascer.
Isaías 44.2; cev
Você não é um acidente.

Seu nascimento não foi um erro ou um infortúnio, e sua vida não é um acaso da natureza. Seus pais podem não tê-lo planejado, mas Deus certamente o fez. Ele não ficou nem um pouco surpreso com seu nascimento. Aliás, ele o aguardava.
Muito antes de ser concebido por seus pais, você foi concebido na mente de Deus. Ele pensou em você primeiro. Você não está respirando neste exato momento por acaso, sorte, destino ou coin­cidência. Você está vivo porque Deus quis criá-lo! A Bíblia diz: O Senhor cumprirá o seu propósito para comigo!1
Deus determinou cada pequeno detalhe de nosso corpo. Ele deliberadamente escolheu sua raça, a cor de sua pele, seu cabelo e todas as outras características. Ele fez seu corpo sob medida, exa­tamente do jeito que queria. Ele também determinou os talentos naturais que você possuiria e a singularidade de sua personalida­de. A Bíblia diz: Tu me conheces por dentro e por fora, conheces cada osso do meu corpo; conheces exatamente como fui formado, parte por parte, como fui esculpido e vim a existir.2
Uma vez que Deus o fez por um motivo, ele também decidiu o momento de seu nascimento e seu tempo de vida. Ele planejou os dias de sua vida antecipadamente, escolhendo o momento exato de seu nascimento e de sua morte. A Bíblia diz: Antes mesmo de o meu corpo tomar forma humana Tu já havias planejado todos os dias da minha vida; cada um deles estava registrado no teu livro!3
Deus também programou onde você nasceria e onde viveria para o propósito dele. Sua raça e nacionalidade não são um mero acaso; Deus não deixou nenhum detalhe ao acaso. Ele planejou isso tudo para o propósito dele. A Bíblia diz: De um só fez ele todos os povos [...] tendo determinado os tempos anteriormente estabelecidos e os lugares exatos em que deveriam habitar.4 Nada em sua vida é casu­al — tudo foi feito em função de um propósito.
E o mais incrível: Deus decidiu como você nasceria. Independen­temente das circunstâncias de seu nascimento e de quem são seu pais, Deus tinha um plano ao criá-lo. Não importa se seus pais foram bons, ruins ou indiferentes. Deus sabia que esses dois indivíduos possuíam a cons­tituição genética específica para criar você em especial, exatamente como ele tinha em mente. Eles tinham o dna que Deus queria para formá-lo.
Embora existam pais ilegítimos, não existem filhos ilegítimos. Muitos filhos não foram planejados pelos pais, mas não são um imprevisto para Deus.
O propósito de Deus levou em conta o erro humano e até mesmo o pecado.
Deus nunca faz nada por acaso, e ele nunca comete erros. Ele tem um motivo para tudo que criou. Todas as plantas e animais foram planejados por Deus, e cada pessoa foi idealizada com um propósito. O motivo para Deus tê-lo criado foi o amor que ele tem. A Bíblia diz: Muito antes de estabelecer as fundações da terra, Deus já nos tinha em mente, tendo nos escolhido como foco de seu amor5
Deus já pensava em você antes de formar o mundo. Na verdade, você foi o motivo de Deus ter criado o mundo! Deus projetou o meio ambiente deste planeta para que pudéssemos viver nele. Nós somos o foco de seu amor e o elemento de maior valor em toda a sua criação. A Bíblia diz: Por sua decisão ele nos gerou pela pala­vra da verdade, a fim de sermos como que os primeiros frutos de tudo o que ele criou.6 Eis quanto Deus o ama e valoriza!
Deus não age de forma aleatória; ele planejou tudo de forma extremamente precisa. Quanto mais os físicos, biólogos e outros cientistas aprendem sobre o universo, mais compreendemos quan­to ele é adequado à nossa existência — feito sob medida com as exatas especificações que tornam a vida humana possível.
O Dr. Michael Denton, experiente pesquisador da genética humana da Universidade de Otago, Nova Zelândia, concluiu: “Todas as evi­dências disponíveis nas ciências biológicas, apóiam a teoria básica [...] de que o universo como um todo foi especialmente criado tendo a vida e a humanidade como principal objetivo e propósito; um conjunto no qual todas as facetas da realidade têm seu significado e expli­cação nesse fato fundamental”.7 A Bíblia disse a mesma coisa milha­res de anos atrás: Ele é Deus; que moldou a terra e a fez, ele fundou-a; não a criou para estar vazia, mas a formou para ser habitada.8
Por que Deus fez tudo isso? Por que enfrentou todo o incômodo de criar um universo para nós? Porque ele é um Deus de amor. Esse tipo de amor é difícil de compreender, mas é essencial­mente confiável. Você foi criado para ser um alvo espe­cial do amor de Deus! Deus o fez para poder amá-lo. Essa é uma verdade sobre a qual você precisa edificar sua vida.
A Bíblia nos diz que Deus é amor.9 Ela não diz que Deus tem amor. Ele é amor! Amor é a essência do caráter de Deus. Há um perfeito amor na irmandade da Trindade, então Deus não precisou criá-lo. Ele não estava só. Mas quis fazê-lo para expressar o seu amor. Deus diz: Vocês, a quem tenho sustentado desde que foram concebi­dos, e que tenho carregado desde o seu nascimento. Mesmo na sua velhice, quando tiverem cabelos brancos, sou eu aquele, aquele que os susterá. Eu os fiz e os levarei; eu os sustentarei e os salvarei.10
Se não houvesse um Deus, seríamos todos “acidentes”, o resulta­do de um fato extraordinariamente aleatório no universo. Você po­deria parar de ler este livro, pois a vida não teria nenhum propósito, significado ou importância. Não haveria certo e errado, bem como nenhuma esperança além de seus breves anos aqui na terra.
Mas há um Deus que o fez por uma razão, e sua vida tem um profundo significado! Descobrimos esse significado e propósito so­mente quando tomamos a Deus como ponto de referência de nossa vida. Romanos 12.3, na paráfrase The message [A mensagem], diz: A única forma precisa de compreendermos a nós mesmos é pelo que Deus é e pelo que ele faz por nós.
Este poema de Russell Kelfer resume isso:

Você é quem é por uma razão.Você faz parte de um plano complexo.
Você é uma criação original, preciosa e perfeita,denominada como notável homem ou mulher de Deus.
Você tem essa aparência por uma razão.Nosso Deus não cometeu nenhum erro.
Ele o teceu no útero, você é exatamente o que ele quis fazer.
Os pais que você teve foram escolhidos por ele,e, a despeito de seus sentimentos,
eles foram feitos sob medida para os planos que Deus tem em mente,e estão aprovados pelo Senhor.
Não, aquele trauma que você enfrentou não foi fácil. E Deus chorou por aquilo o ter machucado tanto;
mas foi permitido para moldar seu coração para que você crescesse à sua imagem.
Você é quem é por uma razão.Você vem sendo moldado pela vara do Senhor.
Você é quem é, amado,porque há um Deus!11

Segundo Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: Não sou um acidente.

Um versículo para memorizar: Eu sou seu criador. Você estava sob os meus cuidados mesmo antes de nascer (Isaías 44.2; cev).

Uma pergunta para meditar: Tendo a consciência de que Deus me criou de forma exclusiva, que áreas da minha personalidade, formação e aparência física te­nho tido dificuldade em aceitar?

Dia 3 O QUE DIRIGE SUA VIDA?

Percebi que o que faz os homens correrem
atrás do sucesso é a inveja!
Eclesiastes 4.4; bv

O homem sem propósitos é como um barco sem
leme — um vira-lata, um nada, um ninguém.
Thomas Carlyle
Todo e qualquer indivíduo tem sua vida dirigida por algo.

A maioria dos dicionários define a palavra “dirigir” como “guiar, controlar, direcionar”. Se você está dirigindo um carro, um prego ou uma bola de golfe, estará naquele momento guiando, controlando e direcionando. Qual a força que dirige sua vida?
Neste exato momento, você pode estar sendo dirigido por um pro­blema, por pressão ou por um prazo limitado. Você pode estar sendo dirigido por uma lembrança dolorosa, um temor pungente ou uma crença inconsciente. Existem centenas de circunstâncias, valores e emoções que podem dirigir sua vida. Eis aqui cinco dos mais comuns.

Muitos são dirigidos pela culpa. Tais pessoas passam a vida inteira fugindo do remorso e ocultando sua vergonha. Pessoas dirigidas pela culpa são manipuladas por suas lembranças. Elas permitem que seu passado controle seu futuro. Elas freqüentemente culpam a si mesmas por sabotarem o próprio sucesso. Quando Caim pecou, sua culpa o fez cair da presença de Deus, e Deus disse: Você será um fugitivo errante pelo mundo.1 Isso descreve a maioria das pessoas hoje em dia — perambulando pela vida, sem propósito.
Somos produto de nosso passado, mas não temos de ser prisio­neiros dele. O propósito de Deus não é restringido pelo seu passado. Ele tornou um assassino chamado Moisés em um líder, e um covarde chamado Gideão em um corajoso herói. Ele também pode fazer coi­sas maravilhosas com o resto de sua vida. Deus é especialista em dar às pessoas um novo começo. A Bíblia diz: Como é feliz o homem que tem suas desobediências perdoadas e seus pecados cobertos!2

Muitos são dirigidos pelo rancor e pela raiva. Eles se apegam a mágoas, sem jamais superá-las. Em vez de aliviarem sua dor através do perdão, revivem-na de contínuo em sua mente. Algumas pessoas
dirigidas pelo rancor “se fecham” e interiorizam sua raiva, enquanto outras “explodem” sobre os outros. Ambas as reações são pernicio­sas e não trazem nenhum benefício.
O rancor sempre machuca mais a você que a pessoa que trouxe tal indignação. Enquanto aquele que o ofendeu provavelmente es­queceu o insulto e seguiu com sua vida, você continua angustiado em sua dor, perpetuando o passado.
Ouça: os que o magoaram no passado não podem continuar a magoá-lo, a menos que você se agarre à dor através do rancor. O que passou, passou! Nada poderá mudar o passado. Você apenas machu­ca a si mesmo com sua amargura. Para seu próprio bem, aprenda com o passado e então afaste-se dele. A Bíblia diz: Ficar desgostoso e amargurado é loucura, é falta de juízo, que leva à morte?

Muitos são dirigidos pelo medo. Seus temores são provavelmen­te o resultado de experiências traumáticas e de expectativas ilusóri­as, do crescimento em um lar extremamente severo ou mesmo de predisposição genética. Independentemente do que tenha causado tal situação, pessoas dirigidas pelo medo com freqüência perdem grandes oportunidades por terem medo de correr riscos. Em vez dis­so, elas se comportam de maneira cautelosa, evitando riscos e ten­tando manter a situação vigente.
O medo é a auto-imposição de um cárcere, que o impedirá de se tornar o que Deus pretende que você seja. Você tem de agir contra isso, com as armas da fé e do amor. A Bíblia diz: No amor não há medo; ao contrário, o perfeito amor expulsa o medo, porque o medo supõe castigo. Aquele que tem medo não está aperfeiçoado no amor.4

Muitos são dirigidos pelo materialismo. Seu desejo de adquirir se torna o único objetivo na vida. O impulso de sempre querer mais baseia-se no conceito errôneo de que ter mais me tornará mais feliz, mais importante e mais protegido. Mas os três pensamentos são falsos. Posses somente trazem felicidade temporária. Uma vez que as coisas não se modificam, acabamos nos entediando e então pas­samos a desejar modelos mais novos, maiores e melhores.
Também é um mito a concepção de que, quanto mais possuir, mais importante serei. Auto-estima e patrimônio não são a mesma coisa. Seu valor não é determinado pelas suas posses, e Deus deixa claro que as coisas mais valiosas da vida não são os bens!
O mito mais freqüente a respeito do dinheiro é o que diz que, quanto mais dinheiro se tem, mais protegido se está. Isso não é verdade. Riquezas podem ser perdidas em um piscar de olhos, em virtude de uma enorme quantidade de fatores incontroláveis. A ver­dadeira proteção só pode ser achada naquilo que nunca poderão tomar de você — seu relacionamento com Deus.

Muitos são dirigidos pela necessidade de aprovação. Eles permi­tem que as expectativas dos pais, esposas, filhos, professores ou ami­gos controlem sua vida. Muitos adultos ainda tentam ganhar a aprovação de pais que nunca estão satisfeitos. Outros são di­rigidos pela pressão social, sempre preo­cupados com o que os outros poderiam pensar. Infelizmente, os que seguem a mul­tidão acabam normalmente perdidos nela. Não conheço todas as chaves do su­cesso, mas uma chave para o fracasso é tentar agradar a todos. Ser controlado pelas opiniões dos outros é uma forma segura de dei­xar de lado os propósitos de Deus para sua vida. Jesus disse: Nin­guém pode servir a dois senhores.5
Existem outras influências que podem dirigir sua vida, mas to­das levam ao mesmo impasse: potencial não-aproveitado, estresse desnecessário e uma vida não-realizada.
Esta jornada de quarenta dias mostrará como ter uma vida diri­gida por propósitos — uma vida guiada, controlada e direcionada pelos propósitos de Deus. Nada é mais importante do que conhecer os propósitos de Deus para sua vida, e nada pode compensar o prejuízo de não conhecê-los: nem o sucesso, nem as riquezas, nem a fama, nem os prazeres. Sem um propósito, a vida é um movimento sem sentido, uma atividade sem direção e acontecimentos sem moti­vo. Sem um propósito, a vida é trivial, mesquinha e inútil.

AS VANTAGENS DE UMA VIDA DIRIGIDA

POR PROPÓSITOS

Existem cinco grandes vantagens em se levar uma vida dirigida por propósitos:

Conhecer o propósito de sua vida faz que ela tenha sentido. Fomos feitos para ser importantes. É por isso que as pessoas usam métodos questionáveis, como astrologia e psicologia, para desco­brir isso. Quando a vida faz sentido, você pode suportar quase tudo; sem isso, tudo é insuportável.
Um jovem na casa dos vinte anos escreveu: “Sinto-me um fracas­sado, pois luto para me tornar algo e nem ao menos sei o quê. Tudo o que sei fazer é sobreviver. Algum dia, se eu descobrir o meu desíg­nio, sentirei que estou começando a viver”.
Sem Deus, a vida não tem nenhum propósito, e sem um propósito a vida não tem significado. Sem um significado, a vida não tem relevância ou esperança. Na Bíblia, diversas pessoas expressaram sua falta de esperança. Isaías queixou-se: Tenho me afadigado sem qualquer propósito; tenho gastado minha força em vão e para nada.6 Jó disse: Meus dias são vazios e sem esperança7 e Detesto a vida; não quero mais viver. Deixa-me em paz, pois a minha vida não vale nada.8 A maior de todas as desgraças não é a morte, mas uma vida sem propósitos.
A esperança é tão essencial para sua vida como o ar e a água. É preciso esperança para vencer. O Dr. Bernie Siegel descobriu que podia prever qual de seus pacientes com câncer apresentariam melhoras, ao perguntar: “Você quer viver até os cem anos de idade?”. Os que tinham profunda noção do propósi­to de sua vida respondiam sim, e eram aqueles com maiores probabi­lidades de sobrevivência. A esperança é gerada quando se tem propósitos.
Se você tem se sentido sem esperança, não desista! Coisas mara­vilhosas acontecerão em sua vida quando você começar a viver com propósitos. Deus diz: Porque sou eu que conheço os planos que te­nho para vocês, diz o Senhor, planos de fazê-los prosperar e não de lhes causar dano, planos de dar-lhes esperança e um futuro.9 Você pode ter a sensação de estar enfrentando uma situação impossível, mas a Bíblia diz: ... pelo seu grandioso poder operando em nós [Deus] é capaz de fazer muito mais do que nós jamais ousaríamos pedir ou mesmo imaginar, infinitamente além de nossas mais su­blimes orações, anseios, pensamentos ou esperanças.10

Conhecer seu propósito simplifica a vida. Ele define o que você faz e o que você não faz. O propósito se torna o padrão pelo qual você avalia quais ações são essenciais e quais não são. Você simples­mente pergunta: “Esse ato me ajuda a cumprir o propósito de Deus para minha vida?”.
Sem um propósito claro, ficamos sem alicerce sobre o qual funda­mentar decisões, destinar o tempo e empregar os recursos. A ten­dência será tomar decisões com base nas circunstâncias, nas pressões do momento e no humor do dia. Quem não conhece seu propósito tenta realizar além do que deve — e isso causa estresse e fadiga, gerando conflitos.
É impossível fazer tudo o que as pessoas querem que você faça. O seu tempo só é suficiente para fazer a vontade de Deus. Se você não consegue realizá-la por completo, significa que você está tentando fa­zer mais do que Deus pretendia que você fizesse (ou, possivelmente, você está assistindo muito a televisão). Uma vida dirigida por propósito leva a um estilo de vida mais simples e a uma agenda mais equilibrada. A Bíblia diz: A vida vistosa e arrogante é vida vazia; a vida sim­ples e comum é vida plena.11 Isso também leva à paz de espírito: Tu, ó Senhor, dás paz e prosperida­de às pessoas que têm uma fé firme, às pessoas que confiam em ti.12

Conhecer seu propósito direciona sua vida. Isso faz que seus esforços e energias se concentrem no que é importante. Você se torna eficiente ao ser seletivo.
Faz parte da natureza humana distrair-se com assuntos de me­nor importância. Fazemos de nossa vida um jogo qualquer de pas­satempo. Henry David Thoreau observou que as pessoas vivem em um “desespero silencioso”, mas hoje uma melhor descrição seria “distração sem objetivos”. Muitas pessoas são como giroscópios, girando em um ritmo frenético sem jamais chegar a lugar algum.
Sem um propósito definido, você continuará a alterar seus ru­mos, empregos, relacionamentos, igreja e outras circunstâncias ex­ternas — na esperança de que cada mudança solucione a confusão ou preencha o vazio em seu coração. Você pensa: “Talvez seja dife­rente desta vez”, mas isso não resolve o verdadeiro problema — uma falta de foco e de propósito.
A Bíblia diz: Não viva descuidadamente, impensadamente. Certi­fique-se de que você compreende o que o Mestre quer.13
A capacidade de focalização pode ser verificada na luz. A luz difusa tem impacto e energia reduzidos, mas você pode concentrá-la ao focalizá-la. Com uma lente de aumento, os raios do sol podem ser direcionados, a fim de atear fogo à grama ou a um pedaço de papel. Quando a luz é ainda mais concentrada, como em um raio laser, ela pode cortar o aço.
Não há nada tão potente como uma vida direcionada, que é vivida com um propósito. Os homens e mulheres que mais influen­ciaram a história foram os mais concentrados numa direção. O após­tolo Paulo, por exemplo, difundiu o cristianismo no Império Romano praticamente sozinho. Seu segredo era uma vida direcionada. Ele disse: Eu estou concentrando minhas energias unicamente nisto: esquecer o que já passou e avançar para o que está a minha frente.14
Se você quer que sua vida tenha impacto, focalize-a! Deixe de ser inconstante. Pare de tentar fazer de tudo. Faça menos. Corte até mesmo as boas atividades e faça somente o que for mais importan­te. Nunca confunda atividade com produtividade. Você pode estar ocupado sem ter um propósito, mas para quê? Paulo disse: Aqueles de nós que almejam tudo o que Deus tem para nós fiquem concen­trados nesse alvo.15

Conhecer seu propósito estimula a sua vida. O propósito sempre produz entusiasmo. Nada traz mais vigor que um propósito claro. No entanto, a paixão se esvai quando fal­ta um propósito. Até mesmo levantar-se da cama se torna um fardo. É normalmente o trabalho sem sentido, e não o excesso de trabalho, que nos esgota, solapa nossas forças e rouba o nosso prazer.
George Bernard Shaw escreveu: “Esta é a verdadeira alegria da vida: ser usado por um propósito reconhecido por você mesmo como digno. Ser uma força da natureza, em vez de um exaltado e egoísta amontoado de ressentimentos e frustrações, sempre reclamando que o mundo não se devota a torná-lo feliz”.

Conhecer seu propósito o prepara para a eternidade. Muitas pes­soas passam a vida tentando criar um legado a ser deixado sobre a terra. Elas querem ser lembradas quando partirem. Entretanto, o que em última análise mais importa não é o que os outros dizem sobre sua vida, mas o que Deus diz. O que as pessoas não percebem é que todas as realizações acabam sendo superadas; recordes são quebra­dos, reputações desvanecem e homenagens são esquecidas. Na facul­dade, a meta de James Dobson era ser o campeão de tênis da instituição. Ele sentiu-se orgulhoso quando seu troféu foi posto em um local de destaque na sala de troféus da faculdade. Anos mais tarde, alguém enviou-lhe o troféu pelo correio. Eles o haviam achado em uma lata de lixo quando a escola foi reformada. James disse: No devido tem­po, todos os seus troféus serão jogados no lixo por alguém!
Viver para criar um legado na terra é um objetivo tacanho. Uma utilização mais sábia do tempo é construir um legado eterno. Você não foi posto na terra para ser lembrado. Você foi posto aqui para se preparar para a eternidade.
Chegará o dia em que você estará diante de Deus, e ele fará uma auditoria em sua vida; um exame final, antes que você entre na eternidade. A Bíblia diz: Lembrem-se: cada um de nós estará pesso­almente diante de Deus para ser julgado por ele [...] Sim, cada um de nós terá que prestar contas de si mesmo a Deus.16 Felizmente, Deus quer que passemos nesse tes­te, por isso ele nos passou as per­guntas antecipadamente. A partir da Bíblia, podemos supor que Deus nos fará duas perguntas fundamentais:

Primeira: O que você fez com meu Filho, Jesus Cristo? Deus não irá perguntar sobre seus antecedentes religiosos ou visões doutriná­rias. O único ponto importante será: “Você aceitou o que Jesus fez por você, aprendeu a amá-lo e a confiar nele?”. Jesus disse: Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim.17

Segunda: O que você fez com o que eu me dei? O que você fez com sua vida — todas as dádivas, talentos, oportunidades, energia, rela­cionamentos e recursos que Deus lhe deu? Você os gastou consigo mesmo ou os utilizou para os propósitos que Deus lhe deu?
Prepará-lo para essas duas perguntas é o objetivo deste livro. A primeira vai determinar onde você passará a eternidade. A segun­da determinará o que você fará na eternidade. Ao terminar este livro, você estará pronto para responder a essas duas perguntas.


Terceiro Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: Viver com um propósito é o ca­minho para a paz.

Um versículo para memorizar: Tu, ó Senhor, dás paz e prosperidade às pessoas que têm uma fé firme, às pes­soas que confiam em ti (Isaías 26.3; ntlh).

Uma pergunta para meditar: A opinião de minha famí­lia e de meus amigos é a força que dirige minha vida? Que força quero que dirija minha vida?

Dia 4 Criado para ser eterno

Deus tem [...] plantado a eternidade no coração humano. Eclesiastes 3.11; nlt

Deus certamente não teria criado um ser como o homem para existir somente por um dia! Não, não... o homem foi feito para a imortalidade.
Abraham Lincoln

Esta vida não é tudo o que há. A vida é apenas um ensaio geral, antes da verdadeira produção. Você passará muito mais tempo do outro lado da morte — na eter­nidade — do que aqui. A terra é um lugar de preparação, a pré-escola, o vestibular para sua vida na eternidade. É o treinamento coletivo que ocorre antes do jogo; a volta de aquecimento antes do início da corrida. Esta vida é uma preparação para a próxima.
Você viverá no máximo cem anos sobre a terra, mas para sempre na eternidade. O seu tempo na terra é, como disse Thomas Browne, “apenas um parêntese na eternidade”. Você foi feito para ser eterno.
A Bíblia diz que Deus tem [...] plantado a eternidade no coração humano.1 Você tem o impulso inato de ansiar pela imortalidade. Isso ocorre porque Deus o projetou à sua imagem, para viver eter­namente. Embora saibamos que com o tempo todos morreremos, a morte sempre parece anormal e injusta. A razão pela qual sentimos que deveríamos viver para sempre é que Deus condicionou nossa mente com esse desejo!
Um dia, o nosso coração parará de bater. Então será o fim de seu corpo e de seu tempo na terra; mas não será o fim. Seu corpo terre­no é apenas uma residência temporária de seu espírito. A Bíblia chama o nosso corpo terreno de “temporária habitação”, mas se refere ao nosso futuro corpo como uma “casa”. A Bíblia diz: De fato, nós sabemos que, quando for destruída esta barraca em que vivemos, que é o nosso corpo aqui na terra, Deus nos dará, para morarmos nela, uma casa no céu. Essa casa não foi feita por mãos humanas; foi Deus quem a fez, e ela durará para sempre.2
Se a vida na terra oferece muitas opções, a eternidade nos ofere­ce apenas duas: céu ou inferno. Seu relacionamento com Deus na terra, determinará seu relacionamento com Deus na eternidade. Se aprender a amar Jesus, o Filho de Deus, e confiar nele, você será convidado a passar o resto da eternidade com ele. Entretanto, se desprezar o amor, o perdão e a salva­ção que ele oferece, você passará a eter­nidade separado de Deus.
C. S. Lewis disse: “Existem dois ti­pos de pessoas: as que dizem a Deus ‘Seja feita a sua vontade’ e aqueles a quem Deus diz ‘Então tudo bem, faça do seu jeito’“. Tragicamente, muitas pessoas terão de suportar a eternidade sem Deus, pois escolheram viver sem ele aqui na terra.
Quando você compreender plenamente que há mais na vida que apenas o aqui-e-agora e perceber que a vida é apenas uma preparação para a eternidade, você começará a viver de forma diferente. Você começará a viver à luz da eternidade, e isso lhe dará nova perspectiva de como lidar com cada relacionamento, tarefa ou circunstancia.
Subitamente, muitas atividades, metas e até mesmo problemas que pareciam importantes se mostrarão banais, insignificantes e indignos de sua atenção. Quanto mais próximo você viver de Deus, menor todo o resto parecerá.
Quando você vive à luz da eternidade, seus valores mudam. Você utiliza mais sabiamente seu dinheiro e seu tempo. Você passa a dar maior valor a sua personalidade e a seus relacionamentos, em vez de valorizar fama, riqueza, realizações ou mesmo prazeres. Suas priori­dades são reorganizadas. Manter-se em dia com as tendências, modas e valores populares já não é tão importante. Paulo disse: Antigamen­te eu pensava que todas essas coisas eram muito importantes, mas agora eu as considero sem valor algum por causa do que Cristo fez?
Se o seu tempo sobre a terra fosse todo voltado para sua vida, eu sugeriria que começasse a vivê-la imediatamente. Você poderia deixar de ser bom ou ético e não teria de se preocupar com as conseqüências de suas ações. Você poderia dedicar-se a si próprio de modo totalmen­te egocêntrico, porque suas ações não teriam conseqüências de longo prazo. Mas — e isso faz toda a diferença — a morte não é o fim para você! A morte não é o fim, mas a transição para a eternidade. Por isso, existem conseqüências eternas para tudo aquilo que você faz na terra. Cada ato de nossa vida toca um acorde que soará na eternidade.
O aspecto mais prejudicial da vida contemporânea é o raciocínio em curto prazo. Para tirar o máximo da vida, você deve manter sem­pre em sua mente a visão da eternidade e em seu coração, o valor que ela representa. Há muito mais na vida que apenas o aqui-e-agora! O que vemos hoje é apenas a ponta do iceberg. A eternidade é todo o resto que você não vê sob a superfície.
Como será a eternidade com Deus? Com toda a franqueza, nosso cérebro não é capaz de compreender a maravilha e a grandeza do céu Seria como tentar descrever a Internet para uma formiga. É inútil. Não foram inventadas palavras que pudessem transmitir a experiência da eternidade. A Bíblia diz: Este é o significado das Escrituras que dizem que nenhum mero homem jamais viu, ouviu, nem mesmo imaginou, que coisas maravilhosas Deus preparou para aqueles que amam ao Senhor.4
Entretanto, Deus nos dá vislumbres da eternidade em sua Pala­vra. Nós sabemos que, neste exato momento, Deus está preparando um lar eterno para nós. No céu, seremos reunidos com os crentes amados, libertos de toda dor e sofrimento, recompensados por nos­sa fidelidade na terra e designados para um trabalho que apreciare­mos realizar. Nós não ficaremos recostados nas nuvens, com auréolas e tocando harpa! Desfrutaremos da contínua companhia de Deus, e ele se deleitará conosco para todo o sempre. Um dia Jesus dirá: Venham, bendi­tos de meu Pai! Recebam como herança o Reino que lhes foi preparado desde a criação do mundo.5
C. S. Lewis captou o conceito de eternidade na última página de As crônicas de Nárnia, sua série de histórias infantis publicadas num só volume: “Para nós, este é o fim de todas as histórias [...] mas para eles foi apenas o início da história real. Toda a vida que tiveram neste mundo [...] foram apenas a capa e a primeira página. Agora, eles ao menos estavam começando o Primeiro Capítulo da Grande História, que ninguém no mundo jamais leu e a qual pros­segue eternamente, cada capítulo melhor que o anterior”.6
Deus tem um propósito para sua vida na terra, mas ele não termina aqui. O plano envolve muito mais do que as poucas déca­das que você passará neste planeta. É mais do que “a oportunidade de toda uma vida”; Deus lhe oferece uma oportunidade para além de toda uma vida. A Bíblia diz: Mas o que o Senhor planeja dura para sempre, as suas decisões permanecem eternamente.7
O único momento em que as pessoas pensam a respeito da eterni­dade é nos enterros, e mesmo nessas ocasiões são pensamentos freqüentemente sentimentais e superficiais, baseados na ignorância. Você pode sentir que é mórbido pensar a respeito da morte, mas na verdade não é saudável viver negando-a, sem a considerar inevitável.8
Somente um tolo passaria pela vida despreparado para o que todos sabemos que acabará acontecendo. Você deve pensar mais a respeito da eternidade, e não menos.
Assim como os nove meses que você passou no útero de sua mãe não tinham um fim em si, mas eram uma preparação para a vida, também a vida é uma preparação para o que vem a seguir. Se você possui um relacionamento com Deus por meio de Jesus, não é preciso temer a morte. Ela é a porta para a eternidade. Será o último momento de seu tempo na terra, mas não será o fim. Em vez de ser o fim de sua vida, será o seu nascimento na vida eterna. A Bíblia diz: Porque este mundo não é nossa pátria; nós estamos aguardando a nossa pátria eterna no céu.9
Em comparação com a eternidade, nosso tempo na terra não pas­sa de um piscar de olhos, mas as conseqüências durarão para sem­pre. Os atos desta vida definem o destino na próxima. Deveríamos compreender que cada instante que gastamos neste corpo terreno é tempo gasto longe de nosso lar eterno, no céu com Jesus.10 Há alguns anos, uma frase popular encoraja­va as pessoas a viver cada dia, como “o pri­meiro dia do resto de sua vida”. Na verdade, seria mais sábio viver cada dia como se fosse o último de sua vida. Matthew Henry disse: “É ne­cessário que o assunto de cada dia seja preparar-se para o nosso último dia”.

Quarto Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: Há muito mais na vida que apenas o aqui-e-agora.

Um versículo para memorizar: Este mundo está desa­parecendo juntamente com tudo o que ele deseja. Mas se você fizer a vontade de Deus, viverá para sempre (1João 2.17; NLT).

Uma pergunta para meditar: Uma vez que fui feito para ser eterno, qual é hoje a única coisa que eu deveria parar de fazer e a única coisa que eu deveria começar a fazer?

Dia 5 Enxergando a vida do ponto de vista de Deus

Que é a sua vida? Tiago 4.14b; nvi

Nós não vemos as coisas como são, mas como nós somos.
Anaïs Nin
O modo de você enxergar sua vida molda sua vida.

O modo de você definir a vida determina o seu destino. Sua pers­pectiva irá influenciar o modo de você investir seu tempo, gastar seu dinheiro, usar seus talentos e valorizar seus relacionamentos.
Uma das melhores formas de compreender os outros é perguntar-lhes: “Como você enxerga a sua vida?”. Você descobrirá que existem tantas respostas diferentes quanto existem pessoas. Já me disseram que a vida é um circo, um campo minado, uma montanha russa, um quebra-cabeça, uma sinfonia, uma jornada e uma dança. As pessoas dizem “A vida é um carrossel: algumas vezes você está em cima, outras em baixo, e algumas vezes você fica apenas dando voltas”, ou “A vida é uma bicicleta de dez marchas, com engrenagens que nunca usamos”, ou “A vida é um jogo de cartas: você tem de jogar com o que lhe deram”.
Se eu perguntasse como você imagina a vida, qual figura lhe viria à mente? Tal imagem é a sua metáfora de vida. É a visão da vida que você tem, consciente ou inconscientemente. É a sua descrição de como funciona a vida e o que você espera dela. As pessoas fre­qüentemente expressam suas metáforas de vida através de roupas, jóias, carros, penteados, adesivos e até mesmo tatuagens.
Sua velada metáfora de vida influencia sua vida mais do que você percebe. Ela determina suas esperanças, valores, relacionamen­tos, metas e prioridades. Por exemplo: se você pensa que a vida é uma festa, seu principal valor é divertir-se. Se você vê a vida como uma corrida, certamente valorizará a velocidade e provavelmente estará apressado a maior parte do tempo. Se você vê a vida como uma maratona, valorizará a resistência. Se você vê a vida como uma batalha, ou um jogo, vencer será muito importante para você.
Qual a sua visão da vida? Você pode estar baseando sua vida em uma metáfora falha. Para cumprir os propósitos que Deus lhe deu, você terá de contestar o pensamento convencional e substituí-lo pelas metáforas bíblicas da vida. A Bíblia diz: Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhe­cerão a vontade de Deus...1
A Bíblia oferece três metáforas que nos ensinam a visão que Deus tem da vida: a vida é um teste, a vida é uma incumbência de confi­ança e a vida é uma atribuição temporária. Essas idéias são os fun­damentos da vida dirigida por propósitos. Estudaremos os dois primeiros neste capítulo e o terceiro no próximo.

A vida na terra é um teste. Essa metáfora de vida é vista em histó­rias ao longo de toda a Bíblia. Deus continuamente testa as pessoas quanto ao caráter, fé, obediência, amor, honestidade e lealdade. Pala­vras como “provações”, “tentações”, “refinar” e “testar” ocorrem mais de duzentas vezes na Bíblia. Deus provou Abraão ao pedir-lhe que oferecesse seu filho Isaque. Deus provou Jacó, quando ele teve de trabalhar outros tantos anos para obter Raquel como esposa.
Adão e Eva foram reprovados no teste do jardim do Éden, e Davi o foi em testes dados por Deus em diversas ocasiões. Mas a Bíblia também nos dá muitos exemplos de pessoas que passaram em gran­des testes, tais como José, Rute, Ester e Daniel.
Os testes tanto desenvolvem quanto manifestam o caráter de alguém, e toda a vida é um tes­te. Você está sempre sendo tes­tado. Deus constantemente observa sua reação às pessoas, problemas, sucesso, conflitos, enfermidades, decepções e até mesmo em relação ao clima! Ele até observa a mais simples ação, como quando você abre uma porta para alguém, pega o lixo que foi largado no chão ou quando é educado com um balconista ou uma garçonete.
Não conhecemos todos os testes que Deus vai aplicar, mas pode­mos prever alguns deles, baseados na Bíblia. Você será testado por grandes mudanças, promessas retardadas, problemas impossíveis, orações não respondidas, críticas imerecidas e até mesmo tragédias sem sentido. Em minha vida, percebo que Deus testa minha por meio de problemas, minha esperança, pelo modo como lido com mi­nhas posses e meu amor, por meio das pessoas.
Um teste muito importante é verificar qual a sua atitude quando você não consegue sentir a presença de Deus em sua vida. Às vezes Deus se retira intencionalmente, e não sentimos mais sua proximi­dade. Um rei chamado Ezequias experimentou esse tes­te. A Bíblia diz: Deus o deixou, para prová-lo e para saber tudo o que havia em seu coração.2 Ezequias des­frutava da companhia íntima de Deus, mas em um mo­mento crucial de sua vida Deus deixou-o só para testar o seu caráter, revelar uma fraqueza e prepará-lo para uma responsabilidade maior.
Uma vez que tenha compreendido que a vida é um teste, você percebe que nada é insignificante na vida. Mesmo o menor incidente é relevante para o desenvolvimento de seu caráter. Cada dia é im­portante, e cada segundo é uma oportunidade de crescimento para aprofundar o caráter e demonstrar amor ou dependência de Deus. Alguns testes parecem esmagadores, enquanto outros você nem per­cebe. Mas todos têm implicações eternas.
A boa notícia é que Deus quer que você passe nos testes da vida, então ele jamais permitirá que você enfrente testes maiores que a graça que ele lhe concede para lidar com eles. A Bíblia diz: ... mas Deus cumpre a sua promessa e não deixará que vocês sofram tenta­ções que vocês não têm forças para suportar?
Toda vez que você passa em um teste, Deus toma conhecimento e faz planos para recompensá-lo na eternidade. Tiago diz: Felizes são aqueles que perseveram quando são testados. Depois de serem aprova­dos, eles receberão a coroa da vida que Deus prometeu aos que o amam.4
A vida na terra é uma incumbência de confiança. Essa é a segunda metáfora bíblica da vida. Nosso tempo sobre a terra, nossa energia, inteligência, oportunidades, relacionamento e recursos são dádivas que Deus nos confiou para cuidarmos e administramos. Somos mordomos de tudo quanto Deus nos dá. Esse conceito de mordo­mia começa com o reconhecimento de que Deus é o dono de tudo e de todos na terra. A Bíblia diz: Ao Senhor Deus pertencem o mundo e tudo o que nele existe; a terra e todos os seres vivos que nela vivem são dele.5
Nós nunca realmente possuímos qualquer coisa durante nosso breve período na terra. Deus apenas nos empresta a terra enquanto estamos aqui. Ela já era propriedade de Deus antes que você chegasse, e Deus irá emprestá-la a outra pessoa depois que você morrer. Tudo que você pode fazer é desfrutá-la por algum tempo.
Quando Deus criou Adão e Eva, confiou a eles os cuidados de sua criação e os nomeou administradores de sua propriedade. A Bíblia diz: ... e os abençoou, dizendo: — Tenham muitos e muitos filhos; espalhem-se por toda a terra e a dominem. E tenham poder sobre os peixes do mar, sobre as aves que voam no ar e sobre os animais que se arrastam pelo chão.6
O primeiro serviço que Deus deu aos humanos foi administrar e cuidar das “coisas” dele sobre a terra. Dessa função o homem jamais foi exonerado. E é parte de nosso propósito atualmente. Tudo de que nós desfrutamos deve ser tratado como uma incumbência de confiança que Deus nos pôs nas mãos. A Bíblia diz: Vocês têm algu­ma coisa que não tenha sido dada por Deus? E se tudo o que vocês têm vem de Deus, por que vocês se vangloriam como se tivessem realizado alguma coisa por si próprios?7
Anos atrás, um casal deixou que eu e minha esposa nas férias usássemos sua bela casa de frente para a praia no Havaí. Era uma experiência com a qual nunca poderíamos arcar, e aproveitamos muitíssimo. Foi- nos dito: “Usem-na como se lhes pertencesse”, então foi isso que fize­mos! Nós nadamos na piscina, comemos a comida da geladeira, usamos as toa­lhas de banho e os pratos e até nos di­vertimos  pulando  nas  camas!  Mas sabíamos durante todo o tempo que a casa não era realmente nossa. Então tomamos um cuidado especial com tudo. Aproveitamos os bene­fícios de a utilizarmos sem sermos proprietários dela.
Nossos valores culturais dizem: “Se você não é o dono, não terá cuidado”. Mas os cristãos vivem por um padrão mais elevado: “Visto que Deus é o dono, devo cuidar da melhor forma possível”. A Bíblia diz: Os que recebem em confiança algo de valor devem demonstrar que são dignos de tal confiança.8 Jesus freqüentemente se referia à vida como uma incumbência de confiança, e contou muitas históri­as para ilustrar essa responsabilidade perante Deus. Na parábola dos talentos,9 um homem de negócios confiou sua riqueza ao cuida­do dos servos enquanto estava fora. Quando retornou, avaliou a responsabilidade de cada servo e recompensou a cada um conformemente. O dono diz: Muito bem, servo bom e fiel! Você foi fiel no pouco, eu o porei sobre o muito. Venha e participe da alegria do seu senhor!10
Ao fim de sua vida sobre a terra, você será avaliado e recompen­sado conforme seu desempenho ao lidar com o que Deus lhe con­fiou. Isso significa que tudo que você faz, mesmo uma simples tarefa diária, tem implicações eternas. Se você trata tudo como incumbência de confiança, Deus promete três recom­pensas na eternidade. Primeiro: você receberá o reconhecimento de Deus. Ele dirá: “Muito bem! Bom trabalho!”. Depois, você receberá uma promoção e uma responsabilidade maior na eternidade: “Eu o porei a cargo de muitas coisas”. Então você será honrado em uma comemoração: “Ve­nha e participe da alegria de seu senhor”.
A maioria das pessoas não consegue perceber que o dinheiro é tanto um teste quanto uma incumbência de confiança dada por Deus. Deus usa a área financeira para nos ensinar a confiar nele. E, para muitas pessoas, o dinheiro é o maior de todos os testes. Deus observa a forma em que usamos o dinheiro para testar quão confiáveis somos. A Bíblia diz: Se vocês forem indignos de confiança em relação às riquezas deste mundo, quem lhes confiará as verda­deiras riquezas celestiais?11
Essa é uma verdade muito importante. Deus diz que há um rela­cionamento direto entre a forma de eu utilizar meu dinheiro e a qualidade de minha vida espiritual. O modo de eu administrar meu dinheiro (“riquezas deste mundo”) determina quanto Deus pode con­fiar em mim com as bênçãos espirituais (“verdadeiras riquezas”). Deixe-me perguntar: “A forma de você administrar o seu dinheiro está impedindo Deus de fazer mais em sua vida? Você pode ser incumbido de riquezas espirituais?”.
Jesus disse: A quem muito foi dado, muito será exigido; e a quem muito foi confiado, muito mais será pedido.12 A vida é um teste e uma incumbência de confiança, e quanto mais Deus lhe dá, mais responsável ele espera que você seja.

Quinto Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: A vida é um teste e uma incum­bência de confiança.

Um versículo para memorizar: Quem é fiel nas coisas pequenas também será nas grandes (Lucas 16:10a; ntlh).

Uma pergunta para meditar: O que me aconteceu recen­temente que agora percebo ter sido um teste de Deus? Quais as questões mais importantes que Deus me confiou?

Dia 6 A VIDA É UMA ATRIBUIÇÃO TEMPORÁRIA

Senhor, lembra-me de quão breve é o meu tempo na terra. Lembra-me que os meus dias estão numerados e que a  minha vida está indo embora.
Salmos 39.4; nlt

Estou aqui na terra só por um pouco de tempo.
Salmos 119.19; Today’s English Version
A vida na terra é uma atribuição temporária.

A Bíblia é cheia de metáforas que ensinam a respeito da natureza breve e transitória da vida na terra. A vida é descrita como uma neblina, um corredor rápido, um sopro e um fio de fumaça. A Bíblia diz:... nossos dias sobre a terra são tão transitórios como uma sombra.1
Para usar sua vida da melhor forma possível, você não deve nun­ca esquecer duas verdades. Primeira: em comparação com a eterni­dade, a vida é extremamente breve. Segunda: a terra é apenas uma residência temporária. Você não ficará aqui por muito tempo, então não fique muito apegado. Peça a Deus que o ajude a ver a vida na terra como ele a vê. Davi orou: Então finalmente pedi a Deus: Senhor, mostra-me o pouco tempo que me resta aqui na terra. Mostra-me como a vida é curta e eu sou frágil.2
A Bíblia compara por várias vezes a vida na terra a uma habita­ção temporária em um país estrangeiro. Aqui não é seu lar perma­nente nem seu destino final. Você só está de passagem, apenas visitando. A Bíblia usa termos como forasteiro, peregrino, estrangei­ro, estranho, visitante e viajante para descrever nossa breve estadia na terra. Davi disse: Viverei poucos anos aqui na terra.3 e Pedro ex­plicou: Se vocês chamam a Deus de Pai, levem a vida como residen­tes temporários na terra.4
Muitas pessoas se mudaram de outras partes do mundo para trabalhar na Califórnia, onde moro, mas elas ainda são cidadãs de seu país de origem. É obrigatório que elas carreguem um cartão de registro de visitantes (chamado green card), o qual lhes permite tra­balhar aqui, embora não sejam cidadãos americanos. Os cristãos deveriam carregar green cards espirituais, para nos lembrarmos de que a nossa cidadania é no céu. Deus diz que seus filhos devem pensar a respeito da vida de modo diferente dos que não são cren­tes. Tudo o que eles pensam é sobre esta vida aqui na terra.5 Os verda­deiros crentes compreendem que há muito mais para viver do que os poucos anos que passamos neste planeta. A nossa identidade está na eternidade, e a nossa pátria é o céu. Quando você captar essa verda­de, parará de se preocupar em “ter de tudo” sobre a terra. Deus é bastante categórico sobre o perigo de viver pelo aqui-e-agora, adotan­do valores, prioridades e estilos de vida do mundo ao redor. Quando flertamos com as tentações deste mundo, Deus chama isso de adulté­rio espiritual. A Bíblia diz: Vocês estão traindo a Deus. Se tudo o que vocês que­rem é viver do seu próprio jeito, fler­tando com o mundo sempre que possível, vocês vão acabar tornando-se inimigos de Deus e do jeito dele.6
Imagine que você tenha sido convi­dado por seu país para atuar como em­baixador em uma nação inimiga. Você provavelmente teria de aprender outra língua e adaptar-se a alguns costumes e diferenças culturais, a fim de ser cortês e cumprir sua missão. Na função de embaixador, você não teria como se isolar do inimigo. Visando a cumprir sua missão, você teria de ter contato e se relacionar com o inimigo.
Mas suponhamos que você se sentisse tão à vontade nesse país que se apaixonasse por ele, preferindo-o à sua terra natal. Seu com­prometimento e lealdade seriam alterados. Sua atuação como embai­xador ficaria comprometida. Em vez de representar sua terra natal, você começaria a agir como o inimigo. Você seria um traidor.
A Bíblia diz: Somos embaixadores de Cristo.7 Lamentavelmente, muitos cristãos têm traído seu Rei e seu Reino. Eles têm estupidamente chegado à conclusão de que, por viverem na terra, aqui é o seu lar. Aqui não é o seu lar. A Bíblia é clara: Amigos, este mundo não é o seu lar, então não fiquem à vontade. Não satisfaçam o ego em prejuízo da alma.8 Deus não quer que fiquemos apegados ao que está a nossa volta, porque é uma situação temporária. Já fomos avi­sados de que os que têm um contato freqüente com as coisas deste mundo devem usá-las corretamente sem criar apego; pois este mun­do e tudo o que está nele passarão.9
Em comparação com outros séculos, a vida nunca foi tão fácil para grande parte do mundo ocidental. Somos freqüentemente entretidos, divertidos e servidos. Com todas as fascinantes atrações, mídia cativante e agradáveis experiências disponíveis hoje em dia, é fácil esquecer que a vida não consiste em perseguir a felicidade. É somente ao lembrarmos que a vida é um teste, uma incumbência de confiança e uma atribuição temporária que o encanto dessas coisas perderão o domínio sobre nossa vida. Estamos nos preparando para algo ainda melhor. As coisas que vemos agora estão aqui hoje e amanhã se foram. Mas as coisas que não podemos ver agora vão durar para sempre.10
O fato de a terra não ser nosso lar definitivo explica por que, como seguidores de Jesus, experimentamos dificuldades, aflições e rejei­ções neste mundo.11 Isso também explica por que algumas promes­sas de Deus parecem não ter sido cumpridas, algumas orações parecem não-respondidas e algumas situações parecem injustas. Esse não é o final da história.
Para impedir que fiquemos muito apegados à terra, Deus nos permite sentir uma substancial quantidade de descontentamentos e desgostos na vida — anseios que jamais serão satisfeitos deste lado da eternidade. Não somos completamente felizes porque não era para sermos! A terra não é nosso lar definitivo; fomos criados para algo muito melhor.
Um peixe nunca seria feliz vivendo em terra, porque foi feito para viver na água. Uma águia jamais poderia ficar contente se não lhe fosse permitido voar. Você nunca se sentirá plenamente sa­tisfeito na terra, porque foi feito para algo mais. Você terá momen­tos felizes por aqui, mas nada comparado ao que Deus tem pla­nejado para você.
Perceber que a vida na terra é apenas uma atribuição temporária alteraria completamente os seus valores. Valores eternos, e não tem­porários, se tornariam fatores determinantes em suas decisões. Como C. S. Lewis comentou: “Tudo o que não é eterno é eternamente inú­til”. A Bíblia diz: Assim, fixamos os olhos, não naquilo que se vê, mas no que não se vê, pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno.12
É um erro fatal presumir que a meta de Deus para sua vida é a prosperidade material ou o sucesso popular, como determina o mun­do. A vida em abundância não tem relação com abundância materi­al, e a fidelidade a Deus não garante sucesso na carreira ou mesmo no ministério. Jamais concentre seus esfor­ços em coroas temporárias.13
Paulo foi fiel, e mesmo assim acabou em uma prisão. João Batista foi fiel, mas foi decapitado. Milhões de fiéis foram martirizados, perderam tudo o que tinham e chegaram ao fim da vida sem nada nas mãos. Mas o fim da vida não é o fim de tudo! Aos olhos de Deus, os maiores heróis da fé não são os que alcan­çaram prosperidade, sucesso e poder nesta vida, mas os que trata­ram esta vida como uma atribuição temporária e serviram fielmente, aguardando a recompensa que lhes foi prometida na eternidade. Eis o que a Bíblia diz sobre a Galeria dos Heróis da Fé, honrados por Deus: Todos esses morreram pela fé. Não receberam as coisas que Deus prometera a seu povo, mas as enxergaram no futuro e ficaram alegres. Eles diziam que eram visitantes e estrangeiros na terra [...] estavam esperando uma pátria melhor uma pátria celestial. Por­tanto, Deus não se envergonha de ser chamado Deus deles, porque preparou uma cidade para eles.14 O seu tempo sobre a terra não é toda a história de sua vida. Você tem de esperar chegar no céu para conhecer o resto dos capítulos. É preciso ter fé para viver na terra como estrangeiro.
É bem conhecida a antiga história a respeito de um missionário aposentado que vinha para a América do Norte no mesmo navio do presidente dos Estados Unidos. Multidões ovacionando, uma banda militar, um tapete vermelho, faixas e a imprensa recepcionavam o presidente de volta ao lar, mas o missionário desembarcou do navio sem ser notado. Ressentido e com sentimentos de autocomiseração, começou a queixar-se para Deus.
Então Deus lembrou-o gentilmente: “Mas, meu filho, você ainda não chegou a casa”.
Não terão passado dois segundos de sua entrada no céu sem que você clame: “Por que eu fui dar tanta importância a coisas tão tem­porárias? Onde eu estava com a cabeça? Por que gastei tanto tempo, energia e preocupação no que não iria durar?”.
Quando a vida fica difícil e você é subjugado pelas dúvidas, ou quando fica imaginando se viver para Cristo vale o esforço, lembre-se de que você ainda não chegou a casa. Na morte, você não vai abandonar sua casa — você vai para casa.

Sexto Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: O mundo não é o meu lar.

Um versículo para memorizar: Assim, fixamos os olhos, não naquilo que se vê, mas no que não se vê, pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno (2Coríntios 4.18; nvi).

Uma pergunta para meditar: Como o fato de a vida ser uma atribuição temporária deve mudar a forma de eu viver neste exato momento?

Dia 7 A RAZÃO DE TUDO

Todas as coisas vêm única e exclusivamente de Deus. Tudo vive por seu poder, e tudo é para sua glória. A Ele seja a glória para todo o sempre.
Romanos 11.36; bv

O Senhor criou todas as coisas para os seus próprios propósitos.
Provérbios 16.4; nlt
Tudo isso é para ele.

O objetivo fundamental do universo é demonstrar a glória de Deus. Essa é a razão de tudo que existe, incluindo você. Deus fez tudo isso para a glória dele. Não fosse a glória de Deus, não haveria nada.
O que é a glória de Deus? A glória de Deus é o que ele é. É a essência de sua natureza, o peso de sua importância, o brilho de seu esplendor, a demonstração de seu poder e o ambiente de sua presen­ça. A glória de Deus é a expressão de sua bondade e de todas as suas outras qualidades intrínsecas e eternas.
Onde está a glória de Deus? Basta olhar em volta. Tudo que foi criado por Deus reflete sua glória de alguma forma. Vemos isso em toda parte: da menor forma de vida microscópica até a Via Láctea; do pôr-do-sol e das estrelas às tempestades e estações do ano. A criação dá a conhecer a glória de nosso Criador. Na natureza, apren­demos que Deus é poderoso, aprecia a variedade, ama a beleza e é organizado, sábio e criativo. A Bíblia diz que os céus declaram a glória de Deus.1
Ao longo da história, Deus tem revelado sua glória às pessoas em diferentes ambientes. Ele a revelou inicialmente no jardim do Éden, depois disso a Moisés, no Tabernáculo, no Templo, por meio de Jesus e agora por intermédio da igreja.2 Foi descrito como um fogo consu­midor, uma nuvem, um trovão, uma fumaça e uma luz brilhante.3 No céu, a glória de Deus fornece toda a luz necessária. A Bíblia diz: A cidade não precisa de sol nem de lua para brilharem sobre ela, pois a glória de Deus a ilumina..4
A glória de Deus é mais bem observada em Jesus Cristo. Ele, a Luz do mundo, esclarece a natureza de Deus. Graças a Jesus, já não somos ignorantes a respeito de quem Deus realmente é. A Bíblia diz:
O Filho é o resplendor da glória de Deus.5 Jesus veio à terra de modo que pudéssemos entender completamente a glória de Deus. Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós. Vimos a sua glória [...] cheio de graça e de verdade.6
Ele possui uma glória inerente a Deus porque ele é Deus; faz parte de sua natureza. Não há nada que possamos agregar à sua glória, assim como seria impossível aumentar o brilho do sol; mas somos instruídos a reconhecer sua glória, honrar sua gló­ria, declarar sua glória, louvar sua gló­ria, refletir sua glória e viver por sua glória.7 Por quê? Porque Deus merece! Nós lhe devemos toda a honra que pu­dermos dar. Uma vez que Deus fez todas as coisas, ele merece toda a glória. A Bíblia diz: Tu, Senhor e Deus nosso, és digno de receber a glória, a honra e o poder, porque criaste todas as coisas.8
Em todo o universo, somente duas das criações de Deus falham em glorificá-lo: anjos caídos (demônios) e nós (pessoas). Todo peca­do, basicamente, consiste na incapacidade de dar glória a Deus, ou seja, amando qualquer outra coisa mais do que a Deus. Recusar-se a dar glória a Deus é rebelião e arrogância, e foi este pecado que cau­sou a queda de Satanás — bem como a nossa. De formas diferentes, todos já vivemos para nossa própria glória, e não a de Deus. A Bíblia diz: Pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus.9
Nenhum de nós tem dado a Deus toda a glória que ele merece em nossa vida. Esse é o pior pecado, e o maior engano que podemos cometer. Entretanto, viver para a glória dele é a maior realização que podemos alcançar em nossa vida. Deus diz: Todos eles são o meu próprio povo; eu os criei e lhes dei vida a fim de que mostrem a minha grandeza,10 logo, esse deve ser o objetivo supremo de nossa vida.

Como posso dar glória a Deus?

Jesus disse ao Pai: O Senhor criou todas as coisas para os seus própri­os propósitos.11 Jesus glorificou a Deus cumprindo seu propósito na terra. Nós honramos a Deus da mesma forma. Qualquer coisa na criação glorifica a Deus quando cumpre seu propósito. Os pássaros glorificam a Deus ao voar, gorjear, fazer um ninho e ao realizar ou­tras atividades próprias dos pássaros, conforme os planos de Deus. Mesmo uma humilde formiga dá glória a Deus quando cumpre o propósito para o qual foi criada. Deus fez as formigas para serem formigas, e fez você para ser você. Ireneu disse: “A glória de Deus é um ser humano em plenitude de vida!”.
Existem muitas formas de dar glória a Deus, mas elas podem ser resumidas nos cinco propósitos que ele estabeleceu para sua vida. Passaremos o restante deste livro estudando-os detalhadamente, mas aqui está uma visão geral.

Damos glória a Deus ao adorá-lo. Adorar é o nosso primeiro dever para com Deus, e nós o adoramos ao apreciá-lo. C. S. Lewis disse: “Ao nos orientar para adorá-lo, Deus está nos convidando para apreciá-lo”. Deus deseja que nossa adoração seja motivada por amor, ação de graças e alegria, não imposta.
John Piper observa que “é quando estamos mais satisfeitos em Deus que ele é mais glorificado em nós”.
Adorar é muito mais que louvar, cantar e orar a Deus. É um estilo de vida que compreende apreciar a Deus, amá-lo e nos doar para sermos usados em seus propósitos. Quando você usa sua vida para a glória de Deus, tudo que faz pode se tornar um ato de adoração. A Bíblia diz: Usem o seu corpo inteiro como instrumento para fazer o que é justo, para a glória de Deus.12

Damos glória a Deus ao amar outros crentes. Quando nasceu de novo, você se tornou parte da família de Deus. Seguir a Cristo não é apenas uma questão de acreditar, mas também inclui pertencer e aprender a amar a família de Deus. João escreveu: Sabemos que já passamos da morte para a vida porque amamos nossos irmãos.u Paulo disse: Aceitem-se uns aos outros, da mesma forma que Cristo os aceitou, a fim de que vocês glorifiquem a Deus.14
É sua responsabilidade aprender a amar como Deus ama, porque Deus é amor, e isso confere honra a ele. Jesus disse: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros.15

Damos glória a Deus ao nos tor­nar como Cristo. Uma vez que tenhamos nascido na família de Deus, ele quer que prossigamos crescendo até a maturidade espiritu­al. E o que seria isso? Maturidade espiritual é nos tornar como Jesus na forma de pensar, de sentir e de agir. Quanto mais você desenvol­ver o caráter cristão, mais dará glória a Deus. A Bíblia diz: À medida que o Espírito do Senhor trabalha em nós, tornamo-nos mais e mais semelhantes a ele e refletimos a sua glória ainda mais.16
Quando você aceitou a Cristo, Deus lhe deu nova vida e nova natureza. Agora, pelo resto de sua vida sobre a terra, Deus quer dar continuidade ao processo de transformação de sua per­sonalidade. A Bíblia diz: Que vocês estejam sempre chei­os do fruto da salvação de vocês — aquelas coisas boas produzidas na sua vida por Jesus Cristo —, pois isso trará muita glória e louvor a Deus.17

Damos glória a Deus servindo a outras pessoas com nossos dons. Cada um de nós foi exclusivamente planejado por Deus com talentos, dons, capacidades e habilidades. O modo de você estar relacionado aos outros não é um acidente; Deus não lhe deu suas habilidades para propósitos egoístas. Elas lhe foram concedidas para beneficiar outras pessoas, assim como outros receberam habilidades para o seu benefício. A Bíblia diz: Deus concedeu dons a cada um de vocês, dentre a sua grande variedade de dons espirituais. Adminis­trem-nos bem, para que a generosidade de Deus flua por meio de vocês. Vocês são chamados para ajudar aos outros? Ajudem com toda a força e energia com que Deus lhes supre.18
Damos glória a Deus falando dele às outras pessoas. Deus não quer que seu amor e propósitos sejam mantidos em segredo. Uma vez que tenhamos conhecido a verdade, ele espera que a partilhemos com os outros. Este é um enorme privilégio — apresentar Je­sus às outras pessoas, ajudando-as á des­cobrir seus propósitos e preparando-as para seu destino eterno. A Bíblia diz que, à medida que a graça de Deus trouxer mais e mais pessoas para Cristo, Deus receberá mais e mais glória.19

Qual será o objetivo de sua vida?

Viver o resto de sua vida para a glória de Deus exigirá uma mudan­ça em suas prioridades, agenda, relacionamentos e tudo o mais; e algumas vezes significará pegar o caminho mais difícil, em vez do mais fácil. Até mesmo Jesus teve dificuldades com isso. Consciente de que estava para ser crucificado, ele clamou: Minha alma está perturbada; e será que devo dizer: “Pai, livra-me desta hora”? Mas, foi para esse propósito que eu vim para esta hora. Pai, glorifica o teu nome.20
Jesus deparou com uma bifurcação em seu caminho: cumpriria ele seu propósito, glorificando a Deus, ou recuaria e viveria uma vida confortável e egoísta? Você agora en­frenta a mesma escolha. Você viverá para seus próprios objetivos, conforto e pra­zer ou viverá o resto de sua vida para a glória de Deus, sabendo que ele prome­teu recompensas eternas? A Bíblia diz: Quem quer preservar a vida como ela é acaba por destruí-la. Mas, se você abrir mão dela, ela será sua para sempre, real e eterna.21
Este é o momento de definir esta questão: “Para quem você irá viver: para si ou para Deus?”. Você pode titubear, imaginando se terá forças para viver para Deus, mas não se preocupe. Deus lhe dará tudo que for necessário, se você apenas fizer a escolha de viver por ele. A Bíblia diz: Tudo que é necessário para uma vida agradável a Deus temos recebido, miraculosamente, por meio do conhecimento pessoal e íntimo daquele que nos chamou para Deus22
Neste exato momento, Deus o está convidando a viver para sua glória, cumprindo os propósitos que ele estabeleceu para você. Essa é realmente a única forma de viver. Todo o resto é apenas existir. A verdadeira vida começa quando você se compromete completamen­te com Jesus Cristo. Se não está seguro de ter feito isso, tudo que você precisa é receber e acreditar. A Bíblia deixa clara a promessa que aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus.23 E quanto a você? Vai aceitar a oferta de Deus?
Em primeiro lugar, creia. Creia que Deus o ama, e o criou para seus propósitos. Creia que você não é um acidente. Creia que você foi feito para ser eterno. Creia que Deus escolheu você para ter um rela­cionamento com Jesus, o qual morreu na cruz por você. Creia que, a despeito de suas ações passadas, Deus quer perdoar a você.
Em segundo lugar, receba. Receba Jesus em sua vida como seu Senhor e Salvador. Receba o perdão pelos pecados. Receba o Espírito, que lhe dará poder para cumprir o propósito de sua vida. A Bíblia diz: Qualquer pessoa que aceite o Filho e confie nele receberá tudo, vida completa e para sempre.24 Onde quer que você esteja lendo este trecho, convido-o a inclinar a cabeça e a fazer em voz baixa a oração que mudará sua eternidade: “Jesus, em ti eu creio e te rece­bo”. Siga em frente.
Se você fez essa oração com sinceridade, meus parabéns! Bem vindo à família de Deus! Você agora está pronto para descobrir e começar a viver o propósito de Deus para sua vida. Recomendo en­faticamente que você conte a alguém sobre isso, pois você precisará de apoio. Se você me enviar um e-mail (v. “Apêndice 2”), enviarei um livrete que escrevi chamado Your first steps for spiritual growth [Seus primeiros passos para o crescimento espiritual]”.

Sétimo Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: Tudo isto é para ele.

Um versículo para memorizar: Todas as coisas vêm única e exclusivamente de Deus. Tudo vive por seu po­der, e tudo é para sua glória. A Ele seja a glória para todo o sempre (Romanos 11.36; bv).

Uma pergunta para meditar: Em que parte de minha rotina posso me tornar mais consciente da glória de Deus?

Propósito n.° 1

VOCÊ FOI PLANEJADO PARA AGRADAR A DEUS

Porque o Senhor vai plantar esse povo; eles serão fortes e belos como carvalhos, e darão glória a Ele.
Isaías 61.3b; BV

Dia 8 Planejado para agradar a deus

Tu criaste todas as coisas, e é para o teu agrado que elas existem e foram criadas.
Apocalipse 4.11; nlt

Pois o Senhor está contente com o seu povo.
Salmos 149.4; ntlh
Você foi planejado para agradar a Deus.

No instante em que você nasceu neste mundo, Deus estava lá como testemunha invisível, sorrindo ao assistir seu nascimento. Ele quis que você vivesse, e sua chegada lhe deu enorme prazer. Deus não precisava criar você, mas escolheu criá-lo para a satisfação dele. Você existe para benefício, glória, propósito e prazer de Deus.
Dar satisfação a Deus, vivendo para seu prazer, é o primeiro pro­pósito de sua vida. Quando você tiver compreendido plenamente essa verdade, jamais voltará a se sentir insignificante, pois isso pro­va o valor que você tem. Se você é tão importante para Deus, e ele o considera valioso o suficiente para mantê-lo consigo por toda a eter­nidade, que maior relevância você poderia alcançar? Você é um filho de Deus e proporciona prazer ao coração dele como nada mais que ele já tenha criado. A Bíblia diz: Deus já havia resolvido que nos tornaria seus filhos, por meio de Jesus Cristo, pois este era o seu prazer e a sua vontade.1
Um dos maiores dons que Deus lhe deu foi a capacidade de apre­ciar o prazer. Ele o dotou com cinco sentidos e emoções, para que você pudesse experimentá-lo. Ele deseja que você aprecie a vida, não se limitando a apenas suportá-la. O motivo pelo qual você pode sentir prazer é que Deus o fez à sua imagem.
Nós nos esquecemos com freqüência de que Deus também tem emoções. Ele possui sentimentos intensos. A Bíblia diz que Deus sofre, fica enciumado e encolerizado, sente compaixão, piedade, tris­teza e comiseração, bem como alegria, regozijo e satisfação. Deus ama, se deleita, sente prazer, exulta, desfruta e até mesmo ri!2

Dar prazer a Deus é o que se chama “adorar”. A Bíblia diz: O Senhor se agrada somente daqueles que o adoram e confiam em seu amor.3
Qualquer atitude sua que venha agradar a Deus é um ato de adoração. Como o diamante, a adoração apresenta várias facetas. Seriam necessários vários livros para abordar tudo que precisamos compreender a respeito da adoração; mas nesta parte estudaremos os aspectos principais da adoração.
Os antropólogos perceberam que a adoração é um impulso univer­sal, posto por Deus na estrutura de nosso ser — uma necessidade in­trínseca de nos ligarmos a Deus. Ado­rar é tão natural quanto comer e respi­rar. Quando não conseguimos adorar a Deus, sempre achamos um substitu­to, ainda que no fim sejamos nós mes­mos. A razão pela qual Deus nos fez com esse desejo é que ele anseia por adoradores! Jesus disse: São estes os adoradores que o Pai procura.4
Dependendo de sua formação religiosa, pode ser que você precise ampliar sua compreensão do termo “adorar”. Você talvez imagine cultos na igreja em que haja cânticos, orações e se escute uma prega­ção. Ou talvez você imagine um cerimonial, velas e uma ceia. Ou talvez ainda imagine curas, milagres e experiências arrebatadoras. A adoração pode incluir esses elementos, mas vai muito além dessas manifestações. Adorar é um estilo de vida.

Adoração é muito mais do que música. Para muitas pessoas, adorar é apenas sinônimo de música. Elas dizem: “Em nossa igreja temos primeiro a adoração e depois o ensinamento”. Esse é um gran­de mal-entendido. Todos os momentos do culto em uma igreja são um ato de adoração: a oração, a leitura da Bíblia, os cânticos, a declaração de fé, o silêncio, manter-se quieto, ouvir uma pregação, tomar notas, ofertar, assinar um cartão de compromisso e até mes­mo saudar outros adoradores.
Na verdade, a adoração é anterior à música. Adão adorou no jardim do Éden, mas não há nenhuma menção à música antes de Gênesis 4.21, com o nascimento de Jubal. Se adoração fosse somente música, então os que nunca se utilizaram da música jamais adora­ram. Adoração é muito mais do que música.
De modo ainda mais grave, o termo “adoração” é muitas vezes utilizado erroneamente em alusão a um estilo musical específico:
“Primeiro cantamos um hino, depois uma canção de louvor e adora­ção”. Ou: “Gosto das canções de louvor mais rápidas, mas prefiro as canções de adoração mais lentas”. De acordo com essa convenção, se uma canção for rápida, alta ou usar metais, é considerada “louvor”. Mas, se for lenta, tranqüila e intimista, talvez acompanhada por um violão, é “adoração”. Esse é um uso inadequado e bastante comum da palavra “adoração”.
Adoração não tem relação com o estilo, volume ou andamento da música. Deus ama todos os tipos de música porque ele inventou todas — rápidas e lentas, altas e suaves, antigas e modernas. É pro­vável que você não goste de todas, mas Deus gosta! Se ela é oferecida a Deus em espírito e em verdade, então é um ato de adoração.
Os cristãos freqüentemente discordam quanto ao estilo de músi­ca a ser utilizado na adoração, defendendo apaixonadamente seus estilos preferidos como se fossem os mais bíblicos ou reverentes a Deus. Mas não existe um estilo bíblico! Não existem notas musicais na Bíblia, e nós nem temos os instrumentos que eles utilizavam nos tempos bíblicos.
Para ser sincero, o estilo musical que você prefere diz mais sobre você — sua formação e personalidade — do que sobre Deus. O som de um grupo étnico pode soar barulho para outro. Mas Deus gosta de diversidade e aprecia a todos.
Não existe nada como música “cristã”; existe apenas letra cristã. É a letra que torna uma canção sagrada, e não a melodia. Não exis­tem melodias espirituais. Se eu tocasse para você uma música sem a letra, não haveria como saber se é uma canção “cristã”.

A adoração não é para nosso benefício. Como pastor, recebo bilhe­tes dizendo: “Eu amei a adoração de hoje. Foi muito bom para mim”. Esse é outro mal-entendido a respeito da adoração. Ela não é para nosso benefício. Quando adoramos, nosso ob­jetivo é agradar a Deus, não a nós mesmos.
Se você alguma vez já disse “Não apro­veitei em nada a adoração de hoje”, você ado­rou pelos motivos errados. A adoração não é para você, é para Deus. Logicamente, a maioria dos cultos de adora­ção também tem elementos de comunhão entre os irmãos, edificação e evangelização; e existem benefícios na adoração, mas nós não adora­mos para nossa satisfação. Nossa motivação é glorificar e agradar ao nosso Criador.
No capítulo 29 de Isaías, Deus reclama de uma adoração sem entusiasmo e hipócrita. As pessoas estavam oferecendo a Deus ora­ções insípidas, louvores fingidos, palavras vazias e rituais artifici­ais sem que seu significado fosse levado em consideração. O coração de Deus não é tocado pela tradição na adoração, mas pela paixão e pelo empenho. A Bíblia diz: O Senhor diz: “Esse povo se aproxima de mim com a boca e me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. A adoração que me prestam é feita só de regras ensinadas por homens”.5

A adoração não é parte de sua vida; ela é a sua vida. Não o adore somente nos cultos na igreja, pois nos foi dito: Procurem a ajuda do Senhor; estejam sempre na sua presença6 e Cantem glórias e louvem ao Senhor desde o nascer até o pôr-do-sol.7 Na Bíblia, as pessoas louvavam a Deus no trabalho, em casa, na batalha, na prisão e até mesmo na cama! Louvar deveria ser sua primeira atividade, assim que abrisse os olhos pela manhã, e sua última atividade, ao fechá-los à noite.8 Davi disse: Eu agradecerei ao Senhor o tempo todo. Minha boca sempre o louvará.9
Cada atividade pode ser transformada em ato de adoração, quando você a faz para louvar, glorificar e agradar a Deus. A Bíblia diz: Assim, quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus.10
Martinho Lutero disse: “Uma ordenhadora pode tirar o leite das vacas para a glória de Deus”.
Como é possível fazer tudo para a glória de Deus? Ao fazer tudo como se estivesse fazendo para Jesus e mantendo uma conversa contínua com ele durante sua atividade. A Bíblia diz: Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não para os homens.11
Este é o segredo de um estilo de vida em adoração — fazer todas as coisas como se fosse para Jesus. A Bíblia, na paráfrase The Message [A Mensagem], diz: Pegue sua vida diária e comum seu dormir, comer, trabalhar e passear — e ponha diante do Senhor como ofer­ta.12 O trabalho se torna adoração quando você o dedica a Deus e o realiza consciente de sua presença.
Logo que me apaixonei pela minha esposa, pensava nela o tem­po todo: no café da manhã, dirigindo para a escola, assistindo às aulas, na fila do supermercado, abastecendo o carro — eu não con­seguia parar de pensar nessa mulher! Eu constantemente falava com meus botões sobre ela e pensava sobre as coisas que eu amava nela. Isso fazia com que eu me sentisse perto de Kay mesmo quan­do estávamos separados por vários quilômetros de distância e ía­mos para faculdades diferentes. Pensando nela constantemente, eu estava permanecendo no seu amor. Esta é a verdadeira adora­ção — apaixonar-se por Jesus.


Oitavo Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: Fui planejado para agradar a Deus.

Um versículo para memorizar: Pois o Senhor está con­tente com o seu povo (Salmos 149.4; ntlh).

Uma pergunta para meditar: Que tarefa simples eu po­deria começar a fazer como se estivesse fazendo direta­mente para Jesus?

Dia9 O que faz Deus sorrir?

Que o Senhor sorria para ti...
Números 6.25; nlt

Sorria para mim, seu servo; ensina-me a forma correta de viver.
Salmos 119.135; Msg
O sorriso de Deus é o objetivo da sua vida.

Uma vez que agradar a Deus é o primeiro propósito de sua vida, sua mais importante tarefa é descobrir como fazer isso. A Bíblia diz: Compreenda o que é agradável a Cristo, e então faça-o.1 Felizmente, a Bíblia dá um exemplo claro de uma vida que agrada a Deus. Seu nome era Noé.
Na época de Noé, todo o mundo estava moralmente arruinado. Todos viviam para o próprio prazer, e não para o de Deus. Deus não conseguiu achar ninguém sobre a terra interessado em agradá-lo; então lamentou e se arrependeu de ter feito o homem. Deus ficou tão indignado com a raça humana que pensou em destruí-la. Mas houve um homem que fez Deus sorrir. A Bíblia diz: Mas Noé dava alegria ao Senhor2
Deus disse: “Esse sujeito me agrada. Ele me faz sorrir. Vou come­çar tudo de novo com a família dele”. Porque Noé agradou a Deus, você e eu estamos vivos hoje. Observando a vida dele, aprendemos cinco atos de adoração que fazem Deus sorrir.

Deus sorri quando o amamos acima de qualquer coisa. Noé amava a Deus mais que qualquer coisa no mundo, mesmo quando ninguém mais amava! A Bíblia diz que, durante toda a sua vida, Noé seguia a Deus ininterruptamente e desfrutava de um íntimo relacio­namento com ele.3
Eis o que Deus mais quer de você: um relacionamento! Essa é a mais espantosa verdade do universo — que o nosso Criador nos queira como companheiros. Deus criou você para amá-lo, e deseja que você também o ame. Ele diz: Não quero sacrifícios quero o seu amor. Não me interesso por suas ofertas; o que Eu quero é que vocês me conheçam.4
Você consegue sentir nesse versículo a paixão que Deus tem por você? Deus o ama profundamente e deseja que você também o ame. Ele anseia que você o conheça e que use seu tempo para ficar ao lado dele. Esse é o motivo pelo qual deve­mos aprender a amar a Deus e ser ama­dos por ele. Deveria ser o maior objeti­vo de sua vida; nada se compara em importância. Jesus o chamou de o mai­or mandamento. Ele disse: Ame o Se­nhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento. Este é o primeiro e maior mandamento.5

Deus sorri quando confiamos nele completamente. A segunda razão pela qual Noé agradou a Deus foi o fato de ele ter confiado em Deus, mesmo quando isso não fazia sentido. A Bíblia diz: Pela fé, Noé construiu uma embarcação em terra seca. Ele foi alertado a res­peito de algo que não podia ver e agiu com base no que lhe fora dito. Por conseguinte, Noé se tornou amigo íntimo de Deus.6
Imagine esta cena: Deus chega para Noé e diz: “Estou decepciona­do com os seres humanos. Em todo o mundo, ninguém além de você pensa em mim. Mas, Noé, quando olho para você começo a sorrir. Estou satisfeito com a sua vida, então vou inundar o mundo e come­çar tudo de novo com sua família. Quero que você construa um barco gigantesco, o qual salvará você, sua família e os animais”.
Havia três problemas que poderiam ter despertado dúvidas em Noé. Primeiro: Noé jamais tinha visto chuva, pois antes do dilúvio Deus irrigava a terra com água que brotava do solo.7 Segundo: Noé vivia a centenas de quilômetros do oceano e, mesmo que pudesse aprender a fazer um navio, como faria para colocá-lo na água? Ter­ceiro: havia o problema de reunir todos os animais e depois tomar conta deles. Mas Noé não reclamou nem deu desculpas. Confiou em Deus completamente e fez Deus sorrir.
Confiar em Deus completamente significa crer que ele sabe o que é melhor para sua vida. Você espera que ele cumpra suas promessas, ajude-o com seus problemas e faça o impossível quando necessário. A Bíblia diz: O que agrada a Deus [...] são [...] pessoas que o temem e põem a sua esperança no seu amor.8
Noé levou 120 anos para construir a arca. Imagino que ele tenha enfrentado muitos dias desanimadores. Sem nenhum sinal de chu­va ano após ano, ele era implacavelmente criticado como um “louco que pensa ouvir a voz de Deus”. Imagino que os filhos de Noé devi­am freqüentemente ficar constrangidos com o barco gigantesco que estava sendo construído em seu quintal. Mesmo assim, Noé seguiu confiando em Deus.
Em quais áreas de sua vida você precisa confiar em Deus comple­tamente? Confiar é um ato de adoração. Assim como os pais se agra­dam dos filhos que confiam em seu amor e sabedoria, sua fé deixa Deus feliz. A Bíblia diz: Sem fé é impossível agradar a Deus.9

Deus sorri quando lhe obedecemos incondicionalmente. Sal­var a população animal do mundo inteiro de uma inundação exigiu enorme cuidado com a logística e com os detalhes. Tudo tinha de ser feito exatamente segundo as orientações de Deus. Deus não disse: “Construa qualquer barco velho que lhe agradar, Noé”. Ele deu ins­truções detalhadas quanto ao tamanho, forma e materiais utiliza­dos na arca, bem como a respeito da quantidade dos diferentes animais a ser trazidos a bordo. A Bíblia nos conta sobre a reação de Noé: Noé fez tudo exatamente como Deus lhe tinha ordenado.10
Repare que Noé obedeceu completamente (nenhuma instrução foi deixada de lado) e exatamente (do modo e no tempo que Deus deter­minou). Isso é devoção. Não admira que Deus tenha sorrido para Noé. Se Deus lhe solicitasse a construção de um barco gigante, você não acha que teria algumas dúvidas, objeções e restrições? Noé não teve. Ele obedeceu a Deus incondicionalmente. Isso significa fazer qualquer coisa que Deus lhe pedir, sem duvidar nem hesitar. Você não embroma e diz “Vou orar a este respeito”; você faz sem demora. Todo pai sabe que obediência atrasada é na verdade desobediência. Deus não lhe deve explicação ou motivo para tudo que ele lhe manda fazer. A compreensão pode esperar, mas a obediência não. Obediência imediata lhe ensinará mais sobre Deus do que uma vida inteira de discussões bíblicas. Na verdade, você jamais compreende­rá algumas ordens sem que as tenha obedecido primeiro. A obediência li­bera a compreensão.
Freqüentemente tentamos oferecer a Deus uma obediência parcial. Que­remos escolher as ordens a que obe­decemos. Fazemos uma lista das ordens de que gostamos e lhes obedecemos, enquanto deixamos de lado as que acreditamos ser absurdas, difíceis, custosas ou impopulares. “Vou à igreja, mas não vou dar o dízimo. Vou ler a Bíblia, mas não perdoarei à pessoa que me magoou.” To­davia, obedecer parcialmente é desobedecer.
A obediência é incondicional, com entusias­mo. A Bíblia diz: Obedeçam a Ele de coração alegre.11 Esta foi a atitude de Davi: Ensina-me, Senhor, a cumprir as tuas ordens escritas! Então eu te obedecerei até o fim da vida.12
Tiago, falando aos cristãos, disse: Nós agrada­mos a Deus pelo que fazemos, e não somente pelo que cremos.13 A Palavra de Deus é clara quando diz que não há como você merecer a salvação. Ela vem pela graça, e não por esforço. Mas, como filho de Deus, você pode agradar seu Pai celestial por meio da obediência. Qualquer ato de obediência é também um ato de adoração. Por que a obediência agrada tanto a Deus? Porque ela prova que você realmente o ama. Jesus disse: Se vocês me amam, obedeçam aos meus mandamentos.14

Deus sorri quando o louvamos e damos graças continuamen­te. Poucas coisas trazem uma sensação tão boa quanto receber um agradecimento ou um elogio sincero de alguém. Deus também gosta de recebê-los. Ele sorri quando expressamos diante dele nossa ado­ração e gratidão.
A vida de Noé agradou a Deus porque ele viveu com um coração cheio de louvor e ação de graças. A primeira atitude de Noé após ter sobrevivido ao Dilúvio foi expressar sua gratidão a Deus oferecen­do-lhe um sacrifício. A Bíblia diz: Depois Noé construiu um altar dedicado ao Senhor e, tomando alguns animais e aves puros, ofere­ceu-os como holocausto, queimando-os sobre o altar.15
Por causa do sacrifício de Jesus, não oferecemos mais sacrifícios de animais, como fez Noé. Em vez disso, foi-nos dito que oferecêsse­mos a Deus um sacrifício de louvor16 e um sacrifício de gratidão.17 Nós louvamos a Deus por quem ele é e agradecemos a ele pelo que tem feito. Davi disse: Louvarei o nome de Deus com cânticos e pro­clamarei sua grandeza com ações de graças; isso agradará o Senhor.18
Algo maravilhoso acontece quando oferecemos louvores e ação de graças a Deus: quando trazemos gozo ao coração de Deus, o nos­so próprio coração se enche de alegria!
Minha mãe amava cozinhar para mim. Mesmo após eu ter me casa­do com Kay, quando visitávamos meus pais, mamãe preparava fan­tásticos banquetes caseiros. Um de seus maiores prazeres na vida era nos assistir enquanto nos deliciávamos com o que ela havia prepara­do. Quanto mais apreciava a refeição, mais prazer eu lhe dava.
Mas nós também tínhamos prazer em agradar mamãe, quando expressávamos o nosso prazer com sua refeição. Isso funcionava das duas formas. À medida que comia e me embevecia com uma grande refeição, eu elogiava minha mãe. Eu pretendia não apenas aproveitar a comida, mas também agradar minha mãe, e assim to­dos ficavam felizes.
A adoração também funciona assim.’ Nós apreciamos o que Deus tem feito por nós e então expressamos a ele a nossa satisfação; isso lhe traz alegria — mas também aumenta a nossa alegria. O livro de Salmos diz: Os bons ficam contentes e felizes na sua presença e, cheios de alegria, cantam hinos.19

Deus sorri quando usamos nossas habilidades. Após o Dilú­vio, Deus deu a Noé estas simples orientações: Sejam férteis, multi­pliquem-se e encham a terra. [...] Tudo o que vive e se move servirá de alimento para vocês. Assim como lhes dei os vegetais, agora lhes dou todas as coisas.20
Deus disse: “É tempo de seguir com sua vida! Faça as coisas que foram determinadas que os humanos fizessem. Faça amor com sua esposa. Tenham filhos. Constituam famílias. Plantem e comam suas refeições. Sejam humanos! Foi para isso que eu os fiz!”.
Você deve ter a sensação de que o único momento em que Deus se agrada de você é quando você está envolvido em atividades “espiritu­ais” — tais como ler a Bíblia, assistindo aos cultos na igreja, orando ou divulgan­do sua fé. E você deve pensar que Deus é indiferente às outras áreas de sua vida. Na verdade, Deus gosta de atentar para cada detalhe de sua vida, esteja você tra­balhando, brincando, descansando ou comendo. Ele não perde um úni­co movimento que você faça. A Bíblia diz: Os passos dos justos são dirigidos pelo Senhor. Ele se agrada de cada detalhe da vida deles.21
Todas as atividades humanas, com exceção do pecado, podem ser feitas para agradar a Deus, se você as fizer com uma atitude de louvor. Você pode lavar pratos, consertar uma máquina, vender um produto, fazer um programa de computador, cultivar uma lavoura ou criar uma família para a glória de Deus.
Como um pai orgulhoso, Deus gosta especialmente de observá-lo enquanto você utiliza os talentos e habilidades que ele lhe deu. Deus intencionalmente nos dotou de maneira distinta para o seu deleite. Ele fez que alguns fossem atléticos e outros fossem intelectuais. Você pode ser talentoso em mecânica, matemática, música ou em milhares de ou­tras habilidades, e todas podem trazer um sorriso ao rosto de Deus. A Bíblia diz: Ele formou a cada um, e agora observa tudo o que fazemos.22
Você não glorifica ou agrada a Deus escondendo suas habilida­des ou tentando ser outra pessoa. Você só o agrada sendo você mes­mo. Sempre que você despreza uma parte de si mesmo está desprezando a soberania e a sabedoria de Deus ao criá-lo. Deus diz» Você não tem o direito de argumentar com seu Criador. Você é mera­mente um vaso de barro modelado por um oleiro. O bar­ro não questiona: Por que você me fez desse jeito?23
No filme Carruagens de fogo, o corredor olímpico Eric Liddell diz: “Creio que Deus me fez para um propósito, mas ele também me fez veloz, e, quando corro, sinto que agrado a Deus”. Mais tarde ele diz: “Desistir de correr seria desprezá-lo”. Não existem habilidades “não espirituais”, somente habilidades mal-empregadas. Comece a usar as suas para o prazer de Deus.
Deus também tem prazer em ver você desfrutar da criação. Ele lhe deu olhos para apreciar a beleza, ouvidos para apreciar os sons, nariz e papilas gustativas para apreciar perfumes e sabores e nervos sob a pele para apreciar o toque. Cada ato de prazer se torna um ato de adoração quando você agradece a Deus por ele. Na verdade, a Bíblia diz que Deus [...] nos dá todas as coisas em grande quantida­de, para o nosso prazer!24
Deus tem prazer até mesmo em observar o seu sono! Quando meus filhos eram pequenos, tinha profunda satisfação em vê-los dormir. Algumas vezes o dia havia sido repleto de problemas e de rebeldia, mas, adormecidos, eles pareciam contentes, a salvo e tran­qüilos, e eu me lembrava de quanto os amava.
Meus filhos não tinham de fazer nada para que eu gostasse deles. Eu ficava feliz meramente por observá-los respirando, de tanto que os amava. Enquanto eu assistia aos movimentos do peitinho deles ao respirar, eu sorria, e algumas vezes meus olhos ficavam cheios de lágrimas de alegria. Quando você está dormindo, Deus fica a con­templá-lo com amor, pois você foi idéia dele. Ele o ama como se você fosse a única pessoa na terra.
Os pais não exigem que seus filhos sejam perfeitos, ou mesmo maduros, para amá-los. Eles apreciam os filhos em todos os estágios de seu desenvolvimento. Da mesma forma, Deus não espera que você amadureça para começar a gostar de você. Ele o ama e preza a cada estágio de seu desenvolvimento espiritual.
Durante o crescimento, você talvez tenha tido professores ou pais que nunca estavam satisfeitos com nada. Mas, por favor, não supo­nha que Deus se sente assim a seu respeito. Ele sabe que você é incapaz de ser perfeito ou de não pecar. A Bíblia diz: Pois ele sabe do que somos formados; lembra-se de que somos pó.2S
O que Deus leva em consideração é a atitude de seu coração: agradar a ele é seu mais intenso desejo? Este foi o objetivo da vida de Paulo: Porém, acima de tudo, o que nós queremos é agradar o Senhor, seja vivendo no nosso corpo aqui, seja vivendo lá com o Senhor.26 Quando você vive sob a luz da eternidade, seu enfoque muda de “Quanto prazer posso ter em minha vida?” para “Quanto prazer Deus pode ter em minha vida?”.
Deus procura pessoas como Noé no século XXI, pessoas dispostas a viver para o prazer de Deus. A Bíblia diz: Lá do céu o Senhor olha para a humanidade, procurando alguém que compreenda seus pla­nos, procurando alguém que deseje comunhão com Ele.27
Você tomará providências para que o ato de ser agradável a Deus se torne o objetivo de sua vida? Não há nada que Deus não faça pela pessoa totalmente concentrada neste objetivo.

Nono Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: Deus sorri quando você confia nele.

Um versículo para memorizar: O Senhor se agrada da­queles que o adoram e confiam no seu amor (Salmos 147.11; cev).

Uma pergunta para meditar: Considerando que Deus sabe o que é melhor para mim, em quais áreas de minha vida preciso confiar mais nele?

Dia 10 A ESSÊNCIA DA ADORAÇÃO

.. entreguem-se completamente a Deus, para que ele use vocês a fim de fazerem o que é direito.
Romanos 6.13; ntlh
A essência da adoração é a rendição.

“Rendição” não é uma palavra popular, quase tão malvista quanto a palavra “submissão”. Ela alude à perda, e ninguém quer ser um perdedor. Rendição evoca a desagradável idéia de admitir a derrota em uma batalha, perder uma competição ou capitular perante um adversário mais forte. A palavra é quase sempre utilizada num con­texto negativo; criminosos capturados se rendem às autoridades.
Na civilização competitiva de hoje, somos ensinados a nunca desistir ou ceder — logo, não ouvimos falar muito de rendição. Se vencer é tudo, rendição é inconcebível. Preferimos contar sobre vitó­rias, sucessos, triunfos e conquistas, a falar de complacência, sub­missão, obediência e rendição. Mas render-se a Deus é a essência da adoração; é uma resposta natural ao maravilhoso amor e à miseri­córdia de Deus. Nós nos entregamos a ele não por medo ou obriga­ção, mas por amor, porque ele nos amou primeiro.1
Após passar onze capítulos do livro de Romanos explicando a respeito da incrível graça de Deus para conosco, Paulo nos exorta a render nossa vida completamente a Deus em adoração: Portanto, meus irmãos, por causa da grande misericórdia divina, peço que vocês se ofereçam completamente a Deus como um sacrifício vivo, dedicado ao seu serviço e agradável a ele. Esta é a verdadeira ado­ração que vocês devem oferecer a Deus.2
A verdadeira adoração — agradar a Deus — acontece quando você se entrega totalmente a ele. Repare que a primeira e a última palavra desse versículo são a mesma: oferecer.
A adoração consiste exatamente em oferecer-se a Deus.
O ato da rendição pessoal é conhecido de muitas formas: consa­gração, fazer de Jesus o seu Senhor, carregar a cruz, morrer para si próprio, submeter-se ao Espírito Santo. O que interessa é você fazê-lo, e não a forma de você chamar esse ato. Deus quer a sua vida — toda ela; 95% não é o suficiente.
Existem três barreiras que impedem a nossa total rendição a Deus: medo, orgulho e falta de compreensão. Por isso não percebemos quan­to Deus nos ama, queremos controlar nossa vida e compreendemos erronea­mente o significado de rendição.

Posso confiar em Deus? A confian­ça é um ingrediente essencial para que você se renda. Você não irá se render a Deus, a menos que confie nele, mas você não tem como confiar nele até que o conheça melhor. O medo impede que nos rendamos, mas o amor lança fora todo o medo. Quanto mais você se der conta do quanto Deus o ama, mais fácil será você se render.
Como você pode saber que Deus o ama? Ele dá vários indícios: ele diz que o ama;3 você nunca sai de sua vista;4 ele se preocupa com cada detalhe de sua vida;5 ele lhe deu a capacidade de desfrutar de todos os tipos de prazeres;6 ele tem bons planos para sua vida;7 ele perdoa a você;8 ele é carinhosamente paciente com você.9 Deus o ama infinitamente, mais do que você possa imaginar.
A maior expressão desse amor é o sacrifício do Filho de Deus por você. Mas Deus demonstra seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos pecadores.10 Se você quiser saber quanto importa para Deus, olhe para Cristo com os braços estendidos na cruz, dizendo: “Eis o tanto que eu o amo! Prefiro morrer a viver sem você!”. Deus não é um cruel feitor de escravos ou um valentão que usa a força bruta para forçá-lo a se submeter. Ele não tenta violar a nossa vontade, mas nos atrai delicadamente para si, de modo que nos ofereçamos a ele voluntariamente. Deus é amigo e libertador, e ren­der-se a ele traz liberdade, não servidão. Quando nos rendemos completamente a Jesus, descobrimos que ele não é um tirano, mas um salvador; não um patrão, mas um irmão; não um ditador, mas um amigo.

Admitindo nossas limitações. Uma segunda barreira para a to­tal rendição é o nosso orgulho. Não queremos admitir que somos apenas criaturas e que não estamos no controle de coisa nenhuma. Esta é a mais antiga das tentações: Sereis como Deus!1l Esse desejo — de ter o controle completo — é a causa de tanto estresse em nossa vida. A vida é uma luta, mas o que a maioria das pessoas não perce­be é que, como Jacó, nossa verdadeira luta é com Deus! Nós quere­mos ser Deus, e não há nenhuma chance de ganharmos essa luta.
A. W. Tozer disse: “O motivo pelo qual muitos ainda estão angus­tiados, buscando e progredindo lentamente é que ainda não chega­ram ao fim de si mesmos. Nós ainda tentamos comandar e meter o bedelho no trabalho que Deus realiza dentro de nós”.
Não somos Deus nem jamais seremos; somos humanos! É quando tentamos ser Deus que acabamos mais parecidos com Satanás, o qual quis a mesma coisa.
Aceitamos nossa humanidade intelectualmente, mas não emocionalmente. Quando diante de nossas limitações, reagimos com irritação, raiva e ressentimentos. Desejamos ser mais altos (ou mais baixos), mais inteligentes, mais fortes, mais talentosos, mais bonitos e mais ricos. Queremos ter tudo e fazer tudo, e ficamos deprimidos quando isso não acontece. Então, quando percebemos que Deus deu a outros características que não temos, reagimos com inveja, ciúmes e autopiedade.

O que significa rendição. Render-se a Deus não é resignação passiva, fatalismo ou desculpa para a preguiça. Não é resignar-se com a situação, mas significa exatamente o oposto: sacrificar a vida ou sofrer, a fim de mudar o que precisa ser mudado. Deus freqüentemente chama pessoas que se entregaram a ele, para bata­lhar em seu nome; render-se não é para covardes ou subservientes. Do mesmo modo, não significa desistir do raciocínio lógico; Deus não desperdiçaria a mente que lhe concedeu! Deus não quer ser ser­vido por robôs. Render-se não é suprimir a própria personalidade; Deus quer utilizar sua personalidade singular. Em vez de diminuí-la, render-se a aprimora. C. S. Lewis observou: “Quanto mais deixa­mos que Deus assuma o controle sobre nós, mais autênticos nos tornamos — pois foi ele quem nos fez. Ele inventou todas as diferen­tes pessoas que eu e você tencionávamos ser [...] É quando me viro para Cristo e me rendo à sua personalidade que pela primeira vez começo a ter minha própria e real personalidade”.
A rendição se manifesta mais claramen­te na obediência e na confiança. Você diz “Sim, Senhor” a tudo o que ele lhe pede; dizer “Não, Senhor” seria uma contradi­ção. Você não pode chamar a Jesus de Se­nhor, quando se recusa a obedecer. Após uma noite de fracassos na pescaria, Pedro foi um exemplo de rendi­ção quando Jesus lhe mandou tentar novamente: Mestre, esforçamo-nos a noite inteira e não pegamos nada. Mas, porque és tu quem está dizendo isto, vou lançar as redes.12 Pessoas que se entregaram a Cristo obedecem à Palavra de Deus mesmo que ela não faça sentido.
Outro aspecto da rendição total é a confian­ça. Abraão seguiu as orientações de Deus sem saber aonde isso o levaria. Ana esperou o mo­mento perfeito estipulado por Deus sem saber quando aconteceria. Muitos esperaram um mila­gre sem saber como seria possível. José confiou nos propósitos de Deus sem saber por que as cir­cunstâncias se desenvolviam daquela forma. Cada uma dessas pes­soas se rendeu completamente a Deus.
Você sabe que se rendeu a Deus quando depende dele para resol­ver as coisas, em vez de insistir em manipular outras pessoas, forçar sua programação diária e controlar a situação. Você larga mão e deixa Deus trabalhar. Você não tem de estar sempre “no controle”. A Bíblia diz: Entregue-se ao Senhor e espere pacientemente por ele.13 Em vez de tentar com mais afinco, confie mais. Você também sabe que está entregue a Deus quando não reage a críticas ou não tem o ímpe­to de defender-se. Corações entregues a Deus se destacam em relaci­onamentos. Você não pressiona os outros, não exige seus direitos nem é egoísta quando está entregue a Deus.
Para muitas pessoas, o mais difícil de entregar a Deus é o seu di­nheiro. Elas pensam: “Quero viver para Deus, mas também preciso ga­nhar dinheiro suficiente para viver comodamente e me aposentar algum dia”. Aposentadoria não é o objetivo de uma vida entregue a Deus, porque ela compete com Deus para ser o principal alvo de cuidados em sua vida. Jesus disse: Vocês não podem servir a Deus e ao Dinhei­ro,14 e onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração.15
O mais importante exemplo de auto-rendição é Jesus. Na noite anterior à crucificação, Jesus se rendeu aos planos de Deus. Ele orou: Pai, tudo te é possível. Afasta de mim este cálice; contudo, não seja o que eu quero, mas sim o que tu queres.16
Jesus não orou “Deus, se você puder retirar esta dor, faça-o por favor”. Ele já havia afirmado que Deus pode fazer qualquer coisa! Em vez disso, ele orou: “Deus, se for do teu interesse afastar este sofrimento, afasta-o, por favor. Porém, se o contrário cumpre o teu propósito, esse também é o meu desejo”.
Aquele que verdadeiramente se rendeu a Deus diz: “Pai, se este problema, dor, doença ou circunstância é necessário para a tua glória e o cumprimento do teu propósito na minha vida ou na vida de outro alguém, por favor, não o afastes”. Esse nível de maturidade não é facilmente alcançado. No caso de Jesus, ele ficou tão angustiado com os planos de Deus que suou sangue. Render-se é um trabalho árduo. No nosso caso, é uma intensa guerra contra nossa natureza egoísta.

A bênção da rendição. A Bíblia é clara como cristal a respeito de como você se beneficia quando rende sua vida totalmente a Deus. Em primeiro lugar, você sente paz: Pare de disputar com Deus! Con­cordando com ele, você ao menos terá paz, e as coisas irão bem para você.17 Em seguida, você se sente livre: Ofereça-se aos caminhos de Deus, e a liberdade jamais o abandonará [...] seus ensinos o libertam para viver abertamente em sua liberdade.18 Em terceiro lugar, você experimenta o poder de Deus em sua vida. Tentações persistentes e problemas avassaladores podem ser derrotados por Cristo quando estamos entregues a ele.
Quando Josué se aproximou da maior batalha da sua vida,19 ele deparou com Deus, prostrou-se em adoração perante ele e rendeu-lhe os seus planos. Tal rendição levou a uma esmagadora vitória em Jericó. Este é o paradoxo: pela rendição veio a vitória. Render-se não o enfraquece, mas o fortalece. Entregue-se a Deus; você não tem de temer ou se render a mais ninguém. William Booth, fundador do Exército de Salvação, disse: “A grandeza do poder de um homem está na medida de sua entrega a Deus”.
Pessoas entregues a Deus são exatamente aquelas usadas por Deus. Deus escolheu Maria para ser a mãe de Jesus não por causa de seu talento, riqueza ou beleza, mas porque ela se havia rendido completamente a ele. Quando o anjo explicou o improvável plano de Deus, ela calma­mente respondeu: Sou serva do Senhor; que acon­teça comigo conforme a tua palavra.20 Nada é mais poderoso do que uma vida entregue nas mãos de Deus. Portanto entreguem-se intei­ramente a Deus.21

A melhor forma de viver. Todo o mundo, com o tempo, se rende a algo ou a alguém. Se não for a Deus, você se renderá às opiniões ou expectativas de outros, ao dinheiro, ao rancor, ao medo ou ao orgu­lho próprio, luxúria ou ego. Você foi feito para adorar a Deus e, se fracassar em adorá-lo, criará outras coisas (ídolos) para as quais entregará sua vida. Você é livre para escolher a quem se entregará, mas não é livre das conseqüências dessa escolha. E. Stanley Jones disse: “Se você não se rende a Cristo, se rende ao caos!”.
Render-se a Deus não é a melhor maneira de viver, é a única maneira de viver; nada mais funciona. Todas as outras vias levam à frustração, decepção e autodestruição. A King James Version (kjv) denomina a rendição a Deus vosso culto racional.22 Outra versão traduz como a maneira mais sensata de ser­vir a Deus23 Render a vida não é um tolo impulso emocional, mas um ato inteligente e racional; a atitude mais responsável e inteligente que você pode tomar em sua vida. Foi por isso que Paulo disse: Por isso, temos o propósito de lhe agradar.24 Seus momentos mais sábios serão aqueles em que você disser sim para Deus.
Algumas vezes leva anos, mas por fim você descobre que o maior obstáculo às bênçãos de Deus em sua vida não são os outros, mas você mesmo — sua teimosia, seu orgulho obstinado e sua ambição. Você não pode cumprir os propósitos de Deus em sua vida enquanto estiver enfocando planos pessoais.
Se Deus tiver de fazer uma profunda obra em sua vida, ela come­çará por aqui. Então entregue tudo a Deus: os arrependimentos do passado, os problemas do presente, as ambições do futuro, seus me­dos, sonhos, fraquezas, costumes, mágoas e traumas. Ponha Jesus Cristo na direção de sua vida e tire as mãos do volante. Não tenha medo; nada sob o seu controle poderá ficar descontrolado. Controla­do por Cristo, você pode dar conta de qualquer coisa. Você será como Paulo: Eu estou pronto para tudo e a altura de qualquer desafio através dele, que infunde uma força interior em mim; ou seja, sou independente na dependência de Cristo.25
O momento da rendição de Paulo ocorreu na estrada para Da­masco, após ele ter sido derrubado por uma luz ofuscante. Outros tiveram sua atenção capturada de formas menos dramáticas. Não obstante, render-se nunca é um acontecimento isolado. Paulo disse: Morro todos os dias.26 Há o momento da rendição, e há a prática da rendição, que ocorre a todo momento e por toda a vida. O problema do sacrifício vivo é que ele escapulir do altar; então você provavel­mente terá de renovar a rendição de sua vida cinqüenta vezes por dia. Jesus disse: Se as pessoas querem me seguir, elas precisam abrir mão de suas vontades. Elas precisam estar dispostas a negar sua vida diariamente para me seguir.27
Deixe-me dar-lhe um aviso: uma vez que você tenha decidido entregar sua vida inteiramente nas mãos de Deus, essa decisão será testada. Isso significa que algumas vezes será inconveniente, anti­pático, custoso ou uma tarefa aparentemente impossível. Significa que você freqüentemente fará o oposto do que deseja.
Um dos grandes líderes cristãos do século xx foi Bill Bright, fun­dador da Campus Crusade for Christ [Cruzada Estudantil e Profissio­nal para Cristo]. Por meio da equipe da Cruzada ao redor do mundo, do panfleto As quatro leis espirituais e do filme Jesus (visto por mais de quatro bilhões de pessoas), mais de 150 milhões de pessoas vieram a Cristo e passarão a eternidade no céu.
Certa vez, perguntei a Bill: “Por que Deus usa e abençoa tanto a sua vida?”. Ele respondeu: “Quando jovem, eu fiz um contrato com Deus. Eu verdadeiramente o redigi e assinei meu nome embaixo. Ele dizia: “Deste dia em diante, sou um escravo de Jesus Cristo”.
Você já assinou um contrato como esse com Deus? Ou você ainda está debatendo e lutando com Deus a respeito do direito que ele tem de fazer com sua vida o que quiser? Este é o momento de você se render — à graça, ao amor e à sabedoria de Deus.

Décimo Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: A essência da adoração é a ren­dição.

Um versículo para memorizar: Entreguem-se comple­tamente a Deus, para que ele use vocês a fim de faze­rem o que é direito (Romanos 6.13b; ntlh).

Uma pergunta para meditar: Que área de minha vida estou evitando entregar nas mãos de Deus?












Dia 11 Tornando-se amigo de Deus

Como tivemos restaurada a nossa amizade com Deus pela morte de seu Filho, enquanto éramos seus inimigos, certamente seremos libertos da punição eterna por meio  de sua vida.
Romanos 5.10; nlt
Deus quer ser o seu melhor amigo.

O seu relacionamento com Deus tem muitos e variados aspectos: Deus é seu Autor e Criador, Senhor e Mestre, Juiz, Redentor, Pai, Salvador e muito mais.1 Porém, a mais espantosa verdade é esta: o Deus todo-poderoso anseia ser seu amigo!
No Éden, vemos o relacionamento ideal de Deus para conosco. Adão e Eva desfrutavam de uma amizade íntima com Deus. Não existiam rituais, cerimônias ou religião — apenas um simples e cari­nhoso relacionamento entre Deus e as pessoas que ele criou. Livres de culpas ou medos, Adão e Eva desfrutavam de Deus, e Deus des­frutava deles.
Fomos feitos para viver continuamente na presença de Deus, mas após a queda do homem aquele relacionamento ideal foi perdido. Somente umas poucas pessoas no Antigo Testamento tiveram o pri­vilégio de uma amizade com Deus. Moisés e Abraão foram chamados “amigos de Deus”, Davi foi chamado “um homem segundo o coração de Deus”, e Jó, Enoque e Noé eram amigos íntimos de Deus.2 Entre­tanto, medo de Deus, e não amizade, eram mais comuns no Antigo Testamento.
Então Jesus mudou a situação. Quando pagou nossos pecados na cruz, o véu do Templo, que simbolizava nossa separação de Deus, foi rasgado de cima para baixo; indicando que o acesso direto a Deus estava novamente disponível.
Ao contrário dos sacerdotes do Antigo Testamento, que tinham de passar horas se preparando para encontrá-lo, atualmente pode­mos chegar a Deus a qualquer instante. A Bíblia diz: Podemos agora exultar em nosso maravilhoso novo relacionamento com Deus — tudo por causa do que nosso Senhor Jesus Cristo fez por nós, tornando-nos amigos de Deus. 3
Ter amizade com Deus só é possível por causa da graça de Deus e do sacrifício de Jesus. Tudo isso é feito por Deus, o qual, por meio de Cristo, nos transforma de inimigos em amigos dele.4 Um antigo hino diz “Quão bondoso amigo é Cristo”, mas na verdade Deus nos convida a desfrutar da amizade e da companhia das três pessoas da Trindade: nosso Pai,5 o Filho6 e o Espírito Santo.7
Jesus disse: Já não os chamo servos, porque o servo não sabe o que O seu senhor faz. Em vez disso, eu os tenho chamado amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai eu lhes tornei conhecido.8 A palavra utili­zada para “amigo” nesse versículo não significa uma relação superfi­cial, mas um relacionamento íntimo e de confiança. A mesma palavra é usada para se referir ao padrinho de casamento9 e ao círculo de amigos íntimos e de confiança de um rei. Em uma corte real, os servos devem manter distância do rei, mas o círculo de amigos de confiança desfruta de proximidade, acesso direto e informações confidenciais.
Que Deus me queira como amigo íntimo é difícil entender, mas a Bíblia diz: ... que [...] zela ardentemente pelo relacionamento com vocês.10
Deus deseja muito mesmo que o conheçamos profundamente. Na verdade, ele planejou o universo e orquestrou a história, incluindo os detalhes de nossa vida, para que nos tornássemos seus amigos. A Bíblia diz: Deus criou toda a raça humana e criou a terra habitável, com fartura de tempo e de espaço, a fim de que pudéssemos buscar a Deus; não só ficar como que apalpando no escuro, mas realmente o encontrar.11
Conhecer e amar a Deus é nosso maior privilégio, e sermos conhe­cidos e amados é o maior prazer de Deus. Ele diz: Se alguém quiser se orgulhar, que se orgulhe de me conhecer e de me entender [...] Estas são as coisas que me agradam.12
É difícil imaginar uma amizade íntima entre um Deus perfeito, invisível e onipotente e um ser humano limitado e pecador. Não é tão difícil compreender um relaciona­mento de Mestre para servo, Criador para criatura ou mesmo de Pai para filho; mas o que quer dizer o fato de Deus me querer como amigo? Olhan­do a vida dos amigos de Deus na Bí­blia, aprendemos seis segredos para uma amizade com Deus. Faremos um exame de dois segredos neste capítulo e de mais quatro no próximo.

Tornando-se amigo de Deus Conversando constantemente. Você jamais cultivará um relaciona­mento íntimo com Deus apenas indo à igreja uma vez por semana ou mesmo tendo um período de busca diária. Uma amizade com Deus é construída ao partilharmos com ele todas as nossas experiências.

É lógico que é importante estabelecer o hábito de um momento diário consagrado a Deus,13 mas ele quer mais que um compromisso na sua agenda. Ele quer ser incluído em todas as atividades, todas as con­versas, todos os problemas e até mes­mo em todos os pensamentos. Você pode manter uma conversa contí­nua e ilimitada com ele ao longo do dia, conversando sobre o que quer que você esteja fazendo ou pen­sando no momento. Orem continuamente14 significa conversar com Deus enquanto faço compras, trabalho ou realizo qualquer outra tarefa diária.
Um conceito errôneo bastante comum é de que “passar seu tempo com Deus” significa estar sozinho com ele. É claro que, como no exem­plo dado por Jesus, você precisa de um tempo a sós com Deus; mas isso se refere somente a uma parte do período que você passa acordado. Tudo que você faz pode ser “passar seu tempo com Deus”, se ele for convidado para tomar parte e você estiver consciente de sua presença. Um livro clássico sobre como desenvolver uma constante conver­sa com Deus se chama A prática da presença de Deus. Ele foi escrito no século xvii pelo irmão Lourenço, humilde cozinheiro de um monastério francês. O irmão Lourenço era capaz de tornar as mais banais e insignificantes tarefas, como preparar refeições e lavar pra­tos, em atos de louvor e comunhão com Deus. A chave para uma amizade com Deus, ele dizia, não é mudar o que você faz, mas mu­dar a sua atitude em relação ao que faz. Ou seja, o que você normal­mente faz por si mesmo comece a fazer por Deus: comer, tomar banho, trabalhar, relaxar ou jogar o lixo fora.
Hoje em dia, freqüentemente sentimos que precisamos “escapar” de nossa rotina para adorar a Deus; mas isso somente porque não aprendemos a praticar sua presença durante todo o tempo. O irmão Lourenço achava fácil adorar a Deus nas tarefas comuns da vida; ele não precisava participar de retiros espirituais especiais.
Isso é o ideal para Deus. No Éden, a adoração não era um evento onde se comparecia, mas uma atitude permanente; Adão e Eva esta­vam em constante comunhão com Deus. Como Deus está com você durante todo o tempo, nenhum outro lugar é mais próximo dele do que o lugar onde você está neste exato momento. A Bíblia diz: Ele comanda todas as coisas, está em todos os lugares e em todas as coisas.15
Outra das providenciais idéias do irmão Lourenço era fazer conti­nuamente orações curtas e informais ao longo do dia, em vez de tentar realizar longas sessões de orações complexas. Para manter o foco e neutralizar divagações, ele dizia: Não o aconselho a usar uma grande variedade de palavras na oração, visto que longos discursos são freqüentemente motivos para devaneios.16 Em uma época em que há falta de concentração, essa sugestão com 450 anos de idade para manter a simplicidade parece especialmente importante.
A Bíblia nos diz: Orem continuamente.17 Como isso é possível? Uma forma é utilizar “orações de um fôlego” ao longo do dia, como muitos cristãos têm feito durante séculos. Você escolhe uma frase curta que pode ser repetida para Jesus em uma respiração: “Tu estás comigo”; “Eu recebo a tua graça”; “Eu dependo de ti”; “Eu quero co­nhecer-te”; “Eu pertenço a ti”; “Ajuda-me a confiar em ti”; Você tam­bém pode usar uma frase curta da Bíblia: “Para que eu viva em Cristo”; “Jamais me deixarás”; “Tu és o meu Deus”. Faça essas orações com a maior freqüência possível, de modo que fiquem profundamente enraizadas no seu coração. Apenas se assegure de que sua motiva­ção é honrar a Deus, e não controlá-lo.
Praticar a presença de Deus é uma habilidade, um hábito que você pode desenvolver. Assim como os músicos praticam escalas diariamente, a fim de tocar belas músicas com facilidade, você deve se obrigar a pensar em Deus em diversos momentos do dia. Você deve treinar sua mente a se lembrar de Deus.
Em primeiro lugar, você irá criar lembretes que restabeleçam re­gularmente a consciência de que Deus está com você naquele mo­mento. Comece dispondo lembretes visuais em torno de si. Você pode escrever pequenos bilhetes dizen­do: “Deus é comigo e por mim neste exato momen­to!”. Os monges beneditinos utilizam o soar de um relógio, que os lembra de hora em hora que devem parar e fazer sua “oração das horas”. Se você tem um relógio ou um telefone celular com alarme, pode proceder da mesma forma. Em alguns momentos você sentirá a presença de Deus, em outros não.
Se você está buscando uma experiência com a presença de Deus por meio de tudo isso, então não compreendeu o sentido disso tudo. Nós não louvamos a Deus para nos sentirmos bem, mas para agir­mos bem. Seu objetivo não é uma sensação, mas uma consciência constante da realidade de que Deus está sempre presente. Esse é o estilo da vida de adoração.

Através da meditação contínua. A segunda forma de estabelecer amizade com Deus é pensar na sua Palavra durante todo o dia. Isso se chama medi­tação, e a Bíblia nos exorta repetidamente a me­ditar sobre quem Deus é, o que ele fez e o que ele disse.18
É impossível ser amigo de Deus deixando de lado o conhecimento do que ele diz. Você não pode amar a Deus a não ser que o conheça, e não pode conhecê-lo sem conhecer sua Palavra. A Bí­blia diz que Deus se manifestava a Samuel [...] pela palavra do Se­nhor,19 e Deus ainda hoje utiliza esse mesmo método.
Embora você não possa passar o dia inteiro estudando a Bíblia, pode pensar a seu respeito ao longo do dia, recordar os versículos que leu ou decorou e refletir sobre eles.
A meditação é freqüentemente mal-interpretada como algum ri­tual misterioso e complicado, praticado por ascetas e monges isola­dos. Mas meditar é simplesmente concentrar os pensamentos — uma habilidade que pode ser adquirida por qualquer pessoa e posta em prática em qualquer situação.
Quando você se mantém pensando repetidamente sobre um pro­blema, isso se chama preocupação. Quando você se mantém pen­sando repetidamente na Palavra de Deus, isso se chama meditação. Se você sabe se preocupar, já sabe meditar! Basta que você desvie a atenção dos seus problemas para os versículos bíblicos. Quanto mais você meditar na Palavra de Deus, menores serão suas preocu­pações.
A razão pela qual Deus considerava Jó e Davi amigos íntimos era o fato de eles valorizarem a sua Palavra acima de qualquer coisa e de pensarem nela continuamente durante todo o dia. Jó reconheceu: Dei mais valor às palavras de sua boca do que ao meu pão de cada dia.20 Davi disse: Como eu amo a tua lei! Medito nela o dia inteiro21 e Elas estão constantemente em meus pensamentos. Não consigo pa­rar de pensar nelas.22
Amigos dividem segredos, e Deus irá partilhar com você os seus segredos, se você desenvolver o hábito de pensar em sua Palavra do princípio ao fim do dia. Deus contou seus segredos a Abraão e fez o mesmo com Daniel, Paulo, os discípulos e outros amigos.23
Quando você ler a Bíblia ou ouvir um sermão ou uma fita, não cometa o erro de simplesmente “deixar para lá” e seguir em frente. Desenvolva a prática de ficar revisando a verdade em sua mente, pensando continuamente sobre ela. Quanto mais tempo você repas­sar o que Deus disse, mais compreenderá os “segredos” desta vida que muitas pessoas deixam escapar. A Bíblia diz: O Senhor é amigo chegado de quem o respeita e lhe obedece. A essas pessoas Ele revela os segredos de seus planos.24
No próximo capítulo, veremos mais quatro segredos sobre como cultivar amizade com Deus, mas não espere até amanhã. Comece ainda hoje a praticar uma conversa constante com Deus e a meditar continuamente na sua Palavra. As orações permitem que você fale com Deus; as meditações permitem que Deus fale com você. Ambas são essenciais para se tornar amigo de Deus.

Décimo Primeiro Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: Deus quer ser meu melhor amigo.

Um versículo para memorizar: O Senhor é amigo chega­do de quem o respeita e lhe obedece (Salmos 25.14a; bv).

Uma pergunta para meditar: O que posso fazer para me lembrar de pensar mais sobre Deus e falar com ele mais freqüentemente ao longo do dia?

Dia 12 Desenvolvendo a amizade com deus

Ele oferece a sua amizade ao justo.
Provérbios 3.32; nlt

Aproximem-se de Deus, e ele se aproximam de vocês!
Tiago 4.8; nlt
Você está tão perto de Deus quanto escolher estar.

A exemplo de qualquer amizade, você deve se esforçar para desen­volver sua amizade com Deus. Isso não acontecerá por acidente. É necessário querer, ter tempo e energia. Se você deseja um vínculo mais profundo e íntimo com Deus, deve aprender a partilhar de forma honesta com ele os seus sentimentos, ter confiança quando ele lhe pedir para fazer algo, aprender a se importar com aquilo com que ele se importa e desejar sua amizade mais do que qualquer outra coisa.

Devo optar por ser sincero com Deus. O primeiro elemento fun­damental de uma amizade mais profunda com Deus é ser absoluta­mente sincero — a respeito de suas falhas e sentimentos. Deus não espera que você seja perfeito, mas insiste em que você seja absoluta­mente sincero. Nenhum dos amigos de Deus que aparecem na Bíblia era perfeito. Se a perfeição fosse um requisito para a amizade com Deus, jamais poderíamos ser seus amigos. Felizmente, em virtude da graça de Deus, Jesus ainda é amigo de [...] pecadores.1
Na Bíblia, os amigos de Deus foram sinceros sobre seus sentimen­tos; freqüentemente reclamando, criticando, acusando e discutindo com seu Criador. Deus, entretanto, não parecia se aborrecer com sua franqueza; na verdade, ele a incentivava.
Deus permitiu que Abraão o questionasse e desafiasse a respeito da destruição de Sodoma. Abraão importunou a Deus sobre o que seria necessário para poupar a cidade, negociando desde cinqüenta até somente dez pessoas justas.
Deus também escutou pacientemente a Davi, as muitas acusa­ções de injustiça, traição e abandono. Deus não destruiu Jeremias quando ele reclamou que Deus o havia enganado. Jó pôde expressar sua amargura durante a provação, e no final Deus defendeu Jó por ser sincero e repreendeu os amigos de Jó por serem falsos. Deus lhes disse: Vocês não foram sinceros comi­go ou a meu respeito; não da forma em que foi meu amigo Jó [...] Meu ami­go Jó agora orará por vocês e eu acei­tarei sua oração.2
Em um estupendo exemplo de ami­zade sincera,3 Deus expressou com sin­ceridade sua absoluta repugnância pela desobediência de Israel. Ele disse a Moisés que manteria a promessa de dar aos israelitas a Terra Prometida, mas não daria mais nem um passo com eles no deserto! Deus estava saturado, e disse a Moisés exatamente como se sentia.
Moisés, falando como um “amigo” de Deus, respondeu de forma igualmente sincera: Tu me ordenaste: “Conduza este povo”, mas não me permites saber quem enviarás comigo. [...] Se me vês com agrado, revela-me os teus propósitos [...] Lembra- te de que esta nação é o teu povo [...] Se não fores conosco, não nos envies. Como se saberá que eu e o teu povo podemos contar com o teu favor, se não nos acompanhares? [...] O Senhor disse a Moisés: “Farei o que me pede, porque tenho me agradado de você e o conheço pelo nome”.4
Deus pode lidar com esse tipo de franqueza a toda prova da parte de você? Sem dúvida! A verdadeira amizade é edificada sobre a transparência. O que poderia parecer audácia, Deus vê como au­tenticidade. Deus escuta as palavras exaltadas de seus amigos; ele se aborrece com as frases feitas, religiosas e previsíveis. Para ser amigo de Deus, você deve ser sincero com ele e dividir seus verdadei­ros sentimentos, e não o que você pensa que deveria sentir ou dizer.
É provável que você precise confessar alguma raiva ou ressenti­mento escondido em relação a Deus em certas áreas de sua vida, nas quais você se sentiu enganado ou decepcionado. Até que tenhamos amadurecido o suficiente para compreender que Deus usa todas as coisas para o nosso bem, abrigamos ressentimentos em relação a Deus por causa de nossa aparência, formação, orações não-respondidas, mágoas do passado e outras coisas que mudaríamos se fôs­semos Deus. As pessoas freqüentemente culpam a Deus por mágoas provocadas por outras pessoas. Isso cria o que William Backus cha­ma de “seus problemas ocultos com Deus”.
A amargura é a maior de todas as barreiras para a amizade com Deus: “Por que eu iria querer ser amigo de Deus, se ele permitiu isto?”. O antídoto, é claro, é atinar que Deus sempre age no seu melhor interesse; mesmo quando é doloroso e você não compreende. Mas liberar-se de seus ressentimentos e re­velar seus sentimentos é o primeiro passo para a cura. Do mesmo modo que tantas pessoas na Bíblia, diga a Deus exatamente como você se sente.5 Para nos instruir na honestidade sincera, Deus nos deu o livro de Sal­mos — um manual de adoração, cheio de discursos descontrolados, delírios, dúvidas, medos, ressentimen­tos e sofrimentos intensos combinados com ação de graças, louvores e declarações de fé. Todas as emoções possíveis estão catalogadas no livro de Salmos. Quando você lê as confissões emocionadas de Davi e de outros, percebe que é assim que Deus quer que você o adore — sem reter absolutamente nada do que sente. Você pode orar como Davi: Derramo diante dele as minhas queixas e conto-lhe to­dos os meus aborrecimentos. Estou totalmente abatido.6
É animador saber que todos os amigos íntimos de Deus — Moisés, Davi, Abraão, Jó e outros — tiveram acessos de dúvidas. Mas, em vez de mascarar seus receios com frases feitas, eles os expressaram sin­cera, aberta e publicamente. Exprimir as dúvidas às vezes é o primei­ro passo em direção ao próximo nível de intimidade com Deus.

Devo optar por obedecer a Deus na fé. Todas as vezes que você confia na sabedoria de Deus e faz tudo o que ele diz, mesmo sem compreender, você aprofunda sua amizade com ele. Normalmente, não consideramos a obediência como característica da amizade; ela é reservada para o relacionamento com pai, chefe ou oficial superi­or; não um amigo. Entretanto, Jesus deixou claro que a obediência é uma condição para obter intimidade com Deus. Ele disse: Vocês se­rão meus amigos, se fizerem o que eu lhes ordeno.7
No último capítulo, assinalei que a palavra usada por Jesus quando nos chamou de “amigos” poderia se referir a “amigos do rei” em uma corte. Embora esses companheiros íntimos tivessem privilégios espe­ciais, eles ainda estavam sujeitos ao rei e tinham de obedecer as suas ordens. Somos amigos de Deus, mas não somos seus iguais. Ele é o nosso amado líder, e nós o seguimos.
Obedecemos a Deus, não por obrigação, medo ou imposição, mas porque o amamos e confiamos que ele sabe o que é melhor para nós. Queremos seguir a Cristo em virtude da gratidão que sentimos por tudo que ele nos fez, e quanto mais de perto nós o seguimos, mais intensa a nossa amizade se torna.
Os incrédulos normalmente pensam que os cristãos obedecem por obrigação, culpa ou medo de ser punidos, mas o oposto é que é verdadeiro. Por termos sido perdoados e libertos, obedecemos por amor — e nossa obediência nos traz grande alegria! Jesus disse: Como o Pai me amou, assim eu os amei; permaneçam no meu amor. Se vocês obedecerem aos meus mandamentos, permanecerão no meu amor, assim como tenho obedecido aos mandamentos de meu Pai e em seu amor permaneço. Tenho lhes dito estas palavras para que a minha alegria esteja em vocês e a alegria de vocês seja completa.8
Repare: Jesus espera que façamos somente o que ele fez com o Pai. Seu relacionamento com o Pai é o modelo para nosso relaciona­mento com ele. Jesus fez tudo que o Pai pediu que ele fizesse gra­ças ao amor.
A verdadeira amizade não é indolente; ela age. Quando Jesus nos pede que amemos os outros, ajudemos os necessitados, dividamos nossos recursos, conservemos nossa vida limpa, perdoemos e leve­mos outros a ele, o amor nos estimula a obedecer imediatamente.
Somos freqüentemente desafiados a fazer “grandes coisas” para Deus. Na realidade, Deus fica mais satisfeito quando fazemos pe­quenas coisas para ele por amor. Elas podem passar despercebidas de outras pessoas, mas Deus as observa e as considera atos de adoração.
Grandes oportunidades podem acontecer uma única vez durante toda a vida, mas pequenas oportunidades nos cercam todos os dias. Mesmo por um simples ato, como dizer a ver­dade, ser gentil e animar os outros, trazemos um sorriso à face de Deus. Deus guarda sim­ples atos de obediência com se fosse um tesou­ro, mais do que orações, louvores ou ofertas. A Bíblia diz: O que agrada mais ao Senhor: holocaustos e sacrifícios ou obediência à sua voz? É melhor obedecer do que sacrificar.9
Jesus iniciou seu ministério público com a idade de trinta anos, ao ser batizado por João. Naquele momento, Deus falou do céu: Este é o meu Filho amado, e estou plenamente satisfeito com ele.10
O que Jesus vinha fazendo durante trinta anos, que agradava tanto a Deus? A Bíblia não diz nada sobre esses anos desconhecidos, com exceção de uma única frase em Lucas 2.51: Então foi com eles para Nazaré, e era-Ihes obediente. Trinta anos agradando a Deus foram resumidos em três palavras: era-Ihes obediente!

Devo optar por valorizar o que Deus valoriza. É isso que os ami­gos fazem — importam-se com o que é importante para a outra pes­soa. Quanto mais você se torna amigo de Deus, mais se importa com as coisas com as quais ele se importa, sofre com as coisas por que ele sofre e se alegra com as coisas que lhe dão prazer.
Paulo é o melhor exemplo disso. As prioridades de Deus eram as suas prioridades, e os desejos de Deus eram seus: O que me deixa tão transtornado é preocupar-me tanto com vocês — esse é o zelo de Deus que queima dentro de mim!11  Davi se sentia da mesma forma: O zelo pela tua casa me consome, e os insultos daqueles que te insultam caem sobre mim.12
O que importa mais para Deus? A redenção de seu povo. Ele quer que todos os seus filhos perdidos sejam achados! Esse é o único motivo pelo qual Jesus veio à terra. A coisa mais preciosa ao coração de Deus é a morte de seu Filho. A segunda coisa mais preciosa é quando seus filhos comunicam essas novas a outras pessoas. Para ser amigo de Deus, você deve se interessar por todas as pessoas ao seu redor, com as quais Deus se importa. Amigos de Deus contam aos seus amigos a respeito de Deus.

Mais do que qualquer outra coisa, devo desejar ser amigo de Deus. Os salmos estão cheios de exemplos desse desejo. Davi, acima de tudo, desejou apaixonadamente conhecer a Deus; ele usou pala­vras como “anelo”, “anseio”, “sede”, “fome”. Ele almejava a Deus. Ele disse: Há uma coisa que realmente desejo do Senhor; o privilégio de viver durante toda a minha vida na sua presença, para descobrir a cada dia um pouco mais da sua perfeição e amor.13 Em outro salmo, ele disse: O teu amor é melhor do que a vida.14
O desejo de Jacó pelas bênçãos de Deus na sua vida era tão inten­so que ele lutou durante toda a noite com Deus, dizendo: Não te deixarei ir, a não ser que me abençoes.15 A parte mais maravilhosa dessa história é que Deus, que é todo-poderoso, deixou Jacó vencer! Deus não fica ofendido quando “lutamos” com ele, porque lutar exige contato pessoal e nos traz para perto dele! Lutar também é uma atitu­de apaixonada, e Deus gosta quando estamos apaixonados por ele.
Paulo foi outro homem apaixonado por sua amizade com Deus. Nada era mais importante; era a sua primeira prioridade, objeto de sua total concentração e o mais importante objetivo de sua vida. Esse é o motivo pelo qual Deus usou Paulo de forma tão grandiosa. A versão bíblica The Amplified Bible [A Bíblia Ampliada] exprime a força total da paixão de Paulo: Meu firme propósito é que eu possa conhecê-lo — e que eu possa conhecê-lo cada vez mais profunda e intimamente, percebendo, reconhecendo e compreendendo as mara­vilhas de sua pessoa com mais clareza e intensidade.16
A verdade é: você está tão perto de Deus quanto escolhe estar. Amizade íntima com Deus é uma escolha, não um fato fortuito; você deve buscá-la intencionalmente. Você realmente a quer — mais do que qualquer coisa? Qual a importância disso para você? Vale a pena desistir de outras coisas por causa dela? Ela vale o esforço de desenvolver os hábitos e habilidades necessários?
Você pode ter sido apaixonado por Deus no passado, mas perdeu aquele desejo. Esse foi o problema dos cristãos de Laodicéia -— havi­am perdido o primeiro amor. Faziam todas as coisas corretamente, mas por obrigação, e não por amor. Se você estiver passando por abalos espirituais, não se surpreenda quando Deus permitir sofri­mento na sua vida.
O sofrimento é o combustível da paixão — ele nos dá energia com tal intensidade que transforma o que normalmente não possuímos. C. S. Lewis disse: “O sofrimento é o megafone de Deus”. É a forma de Deus nos sacudir da letargia espiri­tual. Os nossos problemas não são uma puni­ção; são chamadas de despertamento de um Deus amoroso. Deus não está louco com você, ele está louco por você, e fará o que for necessá­rio para trazê-lo de volta à comunhão com ele. Mas há uma forma mais fácil de reacender a pai­xão por Deus. Comece a pedir que ele lhe dê essa paixão e continue pedindo até que você a tenha. Faça esta oração ao longo do seu dia: “Querido Jesus, mais do qualquer outra coisa, quero conhecê-lo intimamente”. Deus disse aos cativos na Babilônia:
Se vocês seriamente me buscarem e me quiserem mais que a todas as coisas, garanto que não ficarão desapontados.17

Seu relacionamento mais importante

Não há nada — absolutamente nada — mais importante do que desenvolver uma amizade com Deus. Esse é o relacionamento que durará para sempre. Paulo disse a Timóteo: Algumas destas pesso­as perderam a coisa mais importante da vida — elas não conhecem a Deus.18 Você perdeu a coisa mais importante da vida? Você pode fazer algo a respeito disso a partir de agora. Lembre-se: a escolha é sua. Você está tão perto de Deus quanto escolheu estar.

Décimo Segundo Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: Estou tão perto de Deus quan­to escolhi estar.

Um versículo para memorizar: Aproximem-se de Deus, e ele se aproximará de vocês (Tiago 4.8; nlt).

Uma pergunta para meditar: Quais escolhas práticas eu farei hoje para me aproximar mais de Deus?

Dia 13 A ADORAÇÃO QUE AGRADA A DEUS

Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todo o seu entendimento e de todas as suas forças.
Marcos 12.30; nvi
Deus quer você por inteiro.

Deus não quer apenas uma parte de sua vida. Ele pede todo o seu coração, toda a sua alma, toda a sua mente e toda a sua força. Deus não está interessado em um comprometimento tímido, em uma obediência parcial ou em sobras de seu tempo e dinheiro. Ele deseja sua total devoção, e não pequenos pedaços de sua vida.
Uma mulher samaritana certa vez tentou ponderar com Jesus sobre o melhor momento, lugar e forma de adorar. Jesus respondeu que essas questões externas não tinham importância. Onde você adora não é tão importante quanto por que você adora e o quanto de si mesmo você oferece a Deus quando adora. Existe a forma certa e a forma errada de adorar. A Bíblia diz: Sejamos agradecidos, e adoremos a Deus de um modo que o agrade.1 O tipo de adoração que agrada a Deus tem quatro características.

Deus se agrada quando nossa adoração é precisa. As pessoas freqüentemente dizem “Eu gosto de pensar em Deus como...”, e então contam sobre que tipo de Deus gostariam de adorar. Mas nós não podemos apenas criar nossa própria imagem de Deus, confortável e politicamente correta, e adorá-la. Isso é idolatria.
A adoração deve ser baseada na verdade das Escrituras, e não em nossas opiniões a respeito de Deus. Jesus disse à mulher sama­ritana: Os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura.2
“Adorar em verdade” significa adorar a Deus tal como ele é ver­dadeiramente revelado na Bíblia.

Deus se agrada quando nossa adoração é autêntica. Quando Jesus disse que você deveria “adorar em espírito”, ele não estava se referindo ao Espírito Santo, mas ao seu espírito. Feito à imagem de Deus, você é um espírito que habita em um corpo, e Deus concebeu esse espírito para que se comunicasse com ele. Adoração é seu espí­rito correspondendo ao Espírito de Deus.
Quando Jesus disse Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, ele queria dizer que a adoração deveria ser genuína e sincera. Não é apenas uma questão de utilizar as pala­vras corretas; você deve querer dizer o que diz. O louvor sem sen­timentos não é em absoluto lou­vor! Não vale nada e é um insulto a Deus.
Quando adoramos, Deus olha para além de nossas palavras para ver a postura de nossos corações. A Bíblia diz: O homem vê a aparência, mas o Senhor vê o coração.3
Visto que adoração envolve regozijar-se em Deus, ela mobiliza as emoções. Deus lhe deu emoções para que você pudesse adorá-lo com intensidade — mas essas emoções devem ser genuínas, não fingidas. Deus odeia a hipocrisia. Ele não quer exibicionismo, fingimento ou falsidade na adoração. Ele deseja o seu amor sincero e verdadeiro. Podemos adorar a Deus de modo imperfeito, mas não podemos adorá-lo sem sinceridade.
Logicamente, só a sinceridade não é suficiente, você pode estar sinceramente errado. É por isso que tanto o espírito como a verdade são necessários. A adoração deve ser precisa e autêntica. A adoração agradável a Deus é profundamente emocional e profundamente dou­trinária; usamos tanto o coração quanto a cabeça.
Hoje em dia, muitas pessoas comparam estar comovido com uma música a ter sido tocado pelo Espírito Santo, mas não é a mesma coisa. A verdadeira adoração acontece quando seu espírito responde a Deus, e não a alguma melodia musical. Na verdade, algumas can­ções introspectivas e sentimentais impedem a adoração, pois reti­ram a evidência de Deus e a transferem para nossos sentimentos. Sua maior distração na adoração é você mesmo — seus interesses e preocupações com o que os outros pensam a seu respeito.
Os cristãos discordam amiúde sobre a forma mais apropriada ou genuína de louvar a Deus, mas essas discussões normalmente refle­tem apenas as diferenças de formação e personalidade. Muitas formas de louvor são mencionadas na Bíblia, entre elas, confessar, cantar, pos­tar-se em honra, ajoelhar-se, dançar, fazer ruídos de alegria, testificar, tocar instrumentos musicais e erguer as mãos.4 O melhor estilo de adoração é aquele que mais genuinamente representa o seu amor por Deus, baseado na formação e na personalidade que ele lhe deu.
Meu amigo Gary Thomas reparou que muitos cristãos parecem estar emperrados em uma via de adoração, em uma rotina insatisfa­tória, em vez de terem uma empolgada amizade com Deus. Eles se obrigam a utilizar métodos devocionais ou estilos de adoração que não se adaptam à forma exclusiva que Deus lhes deu.
Gary refletiu consigo mesmo: Se Deus propositadamente nos fez a todos diferentes, por que devería­mos todos amar a Deus da mesma forma?Lendo obras cristãs clássi­cas e entrevistando crentes maduros, Gary descobriu que os cristãos têm utilizado caminhos variados há dois mil anos para desfrutar de intimidade com Deus. Esses caminhos passam por estar ao ar livre, estudar, cantar, ler, dançar, criar obras de arte, servir as outras pes­soas, ser solidário, desfrutar da comunhão e participar em dezenas de outras atividades.
Em seu livro Sacred pathways [Caminhos sagrados], Gary identi­fica nove maneiras pelas quais as pessoas se aproximam de Deus: os naturalistas, que são mais motivados a amar a Deus ao ar livre, em ambientes naturais. Os sensitivos, que amam a Deus com os seus sentidos e apreciam belos cultos de adoração que envolvam o aspec­to visual, paladar, aroma e toque, não apenas sua audição. Os tradi­cionalistas, que se aproximam de Deus por meio de rituais, liturgias, símbolos e estruturas rígidas. Os ascetas, que preferem amar a Deus em solidão e simplicidade. Os ativistas, que amam a Deus pelo con­fronto com o mal, combatendo a injustiça e trabalhando para tornar o mundo um lugar melhor. Os caridosos, que amam a Deus amando os outros e suprindo suas necessidades. Os entusiastas, que amam a Deus com festas. Os contemplativos, que amam a Deus por meio da adoração. E os intelectuais, que amam a Deus ao estudá-lo com a mente.5
Não há uma abordagem “tamanho único” para adorar e desen­volver amizade com Deus. Uma coisa é certa: você não glorifica a Deus tentando ser alguém que ele nunca quis que você fosse. Deus quer que você seja você mesmo. Este é o tipo de pessoa que o Pai está buscando: os que são simples e honestos consigo mesmos perante ele em sua adoração.6

Deus se agrada quando nossa adoração é atenta. A ordem de Jesus Amem a Deus de toda a sua mente é repetida quatro vezes no Novo Testamento. Deus não se agrada do cântico descuidado, preces mecânicas com frases feitas ou exclamações desatentas de “Louvado seja o Senhor”, porque não podemos pensar em nada melhor para dizer no momento. Se a adoração for mecânica, não significará nada. Você deve envolver a sua mente.
Jesus chamou as orações desatentas de vãs repetições.7 Até mesmo termos bíblicos podem se tornar expressões banalizadas pelo uso exagerado, e então deixa­mos de pensar no significado. É tão mais fácil utilizar chavões ao adorar, em vez de fazer um esforço para honrar a Deus com palavras originais. É por isso que eu o encorajo a ler diferentes traduções e paráfrases da Bíblia. Isso ampliará suas expressões de adoração.
Tente louvar a Deus sem utilizar as palavras “louvor”, “aleluia”, “obrigado” ou “amém”. Em vez de dizer: “Eu só quero louvá-lo”, faça uma lista de sinônimos e use palavras novas como “admirar”, “res­peitar”, “valorizar”, “venerar”, “honrar” e “apreciar”.
Além disso, seja especifico. Se alguém o abordasse e repetisse dez vezes “Eu te louvo!”, você provavelmente pensaria: Por que motivo? Você iria preferir ouvir dois elogios específicos do que vinte genera­lidades imprecisas; e Deus também.
Outra idéia é fazer uma lista dos diferentes nomes de Deus e concentrar-se neles. Os nomes de Deus não são casuais; eles nos contam sobre diferentes aspectos de seu caráter. No Antigo Testa­mento, Deus se revelou paulatinamente a Israel ao ir apresentando novos nomes para si mesmo, e ele nos orienta a louvar o seu nome.8 Deus também quer que nossas reuniões com a congregação sejam cuidadosas. Paulo dedica a isso todo um capítulo em l Coríntios 14, e finaliza: Mas tudo deve ser feito com decência e ordem.9
A esse respeito, Deus insiste em que nossos cul­tos sejam compreensíveis aos não crentes quando eles estiverem pre­sentes em nossas reuniões de adoração. Paulo observou: Se você es­tiver louvando a Deus em espírito, como poderá aquele que está entre os não instruídos dizer o Amém à sua ação de graças, visto que não sabe o que você está dizendo? Pode ser que você esteja dando graças muito bem, mas o outro não é edificado.10 Ser sensível ao tratar com não-crentes que visitam o culto é uma ordem bíblica. Desprezar essa ordem é tanto desobediência quanto crueldade. Para uma explicação completa a esse respeito, veja o capítulo 13 (“Adora­ção pode ser um testemunho”) do livro Uma igreja com propósitos.

Deus se agrada quando nossa adoração é prática. A Bíblia diz: ... se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês.11 Por que Deus quer o seu corpo? Por que ele não diz: “Apresentai os vossos espíritos”? Porque sem o corpo você não pode fazer nada neste planeta. Na eternidade você irá receber um corpo novo, melhorado e aprimorado; mas enquanto você está aqui na terra, Deus diz: “Dê-me o que você tem!”. Ele está apenas sendo prático a respeito da adoração.
Você já ouviu pessoas dizerem: “Não poderei estar na reunião desta noite, mas estarei com você em espírito”. Você sabe o que isso significa? Nada. Isso é inútil! Enquanto você estiver na terra, seu espírito só poderá estar onde seu corpo estiver. Se seu corpo não está lá, você também não está.
Na adoração, devemos “oferecer nossos corpos como sacrifício vivo”. Agora, nós normalmente associamos o conceito de “sa­crifício” com algo morto, mas Deus quer que você seja um sacrifício vivo. Ele quer que você viva por ele! Entretanto, o problema com o sacrifício vivo é que ele pode escapulir do altar, o que muitas vezes acontece. Nós canta­mos Firmes, ó soldados, crentes em Jesus no domingo, e na segunda batemos em retirada.
No Antigo Testamento, Deus se agradou dos muitos sacrifícios de adoração, porque eles profetizavam o sacrifício de Jesus por nós na cruz. Hoje em dia, Deus se agrada de sacrifícios de adoração diferentes: ação de graças, louvor, humildade, arrependimento, ofer­ta de dinheiro, oração, serviço aos outros e ajuda aos necessitados.12
A verdadeira adoração implica um custo. Davi sabia disso quan­do disse: Eu não vou oferecer ao Senhor, meu Deus, sacrifícios que não me custaram nada.13
Um dos custos que a adoração tem para nós é o egocentrismo. Você não pode louvar a Deus e a si mesmo ao mesmo tempo. Você não adora para ser visto pelos outros ou para agradar a si mesmo. Você deliberadamente retira a atenção de si mesmo.
Quando Jesus disse Ame a Deus com todas as suas forças, ele chamava a atenção para o fato de que adorar exige esforço e ener­gia. Nem sempre é conveniente ou confortável, e algumas vezes a adoração é um mero ato de força de vontade — um sacrifício vo­luntário. Adoração passiva é um paradoxo.
Quando você louva a Deus, mesmo sem vontade, quando sai de sua cama para adorá-lo estando cansado ou quando você ajuda os outros estando esgotado, você está oferecendo um sacrifício de ado­ração a Deus. Isso agrada a Deus.
Matt Redman, líder de adoração na Inglaterra, conta como o seu pastor ensinou à igreja o verdadeiro significado da adoração. Para mostrar que adoração é mais do que música, ele proibiu todos os cânticos por um período de tempo, até que eles aprenderam a ado­rar de outras maneiras. Ao fim daquele período, Matt escreveu a clássica canção Heart of worship [Coração da adoração]:

Trarei a ti mais que uma canção,
porque a canção em si não é o que exigiste.
Sondas meu interior,
muito além das aparências.
Estás olhando dentro do meu coração.

O xis ou coração da questão é uma questão de coração.

Décimo Terceiro Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: Deus me quer por inteiro.

Um versículo para memorizar: Amá-lo de todo o cora­ção, de todo o entendimento e de todas as forças, e amar ao próximo como a si mesmo é mais importante do que todos os sacrifícios e ofertas (Marcos 12.33; nvi).

Uma pergunta para meditar: O que agrada mais a Deus neste momento: minha adoração pública ou minha ado­ração particular? O que farei a respeito disso?

Dia 14 Quando Deus PARECE DISTANTE

Ele se escondeu do seu povo, mas eu confio nele e nele ponho a minha esperança.
Isaías 8.17; ntlh
Deus é real, a despeito de como você se sinta.

É fácil adorar a Deus quando as coisas vão bem — quando ele provê comida, amigos, família, saúde e situações felizes. Mas as circunstâncias não são sempre agradáveis. E como então você irá adorar a Deus? O que você faz quando Deus parece estar a milhões de quilômetros?
A mais profunda adoração é louvar a Deus a despeito da dor, dar graças durante a provação, manter a confiança nele em meio à tentação, render-se a ele durante um sofrimento e amá-lo quando ele parece distante.
Amizades são freqüentemente testadas por separação e silên­cio; ou você é separado por uma distância física, ou está impossibi­litado de conversar. Na sua amizade com Deus, não será sempre que você se sentirá próximo dele. Philip Yancey observou sabia­mente: “Todo relacionamento passa por períodos de proximidade e distanciamento, e, no relacionamento com Deus, por mais íntimo que seja, o pêndulo vai oscilar de um lado para o outro”.1 É aí que a adoração fica difícil.
Para amadurecer a amizade, Deus irá testá-la com períodos de aparente separação — épocas em que se tem o sentimento de que Deus nos abandonou ou esqueceu. Tem-se a impressão de que Deus está a quilômetros de distância. João da Cruz se referiu a esses dias de seca espiritual, dúvida e distanciamento de Deus como “a noite escura da alma”. Henri Nouwen chamou-os de “o ministério da ausência”. A. W. Tozer chamou-os de “o ministério da noite”. Outros o mencionam como “o inverno do coração”.
Com exceção de Jesus, Davi foi provavelmente quem teve uma amizade mais íntima com Deus do que qualquer outra pessoa. Deus teve prazer em chamá-lo um homem segundo o meu coração.2 Apesar disso, Davi freqüentemente reclamava da aparente ausência de Deus: Por que, Senhor, tu permaneces afastado na hora do sofri­mento? Por que te escondes de mim?;3 Por que me abandonaste? Por que estás tão longe de salvar-me, tão longe dos meus gritos de angústia?;4 Por que me rejeitaste?5 É óbvio que Deus não abandonou realmente Davi, assim como não abandona você. Ele prometeu vári­as vezes: Eu jamais o abandonarei ou rejeitarei.6 Mas Deus não prometeu: “Você sempre sentirá a minha presença”. Aliás, Deus re­conhece que algumas vezes esconde a sua face de nós.7 Existem momentos em que ele parece ter desaparecido de nossa vida sem deixar pistas.
Floyd McClung descreve o que acontece: “Certo dia você acorda e percebe que todas as suas sensações de comunhão espiritual se foram. Você ora, mas nada acontece. Você repreende o Diabo, mas isso não muda nada. Você faz exercícios espirituais [...] seus ami­gos oram por você [...] você confessa cada pecado que consegue imaginar, e então sai por aí pedindo perdão a todos que conhece. Você jejua [...] e nada ainda. Você começa a se perguntar quanto tempo essa depressão espiritual irá durar. Dias? Semanas? Meses? Será que ela vai acabar? [...] você tem a impressão de que suas orações simplesmente batem no teto e voltam. Em absoluto deses­pero, você grita: “Qual é o meu problema?”.8
A verdade é que não há nada de errado com você! Trata-se de uma parte normal da provação e amadurecimento de sua amizade com Deus. Todo cristão passa por isso ao menos uma vez, e normal­mente várias vezes. É doloroso e perturbador, mas absolutamente vital para o desenvolvimento da sua fé. Ter conhecimento disso deu esperança a Jó quando não podia sentir a presença de Deus em sua vida. Ele falou: Se vou para o Oriente, lá ele não está; se vou para o Ocidente, não o encontro. Quando ele está em ação no Norte, não o enxergo; quando vai para o Sul, nem sombra dele eu vejo! Mas ele conhece o caminho por onde ando; se me puser à prova, aparecerei como o ouro.9
Quando Deus parece distante, você pode pensar que ele está zangado ou o está punindo por algum pecado. E na verdade o pecado realmente o desliga de uma amizade íntima com Deus. Nós entristecemos o Espírito de Deus e sufocamos nossa amizade com ele ao desobedecer, entrar em conflito com outras pessoas, nos ocu­par ou ter amizade com o mundo, além de outros pecados.10
Mas freqüentemente esse sentimento de abandono e afasta­mento de Deus não tem nenhuma relação com o pecado. É um teste de fé que todos devemos enfrentar. Será que você continuará a amar, confiar, obedecer e adorar a Deus, mesmo quando não sente a sua presença nem há evidência visível da ação divina em sua vida?
Nos dias de hoje, o erro mais comum que os cristãos cometem ao adorar é buscar uma experiência em vez de buscar a Deus. Eles buscam sensações e, se elas ocorrerem, concluem que foram bem-sucedidos em adorar. Errado! Na realidade, Deus em geral afasta as nossas sensações para não dependermos delas. Buscar uma sensa­ção — mesmo uma sensação de proximidade com Cristo — não é adoração.
Quando você é um cristão novo, Deus lhe dá muitas emoções comprobatórias e freqüentemente responde às orações mais imatu­ras e egoístas, tudo para que você saiba que ele existe. Mas, à medida que você crescer na fé, ele irá emancipá-lo dessa dependência.
A onipresença de Deus e a manifestação de sua presença são coisas diferentes. Uma é um fato; a outra é freqüentemente uma sensação. Deus está sempre presente, mesmo que você não perceba sua presença, e sua presença é muito profunda para ser medida por uma mera emoção.
Sim, ele quer que você sinta a sua presença, porém ele está mais inte­ressado que você confie, e não tanto que o sinta. Fé, e não sentimentos, agrada a Deus.
As situações que mais põem à prova a sua fé são aquelas em que a vida desanda e Deus não pode ser achado. Isso aconteceu com Jó. Em um único dia, ele perdeu tudo — sua família, seus negócios, sua saúde e tudo o que possuía. E, o que é pior, ao longo de 37 capítulos, Deus não disse nada!
Como louvar a Deus quando você não compreende o que está acontecendo na sua vida e Deus está em silêncio? Como permanecer em comunhão em meio a uma crise e sem nenhum contato? Como manter os olhos em Jesus quando eles estão cheios de lágrimas?
Você faz o que fez Jó: Então prostrou-se, rosto em terra, em adora­ção, e disse: Saí nu do ventre da minha mãe, e nu partirei. O Senhor o deu, o Senhor o levou; louvado seja o nome do Senhor.11

Diga a Deus exatamente como você se sen­te. Derrame seu coração perante ele. Descarregue todos os seus sentimentos. Jó fez isso quando disse: Por isso, não posso ficar calado. Estou afli­to, tenho de falar, preciso me queixar, pois o meu coração está cheio de amargura.12 Quando Deus lhe pareceu distante, ele clamou: Como tenho sau­dade dos dias do meu vigor, quando a amizade de Deus abençoava a minha casa.13 Deus pode lidar com suas incerte­zas, sua raiva, seu sofrimento, sua confusão e suas indagações.
Você sabia que admitir seu desespero para Deus pode ser uma declaração de fé? Confiando em Deus e sentindo desespero ao mes­mo tempo, Davi escreveu: Cri, por isso falei: Estou completamente arruinado.14 Isto parece uma contradição: confiar em Deus, mas se sentir destruído! A franqueza de Davi na verdade revela uma pro­funda fé. Primeiro, ele acreditava em Deus. Segundo, ele acreditava que Deus ouviria sua oração. E, terceiro, ele acreditava que Deus o deixaria dizer como se sentia, e ainda assim o amaria.

Concentre-se em quem Deus é — sua natureza imutável. Inde­pendentemente das circunstâncias e de como você se sente, ape­gue-se ao caráter imutável de Deus. Lembre-se daquilo que é eternamente verdadeiro a respeito de Deus: ele é bom, ele me ama, está comigo, sabe por que coisas estou passando, ele se importa e tem um bom plano para minha vida. V. Raymond Edman disse: “Nunca duvide na escuridão do que Deus lhe disse na luz”.
Quando a vida de Jó se desfez e Deus permane­ceu em silêncio, Jó ainda achou os seguintes motivos para louvar a Deus:

•  ele é bom e amoroso;15
•  ele é todo-poderoso;16
•  ele repara em cada detalhe da minha vida;17
•  ele está no controle;18
•  ele tem um plano para minha vida;19
•  ele vai me salvar.20

Confie que Deus cumprirá as promessas. Em tempos de seca espiritual, você deve confiar pacientemente nas promessas de Deus, e não nas emoções. Deve perceber que ele o está levando a um nível mais profundo de maturidade. Uma amizade baseada em emoções é na verdade frívola.
Então, não fique preocupado com os problemas. As circunstânci­as não podem mudar o caráter de Deus. A graça de Deus ainda está a plena força; ele ainda é a seu favor, mesmo que você não possa senti-lo. Na ausência de circunstâncias confirmativas, Jó se apegou à Palavra de Deus. Ele disse: Não me afastei dos mandamentos dos seus lábios; dei mais valor às palavras de sua boca do que ao meu pão de cada dia.21
Essa confiança na palavra de Deus fez que Jó permanecesse fiel, ainda que nada fizesse sentido. Sua fé foi forte em meio à dor: Embo­ra ele me mate, ainda assim esperarei nele22
Quando você se sente abandonado por Deus e mesmo assim man­tém sua confiança nele, a despeito de seus sentimentos, você o está adorando da forma mais profunda.

Lembre-se do que Deus já fez por você. Se Deus nunca tivesse feito nada mais por você, ele ainda mereceria seu louvor ininterrupto pelo resto de sua vida, por causa do que Jesus fez por você na cruz. O Filho de Deus morreu por você! Este é o maior de todos os motivos para adorar.
Infelizmente, esquecemos os detalhes cruéis do torturante sacrifí­cio que Deus fez a nosso favor. A familiaridade traz a complacência. Mesmo antes de sua crucificação, o Filho de Deus foi desnudado, espancado até ficar quase irre­conhecível, açoitado, ridicula­rizado e escarnecido, coroado com espinhos e cuspido de for­ma humilhante. Ultrajado e ri­dicularizado por homens desalmados, ele foi tratado pior do que um animal.
Então, quase inconsciente pela perda de sangue, ele foi força­do a arrastar uma cruz colina acima, foi pregado nela e deixado para morrer com a lenta e excruciante tortura da morte por cruci­ficação. Enquanto seu sangue escorria, escarnecedores ficavam ao seu redor e gritavam insultos, desafiando sua afirmação de que era Deus.
Em seguida, como Jesus assumiu em si mesmo a culpa pelos pecados de toda a humanidade, Deus desviou os olhos daquela horrível visão, e Jesus gritou em total desespero: “Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste?”. Jesus poderia ter se salvado — mas então não poderia salvar você.
Palavras não podem descrever as trevas daquele momento. Por que Deus permitiu e suportou tão medonho e perverso ato de cru­eldade? Por quê? Para que você pudesse ser poupado da eternidade no inferno e para que você pudesse partilhar de sua glória para sempre! A Bíblia diz: Em Cristo não havia pecado. Mas Deus colo­cou sobre Cristo a culpa dos nossos pecados para que nós, em união com ele, vivamos de acordo com a vontade de Deus.23
Jesus desistiu de todas as coisas para que você pudesse ter todas as coisas. Ele morreu para que você pudesse viver para sem­pre. Somente isso já vale seu agradecimento e louvor contínuo. Você nunca mais deveria se perguntar por que motivo deveria ser grato.

Décimo Quarto Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: Deus é real, a despeito de como você se sente.

Um versículo para memorizar: Deus mesmo disse: Nunca os deixarei e jamais os abandonarei (Hebreus
13.5; ntlh).

Uma pergunta para meditar: Como me concentrar na pre­sença de Deus, especialmente quando ele parece distante?

Propósito n.° 2

VOCÊ FOI FORMADO PARA FAZER PARTE DA FAMÍLIA DE DEUS

Eu sou a videira; vocês são os ramos.
João 15.5; cev

Cristo nos faz um corpo [...] Conectados uns aos outros.
Romanos 12.5; gwt

Dia 15 Formado para fazer parte da família de Deus

Deus é aquele que fez todas as coisas, e todas as coisas são para a sua glória. Ele quis que muitos filhos partilhassem de sua glória.
Hebreus 2.10a; cev

Vejam como é grande o amor que o Pai nos concedeu: sermos chamados filhos de Deus, o que de fato somos.
1 João 3.1; nlt
Você foi formado para ser parte da família de Deus.

Deus quer uma família, e criou você para ser parte dela. Esse é o segundo propósito de Deus para sua vida, o qual planejou antes que você nascesse. Toda a Bíblia é a história de Deus formando uma família que irá amá-lo, honrá-lo e reinar com ele para sempre. Ela diz: Seu plano imutável sempre foi nos adotar para a sua própria família, trazendo-nos a si mesmo por meio de Jesus Cristo. E isso lhe trouxe grande prazer.1
Deus é amor, por isso dá um imenso valor aos relacionamentos. Sua própria natureza é definida em relação aos relacionamentos; ele identifica a si mesmo em termos familiares: Pai, Filho, Espírito San­to. A Trindade é um relacionamento de Deus consigo mesmo. É o padrão perfeito para uma relação harmoniosa, e devemos estudar seu significado.
Deus sempre existiu e sempre teve um relacionamento amoroso consigo mesmo; logo, ele nunca esteve só. Ele não precisava de uma família, mas desejou uma; então arquitetou um plano para nos cri­ar, trazer-nos para sua família e dividir conosco tudo o que possui. Isso dá a Deus um grande prazer. A Bíblia diz: Foi para ele um dia feliz quando nos deu nossa vida nova, por meio da verdade de sua Palavra; e nós nos tornamos, por assim dizer, os primeiros filhos de sua nova família.2
Quando colocamos nossa fé em Cristo, Deus se torna nosso Pai, nós nos tornamos seus filhos e os outros crentes se tornam nossos irmãos e irmãs; e a igreja se torna nossa família espiritual. A família de Deus inclui todos os crentes do passado, do presente e do futuro.
Cada ser humano foi criado por Deus, mas nem todos são filhos de Deus. A única forma de entrar na família de Deus é nascendo nova­mente dentro dela. Você se torna parte da família humana no seu primeiro nascimento, mas se torna membro da família de Deus pelo segundo nascimento. Deus nos deu o privilégio de nascermos de novo, de modo que agora somos membros da família do próprio Deus.3
O convite para sermos parte da família de Deus é universal,4 mas há uma condição: a fé em Jesus. A Bíblia diz: Todos vocês são filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus.5
Sua família espiritual é ainda mais importante que sua família física, porque durará para sempre. Nossas famílias na terra são maravilhosas dádivas de Deus, mas são temporárias e frágeis; freqüentemente rompidas pelo divórcio, a distância, a velhice e inevitavelmente a morte. No entanto, nossa família espiritual — o nosso relacionamento com os outros crentes — irá continuar pela eternidade afora. É uma união muito mais forte, um laço mais permanente do que parentesco de sangue. Sempre que Paulo parava para pensar no pro­pósito eterno de Deus para todos nós, ele rompia em louvores: Quando eu penso na sabedoria e na extensão do seu plano, eu caio de joelhos e rogo ao Pai de toda a grande famí­lia de Deus — alguns deles lá em cima no céu e outros aqui embai­xo na terra.6

Os benefícios de fazer parte da família de Deus

No momento em que nasceu espiritualmente na família de Deus, você recebeu alguns presentes espantosos: o nome da família, a apa­rência da família, os privilégios da família, o acesso à intimidade da família e a herança da família!7 A Bíblia diz: Por ser filho, Deus também o tornou herdeiro.8
O Novo Testamento dá grande ênfase à nossa valiosa “herança”. Ele nos diz: O meu Deus suprirá todas as necessidades de vocês, de acordo com as suas gloriosas riquezas em Cristo Jesus? Como filhos de Deus, temos uma parte da fortuna da família. Aqui na terra, recebemos as riquezas [...] da sua graça [...], bondade [...], paciência [...], glória [...], sabedoria [...], poder [...] e misericórdia.10 Mas na eter­nidade nós vamos herdar ainda mais.
Paulo disse: Eu quero que vocês percebam o quanto é rica e glorio­sa a herança que ele tem dado ao seu povo.11 O que exatamente abrange essa herança? Primeiro, seremos levados para estar com Deus para sempre.12 Segundo, seremos com­pletamente transformados para sermos como Cris­to.13 Terceiro, seremos livres de toda dor, sofrimento e morte.14 Quarto, seremos recompensados e reassumiremos posições de trabalho.15 Quinto, sere­mos levados para participar da glória de Cristo.16 Que herança! Você é muito mais rico do que pensa.
A Bíblia diz: Deus reservou uma herança inestimável para seus filhos. Ela está guardada no céu para vocês, pura e incorruptível, longe do alcance de mudanças ou da decadên­cia.17 Isso significa que a sua herança eterna é inestimável, pura, perpétua e protegida. Ninguém pode tirá-la de você; ela não pode ser destruída pela guerra, por uma economia deficiente ou por um de­sastre natural. É por esta herança eterna, e não pela aposentadoria, que você deveria estar ansioso e se esforçando. Paulo diz: Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não para os homens, sabendo que receberão do Senhor a recompensa da herança.18 Aposentar-se é uma meta tacanha. Você deveria estar vi­vendo na luz da eternidade.

Batismo: identificando-se com a família de Deus

Famílias saudáveis têm orgulho de si mesmas; seus membros não se envergonham de serem reconhecidos como parte da família. Lamen­tavelmente, conheci muitos crentes que, ao contrário do que Jesus ordenou, jamais se identificaram publicamente com suas famílias espirituais, ou seja: não foram batizados.
O batismo não é um ritual opcional, a ser atrasado ou posterga­do. Ele significa sua inclusão na família de Deus e anuncia publica­mente ao mundo: “Eu não tenho vergonha de ser parte da família de Deus”. Você já foi batizado? Jesus ordenou que esse belo ato fosse realizado por toda a família. Ele nos disse: Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.19
Durante anos eu quis entender por que a Grande Comissão de Jesus deu ao batismo a mesma importância das grandes missões de evangelismo e edificação. Por que o batismo é tão importante? Então percebi que é por simbolizar o segundo propósito de Deus para nos­sa vida: a participação na família eterna de Deus.
O batismo é carregado de significado. Ele declara sua fé, comuni­ca a morte e ressurreição de Cristo, simboliza a morte para a antiga vida e anuncia sua nova vida em Cristo; além de também ser uma comemoração de sua inclusão na família de Deus.
O batismo é a representação física de uma verdade espiritual. Ele representa o que aconteceu no instante em que Deus o trouxe para sua família: Alguns de nós são judeus, alguns são gentios, alguns são escravos e alguns são livres. Mas todos fomos batizados no cor­po de Cristo por um Espírito, e todos recebemos o mesmo Espírito.20
O batismo não o torna um membro da família de Deus; somente a fé em Cristo faz isso. O batismo demonstra que você já é parte da família de Deus. Tal qual uma aliança de casamento, é um lembrete visível de um compromisso íntimo feito no coração. É um ato de iniciação, e não algo que você deva protelar até estar espiritualmen­te maduro. A única condição bíblica é crer.21
No Novo Testamento, as pessoas eram batizadas assim que cri­am. No Pentecoste, 3 mil pessoas foram batizadas no mesmo dia em que aceitaram a Cristo. Em outro lugar, um líder etíope foi batizado no mesmo instante em que se converteu, e Paulo e Silas batizaram um carcereiro filipense e sua família à meia-noite. Não há nenhum batismo atrasado no Novo Testamento. Se você ainda não foi batiza­do como expressão de sua fé em Cristo, seja o mais rápido possível, como Jesus ordenou.

O maior privilégio da vida

A Bíblia diz: Jesus e as pessoas que ele santificou pertencem todos à mesma família. Por isso ele não se envergo­nha de chamá-los irmãos e irmãs.22 Dei­xe essa verdade maravilhosa penetrar em você. Você é parte da família de Deus, e, por Jesus tê-lo feito santo, Deus tem orgulho de você! As palavras de Jesus são inequívo­cas: E, [Jesus] estendendo a mão para os discípulos, disse: Aqui es­tão minha mãe e meus irmãos! Pois quem faz a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe.23 Ser incluído na família de Deus é a maior honra e o maior privilégio que se pode receber. Não há nada que se compare. Sempre que você se sentir insignificante, desprezado ou inseguro, lembre-se daquele a quem você pertence.

Décimo Quinto Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: Fui moldado para pertencer à família de Deus.

Um versículo para memorizar: Seu plano imutável sem­pre foi o de nos adotar para a sua própria família, trazendo-nos a si mesmo por meio de Jesus Cristo (Efésios 1.15a; nlt).

Uma pergunta para meditar: Como começar a tratar os outros crentes como membros de minha família?

Dia 16 O QUE REALMENTE IMPORTA

Não importa o que eu diga, creia e faça; sem amor, estou arruinado.
1Coríntios 13.3b; Msg

Amor significa viver da maneira que Deus nos mandou viver. Como vocês ouviram desde o início, o seu mandamento é este: Viva uma vida de amor.
2 João 1.6; ncv
Viver consiste em amar.

Uma vez que Deus é amor, a lição mais importante que ele quer que você aprenda na terra é como amar. É quando amamos que so­mos mais parecidos com ele, de modo que o amor é o fundamento de todos os mandamentos que ele nos deu: Toda a lei pode ser resumi­da neste único mandamento: “Ame aos outros como você ama a si mesmo”.1
Aprender a amar altruisticamente não é tarefa fácil; vai contra a nossa natureza egoísta. É por isso que temos toda uma vida para aprender. É lógico que Deus quer que amemos a todos, mas ele se interessa especialmente por que aprendamos a amar as outras pes­soas que fazem parte de sua família. Como já vimos, esse é o segun­do propósito para nossa vida. Pedro nos diz: Mostrem um amor especial pelo povo de Deus.2 Paulo expressa o mesmo sentimento: Quando tivermos oportunidade de ajudar a alguém, nós devemos fazê-lo. Mas devemos dar uma atenção especial àqueles que são da família dos crentes.3
Por que Deus insiste em que devemos dar amor e atenção espe­cial aos outros crentes? Por que eles devem ser priorizados? Porque Deus quer que sua família seja conhecida pelo seu amor, mais do que por qualquer outra coisa. Jesus disse que nosso amor uns pelos outros — e não nossas crenças doutrinárias — é o nosso maior teste­munho perante o mundo. Ele disse: Esse profundo amor que vocês tiverem uns pelos outros provará ao mundo que vocês são meus discípulos.4
No céu, desfrutaremos da família de Deus para sempre, mas pri­meiro temos algum trabalho duro para fazer aqui na terra, a fim de nos prepararmos para uma eternidade de amor. Deus nos educa dando “responsabilidades familiares”, e a principal é a prática de amarmos uns aos outros.
É da vontade de Deus que você tenha uma associação íntima e constante com os outros crentes, para que possa desenvolver a habili­dade de amar. O amor não pode ser aprendido solitariamente. Você tem de ter pessoas por perto — pessoas irritantes, imperfeitas e frus­trantes. Por meio dessa união, aprendemos três verdades importantes.

A melhor utilidade que se pode dar à vida é amar

Amar deve ser sua principal prioridade, seu objetivo primordial e sua maior ambição. Amar não é uma parte boa de sua vida; é a parte mais importante. A Bíblia diz: Que o amor seja o maior alvo de vocês.5
Não basta dizer “Uma coisa que quero na vida é ser amoroso”, como se isso estivesse na sua lista dos dez principais objetivos. Seus relacionamentos devem ter prioridade acima de todo o resto. Por quê?

A vida sem amor não tem realmente nenhum valor. Paulo le­vanta a questão: Não importa o que eu diga, creia e faça; sem amor, estou arruinado.6
Freqüentemente, agimos como se os relacionamentos devessem ser espremidos em nossas agendas. Conversamos sobre arrumar um tempo para nossos filhos ou criar tempo para as pessoas que fazem parte de nossa vida. Isso dá a impressão de que os relacionamentos são apenas uma parte de nossa vida, juntamente com muitas outras tarefas. Mas Deus diz que a vida se constitui de relacionamentos.
Quatro dos Dez Mandamentos versam sobre nosso relacionamen­to com Deus, enquanto os outros seis falam sobre nosso relaciona­mento com as pessoas. Mas todos os dez são sobre relacionamentos! Mais tarde, Jesus resumiu o que mais importa para Deus em duas instruções: amar a Deus e amar as pessoas. Ele disse: Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração [...] Este é o pri­meiro e maior mandamento. E o segundo é semelhante a ele: Ame o seu próximo como a si mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.7 Após aprender a amar a Deus (adorar), aprender a amar os outros é o segundo propósito de sua vida.
Os relacionamentos, e não as realizações ou a compra de bens, são o que mais importa na vida. Então, por que permitimos que nossos relacionamentos fiquem com a pior parte? Quando nossa agenda fica sobrecarregada, começamos a tratar de forma superficial os nosso relacionamentos, diminuindo o tempo, a atenção e a ener­gia que os relacionamentos de amor exigem. O que é mais importan­te para Deus é substituído pelo que é mais urgente.
As ocupações são um grande inimigo dos relacionamentos. Tornamo-nos preocupados com ganhar a vida, fazer o nosso trabalho, pagar as contas e cumprir metas, como se essas tarefas fossem a razão de nossa vida. Elas não são! O objetivo da vida é aprender a amar; tanto a Deus quanto às pessoas. Vida menos amor é igual a zero.

O amor é para sempre. Outra razão pela qual Deus nos manda fazer do amor nossa principal prioridade é que ele é eterno. Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor.8
O amor deixa um legado. A forma de você tratar outras pessoas, e não sua riqueza ou suas façanhas, é a influência mais duradoura que se pode deixar na terra. Como disse madre Tereza: “Não é o que você faz, mas quanto amor você dedica no que faz que realmente importa”. O amor é o segredo de uma herança duradoura.
Estive ao lado de muitas pessoas no leito de morte, quando elas se encontram no limite da eternidade, e jamais ouvi nenhuma delas dizer: “Tragam os meus diplomas! Eu quero olhar para eles mais uma vez. Mostre-me meus títulos, minhas medalhas, aquele relógio de ouro que recebi”. Quando a vida na terra está no fim, as pessoas não se cercam de objetos. Querem em torno de si pessoas — pessoas que amam e com as quais mantêm relacionamentos.
Em nossos momentos finais, todos percebemos que são os relacio­namentos que constituem a vida. Ser sábio é aprender essa verdade o mais rapidamente possível. Não espere até estar no leito de morte para compreender que nada é mais importante.

Seremos avaliados quanto ao nosso amor. A terceira razão para tornar o aprendizado do amor o objetivo de sua vida é que seremos avaliados com base nele na eternidade. Uma das formas pelas quais Deus mede nossa maturidade es­piritual é pela qualidade de nossos relacio­namentos. No céu, Deus não dirá “Fale-me de sua carreira, de sua conta bancária e de seus passatempos”. Em vez disso, vai rever como você tratou as outras pessoas, especialmente as necessitadas.9 Jesus disse que a forma de amá-lo é amar a família dele e cuidar de suas necessidades práticas: Digo-lhes a verdade: O que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram.10
Quando partir para a eternidade, você deixará todo o resto para trás. Tudo que levará será o caráter. É por isso que a Bíblia diz: Porque em Cristo Jesus nem circuncisão nem incircuncisão têm efei­to algum, mas sim a fé que atua pelo amor.11
Tendo conhecimento disso, sugiro que, ao se levantar pela ma­nhã, você se ajoelhe ao lado da cama, ou se sente na beirada, e ore desta forma: “Deus, conseguindo ou não realizar qualquer outra coisa no dia de hoje, quero ter certeza de que terei tempo para amá-lo e para amar as outras pessoas — porque é nisso que a vida consiste. Não quero desper­diçar este dia”. Por que Deus deveria lhe dar outro dia, se você vai desperdiçá-lo?
A melhor expressão do amor é o tempo

A importância das coisas pode ser medida pelo tempo que estamos dispostos a investir. Quanto maior o tempo dedicado a alguma coi­sa, mais você demonstra a importância e o valor que ela tem para você. Se você quiser conhecer as prioridades de uma pessoa, observe a forma como ela utiliza o tempo.
O tempo é sua dádiva mais importante, pois você só recebeu uma quantidade fixa dele. Você pode fazer mais dinheiro, mas não pode fazer mais tempo. Quando você dedica seu tempo a alguém, você está dedicando uma porção de sua vida que jamais irá recuperar. O seu tempo é a sua vida. É por isso que o maior presente que você pode dar a alguém é o seu tempo.
Não é o bastante dizer que relacionamentos são importantes; nós devemos provar essa posição investindo tempo neles. Palavras iso­ladas não detêm nenhum valor. Meus filhinhos, o nosso amor não deve ser somente de palavras e de conversa. Deve ser um amor ver­dadeiro, que se mostra por meio de ações.12 Relacionamentos tomam tempo e esforço, e a melhor maneira de soletrar amor é t-e-m-p-o.
A essência do amor não é o que pensamos, fazemos ou proporci­onamos aos outros, mas quanto damos de nós mesmos. Os homens, em especial, com freqüência não compreendem isso. Muitos me di­zem: “Não entendo minha mulher e meus filhos. Eu proporciono tudo que eles precisam. O que mais eles podem querer?”. Eles querem você! Seus olhos, seus ouvidos, seu tempo, sua atenção, sua presen­ça, seu interesse — seu tempo. Nada pode substituir isso.
O mais desejado presente de amor não são diamantes, rosas ou chocolate; é a atenção concentrada. O amor se concentra tão atenta­mente na outra pessoa que por um momento você se esquece de si. A atenção diz: “Eu valorizo você o bastante para lhe dar meu mais precioso bem — meu tempo”. Sempre que você dá seu tempo, está fazendo um sacrifício, e o sacrifício é a essência do amor. Jesus foi um exemplo disso: Sejam cheios de amor pelos outros, seguindo o exemplo de Cristo, que amou vo­cês e se entregou a Deus como sacrifício a fim de tirar os seus pecados.13
Você pode dar sem amar, mas não pode amar sem dar. Porque Deus tanto amou o mundo que deu...14 Amar significa abrir mão — ceder minhas preferênci­as, conforto, objetivos, segurança, dinheiro, energia ou tempo para o benefício de outra pessoa.
O melhor momento para amar é agora

Algumas vezes, procrastinação é uma resposta válida para uma ta­refa trivial. Mas, como o amor é o que mais importa, ele tem priorida­de máxima. A Bíblia enfatiza isso repetidamente. Ela diz: Portanto, enquanto temos oportunidade, façamos o bem a todos.15 Aproveite cada chance que tiver para fazer o bem.16 Sempre que puder, ajude os necessitados. Não diga ao seu vizinho que espere até amanhã, se você pode ajudá-lo hoje.17
Por que agora é o melhor momento para expressar amor? Porque você não sabe até quando terá oportunidade. As circunstâncias mu­dam, as pessoas morrem, os filhos crescem. Você não tem nenhuma garantia do amanhã. Se você quiser expressar seu amor, é melhor que o faça agora.
Tendo consciência de que algum dia ficará perante Deus, eis algumas questões que você precisa levar em consideração. Como você explicará aqueles momentos em que projetos e coisas foram mais importantes para você do que as pessoas? Com quem você precisa começar a passar mais tempo? O que você precisa eliminar de sua agenda para tornar isso possível? Que sacrifícios você precisa fazer?
A melhor utilidade que pode se dar à vida é amar. A melhor expressão do amor é o tempo. O melhor momento para amar é agora.

Décimo Sexto Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: A vida consiste em amar.

Um versículo para memorizar: Toda a Lei se resume num só mandamento: Ame o seu próximo como a si mesmo (Gálatas 5.14; nvi).

Uma pergunta para meditar: Honestamente, será que os relacionamentos são a minha prioridade? Como pos­so me assegurar de que são?

Dia 17 Um lugar ao qual pertencer

Agora vocês [...] são [...] membros da própria família de Deus e cidadãos do país de Deus, e pertencem à casa de Deus como todos os outros cristãos.
Efésios 2.19; bv

A família de Deus é a igreja do Deus vivo, coluna e fundamento da verdade.
1 Timóteo 3.15; gwt
Você é chamado para participar, não somente para crer.

Mesmo no mais perfeito e imaculado ambiente do Éden, Deus disse: Não é bom que o homem esteja só.1 Fomos criados para viver em comunidade, moldados para o companheirismo e formados para uma família; e nenhum de nós pode cumprir os propósitos de Deus sozinho e sem ajuda.
A Bíblia não apresenta nenhum santo solitário ou eremita espiri­tual que vivesse isolado dos outros crentes, privado de companhia. A Bíblia diz que fomos ajuntados, reunidos, juntamente edificados, juntamente tornados membros, juntamente feitos herdeiros, combi­nados, mantidos juntos e que seremos juntamente arrebatados.2 Você não está mais por conta própria.
Embora seu relacionamento com Cristo seja pessoal, Deus nunca quis que fosse particular. Na família de Deus, você está unido a todos os outros crentes, e faremos parte uns dos outros por toda a eternidade. A Bíblia diz: Em Cristo nós, que somos muitos, forma­mos um corpo, e cada membro está ligado a todos os outros.3
Seguir a Cristo inclui integrar, não apenas acreditar. Somos mem­bros de seu corpo — a igreja. C. S. Lewis observou que a palavra “membro” é de origem cristã, mas foi esvaziada de seu significado original. Lojas oferecem descontos a “membros”, e os anunciantes usam os nomes desses membros para criar listas de mala-direta. Nas igrejas, tornar-se membro significa simplesmente adicionar o seu nome a uma lista, sem nenhum requisito ou expectativa.
Para Paulo, ser “membro” da igreja significava ser um órgão vital de um corpo vivo, parte indispensável e interconectada a todo o corpo de Cristo.4 Precisamos restabelecer e praticar o significado bí­blico dessa palavra. A igreja é um corpo, não um edifício; um orga­nismo, não uma organização.
Para que os órgãos de seu corpo cumpram o seu propósito, eles precisam estar conectados ao corpo. O mesmo ocorre com você como parte do corpo de Cristo. Você foi criado para uma função específica, mas irá perder esse segundo propósito para a sua vida se não estiver agregado a uma igreja local. Você descobre o seu papel nesta vida pelo relacionamento com os outros. A Bíblia diz: Cada parte tem seu sentido no corpo como um todo, e não ao contrário. O corpo de que falamos é o corpo de Cristo, formado pelos escolhidos. Cada um de nós acha o seu sig­nificado e função como membro desse corpo. Mas, como um dedo amputado ou um dedão arrancado não somos grande coisa, não é mesmo?5
Se um órgão é de alguma forma desligado do corpo, ele murcha e morre. Ele não pode existir por si mesmo, nem você. Desligado e arrancado do sangue vital da igreja local, sua vida espiritual fenece e acaba por deixar de existir.6 É por isso que o primeiro sintoma de declínio espiritual é normalmente o comparecimento irregular aos cultos e a outras reuniões. Sempre que nos tornamos descuidados com a igreja, todo o resto também começa a desmoronar.
Ser membro da família de Deus não é irrelevante, nem é algo a ser despreocupadamente desconsiderado. A igreja é o plano de Deus para o mundo. Jesus disse: Edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.7 A igreja é indestrutível e existi­rá eternamente. Ela sobreviverá ao universo, assim como sua função nele. A pessoa que diz “Eu não preciso da igreja” é tanto arrogante quanto ignorante. A igreja é tão importante que Jesus morreu na cruz por ela. Cristo amou a igreja e entregou-se por ela.8
A Bíblia chama a igreja de “a noiva de Cristo” e de o corpo de Cristo.9 Eu não posso imaginar alguém dizendo para Jesus “Eu te amo, mas não gosto de tua esposa”. Ou: “Eu te aceito, mas rejeito teu corpo”. Mas é isso que fazemos quando desprezamos e depreciamos a igreja, ou reclamamos dela. Em vez disso, Deus nos manda amar a igreja, tanto quanto Jesus a amou. A Bíblia diz: Amem a sua família espiritual.10 Lamentavelmente, muitos cristãos usam a igreja, mas não a amam.

Sua comunidade local

Salvo em poucas e importantes exceções, como quando alude a to­dos os crentes ao longo da história, quase todas as vezes que a palavra “igreja” é utilizada na Bíblia, ela se refere a uma congregação visível e local. O Novo Testamento parte do princípio de que o membro pertence à congregação local. Os únicos cristãos que não pertenciam a grupos locais eram aqueles sob a disciplina da igreja, os quais eram removidos de entre a irmandade por causa de pecados públicos flagrantes.11
A Bíblia diz que o cristão sem igreja local é como o órgão sem o corpo, a ovelha sem o rebanho ou a criança sem a família. É uma situação anormal. A Bíblia diz: ... e pertencem à casa de Deus como todos os outros cristãos.12
Os valores de hoje, que advogam a independência e o individualis­mo, criaram muitos órfãos espirituais — o “crente-coelho”, que fica saltando de uma igreja para outra, sem filiação, responsabilidade ou compromisso. Muitos crêem que é possível ser um “bom cristão” sem estar unido [ou mesmo sem freqüentar) uma igreja local, mas Deus discordaria veementemente. A Bíblia oferece muitas razões irrefutáveis para sermos ativos e comprometidos em uma comunidade local.
Por que você precisa da família eclesiástica

A família eclesiástica o identifica como crente autêntico. Não posso afirmar que sou um seguidor de Cristo se não sou comprometido com um grupo específico de discípulos. Jesus disse: O amor de vocês uns pelos outros irá provar ao mundo que vocês são meus discípulos.13
Quando em amor, reunimo-nos como uma família na igreja, com diferentes formações, raça e status social, levamos ao mundo um poderoso testemunho.14 Você não é o corpo de Cristo isoladamente; você precisa de outros para expressar essa condição. Juntos, e não separados, somos o seu corpo.15

A família eclesiástica o retira do isolamento egoísta. A igreja local é a sala de aula onde você aprenderá a se relacionar com a família de Deus. É o laboratório para a prática do altruísmo e do amor compassivo. Como membro ativo, você aprende a se interessar pelos outros e a partilhar suas experiências: Se uma parte do corpo sofre, as demais partes sofrem com ela. Ou, se uma parte é honrada, as demais compartilham de sua honra.16 Somente pelo contato regu­lar com crentes comuns e imperfeitos podemos aprender o verdadei­ro companheirismo e experimentar a verdade do Novo Testamento: ser unidos e dependentes uns dos outros.17
O companheirismo bíblico compreende sermos tão comprometi­dos uns com os outros quanto o somos com Jesus Cristo. Deus espe­ra que entreguemos nossa vida uns pelos outros. Muitos cristãos que conhecem João 3.16 são alheios a 1 João 3.16: Jesus Cristo deu a sua vida por nós, e devemos dar a nossa vida por nossos irmãos.18 Esse é o tipo de amor sacrificial que Deus espera que você demonstre aos outros crentes — uma disposição para amá-los da mesma forma que Jesus o amou.

Fazer parte da igreja ajuda a desenvolver músculos espiritu­ais. Você jamais chegará à maturidade apenas comparecendo aos cultos de adoração como espectador passivo. Somente a plena parti­cipação nas atividades da igreja local desenvolve músculos espiri­tuais. A Bíblia diz: À medida que cada parte realiza o seu trabalho, ela coopera para o crescimento das outras partes, para que todo o corpo esteja saudá­vel, crescendo e cheio de amor.19
As expressões “uns com os outros” e “entre si” são usadas mais de cinqüenta vezes no Novo Testamento. Somos ordenados a amar uns aos outros, a orar uns pelos outros, a incentivar uns aos outros, a admoestar uns aos outros, a saudar uns aos outros, a servir uns aos outros, a ensinar uns aos outros, a aceitar uns aos outros, a honrar uns aos outros, a carregar os fardos uns dos outros, a perdo­ar uns aos outros, a nos submeter uns aos outros, a ser dedicados uns aos outros, além de muitas outras obrigações mútuas. Isso é ser um membro, do ponto de vista bíblico! Essas são suas “responsabili­dades familiares”, que Deus espera que você cumpra na comunidade local. Com quem você vem agindo dessa forma?
Pode parecer mais fácil ser santo quando não há mais ninguém por perto para frustrar suas preferências, mas essa é uma santidade falsa. O isolamento produz a falácia; é fácil nos enganarmos pen­sando sermos maduros quando não há ninguém para nos contestar. A verdadeira maturidade se manifesta nos relacionamentos.
Precisamos mais do que a Bíblia para crescer; precisamos de ou­tros crentes. Crescemos mais fortes e mais rapidamente aprendendo uns com os outros e sendo responsáveis uns pelos outros. Quando os outros compartilham o que Deus os está ensinando, também apren­demos a progredir.

O corpo de Cristo precisa de você. Deus tem uma função espe­cífica para você desempenhar na sua família. Isso se chama “minis­tério”, e Deus lhe concedeu talentos para esta missão: Um dom espiritual é dado a cada um de nós, visando ajudar a toda a igreja.20 A comunidade local é o lugar que Deus planejou para que você descobrisse, desenvolvesse e utilizasse seus talentos. Você até pode ter um ministério mais amplo, mas adicionalmente ao seu serviço no corpo local. Jesus não prometeu edificar seu ministério; prome­teu edificar a igreja dele.

Você participará na missão de Cristo no mundo. Enquanto Je­sus andou sobre a terra, Deus trabalhou por meio do corpo físico de Cristo; nos dias de hoje, ele usa seu corpo espiri­tual. A igreja é o instrumento de Deus na terra. Não devemos apenas ser exemplo do amor de Deus ao nos amarmos uns aos outros; devemos transmiti-lo em conjunto para o resto do mun­do. Esse é um privilégio incrível que foi concedi­do a todos nós. Como membros do corpo de Cristo, nós somos suas mãos, seus pés, seus olhos e seu coração. Ele trabalha no mundo por meio de nós, e cada um de nós tem uma contribuição a dar. Paulo nos diz: Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus preparou antes para nós as praticarmos.21

A família de Deus irá impedi-lo de decair. Nenhum de nós está imune à tentação. Nas circunstâncias apropriadas, você e eu somos capazes de qualquer pecado.22 Deus sabe disso, então nos atribuiu individualmente a responsabilidade de mantermos uns aos outros no caminho certo. A Bíblia diz: Encorajem-se uns aos outros todos os dias [...] de modo que nenhum de vocês seja endurecido pelo engano do pecado.23 “Não é da sua conta” não é uma frase cristã. Somos chamados e ordenados a nos envolver na vida uns dos outros. Se você conhece pessoas que estão vacilando espiritualmente neste exato momento, é sua a responsabilidade de ir atrás delas e trazê-las de volta para a comunhão. Tiago nos diz: Se vocês conhecerem pessoas que se desviaram da verdade de Deus, não as desprezem. Procurem-nas e tragam-nas de volta.24
Um benefício correlato da igreja local é que ela também proporci­ona a proteção espiritual de líderes devotos. Deus dá aos pastores a responsabilidade de guardar, proteger, defender e cuidar do bem estar espiritual de seus fiéis.25 Foi-nos dito: A responsabilidade de­les é zelar por suas almas, e eles sabem que devem prestar contas disso a Deus26
Satanás adora crentes afastados, desligados da vida no corpo, isolados da família de Deus e incompreensíveis para os líderes espirituais; porque ele sabe que eles são indefesos e impotentes contra suas estratégias.

Está tudo na igreja

Em meu livro Uma igreja com propósitos, explico como ser parte de uma igreja saudável é essencial para  levar uma vida saudável. Espero que você também leia esse livro, pois ajudará a compreender como Deus planejou sua igreja especificamente para auxiliá-lo a cumprir os cinco propósitos que ele tem para sua vida. Ele criou a igreja para satisfazer suas cinco necessidades mais cruciais: um propósito para o qual viver, pessoas com quem viver, princípios pelos quais viver, uma profissão para se sustentar e força para seguir vivendo. Não há nenhum outro lugar na terra em que você possa achar esses cinco benefícios em um só lugar.
Os propósitos de Deus para sua igreja são idênticos aos cinco propósitos que ele tem para você. A adoração o ajuda a se concen­trar em Deus, a comunidade ajuda-o a enfrentar os problemas da vida, o discipulado ajuda a fortificar a sua fé, o ministério ajuda a descobrir seus talentos e o evangelismo ajuda a cumprir sua missão. Nesta terra, não há nada como a igreja.

Sua escolha

Sempre que uma criança nasce, torna-se automaticamente parte da família universal dos seres humanos. Mas essa criança também se torna membro de uma família específica, onde será nutrida, cuidada e crescerá forte e saudável. O mesmo ocorre do ponto de vista espiri­tual. Quando você nasce de novo, torna-se automaticamente parte da família universal de Deus, mas também precisa se tornar membro de uma versão local da família de Deus.
A diferença entre visitar a igreja e ser membro da igreja está no comprometimento. Visitantes são espectadores que ficam à parte; membros se envolvem no ministério. Visitantes consomem; membros contribuem. Visitantes querem os benefícios que a igreja traz, sem participar das responsabilidades. São como casais que querem viver juntos sem se casar.
Por que é importante se juntar a uma igreja local? Porque isso prova que você está de fato comprometido com seus irmãos e irmãs espirituais, não somente de forma teórica. Deus quer que você ame pessoas reais, e não pessoas ideais. Você pode passar a vida inteira buscando a igreja perfeita, porém jamais irá encontrá-la. Você foi chamado para amar pecadores imperfeitos, assim como Deus faz.
Em Atos dos Apóstolos, os cristãos de Jerusalém eram bem espe­cíficos em seus compromissos uns com os outros. Eles eram dedica­dos à comunidade. A Bíblia diz: Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos e à comunhão, ao partir do pão e às orações.27 Hoje, Deus espera que você se comprometa com as mesmas coisas.
A vida cristã é mais do que apenas um compromisso com Cristo; ela inclui compromisso com os outros cristãos. Os cristãos da Macedônia compreenderam isso. Paulo disse: Primeiro, eles deram a si mesmos ao Senhor e depois, pela vontade de Deus, eles se deram a nós também.28 Tornar-se membro de uma igreja local é o passo que vem naturalmente a seguir, uma vez que você tenha se tornado filho de Deus. Você se torna cristão ao se comprometer com Cristo, mas se torna membro de uma igreja ao se comprometer com um grupo espe­cífico de crentes. A primeira decisão traz a salvação, a segunda traz a comunhão.

Décimo Sétimo Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: Sou chamado para participar, não para apenas crer.

Um versículo para memorizar:... assim também em Cris­to nós, que somos muitos, formamos um corpo, e cada membro está ligado a todos os outros (Romanos 12.5; nvi).

Uma pergunta para meditar: Meu nível de envolvimento em minha igreja local demonstra que amo e estou com­prometido com a família de Deus?

Dia 18 Tendo uma vida em comum

Cada um de vocês é parte do corpo de Cristo, e vocês foram escolhidos para v iver juntos em paz.
Colossenses 3.15; cev

Como é bom e agradável que o povo de Deus viva unido como se todos fossem irmãos!
Salmos 133.1; ntlh
A vida foi feita para ser partilhada.

Deus quer que vivamos juntos. A Bíblia chama essa experiência compartilhada de comunhão. Hoje em dia, entretanto, a palavra per­deu grande parte de seu significado bíblico. “Comunhão” ou “con­fraternização” hoje se refere normalmente a uma conversa casual, uma atividade social, comida e diversão. A pergunta “Onde você busca comunhão [congrega]?” significa “Qual igreja você freqüen­ta?”. “Ficar para a confraternização [comunhão]” normalmente sig­nifica “esperar pelo lanche”.
A real comunhão significa muito mais do que apenas aparecer nos cultos. É ter vida em comum. Ela inclui amar altruisticamente, compartilhar com transparência, servir nas necessidades práticas, ser generoso com o sacrifício de si mesmo, consolar compassivamente e todas as outras orientações “uns aos outros” encontradas no Novo Testamento.
Quando se trata de comunhão, o tamanho importa: quanto me­nor melhor. Você pode adorar no meio de uma multidão, mas não pode ter comunhão com ela. Quando um grupo se torna algo maior do que dez pessoas, alguém deixa de participar — normalmente o mais pacato —, e umas poucas pessoas acabam dominando o grupo.
Jesus ministrou no contexto de um pequeno grupo de discípulos. Ele podia ter escolhido mais, porém sabia que doze estava em torno do número máximo de pessoas que um grupo pequeno pode conter para que todos possam participar.
O corpo de Cristo, assim como seu próprio corpo, é na verdade um conjunto de muitas pequenas células. A vida do corpo de Cristo, tal qual o seu corpo, está contida no interior das células. Por essa razão, todo cristão deve estar envolvido em um pequeno grupo dentro de sua igreja; seja um grupo de comunhão nos lares, seja uma classe de escola dominical, seja um grupo de estudo bíblico. É ali que ocorre a verdadeira comunhão, e não nas grandes reuniões. Se você imaginar sua igreja como um navio, os grupos pequenos são os botes salva-vidas presos a ela.
Deus fez uma fantástica promessa a respeito de grupos peque­nos de crentes: Pois onde se reunirem dois ou três em meu nome, ali eu estou no meio deles.1 Infelizmente, mesmo estar em um grupo pequeno não lhe garante experimentar uma comunhão real. Muitas classes de escola dominical, bem como grupos pequenos, ficam pre­sos à superficialidade e não fazem idéia de como é experimentar a verdadeira comunhão. Qual é a diferença entre a comunhão verda­deira e a falsa?

Na comunhão verdadeira, as pessoas encontram autenticida­de. A comunhão autêntica não é superficial; um papo-furado reple­to de banalidades. É genuína, de coração para coração; às vezes permitindo partilhar coisas íntimas. Ela ocorre quando as pessoas são verdadeiras sobre quem são e sobre o que está acontecendo em sua vida. Elas dividem suas mágoas, revelam seus sentimentos, con­fessam suas falhas, dão a conhecer suas dúvidas, admitem seus medos, reconhecem suas fraquezas e pedem ajuda e oração.
Autenticidade é exatamente o oposto do que você encontra em al­gumas igrejas. Em vez de uma atmos­fera de honestidade e humildade, há uma conversação fingida, represen­tada, politiqueira, superficialmente educada e frívola. As pessoas vestem máscaras, mantêm a guarda levantada e agem como se tudo em sua vida fosse positivo. Essas atitudes são a morte da verdadeira comunhão.
É somente quando somos abertos sobre nossa vida que experi­mentamos a real comunhão. A Bíblia diz: Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, temos comunhão uns com os outros [...] se afirmarmos que estamos sem pecado, enganamos a nós mesmos.2 O mundo pensa que a intimidade ocorre na escuridão, mas Deus diz que ocorre na luz. As trevas são usadas para esconder ferimentos, erros, medos, fracassos e falhas. Mas, na luz, nós os trazemos todos para um lugar aberto e admitimos quem realmente somos.
Naturalmente, ser autêntico exige tanto coragem quanto humil­dade. Significa enfrentar seu medo de exposição, de rejeição e de ser novamente magoado. Por que alguém correria tal risco? Porque é a única maneira de crescer espiritualmente e ser emocionalmente saudável. A Bíblia diz: Portanto, confes­sem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros para serem curados.3 Nós só crescemos assu­mindo riscos, e o mais difícil risco de todos é sermos honestos com nós mesmos e com os outros.

Na verdadeira comunhão, as pessoas encontram reciprocidade. Reciprocidade é a arte de dar e receber. É depender um do outro. A Bíblia diz: A forma em que Deus estruturou os nossos corpos é o modelo para com­preendermos as vidas reunidas como igreja: todas as partes são in­terdependentes.4 Mutualidade é o coração da comunhão: edificar relacionamentos recíprocos, dividir responsabilidades e ajudar uns aos outros. Paulo disse: Quero que nos ajudemos uns aos outros com a fé que temos. A vossa fé me ajudará, e a minha fé os ajudará.5
Todos somos mais constantes em nossa fé, quando outras pesso­as caminham conosco e nos incentivam. A Bíblia ordena que haja prestação de contas, incentivo recíproco, mútuo atendimento e hon­ra recíproca.6 Por mais de cinqüenta vezes ao longo do Novo Testa­mento, somos orientados a realizar diferentes tarefas “uns aos ou­tros” e “entre si”. A Bíblia diz: Esforcemo-nos em promover tudo quanto conduz à paz e à edificação mútua.7
Você não é responsável por todos no corpo de Cristo, mas é res­ponsável para com eles. Deus espera que você faça tudo que puder para ajudá-los.

Na verdadeira comunhão, as pessoas encontram compaixão. Compaixão não é dar um conselho ou oferecer uma ajuda rápida e superficial; compaixão é penetrar e partilhar a dor dos outros. A compaixão diz: “Compreendo o que você está passando, e o que você sente não é estranho ou absurdo”. Hoje em dia algumas pessoas chamam isso de “empatia”, mas a palavra bíblica é “compaixão”. A Bíblia diz: Como povo escolhido de Deus [...] revistam-se de profun­da compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência.8
A compaixão alcança duas necessidades fundamentais dos seres humanos: a necessidade de ser compreendido e a necessidade de ter seus sentimentos confirmados. Toda vez que compreende e confirma o sentimento de alguém, você constrói comunhão. O problema é que estamos freqüentemente tão apressados em corrigir as coisas que não temos tempo de sentir compai­xão. Ou ainda estamos preocupados com nossas mágoas. A autopiedade esgota completamente a compaixão pelas outras pessoas.
Existem diferentes níveis de co­munhão, e cada um é adequado a um momento diferente. Os ní­veis mais superficiais de comunhão são: a comunhão de colabora­ção e a comunhão de estudo da Palavra de Deus em conjunto. Em um nível mais profundo está a comunhão de serviço, como quan­do ministramos em conjunto em viagens missionárias ou em obras de caridade. O nível mais profundo e intenso é a comunhão de sofrimento,9 quando entramos na dor e no sofrimento uns dos outros e carregamos os fardos uns dos outros. Os cristãos que melhor compreendem esse nível são os que ao redor do mundo estão sendo perseguidos, depreciados e freqüentemente martirizados por sua fé.
A Bíblia ordena: Compartilhem os seus problemas e transtor­nos uns com os outros e dessa forma obedeçam à lei de Cristo.10 É em tempos de crise, tristeza e dúvidas profundas que mais preci­samos uns dos outros. Quando as circunstâncias nos esmagam a ponto de nossa fé vacilar, é que mais precisamos de amigos cren­tes. Precisamos de um grupo pequeno de amigos que tenham fé em Deus por nós e para nos fazer vencer as dificuldades. Em um grupo pequeno, o corpo de Cristo é real e palpável, mesmo quando Deus parece distante. Foi disso que Jó necessitou durante seu so­frimento. Ele exclamou: Um homem desesperado deve receber a com­paixão de seus amigos, muito embora ele tenha abandonado o temor do Todo-Poderoso.11

Na comunhão verdadeira, as pessoas encontram misericórdia. A comunhão é uma situação em que opera a graça; em que os erros não são lembrados, mas apagados. A comunhão acontece quando a misericórdia triunfa sobre a justiça.
Todos precisamos de misericórdia, porque todos tropeçamos e caímos e precisamos de ajuda para voltar ao caminho. Precisamos oferecer misericórdia uns aos outros e estar dispostos a recebê-la uns dos outros. Deus diz: Quando as pessoas pecarem, vocês devem perdoá-las e confortá-las, para que não sejam vencidas pelo desespero.12
Você não pode ter comunhão sem que haja perdão. Deus alerta: Jamais guardem rancor,13 porque amargura e ressentimento sempre destroem a comunhão. Como somos imperfeitos e pecadores, inevi­tavelmente magoamos uns aos outros quando ficamos juntos por algum tempo. Às vezes magoamos uns aos outros in­tencionalmente e às vezes sem querer, mas de qual­quer forma são necessárias enormes quantidades de graça e misericórdia para criar e manter a co­munhão. A Bíblia diz: Vocês precisam ter conside­ração para com as faltas uns dos outros e perdoar aos que lhes ofendem. Lembrem-se: assim como o Senhor lhes perdoou, vocês devem perdoar aos outros.14
A misericórdia de Deus para conosco é um estímulo para mostrarmos misericórdia com os outros. Lembre-se: jamais lhe será pedido que perdoe a alguém mais do que Deus já lhe perdoou. Sempre que é magoado por alguém, você tem uma escolha a fazer: usar sua energia e seus sentimentos para buscar vingança ou encontrar solução. Você não tem como buscar a ambos.
Muitas pessoas relutam em mostrar misericórdia porque não sa­bem a diferença entre confiar e perdoar. Perdoar é esquecer o passa­do. Confiar tem relação com comportamento futuro.
O perdão deve ser imediato, tenha ou não a pessoa pedido por ele. A confiança deve ser reconstruída com o transcurso do tempo. Confiança exige antecedentes. Se o magoam repetidamente, Deus lhe ordena que perdoe imediatamente; mas não se espera que você volte a confiar imediatamente ou que continue permitindo que tais pesso­as o magoem. Elas devem mostrar que mudaram com o tempo. O melhor lugar para restaurar a confiança é no con­texto de apoio mútuo de um grupo pequeno que ofereça tanto encorajamento como prestação de contas mútuos.
Existem muitos outros benefícios que você irá experimentar ao fazer parte de um grupo pequeno comprometido com a verdadeira comunhão. Essa é uma parte essencial da sua vida cristã que não pode ser ignorada. Por mais de dois mil anos, os cristãos têm se reunido regularmente em grupos pequenos para buscar comunhão. Se você nunca fez parte de um grupo ou de uma classe como essa, não sabe o que está perdendo.
No próximo capítulo, veremos o que é necessário para criar esse tipo de comunidade com os outros crentes, mas espero que este capítulo o tenha deixado ansioso para experimentar a autenticida­de, a reciprocidade, a compaixão e a misericórdia da verdadeira comunhão. Você foi criado para viver em comunidade.

Décimo Oitavo Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: Preciso de outras pessoas em minha vida.

Um versículo para memorizar: Compartilhem os seus problemas e transtornos uns com os outros e dessa for­ma obedeçam à lei de Cristo (Gaiatas 6.2; nlt).

Uma pergunta para meditar: Que passo posso dar hoje para me unir a outro crente de forma mais íntima e verdadeira?

Dia 19 Cultivando a comunidade

Vocês podem desenvolver uma comunidade saudável e robusta que viva de acordo com Deus e desfrute os resultados se tão-somente derem conta da árdua tarefa de se relacionarem bem uns com os outros, tratando-se digna e honradamente.
Tiago 3.18; Msg

Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos, à vida em comum, à refeição comunitária e às orações.
Atos 2.42; Msg
Comunidade exige comprometimento.

Somente o Espírito Santo pode criar uma verdadeira comunhão en­tre crentes, mas ele processa isso através das escolhas e compromissos que fazemos. Paulo trata dessa dupla responsabilidade: Vocês estão unidos na paz por meio do Espírito. Esforcem-se, portanto, para con­tinuar unidos desse modo.1 É necessário tanto o poder de Deus quanto o nosso esforço para produzir uma comunidade cristã amorosa.
Infelizmente, muitas pessoas crescem em famílias com relaciona­mentos perniciosos, então carecem das habilidades relacionais ne­cessárias à verdadeira comunhão. Elas devem ser ensinadas a lidar e se relacionar com as outras pessoas na família de Deus. Felizmente, o Novo Testamento é repleto de instruções sobre como partilhar uma vida. Paulo escreveu: Escrevo-lhe estas coisas, [para que] saiba como viver na família de Deus. Essa família é a igreja.2
Se você está cansado de comunhão fajuta e gostaria de cultivar uma comunidade amorosa com uma comunhão verdadeira em seu grupo pequeno, classe de escola dominical ou igreja, será necessário fazer algumas escolhas difíceis e assumir alguns riscos.

Formar uma comunidade exige sinceridade. Você deverá ter uma grande dedicação a falar a verdade de forma carinhosa, mesmo quando preferir passar por cima de um problema ou desconsiderar um assunto. Embora seja muito mais fácil permanecer em silêncio enquanto os outros à sua volta prejudicam a si próprios e aos ou­tros com alguma prática pecaminosa, essa não é a atitude de amor a ser tomada. Poucas pessoas podem contar com alguém que as ame o suficiente para dizer-lhes a verdade (mesmo quando a verdade machuca), então continuam em caminhos de autodestruição. Nós freqüen­temente sabemos o que precisa ser dito a alguém, mas nossos temo­res nos impedem de dizer. Muitas comunidades são sabotadas pelo medo: ninguém tem coragem de falar em meio ao grupo, enquanto a vida de um membro desmorona.
A Bíblia nos manda falar a verdade em amor,3 porque não pode­mos ter uma comunidade sem sinceridade. Salomão disse: A respos­ta sincera é sinal de uma amizade verdadeira.4 Algumas vezes, isso significa importar-se a ponto de carinhosamente questionar aquele que estiver pecando ou sendo tentado a pecar. Paulo diz: Irmãos, se alguém for surpreendido em algum pecado, vocês, que são espiritu­ais, deverão restaurá-lo com mansidão.5
Muitas comunidades e grupos pequenos permanecem superfici­ais por terem receio de conflitos. Toda vez que uma questão vem à tona e pode causar tensão ou desconforto, é imediatamente enco­berta, a fim de preservar uma falsa sensação de paz. O Sr. “Panos Quentes” intervém e tenta aplacar os ânimos. O assunto nunca é resolvido, e todos vivem com uma frus­tração dissimulada. Todos sabem do problema, mas ninguém fala sobre ele abertamente. Isso cria um ambiente doentio de segredos, onde floresce a fofoca. A solução de Paulo era direta:
Chega de mentiras, chega de fingimento. Fale a verdade ao seu próximo. Afinal, no corpo de Cristo, estamos todos ligados uns aos outros. Quando você mente para os outros, você acaba mentindo para si mesmo.6
A verdadeira comunhão, seja no casamento, seja na amizade, seja na sua igreja, depende da franqueza. Na verdade, o túnel do conflito é a travessia para a intimidade em qualquer relacionamento. Até que vocês se importem o suficiente para confrontar e solucionar os obstá­culos encobertos, jamais ficarão íntimos uns dos outros. Quando um conflito é tratado corretamente, crescemos em intimidade uns com os outros ao enfrentar e resolver nossas diferenças. A Bíblia diz: No fi­nal, as pessoas valorizam a sinceridade mais que a bajulação.7
Franqueza não é uma licença para dizer o que você quer, onde quiser e sempre que quiser. Não é grosseria. A Bíblia diz que existe um tempo certo e um modo certo de fazer cada coisa.8 Palavras impen­sadas deixam feridas permanentes. Deus nos manda falar uns aos outros na igreja como carinhosos membros da mesma família: Não repreenda asperamente o homem idoso, mas exorte-o como se ele fos­se seu pai; trate os jovens como a irmãos, as mulheres idosas como a mães, e as moças como a irmãs.9
Lamentavelmente, milhares de comunidades foram destruídas por falta de honestidade. Paulo teve de re­preender a igreja de Corinto pelo seu código de silên­cio passivo, ao permitir a imoralidade em sua comuni­dade. Visto que ninguém tinha coragem de enfrentar o problema, ele disse: Vocês não podem simplesmente virar para o outro lado e esperar que isso vá embora por si mesmo. Exponham a situação e lidem com ela [...] melhor a desolação e o constrangimento do que a condenação [...] Vocês deixam isso passar como sendo algo pequeno, mas é tudo, menos pequeno [...] Não deveriam agir como se tudo estivesse tranqüilo, quando um de seus companheiros cristãos é promíscuo ou delinqüente, é impertinen­te com Deus ou indelicado com os amigos, quando se embebeda ou se torna ganancioso e voraz. Vocês não podem simplesmente concordar com isso, agindo como se fosse um comportamento aceitável. Não sou responsável pelo que fazem os de fora, mas não teríamos alguma res­ponsabilidade por aqueles de dentro de nossa comunidade?10

Formar uma comunidade exige humildade. A presunção, o con­vencimento e o orgulho obstinado destroem a comunhão mais rápi­do que qualquer outra coisa. O orgulho ergue muros entre as pesso­as; a humildade ergue pontes. A humildade é o ungüento que acal­ma e suaviza as relações. É por isso que a Bíblia diz: Sejam todos humildes uns para com os outros.11 A vestimenta adequada à comu­nhão é a postura humilde.
O resto do último versículo diz:... porque Deus se opõe aos orgu­lhosos, mas concede graça aos humildes.12 Essa é a outra razão pela qual precisamos ser humildes: o orgulho obstrui a graça de Deus em nossa vida, a qual devemos ter para crescer, nos transformar, ser sarados e ajudar os outros. Recebemos a graça de Deus ao admitir humildemente que precisamos dela. A Bíblia diz que, no momento em que somos arrogantes, vivemos em oposição a Deus! Essa é uma maneira tola e perigosa de viver.
Você pode desenvolver a humildade de várias maneiras práticas: admitindo suas fraquezas, sendo paciente com as fraquezas dos outros, estando aberto para admoestações e pondo os outros em evidência. Paulo orientou: Tenham a mesma atitude uns para com os outros. Não sejam orgulhosos, mas estejam dispostos a associar-se a pessoas de posição inferior. Não sejam sábios aos seus próprios olhos.13 Aos cristãos em Filipos ele escreveu: Humildemente conside­rem os outros superiores a si mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros.14
Humildade não é pensar menos de si mesmo, mas pensar menos em si mesmo; humildade é pensar mais nos outros. Os humildes con­centram-se de tal forma em servir os outros, que não pensam em si.

Formar uma comunidade exige cor­tesia. Somos corteses quando respeita­mos nossas diferenças e somos cuida­dosos com os sentimentos uns dos ou­tros e pacientes com as pessoas que nos irritam. A Bíblia diz: É preciso carregar o “fardo” de termos consideração para com as dúvidas e temores de outras pes­soas — daqueles que sentem que essas coisas estão erradas. Agrade­mos ao outro, e não a nós próprios, e façamos aquilo que é para o seu bem e assim o edificaremos no Senhor.15 Paulo disse a Tito: O povo de Deus deve ser generoso e cortês.16
Em toda igreja e em todo pequeno grupo, há sempre pelo menos uma pessoa “difícil”, e normalmente mais que uma. Essas pessoas podem ter carências emocionais, insegurança profunda, maneirismos irritantes e escassas habilidades sociais. Você deve chamá-las de pessoas nte (“Necessária Tolerância Extra”).
Deus pôs essas pessoas em nosso meio tanto para benefício delas quanto nosso. Elas são uma oportunidade para crescermos e um teste para a comunhão. Será que conseguiremos amá-las como ir­mãos e irmãs, tratando-as com dignidade?
Em uma família, a aceitação não se baseia em quanto você é esperto, bonito ou talentoso. Baseia-se no fato de pertencermos uns aos outros. Defendemos e protegemos a família. Um membro da família pode ser um pouco pateta, mas ainda assim é um de nós. Da mesma forma, a Bíblia diz: Sejam dedicados uns aos outros como uma família afetuo­sa. Aprimorem-se em demonstrar respeito uns para com os outros.17
A verdade é que todos temos excentricidades e traços de tempe­ramento irritantes, mas comunidade não tem nada que ver com com­patibilidade. O fundamento para termos comunhão é nosso relacionamento com Deus: somos uma família.
Um segredo para a cortesia é saber de onde as pessoas estão vindo. Descubra o histórico delas. Quando você souber por que coi­sas passaram, certamente será mais compreensivo. Em vez de pen­sar na distância que elas ainda têm a percorrer, pense na distância que já percorreram apesar da dor que carregam.
Outra parte da cortesia é não subestimar as dúvidas das outras pessoas. O fato de você não temer alguma coisa não torna esse sen­timento inválido. A verdadeira comunidade se forma quando as pes­soas sabem que é seguro partilhar seus medos e suas dúvidas sem serem julgadas.

Formar uma comunidade exige sigilo. Somente em um ambien­te seguro, onde houver um acolhimento carinhoso e sigilo confiável, as pessoas se abrirão e compartilharão suas maiores mágoas, neces­sidades e erros. Sigilo não significa ficar em silêncio enquanto seu irmão ou irmã peca, e sim saber que aquilo que for comentado no grupo ficará restrito ao grupo. O grupo precisa conviver com isso e evitar a fofoca.
Deus detesta a fofoca; principalmente quando é maldosamente disfarçada como “pedido de oração” a favor de alguém. Deus diz: Os maus provocam discussões, e quem fala mal dos outros separa os maiores amigos.18 A fofoca sempre causa mágoa e discórdia, e isso destrói amizades. Deus é claro quando nos orienta a advertir os que causam dissensão entre cristãos.19 Eles podem se enfurecer e deixar seu grupo ou igreja ao serem enfrentados por causa de suas ações que semeiam a discórdia; mas a comunhão da igreja é mais impor­tante que qualquer indivíduo.

Formar uma comunidade exige constância. Você deve manter um contato constante e regular com seu grupo, a fim de desenvolver a verdadeira comunhão. Relaciona­mentos exigem tempo. A Bíblia nos diz: Não abandonemos, como alguns estão fazendo, o costume de assistir às nossas reuniões. Pelo contrário, animemos uns aos outros.20 Devemos desenvolver o hábito de nos reunir. Hábito é algo que você faz com freqüência, e não uma vez ou outra. Você tem de passar tempo com as pessoas — muito tempo — para estabelecer relacionamentos ínti­mos. É por isso que a comunhão é tão superficial em muitas igrejas; não passamos tempo suficiente juntos, e o tempo que passamos é usado normalmente para ouvir uma única pessoa falar.
Uma comunidade não é formada de acordo com nossa conveniência (“Vamos nos reunir quando eu tiver vontade”), mas na convicção de que ela é necessária para nossa saúde espiritual. Se você quiser cultivar uma comunhão verdadeira, isso signifi­cará reunir-se mesmo quando você não tenha vontade, porque você acredita que é importante. Os primeiros cris­tãos se reuniam todos os dias! Regularmente eles adoravam juntos no templo todos os dias, reuniam-se em grupos pequenos nas casas para a Comunhão, e participavam das suas refeições com grande alegria e gratidão.21 Viver em comunhão requer investimento de tempo.
Se você é membro de um grupo pequeno ou de uma classe de escola dominical, recomendo que se faça um pacto entre todos, o qual inclua as nove características da comunhão bíblica: “Partilha­remos nossos verdadeiros sentimentos (autenticidade), incentivare­mos uns aos outros (reciprocidade), apoiaremos uns aos outros (compaixão), perdoaremos uns aos outros (misericórdia), falaremos a verdade com amor (sinceridade), admitiremos nossas fraquezas (humildade), respeitaremos nossas diferenças (cortesia), não fofocaremos (sigilo) e faremos do grupo uma prioridade (constância)”.
Quando você olha a lista de características, torna-se evidente o motivo por que comunhão é tão rara. Ela significa desistir de nosso individualismo e independência para nos tornar interdependentes. Mas os benefícios de dividir a vida com os outros suplanta larga­mente os custos e nos prepara para o céu.

Décimo Nono Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: Comunidade exige comprome­timento.

Um versículo para memorizar: Nós compreendemos o que é o amor quando descobrimos que Cristo deu sua vida por nós. Significa que temos de dar nossa vida pelos outros crentes (1 João 3.16; gwt).

Uma pergunta para meditar: Como posso hoje ajudar a criar as características de uma comunidade verdadeira em meu grupo pequeno e em minha igreja?











Dia 20 Restaurando a comunhão quebrada

[Deus] restaurou o nosso relacionamento consigo por meio de Cristo e nos deu o ministério da restauração de relacionamentos.
2Coríntios 5.18; gwt
Sempre vale a pena restaurar relacionamentos.

Uma vez que a vida consiste em aprender a amar, Deus quer que valorizemos os relacionamentos e nos esforcemos para mantê-los, em vez de descartá-los sempre que houver um desacordo, uma mágoa ou um conflito. Na verdade, a Bíblia diz que Deus nos deu o ministério da restauração de relacionamentos.1 Por esse motivo, boa parte do Novo Testamento é dedicada a nos ensinar a ter um bom relaciona­mento uns com os outros. Paulo escreveu: Se vocês receberam algo por seguir a Cristo, se o amor dele fez alguma diferença na vida de vocês, se participar da comunidade do espírito significa algo para vocês [...] concordem uns com os outros, amem uns aos outros, sejam amigos de verdade.1 Paulo ensinou que a nossa habilidade de nos dar bem com as pessoas é uma marca de maturidade espiritual.3
Uma vez que Cristo quer que sua família seja conhecida pelo amor entre seus membros,4 perder a comunhão é um testemunho deplorável para os que não crêem. Foi por isso que Paulo ficou tão envergonhado quando os membros da igreja de Corinto se dividiram em facções contrárias, chegando até mesmo a apresentar uns aos outros perante o juiz. Ele escreveu: Que vergonha! Será que entre vocês não existe alguém com bastante sabedoria para resolver uma questão entre irmãos? Ele ficou escandalizado ao descobrir que não havia ninguém maduro na igreja para resolver o conflito pacifica­mente. Na mesma carta, ele disse: Digo isto com toda a veemência que posso: Vocês devem estar de acordo uns com os outros.6
Se você quer a bênção de Deus em sua vida e quer ser conhecido como filho de Deus, deve aprender a ser um pacificador. Jesus disse: Deus abençoa os que trabalham pela paz, pois eles serão chamados filhos de Deus.7 Note que Jesus não disse “Bem-aventurados os que amam a paz, pois todo mundo ama a paz”. Nem disse “Bem- aventu­rados os pacíficos”, que nunca se incomodam com nada. Jesus disse:
Bem aventurados aqueles que trabalham pela paz — aqueles que procuram efetivamente solucionar conflitos. Pacificadores são raros porque fazer a paz é um trabalho árduo.
Como você foi moldado para ser parte da família de Deus e o segundo propósito de sua vida na terra é aprender a amar e a se relacionar com as pessoas, promover a paz é uma das habilidades mais importantes que você pode desenvolver. Infelizmente, a maioria de nós jamais aprendeu a resolver conflitos.
Promover a paz não é evitar conflitos. Fugir de um problema, fingindo que ele não existe, ou ter medo de falar nele é na verdade covardia. Jesus, o Príncipe da Paz, nunca teve medo de conflitos. Em determina­da ocasião, ele provocou um conflito para o bem de todos. Algumas vezes precisamos evitar conflitos, ou­tras precisamos criá-los e ainda outras precisamos solucioná-los. É por isso que precisamos orar pedindo a direção contínua do Espírito Santo. Pacificar também não é acalmar. Sempre desistir, agir como capa­cho e permitir que os outros sempre o atropelem não era o que Jesus tinha em mente. Ele se recusou a voltar atrás em muitas questões, sustentando seus argumentos em face de uma oposição diabólica.

Como restaurar um relacionamento

Como crentes, Deus nos chamou para ajustar nossos relacionamen­tos uns com os outros.8 Seguem sete passos bíblicos para a restaura­ção da comunhão.

Fale com Deus antes de falar com a pessoa. Converse sobre o problema com Deus. Se antes de mais nada você for orar a respeito do conflito em vez de fofocar com um amigo, descobrirá que em geral ou Deus muda o seu coração, ou muda o coração da outra pessoa, sem sua ajuda. Todos os seus relacionamentos seriam mais tranqüilos se você tão-somente orasse mais a respeito deles.
Assim como Davi compôs seus salmos, use a oração para desaba­far verticalmente. Conte a Deus suas frustrações. Grite por sua aju­da. Ele nunca fica surpreso ou chateado com sua raiva, mágoa, inse­gurança ou qualquer outra emoção. Diga-lhe, portanto, exatamente como se sente.
A maioria dos conflitos tem suas razões em necessidades não-satisfeitas. Algumas dessas necessidades só podem ser alcançadas por Deus. Quando você espera que uma pessoa qualquer amigo, mulher, chefe ou membro da família — satisfaça uma necessidade que somente Deus pode atender, você está se candidatando à amar­gura e à decepção. Ninguém pode suprir todas as suas necessida­des, exceto Deus.
O apóstolo Tiago notou que muitos de nossos conflitos são causa­dos por falta de oração: De onde vêm as guerras e contendas que há entre vocês? [...] Vocês cobiçam coisas, e não as têm. [...] Não têm por­que não pedem.9 Em vez de confiarmos em Deus, confiamos que os outros nos farão felizes, e então nos zangamos quando eles nos de­cepcionam. Deus diz: Por que vocês não vêm primeiro a mim?

Tome sempre a iniciativa. Não importa se você ofendeu ou foi ofendido: Deus espera que você dê o primeiro passo. Não espere pela outra parte, vá primeiro a ela. Restaurar a comunhão perdida é tão importante que Jesus ordenou até mesmo que tivesse precedência sobre o culto de adoração. Ele disse: Se você entrar no lugar da ado­ração e na hora de entregar a oferta você repentinamente se lembrar de um rancor que um amigo tem contra você, abandone sua oferta, deixe-a imediatamente, procure esse amigo e acerte as contas com ele. Então, só depois de fazer isso, volte e acerte as coisas com Deus.10
Quando a comunhão é prejudicada ou rompida, planeje imediatamente uma con­ferência de paz. Não fique procrastinando, arrumando desculpas, nem prometa:
“Dou um jeito nisso um dia desses”. Programe um encontro o mais rápido possível. Demoras só aprofundam ressentimentos e pioram a situação. Quando se trata de conflitos, o tempo não cura nada; ele faz que as mágoas se aprofundem.
Agir rapidamente também reduz os danos espirituais para você. A Bíblia diz que o pecado, o que inclui conflitos não-resolvidos, blo­queia a comunhão com Deus e impede que as orações sejam respon­didas,11 além de nos tornar infelizes. Os amigos de Jó lembraram a ele que ficar desgostoso e amargurado é loucura, é falta de juízo, que leva à morte, lembram também que com a sua raiva, você só está se ferindo.12 O sucesso de uma conferência de paz em geral depende de escolher o momento e o local adequado. Não se reúna se você estiver cansado, apressado ou for ser interrompido. O melhor momento é quando ambos estão tranqüilos.

Tenha compaixão pelos sentimentos dos envolvidos. Use mais os ouvidos do que a boca. Antes de procurar solucionar qualquer desavença, você deve primeiro dar ouvidos aos sentimentos das pesso­as. Paulo aconselhou: Que ninguém procure somente os seus próprios interesses, mas também os dos outros.13 A frase “cuidar de” é a palavra grega skopos, de onde formamos as palavras “telescópio” e “microscó­pio”. Significa prestar total atenção! Concentre-se em seus sentimen­tos, e não nos fatos. Comece pela compaixão, e não pela solução.
Não comece tentando conversar com as pessoas sobre como elas se sentem. Apenas ouça-as e deixe-as descarregar emocionalmente, sem fi­car na defensiva. Assinta com a cabeça, sinalizando que compreende mesmo quando não concorda. Sentimentos nem sempre são verdadeiros ou lógicos. Na verdade, ressentimentos nos fazem agir e pensar como tolos. Davi admitiu: O meu coração estava cheio de amargura, e fiquei revoltado. Eu não podia compreender, ó Deus; era como um animal, sem entendimento.14 Todos agimos como animais quando estamos feridos.
Em contrapartida, a Bíblia diz: A sabedoria do homem lhe dá paciência; sua glória é ignorar as ofensas.15 A paciência vem do co­nhecimento, e o conhecimento vem de escutar a perspectiva dos outros. Quando ouve, você está dizendo: “Valorizo a sua opinião, preocupo-me com nosso relacionamento e você é im­portante para mim”. O ditado é verdadeiro: as pes­soas não se importam com o que sabemos até que saibam que nos importamos.
Para restabelecer a comunhão, é preciso carregar o “fardo” de termos consideração para com as dúvi­das e temores de outras pessoas — daqueles que sentem que essas coisas estão erradas. Agrademos ao outro, e não a nós próprios, e façamos aquilo que é para o seu bem e assim o edificaremos no Senhor.16 É sacrificante absorver pacientemente a raiva dos outros, sobretudo quando ela é infundada. Mas lembre-se: foi isso que Jesus fez por você. Ele supor­tou uma fúria infundada e maliciosa para salvá-lo. Cristo não agra­dou a si próprio, mas, como está escrito: Os insultos dos que te injuriaram caíram sobre mim.17

Confesse sua parte no conflito. Se você realmente deseja restau­rar um relacionamento, deve começar admitindo os próprios erros e transgressões. Jesus disse que esta é a forma de ver as coisas com mais clareza: Tire primeiro a viga do seu olho, e então você verá claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão.18
Já que todos temos pontos cegos, você precisará pedir a uma terceira pessoa que o ajude a avaliar suas ações antes de se encontrar com a pessoa com quem você tem um conflito. Também peça a Deus que lhe mostre quanto do problema foi causado por você. Per­gunte: “Sou eu o problema? Estou sendo irrealista, insensível ou sen­sível demais?”. A Bíblia diz: Se afirmarmos que estamos sem pecado, enganamos a nós mesmos19
A confissão é uma ferramenta poderosa para a reconciliação. Freqüentemente, a forma de lidarmos com um conflito cria um pro­blema ainda maior do que o problema inicial em si. Quando você começa admitindo humildemente os seus erros, isso neutraliza a raiva da outra pessoa e desarma o seu ataque, porque ela provavel­mente esperava que você ficasse na defensiva. Não dê desculpas nem transfira a culpa; apenas confesse sinceramente qualquer par­ticipação que você tenha tido no conflito. Aceite a responsabilidade pelos seus erros e peça perdão.

Invista contra o problema, não contra a pessoa. Não há como solu­cionar o problema se você estiver preocupado em identificar a culpa. Você terá de fazer uma escolha. A Bíblia diz: A resposta calma desvia a fúria, mas a palavra ríspida desperta a ira.20 Você nunca se fará enten­der estando zangado, então escolha cuidadosamente as palavras. Uma resposta branda é sempre melhor que uma resposta sarcástica.
Na solução de conflitos, a maneira em que você fala é tão impor­tante quanto o que você fala. Se você falar de forma ofensiva, a outra pessoa ouvirá de forma defensiva. Deus nos diz: Quem tem coração sábio é conhecido como uma pessoa compreensiva; quanto mais agradáveis são as suas palavras, mais você consegue convencer os ou­tros.21 Irritar as pessoas jamais funci­ona, e você nunca é persuasivo quando é áspero.
Durante a Guerra Fria, ambos os la­dos concordaram em que algumas ar­mas eram tão destrutivas que jamais deveriam ser usadas. Atualmen­te, as armas químicas e biológicas foram banidas, e os estoques de armas nucleares estão sendo reduzidos e destruídos. Para o bem da comunhão, você deve destruir seu arsenal de armas nucleares relacio­nais, ou seja: condenar, menosprezar, comparar, rotular, insultar, ser irônico e sarcástico. Paulo resume tudo isso desta forma: Não digam palavras que fazem mal aos outros, mas usem apenas palavras boas, que ajudam os outros a crescer na fé e a conseguir o que necessitam, para que as coisas que vocês dizem façam bem aos que ouvem.22
Coopere tanto quanto possível. Paulo disse: Façam todo o possí­vel para viver em paz com todas as pessoas.23 A paz sempre tem uma etiqueta de preço. Às vezes custa o nosso orgulho; fre­qüentemente custa o nosso egoísmo- Pelo bem da comu­nhão, faça o melhor que puder para chegar a um acor­do, adapte-se aos outros e mostre preferência pelas ne­cessidades deles.24 Uma paráfrase da sétima bem-aventurança de Jesus diz: Você é bem-aventurado quando mostra às pes­soas como cooperarem em vez de competirem e brigarem. É então que você descobre quem realmente é e o seu lugar na família de Deus.25

Dê ênfase à reconciliação, não à solução. Não é realista esperar que todos concordem a respeito de tudo. A reconciliação se atem ao relacionamento, enquanto a solução se atém ao problema. Quando focamos a reconciliação, o problema perde importância e não raro se torna irrelevante.
Podemos restabelecer um relacionamento mesmo quando somos incapazes de resolver nossas diferenças. Os cristãos muitas vezes discordam sincera e legitimamente dando opiniões divergentes; mas podemos discordar sem ser desagradáveis. O mesmo diamante tem diferentes aspectos quando visto de diferentes ângulos. Deus espera unidade, não uniformidade. Podemos caminhar de braços dados sem concordarmos em todos os assuntos.
Isso não significa que você deva desistir de encontrar uma solu­ção. Você pode precisar continuar conversando e até mesmo discu­tindo — mas faça isso com espírito de harmonia. Reconciliação significa fazer as pazes, não necessariamente esquecer o assunto.
Com quem você precisa entrar em contato, por causa deste capí­tulo? Com quem você precisa restaurar a comunhão? Não demore mais nem um segundo. Dê uma parada agora mesmo e converse com Deus sobre essa pessoa. Então pe­gue o telefone e comece o proces­so. Esses sete passos são simples, mas não são fáceis. É necessário muito esforço para restaurar a co­munhão com alguém. Foi por isso que Pedro recomendou: Esforcem-se para viver em paz com os outros.26 Mas, quando trabalha pela paz, você está fazendo o que Deus faria. É por isso que Deus chama os pacificadores de seus filhos.27

Vigésimo Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: Sempre vale a pena restaurar os relacionamentos.

Um versículo para memorizar: Façam todo o possível para viver em paz com todas as pessoas (Romanos 12.18; ntlh).

Uma pergunta para meditar: Com quem preciso restau­rar meu relacionamento no dia de hoje?

Dia 21

Protegendo sua igreja


Vocês foram unidos na paz por meio do Espírito. Portanto façam todo o esforço para continuar dessa maneira.
Efésios 4.3; ncv

Acima de tudo, deixem que o amor dirija a vida de vocês, porque assim toda a igreja permanecerá unida em perfeita harmonia.
Colossenses 3.14; rv

É sua função proteger a unidade de sua igreja.

A unidade da igreja é tão importante que o Novo Testamento dá mais importância a isso do que ao céu ou ao inferno. Deus deseja profundamente que experimentemos unidade e harmonia uns com os outros.
A unidade é a alma da comunhão. Destrua-a, e estará rasgando o coração do corpo de Cristo. É a essência, o âmago de como Deus pre­tende que experimentemos a vida conjunta na igreja. Nosso modelo supremo de unidade é a Trindade. O Pai, o Filho e o Espírito Santo são totalmente unidos em um. O próprio Deus é o maior de todos os exemplos de amor sacrificial, altruísmo e harmonia perfeita.
Assim como qualquer pai, nosso Pai celestial tem prazer em ver os filhos em harmonia uns com os outros. Em seus últimos momen­tos, antes de ser preso, Jesus orou apaixonadamente pela nossa uni­dade.1 Era nossa união que estava em primeiro lugar em sua mente naquelas horas agonizantes. Isso mostra a importância do assunto. Nada na terra é mais valioso para Deus que sua igreja. Ele pagou o mais alto preço por ela e a quer protegida, especialmente dos da­nos devastadores causados pelas divisões, conflitos e discordâncias. Se você é parte da família de Deus, é sua responsabilidade preser­var a unidade no local em que você congrega. Você foi encarregado por Jesus de fazer todo o possível para preservar a unidade, prote­ger a comunhão e promover a harmonia na sua igreja e entre todos os crentes. A Bíblia diz: Façam todo o esforço para conservar a uni­dade do Espírito pelo vínculo da paz.2 Como podemos fazer isso? A Bíblia nos dá orientações práticas.

Concentre-se no que temos em comum, não em nossas dife­renças. Paulo nos diz: Portanto, concentremo-nos nas coisas que contribuem para a harmonia e no crescimento de nossa comunhão conjunta? Como crentes, partilhamos um Senhor, um corpo, um pro­pósito, um Pai, um Espírito, uma esperança, uma fé, um batismo e um amor.4 Partilhamos a mes­ma salvação, a mesma vida e o mesmo futuro — fatores muito mais importantes do que as dife­renças que poderíamos enumerar. É nesses te­mas, e não em nossas diferenças pessoais, que devemos nos concentrar.
Devemos nos lembrar que foi Deus que escolheu nos dar diferen­tes personalidades, formações, raças e preferências; logo, devería­mos apreciar essas diferenças, e não simplesmente tolerá-las. Deus quer unidade, não uniformidade. Mas, para o bem da unidade, não devemos deixar que nossas diferenças nos dividam jamais. Precisa­mos nos manter concentrados no que mais importa — aprender a amar uns aos outros como Cristo nos amou e cumprir os cinco pro­pósitos de Deus para cada um de nós e sua igreja.
O conflito é normalmente sinal de que o foco foi desviado para assuntos menos importantes; coisas que a Bíblia chama de assuntos controvertidos.5 Quando nos concentramos em personalidades, pre­ferências, interpretações, estilos ou métodos, a divisão sempre acon­tece. Mas, se nos concentramos em amar uns aos outros e em cum­prir os propósitos de Deus, chegamos à harmonia. Paulo implorou por isso: Irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo suplico a todos vocês que concordem uns com os outros no que falam, para que não haja divisões entre vocês; antes, que todos estejam unidos num só pensamento e num só parecer6

Seja realista em suas expectativas. Uma vez que você tenha descoberto como Deus quer que seja a verdadeira comunhão, é fácil ficar desanimado pela disparidade entre o ideal e o real em sua igreja. Você deve amar apaixonadamente a igreja, a despeito de suas imperfeições. Ansiar pelo ideal enquanto critica o real é sinal de imaturidade. Em contrapartida, conformar-se com o real sem lutar pelo ideal é passividade. Maturidade é conviver com essa tensão.
Outros crentes irão decepcioná-lo e desiludi-lo, mas isso não é desculpa para deixar de congregar com eles. Eles são a sua família, mesmo quando não agem desse jeito, e você não pode simplesmente abandoná-los. Em vez disso, Deus nos disse: Sejam pacientes uns com os outros, fazendo concessões às faltas dos outros por causa do amor que há em vocês.7
As pessoas ficam desiludidas com a igreja por muitas razões com­preensíveis. A lista poderia ser bastante longa: conflitos, mágoas, hi­pocrisia, negligência, mesquinharias, legalismo e outros pecados. Em vez de ficarmos abalados e surpresos, devemos lembrar que a igreja é fei­ta de pecadores de verdade, inclusive nós mes­mos. Por sermos pecadores, magoamos uns aos outros, às vezes intencionalmente e às vezes sem querer. Mas, em vez de deixarmos a igreja, preci­samos ficar e solucionar o que for de alguma forma possível. A reconciliação, não a evasão, é a estrada para um caráter mais forte e para uma comunhão mais profunda.
Divorciar-se da igreja ao primeiro sinal de decepção ou desilusão indica imaturidade. Deus tem coisas que quer ensinar a você e aos outros também. Além do mais, não há nenhuma igreja perfeita para onde escapar. Toda igreja tem seu próprio conjunto de fraquezas e problemas, e você logo ficará novamente desapontado.
Groucho Marx era famoso por dizer que não gostaria de perten­cer a um clube que o aceitasse como sócio. Se uma igreja deve ser perfeita para satisfazê-lo, essa mesma perfeição irá excluí-lo dentre seus membros, porque você não é perfeito!
Dietrich Bonhoeffer, ministro alemão que foi martirizado por re­sistir aos nazistas, escreveu o clássico livro sobre comunhão: Life together [A vida em conjunto]. Nele, ele dá a entender que a desilu­são com a igreja local é algo bom, porque destrói nossas falsas ex­pectativas de perfeição. Quanto mais rápido renunciarmos à ilusão de que uma igreja deve ser perfeita para que a amemos, mais rápido deixaremos de fingir e admitiremos que somos todos imperfeitos e precisamos de graça. Esse é o início da verdadeira comunidade.
Toda igreja deveria afixar uma placa: “Pessoas perfeitas não pre­cisam entrar. Este é um lugar somente para os que admitem ser pecadores, precisam de graça e querem crescer”.
Bonhoeffer disse: “Aquele que ama seu sonho de uma comunida­de mais do que a comunidade cristã em si torna-se um destruidor desta [...] Se não dermos graças diariamente pela congregação cristã onde fomos colocados, mesmo quando não há nenhuma grande ex­periência, nenhuma riqueza a ser descoberta, mas apenas muita fra­queza, pouca fé e dificuldades, e se, ao contrário, continuamos nos queixando de que tudo é reles e insignificante, então impedimos que Deus permita à nossa congregação crescer”.8

Prefira incentivar a criticar. É sempre mais fácil ficar de lado e atirar pedras naqueles que estão servindo do que se envolver e contri­buir. Deus nos adverte repetidamente que não critiquemos, compare­mos ou julguemos uns aos outros.9 Quando você critica o que outro crente está fazendo na fé e com sincera convicção, está interferindo nos assuntos de Deus: Que direito você tem de criticar o servo de al­guém? Somente Deus pode decidir se ele está fazendo o que é certo.10
Paulo acrescenta que não devemos julgar ou desprezar crentes com convicções distintas das nossas: Por que, então, você critica as ações de seu irmão? Por que tenta fazer com que ele pareça peque­no? Todos seremos julgados um dia, não com base nos padrões uns dos outros nem mesmo por nossos próprios padrões, mas pelo julga­mento de Deus.11
Sempre que eu julgo outro crente, quatro coisas acontecem ins­tantaneamente: perco minha comunhão com Deus, exponho meu próprio orgulho e insegurança, coloco-me em uma situação pela qual serei julgado por Deus e prejudico a comunhão da igreja. Um espíri­to crítico é um vício dispendioso.
A Bíblia chama Satanás de acusador dos nossos irmãos.12 Culpar e criticar os membros da família de Deus queixando-se deles é traba­lho do Diabo. No momento em que fazemos o mesmo, estamos sendo ludibriados para fazer o trabalho de Satanás. Lembre-se, os outros cristãos, não importa quanto você discorde deles, não são o verda­deiro inimigo. Todo tempo que desperdiçamos comparando ou criticando outros crentes é um tempo que deveríamos ter usado na edificação da unidade da congregação. A Bíblia diz: Estejamos unidos no emprego de toda a nossa energia para nos harmonizar­mos uns com os outros, ajudando os outros com palavras encorajadoras, não os colocando para baixo por lhes apontar as faltas.13

Recuse dar ouvidos a fofocas. Fofocar é transmitir informações quando você nem é parte do problema nem parte da solução. Você sabe que espalhar fofocas é errado, e não deve nem ouvi-las se qui­ser proteger sua igreja. Ouvir uma fofoca é como receptar mercado­ria roubada; isso o faz igualmente culpado pelo crime.
Quando alguém começar a fofocar em seu ouvido, tenha a coragem de dizer: “Por favor, pare. Não preciso saber disso. Você já falou direta­mente com a pessoa?”. Pessoas que fofocam para você também irão fofocar sobre você. Tais pessoas não são confiáveis. Se você dá ouvidos a fofocas, Deus diz que você é um criador de casos.14 Criadores de caso ouvem criadores de caso.15 Esses são os que dividem igrejas, pensan­do apenas em si mesmos.16
É triste que, no rebanho de Deus, as maiores feridas venham das outras ovelhas, e não de lobos. Paulo alertou sobre os cristãos cani­bais, que devoram uns aos outros e destroem a comunhão.17 A Bíblia diz que esse tipo de encrenqueiro deveria ser evitado: A difamação revela segredos. Portanto, fique longe de quem é falador.18 A forma mais rápida de pôr fim a um conflito, seja em uma igreja, seja em um grupo pequeno, é carinhosamente enfrentar os que estão fofocando e insistir em que parem. Salomão destacou que: Uma fogueira se apaga quando acaba a lenha; da mesma maneira, as brigas aca­bam quando o brigão e implicante é separado do grupo.19

Pratique os métodos de Deus para a solução de conflitos. Além dos princípios mencionados no capítulo anterior, Jesus deu à igreja um processo simples dividido em três etapas: Se o seu irmão pecar contra você, vá e, a sós com ele, mos­tre-lhe o erro. Se ele o ouvir, você ganhou seu irmão. Mas, se ele não o ouvir, leve consigo mais um ou dois outros, de modo que qualquer acusação seja confirma­da pelo depoimento de duas ou três testemunhas. Se ele se recusar a ouvi-los, conte à igreja.20 Em meio a um conflito, temos a tentação de nos queixar a terceiros, em vez de corajosamente falar a verdade de maneira amorosa à pessoa com quem estamos aborrecidos. Isso só torna o assunto mais grave. Em vez disso, você deve ir diretamente à pessoa envolvida.
O confronto em particular é sempre o primeiro passo, e você deve tomá-lo o mais rapidamente possível. Se você não for capaz de resolver as coisas somente entre os dois, o próximo passo é levar uma ou duas testemunhas para ajudarem a confirmar o problema e reconciliar o relacionamento. E o que fazer se a pessoa ainda persistir teimosamen­te? Jesus ordena que se leve o assunto à igreja. E, se a pessoa ainda assim se recusar a escutar, você deve tratá-la como a um incrédulo.21

Apóie o seu pastor e os líderes. Não existe um líder perfeito, mas Deus dá aos líderes a responsabilidade e a autoridade para que man­tenham a unidade da igreja. Durante conflitos interpessoais, esse é um trabalho ingrato. Pastores têm freqüentemente a desagradável tarefa de agir como mediadores entre membros magoados e imaturos que estão em conflito. Eles também receberam a impossível tarefa de ten­tar fazer que todos fiquem felizes, o que nem Jesus conseguiu fazer!
A Bíblia é clara sobre como devemos nos relacionar com aqueles  nos servem: Sejam sensíveis a seus líderes pastorais. Ouçam seus conselhos. Eles estão atentos à condição da vida de vocês e trabalham sob a restrita supervisão de Deus. Contribuam para a alegria de sua liderança e não para os sobrecarregar. Por que tornar as coisas difíceis para eles?22
Os pastores algum dia estarão perante Deus e terão de prestar contas de como zelaram por você. Eles cuidam de vocês como quem deve prestar contas.23 Mas você também terá de prestar contas. Você prestará contas a Deus sobre a forma que seguiu seus líderes.
A Bíblia dá aos pastores instruções específicas sobre como lidar com pessoas desagregadoras no meio da congregação. Eles devem evitar discussões e ensinar gentilmente o contrário, enquanto oram para que elas mudem. Devem admoestar os que são polêmicos, rogar por harmonia e unidade, repreender os que forem desrespeitosos com a liderança e remover os desagregadores da igreja, caso não considerem os dois avisos.24
Protegemos a congregação quando honramos os que nos servem como líderes. Os pastores e anciãos necessitam de nossas orações, incentivos, apreço e amor. Recebemos as seguintes orientações: Ago­ra lhes pedimos, irmãos, que tenham consideração para com os que se esforçam no trabalho entre vocês, que os lideram no Senhor e os aconselham. Tenham-nos na mais alta estima, com amor, por causa do trabalho deles25
Eu o desafio a aceitar a responsabilidade de proteger e promover a união em sua igreja. Empenhe-se nisso com todo o seu esforço, e Deus irá se agradar. Nem sempre será fácil. Algumas vezes você terá de fazer o que é melhor para o corpo, e não para si mesmo, mostrando preferência pelos outros. Este é um dos mo­tivos pelos quais Deus nos colocou em uma família eclesiástica: para aprendermos o al­truísmo. Em comunidade, aprendemos a di­zer “nós” em vez de “eu” e “nosso” em vez de “meu”. Deus diz: Não pensem só em seu próprio bem. Pensem nos outros cristãos e no que é melhor para eles.26
Deus abençoa igrejas unidas. Na igreja de Saddleback, cada mem­bro assina um pacto que inclui uma promessa de proteger nossa unidade. Conseqüentemente, a igreja jamais teve um conflito que dividisse a congregação. Tão importante quanto isso é o fato de todos quererem fazer parte dela, uma vez que se trata de uma comu­nidade unida e amorosa. Nos últimos sete anos, a igreja batizou mais de 9 100 novos convertidos. Quando Deus tem um punhado de novos cristãos que quer libertar, ele busca como incubadora a igreja mais carinhosa que puder encontrar.
O que você está fazendo no plano pessoal para tornar sua igreja local mais aconchegante e amorosa? Existem muitas pessoas em sua comunidade que estão procurando amor e um lugar ao qual perten­cer. A verdade é que todo o mundo precisa e quer ser amado e, quan­do as pessoas acham uma igreja onde os membros verdadeiramente amam e se importam uns com os outros, elas vão dar um jeito de entrar ainda que as portas estejam trancadas.

Vigésimo Primeiro Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: Tenho a responsabilidade de proteger a unidade de minha igreja.

Um versículo para memorizar: Portanto, concentremo-nos nas coisas que contribuem para a harmonia e no crescimento de nossa comunhão conjunta (Romanos 14.19; ch).

Uma pergunta para meditar: O que estou fazendo pesso­almente para proteger a unidade em minha família ecle­siástica neste exato momento?

Propósito n.° 3

VOCÊ FOI CRIADO PARA SE TORNAR SEMELHANTE A CRISTO


Deixem que as raízes de vocês se aprofundem nele e extraiam dele a nutrição. Cuidem de continuar a crescer no Senhor, e tornem-se fortes e vigorosos na verdade. E que a vida de vocês transborde de alegria e gratidão por tudo quanto Ele tem feito.
Colossenses 2.7; bv

Dia 22 Criado para se tornar semelhante a Cristo

Deus já sabia o que ele faria desde o início. Ele decidiu desde o princípio moldar a vida daqueles que o amam com os mesmos parâmetros da vida de seu Filho [...] Nele, vemos a forma original planejada para nossa vida.
Romanos 8.29; Msg

Olhamos para o seu Filho, e vemos o verdadeiro propósito de Deus em tudo que foi criado.
Colossenses 1.15; Msg
Você foi criado para se tornar semelhante a Cristo.

Desde o princípio, o plano de Deus tem sido fazê-lo à semelhança de seu Filho, Jesus. Esse é o seu destino e o terceiro propósito para sua vida. Deus anunciou sua intenção na criação: Então disse Deus: Façamos o homem a nossa imagem, conforme a nossa semelhança.1
Em toda a criação, somente o homem foi feito “à imagem de Deus”. Esse é um grande privilégio, que nos honra sobremaneira. Não sabe­mos tudo que essa frase abrange, mas conhecemos alguns dos aspec­tos que ela inclui: tal como Deus, somos seres espirituais — nosso espírito é imortal e sobreviverá ao nosso corpo terreno; somos inteli­gentes — podemos pensar, ponderar e solucionar problemas; como Deus, nós nos relacionamos — podemos dar e receber amor verdadei­ro e somos dotados de consciência moral — podemos discernir entre o certo e o errado, o que nos torna responsáveis diante de Deus.
A Bíblia diz que todas as pessoas, e não apenas os crentes, detêm parte da imagem de Deus; esse é o motivo pelo qual o assassinato e o aborto são errados.2 Mas a imagem está incompleta, tendo sido danificada e distorcida pelo pecado. Então Deus enviou Jesus para restaurar a plena imagem que havíamos perdido.
Com o que se parece a plena “imagem e semelhança” de Deus? Ela se parece com Jesus Cristo! A Bíblia diz que Jesus é a imagem de Deus, a imagem do Deus invisível e a expressão exata do seu ser.3
As pessoas usam freqüentemente a expressão “Tal pai, tal fi­lho”, para se referir à semelhança familiar. Quando as pessoas vêem minha imagem em meus filhos, isso me agrada. Deus também quer que seus filhos tenham sua imagem e semelhança. A Bíblia diz: [Você foi] criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade.4 Deixe-me ser absolutamente claro: você jamais se tornará igual a Deus, ou mesmo a um deus. Essa mentira arrogante é a mais antiga tentação de Satanás. Satanás prometeu a Adão e Eva que, se seguis­sem seu conselho, seriam como Deus.5 Muitas religiões e filosofias da Nova Era ainda promovem esta velha mentira: que somos divinos ou que podemos nos tornar deuses.
O desejo de ser um deus manifesta-se todas as vezes que tenta­mos controlar nossas circunstâncias, nosso futuro e as pessoas ao redor. Mas como criaturas jamais seremos o Criador. Deus não quer que você se torne um deus; ele quer que você se torne santo — que assuma valores, atitudes e caráter próprios dele. A Bíblia diz: Bus­quem uma maneira completamente nova de viver — uma vida mol­dada por Deus, uma vida renovada no interior e que se demonstre na conduta de vocês, à medida que Deus reproduz detalhadamente o caráter dele em vocês.6
O supremo objetivo de Deus para sua vida na terra não é o confor­to, mas o desenvolvimento de seu caráter. Ele quer que você cresça espiritualmente e se torne semelhante a Cristo. Tornar-se semelhante a Cristo não significa perder a perso­nalidade ou se tornar um clone autô­mato. Deus criou em você um caráter único; logo, logicamente não quer des­truí-lo. O cristianismo ocupa-se da transformação do caráter, não da per­sonalidade.
Deus quer que você desenvolva o tipo de caráter descrito nas bem-aventuranças de Jesus,7 nos frutos do Espírito,8 no grande capítulo de Paulo sobre o amor9 e na lista de Pedro das características de uma vida produtiva e eficiente.10 Toda vez que esquece que o caráter é um dos propósitos de Deus para sua vida, você se torna frustrado pela situação que o cerca. Você pensa consigo mesmo: “Por que isso está acontecendo comigo? Por que estou passando por momentos tão difí­ceis?”. A resposta é que a vida deve ser difícil! É isso que nos possibi­lita crescer. Lembre-se de que a terra não é o céu!
Muitos cristãos interpretam erroneamente a promessa de Jesus de vida em abundância,11 como se fosse saúde perfeita, estilo de vida confortável, felicidade constante, plena realização dos sonhos e o alívio instantâneo dos problemas por meio da fé e da oração. Em poucas palavras, esperam que a vida cristã seja fácil; esperam que o céu seja na terra.
Essa perspectiva voltada para si mesmo trata Deus como se fosse o gênio da lâmpada, que existe tão-somente para nos servir em nos­sa busca egoísta de realização pessoal. Mas Deus não é nosso criado, e, caso nos deixemos levar pela idéia de que a vida deve ser fácil, ou ficaremos grandemente desa­pontados, ou viveremos nos recusando a acei­tar a realidade.
Nunca se esqueça de que a vida não gira em torno de você! Você existe para os propósi­tos de Deus, e não o contrário. Por que Deus lhe proporciona um céu sobre a terra, quando ele já planejou o verdadeiro céu para você na eternidade? Deus nos dá o nosso tempo na ter­ra para construirmos e fortalecermos nosso cará­ter para o céu.

A obra do Espírito Santo de Deus em você

É tarefa do Espírito Santo produzir um caráter semelhante ao de Cristo em você. A Bíblia diz: Conforme o Espírito do Senhor opera em nós, tornamo-nos mais e mais como ele e refletimos sua glória cada vez mais.12 O processo de transformação pelo qual nos tornarmos mais semelhantes a Jesus é chamado santificação; e esse é o terceiro propósito de sua vida sobre a terra.
Você não pode reproduzir o caráter de Jesus por seus próprios esforços. Decisões de Ano Novo, força de vontade e as melhores in­tenções não são suficientes. Somente o Espírito Santo tem o poder de realizar as transformações que Deus deseja para nossa vida. A Bíblia diz: Deus está operando em vocês, dando-lhes o desejo de obedecê-lo e o poder para fazer o que lhe agrada.13
Mencione “o poder do Espírito Santo”, e muitas pessoas imagi­nam manifestações miraculosas e emoções intensas. Mas na maioria das vezes o poder do Espírito Santo é liberado na sua vida de manei­ra tranqüila e despretensiosa, de modo que você nem se dá conta, nem tem nenhuma sensação. Ele freqüentemente nos toca com uma brisa suave.14
As características de Cristo não são produzidas por imitação, mas por habitação. Nós permitimos que Cristo viva através de nós. Pois este é o segredo: Cristo vive em vós.15 E como isso acontece na vida real? Pelas escolhas que fazemos. Nós escolhemos fazer a coisa certa nas diversas situações de nossa vida e confiamos no Espírito Santo de Deus para nos dar força, amor, fé e sabedoria para fazê-la. Uma vez que o Espírito de Deus vive dentro de nós, essas coisas estão sempre à disposição quando pedidas.

Devemos cooperar com o trabalho do Espírito Santo. Por toda a Bíblia vemos uma importante verdade ilustrada repetidamente: o Espírito Santo libera poder no momento em que você dá um passo de fé. Quando Josué se defrontou com um obstáculo intransponível, as águas transbordantes do rio Jordão recuaram somente depois que os líderes pisaram na água corrente em obediên­cia e fé.16 A obediência libera o poder de Deus.
Deus espera que você aja primeiro. Não espere sentir-se poderoso ou confiante. Siga adiante na sua fraqueza, fazendo a coisa certa a despeito de seus medos e sentimentos. É assim que você coopera com o Espírito Santo, e essa é a forma que seu caráter se desenvolve.
A Bíblia compara o crescimento espiritual a uma semente, a uma edificação e a uma criança em crescimento. Cada metáfora exige uma participação ativa: sementes devem ser plantadas e cuidadas, edificações devem ser construídas — elas não aparecem simples­mente — e crianças devem comer e se exercitar para crescer.
Embora esforço não tenha nada que ver com salvação, está relaci­onado com o crescimento espiritual. Pelo menos em oito ocasiões no Novo Testamento recebemos a ordem de nos esforçarmos17 em nosso crescimento, até nos tornarmos semelhantes a Jesus. Você não fica apenas por ali, à espera de que isso aconteça.
Paulo explica em Efésios 4.22-24 os três deveres para nos tornar­mos semelhantes a Cristo. Em primeiro lugar, devemos abandonar nossa antiga maneira de agir: Tudo [...] referente àquela antiga for­ma de viver tem de ir embora. Está completamente corrompida. Li­vrem-se dela!18
Em segundo lugar, devemos mudar nossa forma de pensar: Deixe que o Espírito transforme sua maneira de pensar.19 A Bíblia diz que somos “transformados” pela renovação de nossa mente.20 A palavra grega para transformado, metamorphosis (usada em Romanos 12.2 e 2 Coríntios 3.18), é usada atualmente para descrever a fantástica transformação sofrida pela lagarta ao se tornar borboleta. É uma bela descrição do que acontece espiritualmente conosco quando permiti­mos que Deus dirija nossos pensamen­tos: somos transformados de dentro para fora, tornando-nos mais belos e sendo liberados para vôos mais altos.
Em terceiro lugar, precisamos “ad­quirir” o caráter de Cristo ao desen­volver hábitos novos e dignos de Deus. O caráter é basicamente a soma dos hábitos; é como você habitualmente age. A Bíblia diz: ... revestir-se do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade.21

Deus usa sua Palavra, as pessoas e as circunstâncias para moldar você. Os três fatores são indispensáveis para o desenvolvi­mento do caráter. A Palavra de Deus supre a verdade que precisa­mos para crescer, os filhos de Deus suprem o apoio que precisamos para crescer e as circunstâncias suprem o ambiente que precisamos para pôr em prática as características de Cristo. Se você estudar e aplicar a Palavra de Deus, se reunir regularmente com outros crentes e aprender a confiar em Deus nos momentos difíceis, garanto que você se tornará mais parecido com Jesus. Veremos cada um desses ingredientes para crescimento nos capítulos a seguir.
Muitas pessoas presumem que tudo de que necessitam para cres­cer espiritualmente é estudo bíblico e oração. Mas algumas questões da vida nunca serão transformadas somente por estudo bíblico e oração. Deus usa as pessoas. Ele normalmente prefere operar por meio de pessoas a realizar milagres, de forma que dependemos uns dos outros para alcançar comunhão. Ele quer que cresçamos juntos.
Em muitas religiões, as pessoas consideradas mais santas e ma­duras espiritualmente são as que se isolam das outras em monastérios no topo de montanhas, afastadas do pernicioso contato com outras pessoas. Mas esse é um mal-entendido grosseiro. A maturida­de espiritual não é uma busca individual e solitária! Você não pode crescer à semelhança de Cristo em isolamento. Você deve ter pessoas à volta e interagir com elas. Precisa fazer parte de uma igreja e uma comunidade. Por quê? Porque a verdadeira maturidade espiritual diz respeito a aprender a amar como Jesus amou, e você não pode ser semelhante a Jesus na prática sem que haja relacionamento com outras pessoas. Lembre-se: está tudo em torno do amor — amar a Deus e amar os outros.

Tornar-se semelhante a Cristo é um lento e longo processo de crescimento. A maturidade espiritual não é instantânea nem auto­mática; é um desenvolvimento que durará o resto de sua vida. A respeito desse processo, Paulo disse: Isso irá continuar até que seja­mos maduros como Cristo é, e seremos iguais a ele.22
Você é um trabalho em execução. Sua transformação espiritual, no que se refere a desenvolver o caráter de Jesus, durará o resto de sua vida, e mesmo assim não será completada aqui na terra. Ela só estará terminada quando você for para o céu ou quando Jesus vol­tar. Naquele momento, qualquer componente não-resolvido em seu caráter será posto no mesmo pacote. A Bíblia diz que quando final­mente formos capazes de ver a Jesus em perfeição, nos tornaremos perfeitos como ele: Não podemos sequer imaginar como seremos quando Cristo voltar. Porém sabemos que, quando ele aparecer, sere­mos semelhantes a ele, pois o veremos como realmente é.23
Grande parte das confusões na vida cristã tem origem no desco­nhecimento da simples verdade de que Deus está muito mais inte­ressado em edificar seu caráter do que em qualquer outra coisa. Preocupamo-nos quando Deus parece silencioso a respeito de deter­minados assuntos, como: “Qual carreira eu deveria escolher?”. A ver­dade é que existem muitas carreiras diferentes, que poderiam estar de acordo com a vontade de Deus para sua vida. O que mais importa para Deus é que, seja qual for sua escolha, você a desempenhe com a postura de Cristo.24
Deus está muito mais interessado em quem você é do que no que você faz. Nós somos seres humanos e não fazeres humanos. Deus se preocupa muito mais com seu caráter do que com sua carreira, porque você levará o caráter para a eternidade, mas não a carreira.
A Bíblia adverte: Não se tornem tão bem ajustados à sua cultura, à qual vocês se moldam mesmo sem pensar. Em vez disso, fixem sua atenção em Deus. Vocês serão transformados de dentro para fora [...] Ao contrário da cultura que está ao seu redor, sempre conduzindo vocês para baixo, para o nível de imaturidade, Deus produz o me­lhor em vocês e desenvolve em vocês uma maturidade bem formada.25 É preciso que você tome uma decisão contra a sua formação cultural, para se concentrar em se tornar mais semelhante a Jesus. Caso contrário, outras forças, como amigos, pais, colegas de traba­lho e a cultura estabelecida, tentarão moldá-lo à própria imagem.
Lamentavelmente, um rápido exame em livros cristãos populares revela que muitos crentes abandonaram o modo de vida em razão dos grandes propósitos de Deus e contentaram-se com a estabilida­de emocional e a realização pessoal. Isso é narcisismo, e não discipulado. Jesus não morreu naquela cruz apenas para que pudésse­mos levar vidas equilibradas e confortáveis. O seu propósito é muito mais profundo: ele quer nos tornar como ele, antes de nos levar para o céu. Esse é nosso grande privilégio, nossa responsabilidade direta e nosso destino final.

Vigésimo Segundo Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: Fui criado para me tornar seme­lhante a Cristo.

Um versículo para memorizar: Conforme o Espírito do Senhor trabalha em nós, tornamo-nos mais e mais como ele e refletimos ainda mais a sua glória (2Coríntios 3.18; nlt).

Uma pergunta para meditar: No dia de hoje, em qual área de minha vida preciso rogar pela operação do Espí­rito Santo para me tornar mais semelhante a Cristo?

Dia 23 Como crescemos

Deus quer que cresçamos [...] em tudo como Cristo. Efésios 4.15; Msg

O propósito disposto para nós não é que continuemos como crianças.
Efésios 4.14; ch
Deus quer que você cresça.

O objetivo do Pai celestial é que você amadureça e desenvolva as características de Jesus Cristo. Lamentavelmente, milhões de cris­tãos envelhecem, mas nunca crescem. Emperram numa perpétua in­fância espiritual, permanecendo de fraldas e sapatinhos de crochê. O motivo é que nunca pretenderam crescer.
Crescimento espiritual não é algo automático. É necessário que haja um compromisso voluntário. Você deve querer crescer, decidir crescer, fazer um esforço para crescer e persistir em crescer. O discipulado — o processo de se tornar semelhante a Cristo — sem­pre começa com uma decisão. Jesus nos chama, e nós respondemos: “Venha, seja meu discípulo”, Jesus lhe disse. Então Mateus levan­tou-se e o seguiu.1
Quando os primeiros discípulos escolheram seguir a Jesus, não compreendiam todas as implicações da decisão que haviam toma­do. Simplesmente atenderam ao convite de Jesus. Isso é tudo de que você precisa para começar: decidir tornar-se um discípulo.
Nada molda mais sua vida que os compromissos que você esco­lhe fazer. Seus compromissos podem desenvolvê-lo ou destruí-lo, mas de qualquer forma serão determinantes para você. Diga-me com o que você está comprometido, e eu lhe direi aonde você estará em vinte anos. Tornamo-nos aquilo com que estamos comprometidos.
É nesse estágio do comprometimento que a maioria das pessoas perde o propósito de Deus para a vida delas. Muitos têm medo de se comprometer com qualquer coisa e simplesmente ficam vagando pela vida. Outros assumem compromissos superficiais, com valores conflitantes, o que leva à frustração e à mediocridade. Outros se comprometem inteiramente com objetivos seculares, como enriquecer ou ficar famoso, e acabam desapontados e amargos. Toda escolha tem conseqüências eternas; logo, é me­lhor que você escolha sabiamente. Pedro adverte: E assim, já que tudo ao nosso redor se derreterá, que vidas santas e piedosas nós devemos viver!2

A parte de Deus e a sua parte. Tor­nar-se semelhante a Cristo é o resulta­do de fazer escolhas em conformidade com ele, dependendo de seu Espírito para ajudá-lo a consumar essas escolhas. Uma vez que tenha decidido seriamente se tornar semelhante a Cristo, você deve começar a agir de maneira diferente. Você precisará se livrar de alguns proce­dimentos antigos, desenvolver novos hábitos e intencionalmente mu­dar sua forma de pensar. Esteja certo de que o Espírito Santo o ajudará nessas mudanças. A Bíblia diz: Ponham em ação a salvação de vocês com temor e tremor, pois é Deus quem efetua em vocês tanto o querer quanto o realizar, de acordo com a boa vontade dele?
Esse versículo mostra as duas partes do crescimento espiritual: ponham em ação e efetua em vocês. O ponham em ação é o nosso dever, e o efetua em vocês é o papel de Deus. Crescimento espiritual é um esforço de cooperação entre você e o Espírito Santo. O Espírito de Deus trabalha conosco, e não apenas em nós.
Esse versículo, direcionado aos crentes, não é sobre como ser sal­vo, mas sobre como crescer. Não trata de trabalhar pela salvação, porque você não pode somar nada ao que Jesus já realizou. Quando “põe em ação” seu corpo, você se exercita para desenvolvê-lo, não para conseguir um corpo.
Quando “põe em ação” sua mente, para resolver um quebra-cabe­ça, você já possui todas as peças — sua tarefa é juntá-las. Fazendei­ros trabalham a terra não para a obter, mas para desenvolver o que já possuem. Deus lhe deu uma nova vida; agora você é responsável por desenvolvê-la “com temor e tremor”. Isso significa levar seu cres­cimento espiritual a sério! Quando as pessoas são desleixadas com seu crescimento espiritual, isso demonstra que não compreendem as implicações eternas (como vimos nos capítulos 4 e 5).

Alterando seu piloto automático. Para mudar sua vida, você deve mudar sua forma de pensar. Por trás de tudo que você faz, há um pensamento. Todo comportamento é motivado por uma crença, e toda ação é estimulada por uma atitude. Deus revelou isso milhares de anos antes de os psicólogos terem essa compreensão: Tenha cui­dado com o que você pensa, pois a sua vida é dirigida pelos seus pensamentos.4
Imagine-se viajando em uma lancha, em um lago, com um piloto automático ajustado para o Leste. Se você decidir dar a volta e rumar para Oeste, haverá duas formas possíveis de mudar a direção do barco. Uma forma é agarrar a roda do leme e forçá-la fisicamente a rumar para o lado oposto do ajuste do piloto automático. Com pura e simples força de vontade, você poderia vencer o piloto automático, mas sentiria constantemente uma resistência. Seus braços acabari­am por se cansar do esforço, você soltaria a roda do leme e a lancha instantaneamente voltaria a rumar para o leste, da forma em que estava programada.
É isso que acontece quando você tenta mudar sua vida com força de vontade. Você diz: “Vou me forçar para comer menos [...] fazer mais exercícios [...] deixar de me atrasar e de ser desorganizado”. Sim, a força de vontade pode produzir mudanças em curto prazo, mas cria uma pressão interna constante, porque você não lidou com a causa básica. A mudança não é natural, então você acaba por desistir, sai da dieta e deixa de se exercitar. Você rapidamente retorna aos padrões anteriores.
Há uma forma melhor e mais rápida: altere o ajuste do piloto automático — sua forma de pensar. A Bíblia diz: Deixem que Deus os transforme em nova pessoa, mudan­do a maneira de vocês pensarem.5 Seu primeiro passo em direção ao cresci­mento espiritual é começar a mudar sua forma de pensar. Toda mudança deve sempre ocorrer primeiro em sua mente. Sua forma de pensar determi­na sua forma de sentir, e o que você sente influencia sua forma de agir. Paulo disse: Deve haver uma renovação espiritual de seus pensamentos e atitudes.6
Para ser semelhante a Cristo, você deve desenvolver a mente de Cristo. O Novo Testamento chama esse desvio mental de arrependi­mento, que em grego quer dizer literalmente “mudar de idéia”. Você se arrepende sempre que muda sua maneira de pensar, ao adotar a forma de Deus pensar — sobre si mesmo, sobre o pecado, sobre Deus, sobre as outras pessoas, sobre a vida, sobre seu futuro e sobre tudo mais. Você assume a perspectiva e o enfoque de Cristo.
Recebemos a seguinte ordem: Tenham entre vocês o mesmo modo de pensar que Cristo Jesus tinha.7 Isso se divide em duas partes. A primeira metade dessa alteração men­tal é parar de ter pensamentos imaturos, os quais são egocêntricos e egoístas. A Bíblia diz: Deixem de pensar como crianças. Com respeito ao mal, sejam crianças; mas, quanto ao modo de pensar, sejam adultos.8 Os bebês são por natureza completamente egoístas. Eles só pensam em si mes­mos e em suas necessidades. São incapazes de dar; só conseguem receber. Isso é uma forma imatura de pensar. Infelizmente, muitas pessoas nunca crescem além desse tipo de pensamento. A Bíblia diz que o pensamento egoísta é a fonte do comportamento pecaminoso: Os que vivem segundo o próprio ego pecaminoso só pensam nas coisas que seu ego pecaminoso deseja.9
A segunda parte da mudança que leva a pensar como Jesus é começar a ter pensamentos maduros, os quais se concentram nos outros, e não em você mesmo. Em seu grande capítulo sobre o que é o verdadeiro amor, Paulo concluiu que pensar nos outros é a marca da maturidade: Quando eu era menino, falava como menino, pensa­va como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei ho­mem, deixei para trás as coisas de menino.10
Hoje, muitas pessoas presumem que a maturidade espiritual é medida pela quantidade de informação bíblica e de doutrinas que conhecem. Embora conhecimento seja uma das dimensões da matu­ridade, isso não é toda a história. A vida cristã é muito mais do que credos e convicções; ela inclui conduta e caráter. Nossos atos devem ser coerentes com nossa fé, e nossas crenças devem ser respaldadas por um comportamento cristão.
O cristianismo não é uma religião ou uma filosofia, mas um relaci­onamento e um estilo de vida. A essência desse estilo de vida, como Jesus disse, é pensar nos outros, e não em nós mesmos. A Bíblia diz: Devemos pensar no bem deles e tentar ajudá-los, fazendo coisas que agradam a eles. Nem mesmo Cristo tentou agradar a si mesmo.11
Pensar nos outros é o cerne de se tornar semelhante a Cristo, e a melhor evidência de crescimento espiritual. Esse tipo de pensamento não é natural, é contra-cultural, raro e árduo. Felizmente, temos aju­da: Deus nos deu o seu Espírito. Por isso não pensamos da mesma forma que as pessoas deste mundo.12 Alguns capítulos adiante, ve­remos as ferramentas que o Espírito Santo usa para nos ajudar a crescer.

Vigésimo Terceiro Dia
Pensando sobre meu propósito

Um item para reflexão: Nunca é muito tarde para come­çar a crescer.

Um versículo para memorizar: Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os trans­forme por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a ele (Romanos 1.2.2;  ntlh).

Uma questão para meditar: Em que área preciso parar de pensar do meu jeito e começar a pensar do jeito de Deus?

Dia 24 Transformado pela verdade

As pessoas precisam mais que de pão para a sua vida; elas precisam alimentar-se de cada palava de Deus.
Mateus 4.4; nlt

A palavra graciosa de Deus pode fazer de vocês o que ele quer que vocês sejam e dar-lhes tudo o que vocês venham a necessitar.
Atos 20.32; Msg
A verdade nos transforma.

O crescimento espiritual é o processo no qual substituímos as mentiras pelas verdades. Jesus orou: Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.1 Santificação exige revelação. O Espírito de Deus usa a Palavra de Deus para nos tornar semelhantes ao Filho de Deus. Para nos tornar semelhantes a Jesus, devemos preencher nossa vida com a sua Palavra. A Bíblia diz: Por meio da Palavra, somos unidos e moldados para as tarefas que Deus tem para nós.2
A Palavra de Deus é diferente de qualquer outra palavra. Ela é viva.3 Jesus disse: As palavras que eu lhes disse são espírito e vida.4 Quando Deus fala, as coisas mudam. Tudo ao seu redor — toda a Criação — existe porque disse Deus. Foi pelas suas palavras que tudo veio a existir. Sem elas, você nem estaria vivo. Tiago observa: Deus decidiu nos dar vida pela palavra da verdade, de modo que sejamos a mais importante de todas as coisas que ele fez.5
A Bíblia é muito mais do que um manual de doutrinas. A Palavra de Deus gera a vida, cria a fé, produz mudanças, afugenta o Diabo, realiza milagres, cura feridas, edifica o caráter, transforma as cir­cunstâncias, transmite alegria, supera a adversidade, derrota a ten­tação, infunde esperança, libera poder, limpa nossas mentes, cria as coisas e nos garante o futuro eterno! Não podemos viver sem a Pala­vra de Deus! Nunca subestime o valor dela. Você deve considerá-la tão essencial para sua vida como a comida. Jó disse: Dei mais valor às palavras de sua boca do que ao meu pão de cada dia.6
A Palavra de Deus é o alimento espiritual do qual você tem de se alimentar, para cumprir seu propósito. A Bíblia é chamada de nosso leite, pão, comida sólida e doce sobremesa.7 Essa refeição completa é o menu do Espírito Santo para o fortalecimento e crescimento espiri­tual. Pedro nos aconselha: ... desejem de coração o leite espiritual puro, para que por meio dele cresçam para a salvação.8

Permanecendo na Palavra de Deus

Existem mais Bíblias impressas hoje em dia do que jamais houve no passado, mas de nada vale uma Bíblia na estante. Milhões de crentes são assolados pela anorexia espiritual, morrendo de fome com a alma subnu­trida. Para ser um saudável discípulo de Jesus, alimentar-se da Palavra de Deus deve ser a primeira prioridade. Je­sus chamou isso de “permanecer”. Ele disse: Se vocês permanecerem firmes na minha palavra, verdadeiramente serão meus discípulos.9 Na vida coti­diana, permanecer na Palavra de Deus inclui três atividades:

Devo aceitar sua autoridade. A Bíblia deve se tornar o critério definitivo para minha vida: a bússola na qual confio para saber a direção, o conselho a que dou ouvidos para tomar decisões sábias, e o parâmetro que utilizo para avaliar todas as coisas. A Bíblia deve sempre ter a primeira e a última palavra em minha vida.
Muitos de nossos problemas ocorrem porque baseamos nossas es­colhas em critérios duvidosos: cultura (“Todos estão fazendo isso”), tradição (“Sempre fizemos isso”), razão (“Isso pareceu lógico”) ou emo­ção (“Pareceu-me a coisa certa”). Todos esses critérios foram corrompi­dos pela entrada do pecado neste mundo. O que precisamos é de um critério perfeito, que nunca nos leve na direção errada. Somente a Palavra de Deus supre essa necessidade. Salomão nos lembra que cada Palavra de Deus é comprovadamente pura,10 e Paulo explica que Tudo nas Escrituras é Palavra de Deus. Tudo é útil para ensinar e ajudar as pessoas e para corrigi-las e mostrar-lhes como viver.11
Nos primeiros anos de seu ministério, Billy Granam atravessou um período em que lutava com suas dúvidas sobre a precisão e a autoridade da Bíblia. Em uma noite enluarada, ele caiu de joelhos e disse a Deus que, a despeito das passagens confusas que ele não compreendia, daquele ponto em diante ele confiaria completamente na Bíblia como a única autoridade para sua vida e ministério. Da­quele dia em diante, a vida de Billy Granam foi abençoada com ex­traordinário poder e eficácia.
A decisão mais importante que você pode tomar hoje é definir o critério definitivo para sua vida. Decida que, independentemente de cultura, tradição, razão ou emoção, você escolhe a Bíblia como auto­ridade definitiva em sua vida. Estabeleça que antes de tudo você vai perguntar “O que a Bíblia diz a respeito?”, e depois tome sua deci­são. Determine que, quando Deus mandar fazer alguma coisa, você confiará em sua Palavra e seguirá em frente, quer faça sentido para você, quer não, e independentemente de sua vontade. Adote a decla­ração de Paulo como sua afirmação de fé pessoal: Creio em tudo o que concorda com a Lei e no que está escrito nos Profetas.12

Devo assimilar sua verdade. Não basta acreditar na Bíblia; devo preencher minha mente com ela, de forma que o Espírito Santo possa me transformar com a verdade. Existem cinco maneiras de fazer isso: você pode recebê-la, lê-la, pesquisá-la, relembrá-la e refletir sobre ela.
Primeira: você recebe a Palavra de Deus quando a ouve e aceita com uma postura aberta e receptiva. A parábola do semeador ilustra como nossa receptividade determina se a Palavra de Deus irá ou não criar raízes em nossa vida e dar frutos. Jesus identifica três atitudes de repúdio — mente fechada (à beira do caminho), mente superficial (solo pedregoso) e mente distraída (entre os espinhos) —, e então diz: Considerem atentamente como vocês estão ouvindo.13
Toda vez que sentir que não está aprendendo nada com o sermão ou com um professor de Bíblia, você deve verificar sua disposição interior, especialmente em relação ao orgulho. Deus pode falar até mesmo por meio do professor mais enfadonho quando você é humil­de e receptivo. Tiago aconselha: Em um espírito humilde (gentil, modes­to), recebam de bom grado a palavra que, implantada e arraigada no co­ração, tem o poder de salvara alma.14
Segunda: por mais de dois mil anos na história da igreja, somente os sa­cerdotes podiam lera Bíblia pessoalmente, mas agora milhões têm acesso a ela. Apesar disso, muitos crentes são mais dedicados à leitura do jornal diário do que à leitura da Bíblia. Não é de admirar que não cresçamos. Não podemos assistir a televisão por três horas, ler a Bíblia três minutos e esperar crescer.
Muitos que afirmam crer na Bíblia “de capa a capa” jamais a leram de uma capa a outra. Mas, se você separar quinze minutos de seu dia para a leitura da Bíblia, a lerá inteiramente uma vez por ano. Se você cortar um programa diário de televisão que dure trinta mi­nutos e ler a Bíblia no lugar, lerá a Bíblia inteira duas vezes por ano. A leitura diária da Bíblia o manterá ao alcance da voz de Deus. Foi por isso que Deus orientou o rei de Israel a sempre manter por perto uma cópia de sua Palavra: Trará sempre essa cópia consigo e terá de lê-la todos os dias da sua vida.15 Mas não se limite a mantê-la perto de você; leia a Bíblia regularmente! Uma ferramenta simples mas de grande auxílio é um plano de leitura diária da Bíblia. Evitará que você fique saltando de uma parte para outra, negligenciando uma ou outra. Se você tiver interesse em uma cópia de meu plano de leitura bíblica pessoal, veja o “Apêndice 2”.
Terceira: pesquisar e ou estudar — a Bíblia — é outra forma prá­tica de permanecer na Palavra de Deus. A diferença entre ler e estu­dar a Bíblia está em dois exercícios que se adicionam ao da simples leitura: fazer perguntas sobre o texto e anotar suas impressões. Você não estudou realmente a Bíblia, se não escreveu seus pensamentos no papel ou no computador.
O espaço não me permite explicar os diferentes métodos de estudo bíblico. Estão disponíveis muitos livros proveitosos sobre o estudo da Bíblia, incluindo um que escrevi há mais de vinte anos.16 O segredo de um bom estudo bíblico consiste simplesmente em aprender a fazer as perguntas certas. Métodos diferentes usam perguntas diferentes. Você descobrirá muito mais se parar e fizer perguntas simples como “Quem?”, “O quê?”, “Quando?”, “Onde?”, “Por quê?” e “Como?”. A Bíblia diz: Verdadeiramente as pessoas felizes são as que cuidadosamente estudam a per­feita lei de Deus, a qual torna as pessoas livres, e continuam a estudá-la. Elas não esquecem o que ouvem, mas obedecem ao que o ensino de Deus diz: os que fazem isso serão felizes.17
A quarta maneira de permanecer na Palavra de Deus é relembrá-la. A capacidade de lembrar é dom de  Deus. Você pode pensar que tem memória fraca, mas a verdade é que há milhões de idéias, verdades, fatos e imagens memorizados. Você lembra o que é importante para você. Se a Palavra de Deus é importante, você usará seu tempo para relembrá-la.
Existem enormes benefícios na memorização de versículos bíbli­cos. Eles o ajudam a resistir à tentação, decidir sabiamente, diminuir a pressão, ganhar confiança, dar bons conselhos e partilhar sua fé com os outros.18
Sua memória é como um músculo. Quanto mais você a usa, mais forte ela se torna, e memorizar as Escrituras ficará mais fácil. Você deve começar selecionando uns poucos versículos bíblicos deste li­vro que o sensibilizaram, escrevendo-os em um pequeno cartão que possa ser levado consigo. Então releia em voz alta durante o dia. Você pode memorizar as Escrituras em qualquer lugar: enquanto trabalha, se exercita, dirige, espera ou na hora de dormir. Os três segredos para a memorização das Escrituras são: relembrar, relembrar e relembrar! A Bíblia diz: Lembrem-se do que Cristo ensinou e que as suas palavras enriqueçam a vida de vocês e os tornem sábios.19
A quinta maneira de permanecer na Palavra de Deus é refletir sobre ela, o que a Bíblia chama de “meditação”. Para muitos, a idéia de meditar evoca imagens de alguém esvaziando a mente e deixando-a vaguear. Isso é exatamente o opos­to da meditação bíblica. Meditação é pensamento con­centrado. É necessário esforço verdadeiro. Você escolhe um versículo e reflete sobre ele repetidamente.
Como já foi dito no capítulo 11, se você sabe se preocupar, já sabe meditar. Preocupação é o pensamento concentrado em algo negati­vo. A meditação é o mesmo, porém voltado para a Palavra de Deus, e não para algum problema.
Não há outro hábito que seja tão eficaz na transformação de sua vida ou em torná-lo mais semelhante a Jesus do que a reflexão diá­ria nas Escrituras. À medida que utilizamos nosso tempo para con­templar a verdade de Deus, realmente nos espelhando no exemplo de Cristo, somos segundo a sua imagem [...] transformados com gló­ria cada vez maior.20
Se você pesquisar todas as vezes que Deus fala sobre meditação na Bíblia, ficará maravilhado com os benefícios que ele prometeu aos que parassem para refletir na sua Palavra durante o dia. Um dos motivos pelos quais Deus chamou Davi homem segundo o meu coração21 é que Davi adorava refletir na Palavra de Deus. Ele disse: Como eu amo a tua lei! Medito nela o dia inteiro.22 Refletir seriamen­te na verdade de Deus é a chave para ter as orações respondidas e o segredo para uma vida bem-sucedida.23

Devo aplicar seus princípios. Podemos receber, ler, pesquisar, relembrar e refletir na Palavra de Deus; mas tudo será inútil se falharmos em pô-la em prática. Devemos nos tornar praticantes da palavra.24 Esse é o passo mais difícil de todos, porque Satanás com­bate com muita intensidade. Ele não se importa que você freqüente estudos bíblicos, contanto que não faça nada com o que aprendeu. Enganamos a nós mesmos quando presumimos que, apenas por termos ouvido, lido ou estudado a verdade, nós a assimilamos. Na verdade, você pode estar tão ocupado indo para a próxima aula, seminário ou conferência bíblica que não tem tempo de pôr em prá­tica o que aprendeu. Você esquece o que aprendeu a caminho do próximo estudo. Sem o pormos em prática, qualquer estudo bíblico é inútil. Jesus disse: Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as pratica é como um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha.25 Jesus também destacou que as bênçãos de Deus vêm de obedecer à verdade, e não apenas de conhecê-la. Ele disse: Agora que vocês sabem estas coisas, felizes serão se as praticarem.26
Outra razão que nos faz evitar a aplicação pessoal da Palavra de Deus é a possibilidade de isso ser difícil ou mesmo doloroso. A ver­dade irá libertá-lo, mas a princípio pode­rá deixá-lo infeliz! A Palavra de Deus expõe nossas motivações, aponta nossas faltas, repreende nosso pecado e espera que nos transformemos. Faz parte da na­tureza humana resistir a mudanças; en­tão aplicar a Palavra de Deus é uma tarefa difícil. Por isso é tão importante discutir as aplicações pessoais com outras pessoas.
Não há como enfatizar suficientemente o valor de fazer parte de um pequeno grupo de estudo bíblico. Nós sempre aprendemos com a franqueza dos outros o que jamais aprenderíamos por nossa pró­pria conta. Outras pessoas o ajudarão a discernir coisas que você teria deixado passar e a aplicar a verdade de Deus de forma prática. A melhor forma de tornar-se um “praticante da Palavra” é colocar no papel uma atitude efetiva resultante da leitura, estudo ou refle­xão sobre a Palavra de Deus. Desenvolva o hábito de anotar de for­ma precisa o que você pretende fazer. Essa atitude efetiva deverá ser pessoal (envolvendo você), prática (algo que você possa fazer) e verificável (com um prazo final para ser feita). Toda aplicação deve envolver ou seu relacionamento com Deus, ou seu relacionamento com os outros, ou seu caráter pessoal.
Antes de ler o próximo capítulo, passe algum tempo pensando sobre esta questão: “O que Deus já falou para você fazer por meio de sua Palavra que você ainda não começou?”. Então escreva algumas instruções práticas que o ajudarão a agir no que você já estabeleceu. Você pode contar a um amigo para que ele possa acompanhá-lo. Como D. L. Moody disse: “A Bíblia não nos foi dada para aumentar nosso conhecimento, mas para mudar nossa vida”.

Vigésimo Quarto Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: A verdade me transforma.

Um versículo para memorizar: Se vocês permanecerem firmes na minha palavra, verdadeiramente serão meus discípulos. E conhecerão a verdade, e a verdade os liber­tará (João 8.31,32; kjv).

Uma pergunta para meditar: O que Deus já me disse na sua Palavra que ainda não comecei a fazer?

Dia 25 Transformado pela provação

... pois os nossos sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para nós uma glória eterna que pesa mais do que todos eles.
2 Coríntios 4.17; nvi

É o fogo do sofrimento que produz o ouro da santidade.
Madame Guyon
Deus tem um propósito por trás de cada problema.

Ele usa as circunstâncias para desenvolver nosso caráter. Na ver­dade, ele se utiliza mais das circunstâncias para nos tornar seme­lhantes a Jesus do que da nossa leitura da Bíblia. A razão é óbvia: você se defronta com as circunstâncias da vida 24 horas por dia.
Jesus nos alertou dizendo que teríamos problemas no mundo.1 Ninguém está imune à dor ou livre de sofrer; e ninguém tem a opor­tunidade de atravessar a vida sem problemas. A vida é uma série de problemas. Toda vez que você resolve um, tem outro aguardando a vez. Nem todos são grandes, mas todos são importantes para o pro­cesso de crescimento que Deus tem para você. Pedro nos assegura de que problemas são normais: Queridos amigos, não se assustem nem se admirem quando vocês passarem pelas provas ardentes que estão para vir, pois isto não é coisa estranha nem fora do comum que lhes vai acontecer.2
Deus utiliza os problemas para trazê-lo para perto de si. A Bíblia diz: O Senhor está perto dos que têm o coração quebrantado e salva os de espírito abatido.3 Suas mais íntimas e profundas experiências de adoração ocorrerão provavelmente nos dias mais sombrios — quando seu coração estiver partido, você se sentir abandonado, não tiver mais nenhuma opção, a dor for intensa — e você buscar somen­te a Deus. É durante períodos de sofrimento que aprendemos a fazer nossas orações mais sinceras, autênticas e honestas para com Deus. Quando sentimos dor física ou emocional, não temos disposição para orações superficiais.
Joni Eareckson Tada observa: “Quando a vida é um mar de rosas, podemos passar o tempo adquirindo conhecimentos sobre Jesus, imitando-o, citando-o e falando sobre ele. Mas é somente ao sofrer que conheceremos Jesus”. No sofrimento, aprendemos coisas a res­peito de Deus que não podemos aprender de nenhuma outra forma.
Deus podia ter mantido José fora da cadeia,4 Daniel fora da cova dos leões,5 evitado que Jeremias fosse lan­çado em um poço de lama,6 impedido os três naufrágios de Paulo,7 evitado que os três jovens hebreus fossem jogados na fornalha em chamas8 — mas não o fez. Ele deixou que esses problemas ocorressem, e, em decorrência deles, cada um desses homens foi trazido para mais perto de Deus.
Os problemas nos forçam a olhar para Deus e a depender dele em vez de confiar em nós mesmos. Paulo testificou desse benefício: Senti­mos que estávamos condenados à morte e percebemos como éramos fracos demais para socorrermos a nós mesmos; isso, porém, foi bom, porque assim nós colocamos tudo nas mãos de Deus, o único que poderia salvar-nos, pois é capaz até de levantar os mortos.9  Você nun­ca saberá que Deus é tudo o que você precisa até que ele seja tudo o que você tiver. Independentemente da causa, nenhum de seus proble­mas poderia acontecer sem a permissão de Deus. Tudo o que ocorre a um filho de Deus é filtrado por ele, e ele pretende usar tudo isso para o bem, mesmo que Satanás e outros tencionem usar para o mal.
Uma vez que Deus está soberanamente no controle, acidentes são apenas circunstâncias do plano de Deus para você. Como todos os dias de sua vida foram escritos no calendário de Deus antes que você nascesse,10 tudo que acontece com você tem significado espiri­tual. Tudo! Romanos 8.28,29 explica por quê: Sabemos que Deus age em todas as coisas, de modo que trabalhem em conjunto para o bem dos que o amam e são chamados de acordo com o seu propósito. Pois Deus conhecia de antemão as pessoas e as escolheu para se tornarem iguais ao seu Filho.11
Compreendendo Romanos 8.28,29

Essa é uma das passagens bíblicas mais incompreendidas e erronea­mente citadas. Ela não diz: “Deus faz que tudo saia da forma que eu quero”. É lógico que isso não pode ser verdade. Também não diz: “Deus faz que tudo na terra acabe com um final feliz”. Isso também não é verdade. Existem muitos finais infelizes sobre a terra.
Vivemos em um mundo caído. Somente no céu tudo é perfeito, da forma que Deus quer. É por isso que temos de orar: Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu.12 Para compreender inteiramente Romanos 8.28,29, você deve examinar frase por frase:

“Sabemos...” Nossa esperança em tem­pos difíceis não é fundamentada em pen­samentos positivos, em anseios ou em um otimismo natural. É uma certeza que se baseia na verdade de que Deus tem pleno controle do Universo e ama a todos nós.

“... que Deus age...” Há um Grande Projetista por trás de tudo. Nossa vida não é o resultado de um acaso fortuito, destino ou sorte. Existe um plano-mestre. A história pertence a Deus. É Deus quem controla o leme. Nós cometemos erros, mas Deus jamais. Deus não pode cometer um erro — porque ele é Deus.

“... em todas as coisas...” O plano de Deus para nossa vida en­volve tudo que nos acontece — erros, pecados e mágoas. Ele inclui doenças, dívidas, acontecimentos infelizes, divórcio e a morte de pessoas queridas. Deus pode fazer o bem aflorar da pior perversida­de. Ele fez isso no Calvário. Não de forma isolada ou independente­mente; os fatos de sua vida agem em conjunto, conforme o plano de Deus. Não são atos isolados, mas partes interdependentes do pro­cesso que o tornarão semelhante a Cristo. Para fazer um bolo, você utiliza farinha, sal, ovos crus, açúcar e óleo. Comidos isoladamente, cada ingrediente é bastante desagradável ou mesmo amargo. Mas asse-os juntos, e se tornarão deliciosos. Se você der a Deus todas as suas experiências horríveis e desagradáveis, ele as misturará para que se tornem agradáveis.

“... para o bem...” Isso não quer dizer que tudo na vida seja bom. Grande parte do que acontece no nosso mundo é mau e cruel, mas Deus é especialista em extrair o bem de tudo isso. Na genealogia oficial de Jesus Cristo,13 existem quatro mulheres listadas: Tamar, Raabe, Rute e Bate-Seba. Tamar seduziu seu sogro para engra­vidar. Raabe era prostituta. Rute nem mesmo era judia, e infringiu a lei casando com um judeu. Bate-Seba cometeu adultério com Davi, o que acabou causando o assassinato do marido. Não são exata­mente reputações excelentes, mas Deus fez que o bem resultasse do mal, e Jesus veio através dessa linhagem. O propósito de Deus é maior que nossos problemas, nosso sofrimento e até mesmo nossos pecados.

“... daqueles que o amam e são chamados...” Essa promessa é somente para os filhos de Deus, não para todos. Todas as coisas contribuem para o mal daqueles que vivem em oposição a Deus, insistindo em seguir o próprio caminho.

“... de acordo com o seu propósito...” Que propósito é esse? É que sejamos “iguais a seu Filho”. Tudo que Deus deixa acontecer na nos­sa vida é permitido por causa desse propósito!

Edificando um caráter semelhante ao de Cristo

Somos como jóias moldadas com o martelo e o cinzel da adversida­de. Se o martelete do Joalheiro não for forte o suficiente para aparar nossas arestas, ele usará uma marreta. Se formos realmente obstina­dos, ele utilizará uma britadeira. Usará o que for necessário.
Cada problema é uma oportunidade para edificação do caráter, e, quanto mais difícil for, maior será o potencial para o desenvolvimen­to de músculos espirituais e de fibra moral. Paulo disse: ... sabemos que essas dificuldades produzem paciência. E a paciência produz cará­ter.14 O que acontece exteriormente em sua vida não é tão importante quanto o que acontece dentro de você. As circunstâncias da vida são tempo­rárias, mas o caráter durará para sem­pre.
A Bíblia freqüentemente compara as provações ao fogo que refina o me­tal, queimando as impurezas. Pedro disse: Essas dificuldades vêm para provar que sua fé é pura. Essa pureza de fé vale mais que ouro.15 Foi feita a seguinte pergunta a um ourives: “Como você sabe que a prata é pura?”. Ele respondeu: “Quan­do vejo meu reflexo nela”. Quando você é refinado pelas provações, as pessoas podem ver o reflexo de Jesus em você. Tiago disse: Sob pres­são, a sua fé é forçada para fora e verdadeiramente se expõe.16
Visto que Deus tenciona torná-lo semelhante a Jesus, ele o fará passar pelas mesmas experiências que Jesus passou. Isso inclui soli­dão, tentação, pressão, críticas, rejeição e muitos outros problemas. A Bíblia diz que Jesus aprendeu a obedecer por meio dos seus sofri­mentos e foi aperfeiçoado por meio dos seus sofrimentos.17 Por que Deus nos eximiria de passar por aquilo que permitiu que seu próprio Filho passasse? Paulo disse: Enfrentamos exatamente o que Cristo enfrenta. Se enfrentamos tempos difíceis com ele, então certamente enfrentaremos tempos agradáveis com ele!18

Reagindo aos problemas como Jesus reagiria

Os problemas não produzem automaticamente a vontade de Deus. Muitas pessoas se tornam mais amargas em vez de melhorar, e nun­ca crescem. Você tem de reagir da forma que Jesus reagiria.

Lembre-se de que o plano de Deus é bom. Ele sabe o que é me­lhor para você e visa apenas a seu bem. Deus disse a Jeremias: Os planos que tenho para vocês [são] planos de fazê-los prosperar e não de lhes causar dano, planos de dar-lhes esperança e um futuro.19 José compreendeu essa verdade quando, falando aos seus irmãos que o venderam como escra­vo, disse: Vocês planejaram o mal contra mim, mas Deus o tornou em bem.20 Ezequias expressou os mesmos sentimentos em relação à doença que ameaçava tirar sua vida: Foi para o meu benefí­cio que tanto sofri.21 Sempre que Deus disser não ao seu pedido de alívio, lembre-se: Deus está fazendo o que é melhor para nós, treinando-nos para viver o melhor de sua santidade22
É vital que você se mantenha concentrado no plano de Deus, não no seu problema ou sofrimento. Foi assim que Jesus suportou o so­frimento na cruz, e somos exortados a seguir o seu exemplo: Mante­nham o olhar firme em Jesus, nosso líder e orientador23 Corrie ten Boom, que sofreu em um campo de concentração nazista, explicou o poder da concentração: “Se você olhar para o mundo, ficará aflito. Se olhar para si, ficará deprimido. Mas, se olhar para Cristo, ficará des­cansado!”. Seu enfoque determinará seus sentimentos. O segredo da resistência é lembrar-se de que o sofrimento é temporário, mas sua recompensa será eterna. Moisés agüentou uma vida de problemas porque contemplava a sua recompensa24 Paulo suportou as adversidades da mesma forma. Ele disse: Nossas dificuldades são pequenas e não durarão muito — e ainda produzem para nós glória imensurá­vel, que durará para sempre.25
Não se renda a considerações de curto prazo. Mantenha-se con­centrado no resultado final: E, se somos os seus filhos, então parti­ciparemos dos seus tesouros pois tudo quanto Deus dá ao seu Filho Jesus agora é nosso também. Mas, se queremos participar da sua glória, precisamos participar também do seu sofrimento. Contu­do, aquilo que sofremos agora é insignificante, se compararmos com a glória que ele nos dará mais tarde.26

Exulte e agradeça. A Bíblia diz: Dêem graças em todas as cir­cunstâncias, pois esta é a vontade de Deus para vocês em Cristo Jesus.27 Como isso é possível? Repare que Deus nos manda dar gra­ças “em todas as circunstâncias”, e não “por todas as circunstânci­as”. Deus não espera que você seja agradecido pelo mal, pelo peca­do, pelo sofrimento ou por suas conseqüências dolorosas neste mun­do. Em vez disso, Deus quer que você seja grato por ele usar os problemas que o afligem para o cumprimento de seus propósitos.
A Bíblia diz: Alegrem-se sempre no Senhor.28 Ela não diz: “Ale­grem-se no seu sofrimento”. Isso é masoquismo. Você se alegra “no Senhor”. Não importa o que aconteça, você pode se alegrar no amor, na atenção, na sabedoria, no poder e na fidelidade de Deus. Jesus disse: Fiquem cheios de alegria quando isso ocorrer, pois há uma grande recompensa esperando por vocês no céu.29
Nós também podemos nos alegrar ao saber que Deus está passan­do pelo sofrimento junto conosco. Não servimos a um Deus distante e desligado, que se distancia de nós e tenta nos motivar com frases feitas. Ao contrário, ele entra no nosso sofrimento. Jesus fez isso ao encarnar, e hoje é seu Espírito que faz isso em nós. Deus jamais nos deixará por nossa conta.

Recuse-se a desistir. Seja paciente e persistente. A Bíblia diz: Entendam que [os problemas] vêm para lhes testar a fé e gerar em vocês perseverança. Mas deixem que esse processo continue até que a perseverança se desenvolva completamente, e descobrirão que se tornaram homens de caráter maduro, de integridade, sem nenhum ponto fraco.30
A construção do caráter é um processo lento. Sempre que tentamos evitar ou escapar das difi­culdades da vida, invalidamos o processo, atra­samos nosso crescimento e na verdade acaba­mos com um tipo de sofrimento ainda pior — o tipo inútil, que acompanha a negação e a rejeição. Quando você compreende as conse­qüências eternas do desenvolvimento de seu caráter, faz menos orações do tipo “Consola-me” (“Faze que eu me sinta melhor”) e mais ora­ções do tipo “Torna-me adequado” (“Usa isso para tornar-me mais semelhante a ti”).
Você sabe que está amadurecendo quando começa a ver a mão de Deus nos acontecimentos aleatórios e confusos e nas circunstâncias da vida aparentemente sem sentido.
Se você estiver enfrentando problemas neste exato momento, não pergunte: “Por que eu?”. Em vez disso, pergunte: “O que você quer que eu aprenda?”. Então confie em Deus e siga fazendo o que é certo. Vocês precisam perseverar, de modo que, quando tiverem feito a von­tade de Deus, recebam o que ele prometeu?31 Não desista — cresça!

Vigésimo Quinto Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: Existe um propósito por trás de cada problema.

Um versículo para memorizar: Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito (Romanos 8.28; nvi).

Uma pergunta para meditar: Qual problema na minha vida me trouxe mais crescimento?

Dia 26 Crescendo por meio da tentação

Feliz é o homem que não cede e não pratica o mal quando é tentado, porque depois receberá como recompensa a coroa da vida que Deus prometeu àqueles que o amam.
Tiago 1.12; bv

Minhas tentações têm sido minhas mestras em teologia,
Martinho Lutero
Toda tentação é uma oportunidade para fazer o bem.

No caminho do amadurecimento espiritual, cada tentação se tor­na um degrau, em vez de uma pedra de tropeço, quando você se dá conta de que é uma oportunidade tanto para fazer a coisa certa quanto a errada. A tentação apenas apresenta uma escolha. Embora a tentação seja a principal arma de Satanás para a destruição, Deus quer utilizá-la para fortificar você. Toda vez que você escolhe fazer o bem em vez de pecar, está desenvolvendo o caráter de Cristo.
Para compreender isso, você deve primeiro identificar as qualida­des do caráter de Jesus. Uma das mais sucintas descrições de seu caráter são o fruto do Espírito: ... mansidão e domínio próprio; e aqui não há conflito algum com as leis judaicas.1
Essas nove qualidades são uma expansão do Grande Mandamen­to e fazem uma bela descrição de Jesus Cristo. Jesus é a perfeição do amor, da alegria, da paciência e de todos os outros frutos encarna­dos em uma única pessoa. Ter o fruto do Espírito Santo é ser seme­lhante a Cristo.
Como então o Espírito Santo produz em sua vida esse fruto com nove qualidades? Ele os cria instantaneamente? Será que algum dia, ao se levantar pela manhã, você será repentinamente preenchido de forma plena por essas características? Não. O fruto sempre se desen­volve e amadurece lentamente.
A próxima frase é uma das mais importantes verdades espiri­tuais que você pode aprender: Deus desenvolve o fruto do Espírito em sua vida, permitindo que você passe por situações nas quais é tentado a exteriorizar uma característica exatamente oposta! O de­senvolvimento do caráter sempre envolve uma escolha, e a tentação supre a oportunidade.
Por exemplo: Deus nos ensina a amar, pondo pessoas desagradá­veis ao nosso redor. Amar pessoas agradáveis que ainda por cima nos amam não exige nenhum cará­ter. Deus nos ensina a verdadeira ale­gria no meio da aflição quando nos voltamos para ele. A felicidade de­pende de circunstâncias externas, mas a alegria se baseia no seu rela­cionamento com Deus.
Deus faz a verdadeira paz desabrochar dentro de nós, não fazendo que tudo saia como planejamos, mas permitindo períodos de caos e confusão. Qualquer um pode ficar tranqüilo observando um belo pôr-do-sol ou relaxando durante as férias. Aprendemos a verdadeira paz quando optamos por confi­ar em Deus em situações nas quais somos tentados a ficar preocupa­dos ou temerosos. Da mesma forma, a paciência é cultivada em situ­ações nas quais somos forçados a esperar, enfrentando a tentação de nos revoltar por causa de nosso pavio curto.
Deus utiliza a situação oposta de cada aspecto do fruto para nos permitir fazer uma escolha. Você não pode afirmar que é bom, se jamais foi tentado a ser mau. Não pode se dizer fiel, se nunca teve a oportunidade de ser infiel. A integridade é construída ao se derrotar a tentação da desonestidade, a humildade cresce quando nos recu­samos a ser arrogantes e a resistência se desenvolve toda vez que resistimos à tentação de desistir. Cada vez que você derrota uma tentação, torna-se mais semelhante a Jesus.
Como a tentação funciona

É útil saber que Satanás é absolutamente previsível. Ele tem usado a mesma estratégia, bem como velhos truques, desde a Criação. Todas as tentações seguem o mesmo padrão. Foi por isso que Paulo falou: Somos bem familiarizados com os seus esquemas malignos.2 Na Bí­blia, aprendemos que a tentação segue um processo de quatro fases, que Satanás usou tanto em Adão e Eva quanto em Jesus.
Na primeira fase, Satanás identifica um desejo dentro de você. Pode ser um anseio pecaminoso, como o desejo de vingança ou de controlar os outros; pode ser um anseio normal e legítimo, como o desejo de ser amado, valorizado e de sentir prazer. A tentação começa quando Satanás sugere (com um pensamento) que você ceda a um desejo maléfico ou realize um desejo legítimo da forma errada ou na hora errada. Tome cuidado com atalhos; freqüentemente são tenta­ções. Satanás sussurra: “Você merece isso! Você deveria ter isso agora! Vai ser emocionante, confortante, vai fazer que você se sinta melhor”.
Pensamos que a tentação está ao nosso redor, mas Deus diz que ela começa dentro de nós. Se você não tiver o desejo interno, a tenta­ção não tem como atraí-lo. A tentação sempre começa na sua mente, e não na circunstância onde ela ocorre. Jesus disse: Pois do interior do coração dos homens vêm os maus pensamen­tos, as imoralidades sexuais, os roubos, os homicídios, os adultérios, as cobiças, as maldades, o engano, a devassidão, a inveja, a calúnia, a arrogância e a in­sensatez. Todos esses males vêm de dentro? Tiago nos diz que existe um exército inteiro de maus desejos dentro de vocês.4
A segunda fase é a dúvida. Satanás tenta fazê-lo duvidar do que Deus disse sobre o pecado: “Será que é mesmo errado? Será que Deus realmente proibiu fazer isso? Não é possível que Deus tenha proibi­do isso para outro povo, em outra época? Deus não quer que eu seja feliz?”. A Bíblia adverte: Cuidado! Não deixem os maus pensamentos ou as dúvidas levarem algum de vocês a se afastar do Deus vivo.5
A terceira fase é o engano. Satanás é incapaz de falar a verdade e é chamado pai da mentira.6 Tudo que ele lhe disser será falso ou nada além de uma meia verdade. Satanás oferece a mentira para substituir o que Deus já disse em sua Palavra. Satanás diz: “Você não vai morrer. Você será mais esperto que Deus. Você pode se dar bem com isso. Ninguém vai saber. Vou resolver os seus problemas. Além do mais, todos estão fazendo isso. É apenas um pecadinho”. Mas um pecadinho é como uma gestação recente: acabará aparecendo.
A quarta fase é a desobediência. Você acaba agindo de acordo com a idéia com que vinha brincando em sua mente. O que começou como uma idéia nasce como uma conduta. Você cede a qualquer coisa que chamar sua atenção. Acredita nas mentiras de Satanás e cairá na armadilha sobre a qual Tiago alertou: ... as pessoas são tentadas quando são atraídas e enganadas pelos seus próprios maus desejos. Então esses desejos fazem com que o pecado nasça, e o pecado, quando já está maduro, produz a morte. Não se enga­nem, meus queridos irmãos.7

Superando a tentação

Compreender como a tentação funciona é proveitoso em si, mas exis­tem passos específicos a ser tomados para que você a supere.

Recuse-se a ser intimidado. Muitos cristãos são aterrorizados e desmoralizados por pensamentos perturbadores, sentindo-se culpa­dos por não estar “além” da tentação. Eles se sentem envergonhados tão-somente por ter sido tentados. Isso é má compreensão da matu­ridade espiritual. Você jamais irá se livrar da tentação.
Em certo sentido, você pode considerar a tentação uma lisonja. Sa­tanás não tem de tentar aqueles que já realizam sua vontade diabólica; estes já pertencem a ele. A tentação é sinal de que Satanás odeia você, e não sinal de fraqueza ou de vida profana. Isso também faz parte de nossa natu­reza, pois somos humanos e vivemos em um mundo fora da presença de Deus. Não fique surpreso, abalado ou abatido por isso. Seja realista quanto à inevitabilidade da tentação; você jamais poderá evitá-la completamente. A Bíblia diz Quando uma tentação vier, e não se “uma tentação vier”. Paulo orienta: As tentações que vocês têm de enfrentar são as mesmas que os outros enfrentam.8
Ser tentado não é pecado. Jesus foi tentado, embora nunca tenha pecado.9 A tentação só se torna pecado quando você cede. Martinho Lutero disse: “Você não pode impedir que os pássaros voem sobre sua cabeça, mas pode impedi-los de fazer ninho nela”. Você não pode impedir o Diabo de sugerir pensamentos, mas pode escolher não mantê-los ou agir segundo eles.
Por exemplo: muitas pessoas não sabem a diferença entre atra­ção física ou estímulo sexual e desejo sexual ilícito. Não são a mes­ma coisa. Deus fez de cada um de nós um ser sexual, e isso é bom. Atração e estímulo são reações naturais e espontâneas à beleza físi­ca, enquanto o desejo sexual ilícito é uma atitude deliberada. Desejo sexual ilícito é a escolha de cometer em sua mente o que você gosta­ria de fazer com seu corpo. Você pode ser atraído, ou mesmo estimu­lado, sem escolher pecar pela cobiça sexual. Muitas pessoas, princi­palmente os homens cristãos, sentem culpa quando os hormônios, que foram dados por Deus, funcionam. Quando automaticamente notam uma mulher atraente, presumem que é desejo sexual ilícito e se sentem envergonhados e condenados. Mas atração não é desejo sexual ilícito até que você comece a insistir nela.
Na verdade, quanto mais próximo de Deus você ficar, mais Sata­nás se esforçará para tentá-lo. No instante em que você se torna filho de Deus, Satanás, como um assassino de aluguel, fecha um “contrato” para acabar com você. Você é seu inimigo, e ele conspira para sua derrocada.
Às vezes, enquanto você ora, Satanás irá sugerir um pensamento mau ou bizarro apenas para distraí-lo e envergonhá-lo. Não fique assustado ou envergonhado com isso, mas perceba que Satanás teme suas orações e tentará de tudo para interrompê-las. Em vez de ficar se condenando com pensamentos como “Como pude pensar uma coisa dessas?”, trate-o como uma distração de Satanás e volte imedi­atamente a se concentrar em Deus.

Reconheça seu padrão de tentação e esteja preparado para ele. Existem determinadas situações que o deixam mais vulnerável a tentações do que outras. Algumas circunstâncias o farão tropeçar quase imediatamente, enquanto outras não incomodam muito. São situações especiais para suas fraquezas, e você precisa identificá-las porque Satanás certamente as conhece! Ele sabe exatamente o que o faz cair, e trabalha constan­temente para colocá-lo nessas circunstâncias. Pedro adverte: Estejam alertas. O Diabo está pron­to para atacar, e o que mais lhe traria satisfação seria pegá-los cochilando.10
Pergunte a si mesmo: “Quando sou mais ten­tado? Em qual dia da semana? A que hora do dia?”. Pergunte: “Onde eu sou mais tentado? No trabalho? Em casa? Na casa do vizinho? Em um bar? No aeroporto ou em um hotel fora da cidade?”.
Pergunte: “Quem está comigo nos momentos em que sou mais ten­tado? Amigos? Colegas de trabalho? Uma multidão de estranhos? Quando estou só?”. Pergunte também: “Como normalmente me sinto quando sou mais tentado?”. Pode ser quando você está cansado, soli­tário, entediado, deprimido ou sob pressão. Talvez seja quando você está magoado, zangado, preocupado ou após um grande sucesso ou momento de enlevo espiritual.
Você deve identificar seu padrão característico de tentação e en­tão se preparar para evitar tais situações tanto quanto possível. A Bíblia diz continuamente para nos prevenirmos, preparando-nos para enfrentar a tentação.11 Paulo disse: Não dêem ao Diabo oportunida­de para tentar vocês.12 O planejamento sensato reduz a tentação.
Siga o conselho de Provérbios: Pense bem no que você vai fazer, e todos os seus pianos darão certo.13 O povo de Deus evita os maus caminhos e se protege, observando o lugar por onde vai.14

Peça ajuda a Deus. O céu tem uma linha direta para emergências 24 horas por dia. Deus quer que você peça sua ajuda quando a ten­tação estiver muito forte. Ele diz: Clame a mim no dia da angústia; eu o livrarei, e você me honrará.15
Eu chamo isso de oração de “microondas”, porque é rápida e ob­jetiva: Socorro! sos! Quando bate a tentação, você não tem tempo para uma conversa longa com Deus; você simples­mente clama por socorro. Davi, Daniel, Pedro, Paulo e milhões de outros fizeram esse tipo de oração instantânea por ajuda na aflição.
A Bíblia garante que nosso pedido de socorro será ouvido, porque Jesus se compadece de nossa luta. Ele enfrentou as mesmas tenta­ções que enfrentamos. Não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas, sim, alguém que, como nós, passou por todo tipo de tentação, porém sem pecado.16
Se Deus está esperando para nos ajudar a derrotar as tentações, por que não pedimos sua ajuda com mais freqüência? Falando com franqueza, às vezes não queremos ser ajudados! Queremos ceder à tentação, embora saibamos que é errado. Nesses momentos, pensa­mos saber mais do que Deus o que é melhor para nós.
Em outros momentos ficamos envergonhados de pedir auxílio a Deus, porque vimos cedendo à mesma tentação várias e várias ve­zes. Mas Deus jamais se irrita, se aborrece ou perde a paciência, enquanto continuamos nos voltando para ele. A Bíblia diz: Tenha­mos confiança e cheguemos perto do trono divino, onde está a graça de Deus. Ali receberemos misericórdia e encontraremos graça sempre que precisarmos de ajuda.17
O amor de Deus não se esgota, e sua paciência dura para sempre. Se você tiver de clamar pela ajuda de Deus mil vezes por dia a fim de derrotar uma tentação em particular, ele ainda estará ávido para lhe dar misericórdia e graça. Então venha corajosamente à presença de Deus. Peça-lhe forças para fazer a coisa certa e depois espere que ele lhe supra.
As tentações nos mantêm dependentes de Deus. Assim como as raízes crescem mais fortes quando o vento sopra contra a árvore, todas as vezes que enfrenta uma tentação você se torna mais semelhante a Jesus. Quando você tropeça — o que certamente ocorrerá —, isso não é fatal. Em vez de ceder ou desistir, busque a Deus, confie que ele o ajudará e lembre-se da recompensa que espera por você: Quando as pessoas são tentadas e ainda continuam fortes, devem ficar felizes. Depois de provada a sua fé, Deus as recompen­sará com vida para sempre.18

Vigésimo Sexto Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: Toda tentação é uma oportuni­dade para fazer o bem.

Um versículo para memorizar: Deus abençoa os que, pacientemente, suportam a provação. No final, recebe­rão a coroa da vida, que Deus prometeu aos que o amam (Tiago 1.12; nlt).

Uma pergunta para meditar: Que atributo do caráter cris­tão posso desenvolver, derrotando a tentação mais fre­qüente em mim?

Dia 27 Derrotando a tentação

Fuja de qualquer coisa que lhe provoque os pensamentos malignos que os rapazes muitas vezes têm, mas aproxime-se de qualquer coisa que o leve a querer fazer o bem. Tenha fé e amor, e sinta prazer na companhia daqueles que amam o Senhor e têm coração puro.
2 Timóteo 2.22; bv

Lembrem-se de que as tentações que sobrevêm à vida de vocês não são diferentes das que outros experimentam. E Deus é fiel Ele impedirá que a tentação se torne tão forte que vocês não possam suportá-la. Quando forem tentados, ele lhes mostrará uma saída, de modo que vocês não venham a cair.
1 Coríntios 10.13; nlt
Sempre há uma saída.

Pode ser que às vezes você sinta que uma tentação é forte demais para ser tolerada, mas isso é uma mentira de Satanás. Deus prome­teu nunca permitir que houvesse sobre você mais do que ele colocou dentro de você para lidar com a situação. Ele não permitirá nenhu­ma tentação que você não possa superar. Entretanto, você também deve fazer sua parte, praticando quatro fundamentos bíblicos para derrotar a tentação.

Redirecione sua atenção para outra coisa. Pode lhe surpreen­der, mas em nenhuma parte da Bíblia há orientação para “resistir à tentação”. Somos orientados a resistir ao Diabo,1 mas isso é muito diferente, como explicarei mais tarde. Em vez disso, somos aconse­lhados a redirecionar nossa atenção, porque resistir a um pensa­mento não funciona. Isso só aumenta nossa concentração na coisa errada e fortalece a sedução. Deixe-me explicar.
Toda vez que você tenta bloquear um pensamento, você o empur­ra mais para o fundo de sua memória. Resistindo, você na verdade o fortalece. Isso ocorre principalmente com as tentações. Você não der­rota a tentação combatendo a sensação que ela traz. Quanto mais você combate um sentimento, mais ele consome e controla você. Você o fortalece cada vez que pensa nele.
Como a tentação sempre começa com um pensamento, a forma mais rápida de neutralizar seu fascínio é desviar sua atenção para outra coisa. Não combata o pensamento, apenas mude o canal de sua mente e concentre seu interesse em outra idéia. Esse é o primeiro passo para derrotar a tentação.
Você ganha ou perde a batalha contra o pecado na mente. O que prende sua atenção prenderá você. Foi por isso que Jó falou: Fiz acordo com os meus olhos de não olhar com cobiça para as moças.2 E Davi orou: Não me deixes ficar pensando em coisas sem valor.3
Você já assistiu a um anúncio de comida na televisão e de forma súbita sentiu-se faminto? Você já ouviu alguém tossir e imediata­mente sentiu vontade de limpar a gar­ganta? Já assistiu a alguém dando um grande bocejo e sentiu o impulso de bocejar? [Você talvez esteja bocejando agora mesmo enquanto lê isto!] Esse é o poder da sugestão. Naturalmente nos movemos para onde dirigimos a atenção. Quanto mais você pensa a respeito de alguma coisa, com mais força ela se apodera de você.
É por isso que ficar repetindo “Eu preciso parar de comer tanto... ou parar de fumar... ou de me entregar ao desejo sexual ilícito” é uma estratégia contraproducente. Ela o mantém concentrado no que você não quer. É como anunciar: “Nunca vou fazer o que minha mãe fez”. Dizendo isso, você está apenas se programando para repetir o que foi feito.
A maioria das dietas não funciona porque mantém você pensan­do em comida o tempo todo, garantindo que você ficará faminto. Do mesmo modo, um orador que fique repetindo para si mesmo “Não fique nervoso!” programa-se para ficar nervoso! Em vez disso, ele deveria concentrar seus pensamentos em qualquer coisa, exceto suas sensações. Poderia concentrar-se em Deus, na importância do dis­curso ou nas necessidades dos que irão ouvi-lo.
A tentação começa capturando sua atenção. O que capta sua atenção desperta suas emoções. Então, suas emoções ativam seu comportamento e você age baseado no que sente. Quanto mais você se concentrar em “eu não quero fazer isso”, com mais força isso o aprisionará em sua teia.
Ignorar a tentação é muito mais eficiente do que combatê-la. Uma vez que sua mente esteja focada em alguma outra coisa, a tentação perde a força. Então, quando a tentação o chamar ao telefone, não discuta com ela, apenas desligue!
Não é raro que isso signifique sair fisicamente de uma situação tentadora. Trata-se de uma ocasião em que não é errado fugir. Levan­te e desligue o televisor. Afaste-se de um grupo que está fofocando. Deixe o cinema no meio do filme. Não fique evitando o ferrão; afaste-se das abelhas. Faça o que for necessário para desviar sua atenção em outra direção.
Da perspectiva espiritual, a mente é seu órgão mais vulnerável. Para reduzir a tentação, mantenha-a ocupada com a Palavra de Deus e com bons pensamentos. Você derrota os maus pensamentos pen­sando em algo melhor. É o princípio da substituição. Você sobrepuja o mal com o bem.4 Satanás não pode tomar sua atenção quando sua mente está preo­cupada com algo mais. É por isso que a Bíblia insiste em que mantenhamos a mente direciona­da: Fixem os seus pensamentos em Jesus.5 Lem­bre-se de Jesus Cristo.6
Encham a mente de vocês com tudo o que é bom e merece elogios, isto é, tudo o que é verdadei­ro, digno, correto, puro, agradável e decente.7 Se você realmente quer derrotar a tentação, deve administrar sua mente e controlar o que absorve na mídia. O mais sábio homem que já viveu advertia: Tenha cuidado com o que você pensa, pois a sua vida é dirigida pelos seus pensamentos.8 Não permita que lixo entre em sua mente sem critério. Seja seletivo. Escolha cuidadosamente aquilo em que pensar. Siga o exemplo de Paulo: Levamos cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo.9 Isso exige a prática de toda uma vida, mas com a ajuda do Espírito Santo você pode reprogramar sua forma de pensar.

Revele sua luta a um amigo devoto ou a um grupo de apoio. Você não tem de espalhar para todo o mundo, mas precisa ao menos de uma pessoa com quem possa abertamente partilhar sua luta. A Bíblia diz: É melhor ter um amigo do que ficar sozinho [...] se você cai, seu amigo pode ajudá-lo a levantar-se. Mas, se você cai sem ter um amigo por perto, está realmente em dificuldades.10
Deixe-me ser claro: se você está perdendo a batalha contra um mau hábito persistente, um vício ou uma tentação e está emperrado em um ciclo repetitivo de “intenção-fracasso-culpa”, não irá se recupe­rar por conta própria! Você precisa da ajuda de outras pessoas. Algu­mas tentações são vencidas somente com a ajuda de um parceiro que ore por você e o incentive; alguém a quem você possa prestar contas. O plano de Deus para seu crescimento e libertação inclui outros cristãos. A comunhão honesta e autêntica é o antídoto para sua luta solitária contra os pecados difíceis de vencer. Deus diz que essa é a única forma de conseguir escapar: Portanto, confessem os seus pe­cados uns aos outros e orem uns pelos outros para serem curados.11
Você realmente quer ser curado daquela tentação persistente, que o segue derrotando continuamente? A solução de Deus é simples: não a reprima, confesse! Não a oculte, exponha. Expor seus senti­mentos é o início da cura.
Esconder a dor só a intensifica. Os problemas crescem na escuri­dão, tornando-se cada vez maiores; mas, expostos à luz da verdade, murcham. Suas enfermidades têm a medida de seus segredos. Então tire a máscara, pare de fingir ser perfeito e venha para a liberdade.
Na Igreja de Saddleback, temos visto o impressionante poder desse princípio romper o domínio de tentações persistentes e de vícios apa­rentemente irrecuperáveis, por meio de um programa desenvolvido por nós chamado Celebrate Recovery [Celebrando a Recuperação]. É um processo bíblico de recuperação com oito etapas, baseado nas bem-aventuranças de Jesus e fundamentado em torno de pequenos grupos de apoio. Nos últimos dez anos, mais de cinco mil vidas foram libertas de todo tipo de hábitos, mágoas e vícios. Hoje, o programa é utilizado em milhares de igrejas. Eu o recomendo fervorosamente a sua igreja.
Satanás quer que você pense que seu pecado e sua tentação são exclusivos e que por isso você deve mantê-los em segredo. A verdade é que estamos todos no mesmo barco. Todos combatemos as mesmas tentações,12 e todos pecaram.13 Milhões já sentiram o que você sente e enfrentam as mesmas lutas que você enfrenta neste momento.
O motivo pelo qual escondemos nossos pecados é o orgulho. Que­remos que os outros pensem que temos tudo “sob controle”. A verda­de é que qualquer assunto sobre o qual você não possa falar já está fora de controle na sua vida: problemas com finanças, casamento, crianças, pensa­mentos, sexualidade, hábitos secretos ou qualquer outra coisa. Se você pu­desse resolvê-los por conta própria, já o teria feito. Mas não pode. Decisões pessoais e força de vontade não são suficientes.
Alguns problemas estão muito arraigados, tornaram-se muito rotineiros e muito grandes para que você os solucione por conta própria. Você precisa de um grupo pequeno ou de um parceiro para prestar contas, que vai incentivá-lo, apoiá-lo, orar por você, amá-lo incondicionalmente e chamá-lo à responsabilidade. Depois então, você pode fazer o mesmo por ele.
Sempre que alguém confia em mim, dizendo “Eu nunca disse isso a ninguém”, fico entusiasmado com aquela pessoa, porque sei que ela está para experimentar um grande alívio e libertação. A válvula de pressão está para ser aberta, e pela primeira vez ela vislumbrará uma esperança para o futuro. Isso sempre acontece quando fazemos o que Deus nos manda fazer; quando admitimos nossas lutas a um amigo que seja um cristão consagrado.
Deixe-me fazer uma pergunta difícil. O que você finge não ser um problema na sua vida? De que você tem medo de falar? Você não irá resolver isso por conta própria. Sim, é humilhante admitir nossas fra­quezas perante outras pessoas, mas é exatamente a falta de humildade que o está impedindo de melhorar. A Bíblia diz: Deus se opõe aos orgu­lhosos, mas concede graça aos humildes. Portanto, submetam-se a Deus.14

Resista ao Diabo. Após termos nos humilhado e submetido a Deus, somos orientados a desafiar o Diabo. A parte final de Tiago 4.7 diz: Resistam ao Diabo, e ele fugirá de vocês. Não nos resignemos pacificamente diante de seus ataques. Devemos contra-atacar.
O Novo Testamento descreve muitas vezes a vida cristã como uma batalha espiritual contra as forças do mal, utilizando termos que aludem à guerra, como: “batalha”, “conquistar”, “luta” e “supe­rar”. Os cristãos são muitas vezes comparados a soldados servindo em território inimigo.
Como podemos resistir ao Diabo? Paulo explica: Usem o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus.15 O primeiro passo é aceitar a salvação de Deus. Você não será capaz de dizer não ao Diabo, a menos que tenha dito sim a Cristo. Sem Cristo não temos defesas contra o Diabo, mas com “o capacete da salvação” nossa mente é protegida por Deus. Lembre-se disto: se você é crente, Satanás não pode obrigá-lo a fazer coisa alguma. Pode apenas sugerir.
Segundo, você deve usar a Palavra de Deus como arma contra Satanás. Jesus deu o exemplo dessa atitude quando foi tentado no deserto. Toda vez que Satanás sugeria uma tentação, Jesus reagia citando as Escrituras. Ele não discutiu com Satanás. Ele não disse “Não estou com fome”, quando foi tentado a usar seu poder para uma necessidade pessoal. Ele simplesmente citou uma parte das Escrituras que havia memorizado. Nós devemos fazer o mesmo. Há poder na Palavra de Deus, e Satanás a teme.
Jamais tente argumentar com o Diabo. Ele argumenta melhor do que você, pois teve milhares de anos para praticar. Você não pode enganar Satanás com sua lógica ou opinião, mas pode usar a arma que o faz tremer — a verdade de Deus. É por isso que memorizar as Escrituras é absolutamente essencial para derrotar as tentações. Você a acessa rapidamente quando é tentado. Como Jesus, você tem a verdade guardada no coração, pronta para ser lembrada.
Se você não sabe nenhum versículo bíblico de cor, sua arma está sem balas! Eu o convido a memorizar um versícu­lo por semana, pelo resto de sua vida. Imagine como você ficará mais forte!

Perceba sua vulnerabilidade. Deus nos adverte para nunca ficarmos orgu­lhosos ou muito confiantes, que é a receita para a desgraça. Jeremias disse: O coração é mais enganoso que qualquer outra coisa e sua do­ença é incurável.16  Isso significa que somos bons em enganar a nós mesmos. Nas circunstâncias adequadas, qualquer um de nós é capaz de qualquer pecado. Não devemos jamais baixar a guarda e imaginar que somos imunes às tentações.
Não se ponha por descuido em situações que lhe tragam tenta­ções. Evite-as.17 Lembre-se de que é mais fácil ficar fora das tenta­ções do que sair delas. A Bíblia diz: Não seja imaturo nem autoconfiante. Você não é exceção. Você pode cair de cara no chão, como qualquer um. Esqueça a autoconfiança; ela não vale nada. Cultive a confiança em Deus.18

Vigésimo Sétimo Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: Sempre há uma saída.

Um versículo para memorizar: Deus é fiel. Ele impedirá que a tentação se torne tão forte que vocês não possam suportá-la. Quando forem tentados, ele lhes mostrará uma saída, de modo que vocês não venham a cair (1 Coríntios 10.13; nlt).

Uma pergunta para meditar: A quem eu poderia pedir para ser meu parceiro espiritual, para me ajudar a derro­tar uma tentação persistente, orando por mim?

Dia 28 ISSO LEVA TEMPO!

Tudo na terra tem seu próprio tempo, sua própria estação.
Eclesiastes 3.1; cev

E eu tenho certeza de que Deus, que começou a boa obra em vocês, continuará ajudando-os a crescer em sua graça até quando Sua tarefa em vocês estiver finalmente terminada naquele dia em que Jesus Cristo voltar.
Filipenses 1.6;  bv

Não existem atalhos para chegar à maturidade.

Precisamos de vários anos para chegar à idade adulta, e é neces­sária toda uma estação para que uma fruta cresça e amadureça. O mesmo se dá com o fruto do Espírito. O desenvolvimento do caráter cristão não pode ser apressado. O crescimento espiritual, assim como o físico, requer tempo.
Quando você tenta amadurecer rapidamente um fruto, ele perde o sabor. Nos Estados Unidos, os tomates são normalmente colhidos antes do amadurecimento, a fim de que não fiquem machucados durante o transporte até o varejista. Então, antes de vendidos, os tomates verdes são vaporizados com co2, o que os torna vermelhos instantaneamente. Tomates vaporizados são comestíveis, mas não são páreo para o sabor de um tomate deixado para maturar lenta­mente no pé.
Enquanto nos preocupamos em crescer rapidamente, Deus se preo­cupa em que cresçamos fortes. Deus vê a nossa vida desde a eterni­dade e para a eternidade; então, nunca está com pressa.
Lane Adams certa vez comparou o processo de crescimento espiri­tual com a estratégia usada pelos aliados durante a Segunda Guerra Mundial na libertação das ilhas do Pacífico Sul. Primeiro “amaciavam” uma ilha, enfraquecendo a resistência com bombardeios nas fortificações a partir de navios ao longo da costa. A seguir, um peque­no grupo de fuzileiros invadia a ilha e estabelecia uma cabeça-de-praia” — minúscula parte da ilha que podiam controlar. Uma vez que a cabeça-de-praia estivesse segura, começavam o longo processo de libertação do resto da ilha, pouco a pouco. Com o tempo, toda a ilha ficava sob controle, mas sempre com algumas batalhas duras.
Adams traçou esta analogia: antes de Cristo invadir nossa vida na conversão, ele algumas vezes tem de nos “amaciar”, permitindo alguns problemas com os quais não pode­mos lidar. Embora algumas pessoas abram a vida para Cristo tão logo ele bata à porta, a maioria de nós resis­te e fica na defensiva. A experiência que temos antes da conversão é Je­sus dizendo: “Eis que estou a porta e bombardeio”!
No instante em que você se abre para Cristo, Deus estabelece uma “cabeça-de-praia” em sua vida. Você pode imaginar que já entregou toda a vida a ele, mas a verdade é que há uma grande parte dela da qual você nem tem conhecimento. Você só pode dar a Deus o tanto que compreende naquele momento. Está ótimo! Uma vez que Cristo tenha uma cabeça-de-praia, ele começa a campanha para conquistar mais e mais território, até que sua vida seja completamente dele. Existirão lutas e batalhas, mas a vitória é certa. Deus prometeu que aquele que começou boa obra em vocês, vai completá-la.1
Discipulado é o processo no qual se toma a forma de Cristo. A Bíblia diz: ... a fim de que o corpo todo seja edificado até chegar o tempo em que, na unidade da fé em comum e do conhecimento em comum do Filho de Deus, alcancemos a verdadeira maturidade — aquela medida de desenvolvimento implícita na expressão “a pleni­tude de Cristo”.2 Tornar-se semelhante a Cristo é seu destino final, mas a jornada durará toda uma vida.
Até aqui, vimos que essa jornada envolve acreditar (pela adora­ção), pertencer (pela comunhão) e transformar-se (pelo discipulado). Deus quer que todos os dias você se torne mais parecido com ele: Você começou a viver uma nova vida, na qual está sendo feito de novo e se tornando como aquele que o criou.3
Hoje somos obcecados por velocidade, mas Deus se interessa mais por força e estabilidade do que por rapidez. Queremos o jeitinho, o atalho, a solução imediata. Queremos um sermão, um seminário ou uma experiência que resolva instantaneamente todos os problemas, retire to­das as tentações e nos alivie de toda dor. Mas a verdadeira maturidade nunca chega depois de uma única experiência, pois mais que seja poderosa ou emocionante. Crescer é um processo gradual. A Bíblia diz: Nossa vida vai se tornando gradualmente mais brilhante e mais boni­ta à medida que Deus entra nela e nos tornamos semelhantes a ele.4

Por que demora tanto tempo?

Embora Deus possa transformar-nos instantaneamente, ele escolheu nos desenvolver vagarosamente. Jesus é cauteloso no desenvolvi­mento de seus discípulos. Assim como Deus permitiu que os israeli­tas se apoderassem da Terra Prometida aos poucos,5 para que eles não fossem sobrepujados, ele prefere trabalhar gradualmente em nossa vida.
Por que levamos tanto tempo para mudar e crescer? Existem vári­as razões.

Aprendemos lentamente. É comum termos de aprender uma li­ção quarenta ou cinqüenta vezes para realmente captá-la. O proble­ma se repete periodicamente, e pensamos “De novo, não! Eu já aprendi isso!”, mas Deus é quem de fato sabe o de que precisamos. A história de Israel demonstra quão depressa nos esquecemos das lições que Deus nos ensina e a rapidez com que retornamos aos velhos padrões de comportamento. Precisamos de reiteradas explicações.

Temos muito a desaprender. Muitas pessoas vão ao psicólogo com um problema pessoal ou re­lacionai que levou anos para se desenvolver e di­zem: “Preciso que você dê um jeito em mim. Tenho uma hora”. Ingenuamente esperam uma solução rápida para uma dificuldade enraizada há anos. Como a maioria de nossos problemas e todos os nos­sos hábitos ruins não se desenvolvem da noite para o dia, não tem cabimento esperar que desapareçam imediatamente. Não há pílula, oração ou teoria que desfaça instantaneamente os danos de muitos anos. É necessário o trabalho duro de eliminação e substitui­ção. A Bíblia chama isso despir-se do velho homem e revestir-se do novo homem.6 Ainda que tenha recebido uma natureza inteiramente nova no momento da conversão, você ainda preserva os velhos hábi­tos, padrões e práticas que precisam ser eliminados e substituídos.

Temos medo de humildemente encarar a verdade sobre nós. Já destaquei que a verdade nos libertará, mas com freqüência nos torna, antes de tudo, infelizes. O medo do que poderíamos descobrir se encarássemos honestamente os defeitos de nosso caráter nos mantém aprisionados, negando a realidade. Somente quando se per­mite que Deus brilhe a luz de sua verdade sobre nossas faltas, fra­cassos e traumas é que podemos começar a trabalhar neles. É por isso que não podemos crescer sem uma postura de humildade dis­posta para a instrução.

Crescer é quase sempre doloroso e assustador. Não há cresci­mento sem mudanças, não existem mudanças sem medo ou perdas e não há perda sem dor. Toda mudança envolve perda de algum tipo. Você deve se livrar dos velhos hábitos para experimentar os novos. Tememos essas perdas, mesmo que nossos antigos costu­mes estejam fadados ao fracasso, pois, como um par de sapatos usa­dos, eram ao menos confortáveis e conhecidos.
Não raro as pessoas formam sua identidade em torno de seus defeitos.
Dizemos: “É bem o meu jeito de ser...” e “É desse jeito que eu sou”. A preocupação inconsciente é que, se eu me livrar de meu hábito, mi­nha dor ou minha inibição, em que me tornarei? Esse medo pode certamente retardar seu crescimento.

Hábitos levam tempo para se desenvolver. Lembre-se de que seu caráter é a soma total de seus hábitos. Você não pode se dizer gentil, a menos que seja habitualmente gentil; você demonstra gen­tileza sem nem mesmo pensar nisso. Você não pode afirmar que é integro, a menos que tenha o hábito de ser honesto. O marido fiel à mulher a maior parte do tempo não é de modo algum fiel! Seus hábitos definem seu caráter.
Só há uma maneira de desenvolver os hábitos do caráter seme­lhante ao de Cristo: praticá-los; e isso leva tempo! Não existem hábi­tos instantâneos. Paulo exortou Timóteo: Pratique essas coisas. De­dique sua vida a elas, para que todos possam ver seu progresso.7
Com tempo de prática, você fica bom em qualquer coisa. A repeti­ção é a mãe do caráter e da habilidade. Os hábitos que constroem o caráter são em geral chamados “disciplinas espirituais”, e existem dezenas de ótimos livros que ensinam a aplicá-las. Veja no “Apêndice 2” uma lista de livros recomendados para o crescimento espiritual.

Não se apresse

À medida que você cresce em direção à maturidade espiritual, exis­tem várias formas de cooperar com Deus durante o processo.

Creia que Deus está operando em sua vida, mesmo quando você não o sente. O crescimento espiritual é um trabalho às vezes tedioso, que progride um passo por vez. Conte com uma melhora gradual. A Bíblia diz: Tudo na terra tem seu próprio tempo e sua própria estação.8 Na vida espiritual, também existem estações. Às vezes você terá uma curta e intensa explosão de crescimento (esta­ção da primavera), seguida por um período de estabilidade e prova­ções (outono e inverno).
E quanto aos problemas, hábitos e mágoas que você gostaria de eliminar miraculosamente? Não há nada de errado em orar por um milagre, mas não fique decepcionado se a resposta vier por meio de uma mudança gradual. Com o tempo, uma correnteza lenta e firme desgastará a mais dura rocha e transformará penhascos gigantes em seixos. Com o tempo, um pequeno broto pode se transformar em uma sequóia gigante com mais de cem metros de altura.

Mantenha um caderno ou um diário com as lições aprendidas. Não se trata de um diário dos acontecimentos, mas de um registro do que você aprendeu. Anote os discernimentos e lições de vida que Deus lhe ensina sobre ele, sobre você, sobre a vida, sobre relaciona­mentos e sobre tudo o mais. Registre-os para que você possa revisá-los, relembrá-los e passá-los para a próxima geração.9 A razão pela qual devemos reaprender as lições é que as esquecemos. Reler seu diário espiritual regularmente pode lhe poupar muito sofrimento e desgosto desnecessários. A Bíblia diz: É crucial que prestemos muita atenção no que ouvimos, de modo que não nos desviemos.10

Seja paciente com Deus e consigo mesmo. Uma das frustra­ções da vida é que o cronograma de Deus raramente é igual ao nos­so. Estamos quase sempre apressados quan­do Deus não está. Talvez você se sinta frus­trado com o progresso aparentemente len­to que está fazendo na vida. Não se esque­ça de que Deus nunca é apressado, mas é sempre pontual. Ele usará todo o seu tem­po de vida a fim de prepará-lo para sua função na eternidade.
A Bíblia é cheia de exemplos de como Deus usa longos processos para desenvolver o caráter, especialmente nos líderes. Ele levou oi­tenta anos para preparar Moisés, incluindo quarenta no deserto. Por 14 600 dias ficou esperando e matutando: “Será que está na hora?”. Mas Deus continuava dizendo: “Ainda não”.
Ao contrário dos títulos de livros populares, não existem passos fáceis para a maturidade ou segredos da santidade instantânea.
Quando Deus quer fazer um cogumelo, ele o faz da noite para o dia; mas quando quer fazer um carvalho gigante, leva cem anos. Grandes almas são desenvolvidas através de lutas, tempestades e períodos de sofrimento. Tenha paciência com o pro­cesso. Tiago aconselhou: Não tentem se desviar de nada prematuramente. Deixem as coisas acontecerem, para que vocês se tornem maduros e desenvolvidos.11

Não desanime. Quando Habacuque ficou deprimido por achar que Deus não estava agindo rápido o suficiente, Deus lhe disse: Essas coisas que planejei não acontecerão porém imediatamente. Devagar, firmemente, e com certeza, vai se aproximando o tempo em que a visão será cumprida. Se parecer demorar muito, não se deses­pere, porque tudo vai acontecer mesmo! Seja paciente! O cumprimen­to dessa promessa não vai chegar nem um dia atrasado!12 O atraso não é uma negativa de Deus.
Lembre-se de quanto você já passou, não de quanto terá de pas­sar. Você não está onde quer, mas também não está onde costumava estar. Anos atrás, alguns americanos usavam um broche com as le­tras pfspdancaodem.. Significava: “Por favor, seja paciente. Deus ainda não concluiu a obra dele em mim”. Deus também ainda não concluiu a obra dele em você; então continue em frente. Até mesmo a lesma alcançou a arca por perseverar!

Vigésimo Oitavo Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: Não existem atalhos para che­gar à maturidade.

Um versículo para memorizar: Deus começou a fazer uma boa obra em vocês, e tenho certeza de que ele a continuará até que seja concluída, quando Jesus Cristo voltar outra vez (Filipenses 1.6; ncv).

Uma pergunta para meditar: Em qual área de meu cresci­mento espiritual preciso ser mais paciente e persistente?

Propósito n.° 4

VOCÊ FOI MOLDADO PARA SERVIR A DEUS

Somos somente servidores de Deus [...] Cada um de nós faz o trabalho que o Senhor lhe deu para fazer: eu plantei, e Apolo regou a planta, mas foi Deus quem a fez crescer.
1 Coríntios 3.5,6; ntlh

 Dia29 Aceitando sua missão

Foi o próprio Deus quem fez de nós o que somos e nos deu uma vida nova da parte de Cristo Jesus; e muitos séculos atrás, Ele planejou que gastássemos essa vida em auxiliar aos outros.
Efésios 2.10; bv

Eu te glorifiquei na terra, pois concluí até o último detalhe o que me deste para fazer.
João 17.4; Msg
Você foi posto na Terra para fazer uma contribuição.

Você não foi criado apenas para consumir recursos — comer, res­pirar e ocupar espaço. Deus te projetou para que sua vida faça uma diferença. Apesar de muitos livros de sucesso informarem sobre como tirar o máximo da vida, não foi para isso que Deus o criou. Você foi criado para acrescentar à vida da Terra, não apenas para extrair. Deus quer que você devolva algo. Esse é o quarto propósito de Deus para sua vida, e se chama “ministério” ou serviço. A Bíblia fornece os detalhes.

Você foi criado para servir a Deus. A Bíblia diz: [Deus] nos criou para que fizéssemos as boas obras que ele já havia preparado para nós.1 Essas “boas obras” são o seu serviço. Sempre que você serve às pessoas de alguma forma, você está na verdade servindo a Deus2 e cumprindo um de seus propósitos. Nos dois próximos capítulos, você verá como Deus cuidadosamente molda você para o seu propósito. O que Deus disse para Jeremias também vale para você: Antes que o fizes­se no útero de sua mãe, eu o escolhi. Antes que você nascesse, eu o separei para uma obra especial? Você foi posto neste planeta para uma missão especial.

Você foi salvo para servir a Deus. A Bíblia diz: Foi ele quem nos salvou e nos escolheu para o seu santo trabalho, não porque merecês­semos, mas porque esse era o seu plano muito antes do princípio do mundo — mostrar o seu amor e a sua bondade para conosco por meio de Cristo.4 Deus o redimiu para que você pudesse exercer sua “santa vocação”. Você não foi salvo pelo serviço, mas foi salvo para o serviço. No Reino de Deus você tem um lugar, um propósito, um papel e uma função a cumprir. Isso dá a sua vida enorme importância e valor.
Comprar sua salvação custou a Jesus a própria vida. A Bíblia nos recorda: Vocês foram comprados por alto preço. Portanto, glorifiquem a Deus com o seu próprio corpo.5 Não servimos a Deus por causa de culpa, medo ou mesmo obrigação, mas pela alegria e profunda gra­tidão pelo que ele fez por nós. Nós lhe devemos a vida. Pela salva­ção, nosso passado foi perdoado, nosso presente faz sentido e nosso futuro é seguro. À luz dessas incríveis vantagens, Paulo con­cluiu: Por causa da grande misericórdia divina, peço que vocês se ofereçam completamente a Deus como um sacrifício vivo, dedicado ao seu serviço.6
O apóstolo João ensinou que nossos préstimos amorosos às ou­tras pessoas mostram que somos verdadeiramente salvos. Ele disse: Sabemos que já passamos da morte para a vida porque amamos nossos irmãos.7 Se não tenho ne­nhum amor pelos outros, nenhum desejo de ajudar as pessoas e me preocupo somente com minhas ne­cessidades, deveria questionar se Cristo está realmente na minha vida. Um coração salvo é um cora­ção que deseja servir.
Outro termo relativo a servir a Deus que é mal compreendido pela maioria das pessoas é a palavra ministério. Quando a maioria das pessoas escuta “ministério”, pensa em pastores, padres e sacerdócio profissional, mas Deus diz que cada membro de sua família é um ministro. Na Bíblia, as palavras servo e ministro são sinônimas, assim como serviço e ministério. Se você é cristão, é um ministro e, quando está servindo, está ministrando.
Quando a sogra de Pedro, enferma, foi curada por Jesus, ela ins­tantaneamente se levantou e começou a servi-lo,8 usando seu novo dom de saúde. É exatamente isso que devemos fazer. Somos cura­dos para ajudar aos outros. Somos abençoados para ser uma bên­ção. Somos salvos para servir, e não para ficar sentados esperando pelo céu.
Você nunca se perguntou por que Deus não nos leva para o céu, imediatamente após aceitarmos sua graça? Por que ele nos deixa em um mundo decadente? Ele nos deixa aqui para cumprir seus propó­sitos. Uma vez que você esteja salvo, Deus pretende usá-lo para seus objetivos. Deus tem para você um ministério em sua igreja e uma missão no mundo.

Você é chamado para servir a Deus. Enquanto crescia, você deve ter pensado que ser “chamado” por Deus era algo que somente mis­sionários, pastores, freiras e outros obreiros “de tem­po integral” experimentavam, mas a Bíblia diz que todo cristão é chamado para servir.9 Seu chamado para ser salvo incluiu o chamado para servir; am­bos são o mesmo chamado. Independentemente de seu emprego ou carreira, você é chamado para ser um cristão servindo em tempo integral. Um “cristão não-servo” é uma antítese.
A Bíblia diz: Deus nos salvou e nos chamou para sermos o seu povo. Não foi por causa do que temos feito, mas porque este era o seu plano e por causa da sua graça.10 Pedro acrescenta: Vocês foram esco­lhidos para falar sobre as excelentes qualidades de Deus, que os cha­mou.11 Sempre que você faz uso das habilidades que Deus lhe conce­deu para ajudar os outros, você está cumprindo o seu chamado.
A Bíblia diz: Vocês [...] agora pertencem a ele [...] para [...] ter uma vida útil no serviço de Deus.12 Quanto do seu tempo vem sendo uti­lizado a serviço de Deus? Em algumas igrejas na China, dão-se as boas-vindas a novos crentes dizendo: “Jesus agora tem um novo par de olhos para ver, novos ouvidos para escutar, novas mãos com as quais ajudar e um novo coração para amar os outros”.
Uma razão pela qual você precisa estar vinculado a uma igreja, é o cumprimento do seu chamado para servir a outros crentes de maneira prática. A Bíblia diz: Todos vocês, juntos, são o corpo único de Cristo, e cada um de vocês é um membro separado e necessário a ele.13 O seu serviço é desesperadamente necessário no corpo de Cris­to — basta perguntar em qualquer igreja local. Cada um de nós tem um papel a desempenhar, e cada um deles é importante. Não existe serviço pequeno para Deus; tudo importa.
Do mesmo modo, não existem ministérios insignificantes na igre­ja. Alguns são visíveis e alguns são desempenhados nos bastidores, mas todos são valiosos. Ministérios pequenos ou velados fazem fre­qüentemente uma grande diferença. Em minha casa, a luminária mais importante não é o enorme lustre da sala de jantar, mas a pequena luz noturna que me impede de tropeçar quando levanto à noite. Não há uma correlação exata entre tamanho e importância. Todo ministério é importante, porque todos dependemos uns dos outros para funcionar.
O que acontece quando uma parte do seu corpo deixa de funcio­nar? Você adoece. O resto do seu corpo sofre. Imagine se seu fígado decidisse começar a viver por conta própria: “Eu estou cansado! Não quero mais servir este corpo! Quero um ano de folga, só me alimen­tando. Eu tenho de pensar no que é melhor para mim! Deixe que outra parte do corpo assuma”. O que aconteceria? O seu corpo iria morrer. Hoje em dia, milhares de igrejas locais estão morrendo por causa de cristãos que não têm vontade de servir. Eles ficam assistin­do de lado, e o corpo sofre.

A ordem é servir a Deus. Jesus foi categórico: A atitude de vocês deve ser igual à minha, porque eu, o Messias, não vim para ser servi­do, mas para servir, e dar a minha vida por muitos.14 Para os cris­tãos, servir não é questão de opção, não é algo a ser encaixado em nossas agendas caso haja tempo disponível. Servir é o núcleo da vida cristã. Jesus veio para “servir” e para “dar” — esses dois verbos também devem servir para definir sua vida na Terra. Serviço e doa­ção resumem o quarto propósito de Deus para sua vida. Madre Tereza disse certa vez: “Viver em santidade consiste em realizar a obra de Deus com um sorriso”.
Jesus ensinou que a maturidade espiritual nunca é um fim em si mesma. Maturidade é para o ministério! Nós crescemos para nos doar. Seguir aprendendo mais e mais não é o suficiente. Precisamos agir de acordo com o que sabemos e pôr em prática o que afirmamos acreditar.
Impressão sem expressão causa depres­são. Estudar sem trabalhar leva à es­tagnação espiritual. A antiga compara­ção entre o mar da Galiléia e o mar Morto ainda é verdadeira. O mar da Galiléia é cheio de vida porque recebe água e tam­bém a escoa. No mar Morto nada vive, pois, ao contrário do primeiro, não há saída de água.
A última coisa que muitos crentes precisam hoje em dia é participar de outro estudo bíblico. Eles já sabem muito mais do que põem em prática. O que eles precisam é de experiências em servir, nas quais possam exercitar seus músculos espirituais.
Servir é contrário à nossa inclinação natural. Na maior parte do tempo, estamos mais interessados em nos servir do que no serviço. Dizemos “Estou procurando uma igreja que atenda as minhas neces­sidades e me abençoe”, e não “Estou procurando um lugar onde pos­sa servir e ser abençoado”. Esperamos que os outros nos sirvam, e não ao contrário. Mas, à medida que amadurecemos em Cristo, o foco de nossa vida deve ser deslocado progressivamente, para ter­mos uma vida de serviço. Um seguidor de Jesus maduro deixa de perguntar “Quem irá alcançar minhas necessidades?” e começa a perguntar: “As necessidades de quem eu vou alcançar?”. Você algu­ma vez já fez essa pergunta?

Preparando-se para a eternidade

No fim de sua vida na Terra você ficará perante Deus, e ele avaliará como você serviu aos outros com sua vida. A Bíblia diz: Cada um de nós prestará contas de si mesmo a Deus.15 Pense nas implicações disso. Algum dia Deus irá comparar quanto tempo e energia gasta­mos conosco, em relação ao que utilizamos para servir aos outros.
Nesse momento, todas as nossas desculpas para o egoísmo soarão vazias: “Eu estava muito ocupado”, ou “Eu tinha meus próprios obje­tivos”, ou “Eu estava preocupado em trabalhar, me divertir ou em preparar minha aposentadoria”. A todas as desculpas, Deus respon­derá: “Sinto muito, resposta errada. Eu o criei, salvei, chamei e ordenei a você que tivesse uma vida de serviços aos outros. Qual parte você não entendeu?”. A Bíblia alerta os que não crêem: Ele derramará a sua ira e o seu castigo sobre os que vivem para si mesmos16mas para os cristãos isso significará a perda das recompensas eternas.
Nós só estamos completamente vivos quando ajudamos os outros. Jesus disse: Se você insistir em salvar a sua própria vida, você a per­derá. Somente aqueles que põem de lado a sua vida por minha causa e por causa da Boa Nova é que saberão realmente o que significa viver.17 Essa verdade é tão importante, que é repetida cinco vezes nos evangelhos. Se você não está servindo, está apenas existindo, por­que a vida foi feita para o ministério. Deus quer que você aprenda a amar e a servir as pessoas de forma altruísta.

Serviço e importância

Você dará a vida por algo. O que será? Uma carreira, um esporte, um passatempo, fama, riquezas? Nenhuma dessas coisas será impor­tante para sempre. Servir é o caminho para a verdadeira importân­cia. É através do ministério que descobrimos o significado da vida. A Bíblia diz: Todos achamos nosso significado e função, como parte do seu corpo.18 Ao servirmos juntos na família de Deus, nossa vida assume uma importância eterna. Paulo disse: Quero que vocês pen­sem como tudo isso torna vocês mais importantes, não menos [...] por causa daquilo de que vocês são parte.19
Deus quer usá-lo para que você faça diferença no mundo dele. Ele quer trabalhar por meio de você. O que importa não é a duração da sua vida, mas a contribuição que ela dá. Não quanto você viveu, mas como viveu.
Se você não está envolvido em algum serviço ou mi­nistério, que desculpa tem usado? Abraão era velho, Jacó era inseguro, Lia era sem atrativos, José foi maltrata­do, Moisés gaguejava, Gideão era pobre, Sansão era co-dependente, Raabe era imoral, Davi teve uma aman­te e todo tipo de problema familiar, Elias tinha tendências suicidas, Jeremias era depressivo, Jonas era relutante, Noemi era viúva, João Batista era excêntrico para dizer o mínimo, Pedro era impulsivo e temperamental, Marta se preocupava demais, a mulher samaritana teve vários casamentos fracassados, Zaqueu era indesejado, Tomé tinha dúvidas, Paulo tinha saúde fraca e Timóteo era tímido. Aí está uma boa variedade de desajustes, mas Deus usou cada um deles a seu serviço. Ele também usará você, se deixar de dar desculpas.

Vigésimo Nono Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: Servir não é questão de opção.

Um versículo para memorizar: Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus preparou antes para nós as praticarmos (Efésios 2.10; nvi).

Uma pergunta para meditar: O que está me impedindo de aceitar o chamado de Deus para servi-lo?







Dia 30 Moldado para servir a Deus

Foram as tuas mãos que me formaram e me fizeram.
Jó 10.8; nvi

O povo que formei para mim proclamou o meu louvor.
Isaías 43.21; bj

Você foi moldado para servir a Deus.

Deus formou cada criatura neste planeta com uma qualificação especial. Alguns animais correm, outros saltam, alguns escavam e outros voam. Cada um tem um papel especial para cumprir confor­me foram moldados por Deus. O mesmo se dá com os humanos. Cada um de nós foi concebido, ou “moldado”, com exclusividade para a realização de determinadas tarefas.
Antes de os arquitetos projetarem um novo prédio, eles primeiro perguntam: “Para que propósito? Como será usado?”. A função pre­tendida sempre determina a forma do prédio. Antes de Deus o criar, ele decidiu que papel queria que você desempenhasse na terra. Ele planejou exatamente como queria que você o servisse, então o mol­dou para essas tarefas. Você é da forma que é porque foi feito para um ministério específico.
A Bíblia diz: Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras.1 A palavra “poema” vem da palavra grega traduzida por “criação, manufatura”. Você é uma obra de arte feita manualmente por Deus. Você não foi feito em uma linha de montagem de produção em massa, sem ter sido objeto de reflexão. Você é uma obra-prima exclusiva e feita sob medida.
Deus propositadamente moldou e formou você para servi-lo de um modo que torne seu ministério singular. Ele cuidadosamente misturou o coquetel de dna que o criou. Davi louvou a Deus por essa magnífica atenção pessoal aos detalhes: Tu fizeste tudo com delica­deza, as partes íntimas de meu corpo, e as uniste no ventre de mi­nha mãe. Obrigado por me teres feito de maneira tão maravilhosa­mente complexa! O teu trabalho é maravilhoso.2 Como disse Ethel Waters: “Deus não faz porcaria”.
Deus não apenas o moldou antes de seu nascimento, mas plane­jou cada dia de sua vida para favorecer seu processo de formação. Davi continua: Cada dia de minha vida foi gravado no teu livro. Cada momento foi determinado antes mesmo que um só dia tivesse aconte­cido.3 Isso significa que nada que tenha ocorrido em sua vida é insig­nificante. Deus usa toda a sua vida a fim de moldá-lo para seu minis­tério com relação aos outros e formá-lo para seu serviço perante ele. Deus jamais desperdiça coisa alguma. Ele não lhe daria habilida­des, interesses, talentos, dons, personalidade e experiências de vida, a menos que pretendesse usá-las para sua glória. Identificando e compreendendo esses fatores, você pode descobrir a von­tade de Deus para sua vida.
A Bíblia diz que você é “especial e admirável”. Você é uma combinação de múltiplos fatores. Para ajudar a lembrá-lo de cinco desses fatores, criei um simples acróstico: FORMA. Neste capítulo e no próximo, daremos uma olhada nesses cinco fatores, e em seguida explicarei como descobrir e usar a FORMA que Deus lhe deu.

Como Deus lhe dá forma para o ministério

Toda vez que Deus nos dá uma missão, ele nos equipa com o que precisamos para realizá-la. A combinação sob medida de suas capa­cidades é a sua FORMA.

Formação espiritual
Opções do coração
Recursos pessoais
Modo de ser
Áreas de experiência

Forma: Esclarecendo sua formação espiritual

Deus dá a todo crente dons espirituais para serem usados no minis­tério.4 São habilidades especiais concedidas por Deus para servi-lo e são concedidas somente aos crentes. Seus dons são parte importan­te de sua formação espiritual. A Bíblia diz: Quem não tem o Espírito de Deus não pode receber os dons que vêm do Espírito.5
Você não pode adquirir dons espirituais ou mesmo merecê-los — por isso são chamados dons! Eles são a manifestação da graça de Deus para com você. Cristo generosamente dividiu seus dons conosco.6
Nem é você quem escolhe os dons que gostaria de ter; é Deus quem os determina. Paulo explicou: É o mesmo e único Espírito Santo que distri­bui esses dons. Ele sozinho decide que dom cada pessoa deve receber.7
Por Deus gostar de variedade e querer que sejamos especiais, não há nenhum dom que seja concedido a todos.8 Além disso, nenhum indiví­duo recebe todos os dons. Se você possuísse todos, não teria necessida­de de mais ninguém, e isso destruiria um dos propósitos de Deus — nos ensinar a amar e a depender uns dos outros.
Seus dons espirituais não foram concedidos para seu benefício próprio, mas para o benefício dos outros, da mesma forma que ou­tras pessoas receberam dons para seu benefício. A Bíblia diz: Um dom espiritual é dado a cada um de nós como meio de ajudarmos a igreja inteira.9 Deus planejou dessa forma, para que precisássemos uns dos outros. Quando usamos nossos dons em conjunto, todos são beneficiados. Se os outros não usarem seus dons, você é passado para trás e, se você não usar seus dons, eles serão passados para trás. Por isso nos é dada a ordem para descobrir e desenvolver nos­sos dons espirituais. Você já parou para descobrir seus dons espiri­tuais? De nada vale um dom não-descoberto.
Toda vez que esquecemos essas verdades básicas sobre os dons, ocorrem problemas na igreja. Dois problemas comuns são “inveja de dom” e “prestígio de dom”. O primeiro ocorre quando comparamos nossos dons com os de outras pessoas e nos sentimos insatisfeitos com o que Deus nos deu, tornando-nos res­sentidos e ciumentos   por Deus utilizar os outros. O segundo ocorre quando esperamos que alguém mais tenha nossos dons, faça o que fomos chamados para fazer e se sinta tão entusiasmado quanto nós a respeito de tal dom. A Bíblia diz: Há dife­rentes tipos de serviço na igreja, mas é ao mesmo Senhor que estamos servindo.10
Os dons espirituais são algumas vezes exageradamente enfatiza­dos, em detrimento de outros fatores que Deus utiliza para nos moldar para o serviço. Seus dons revelam uma chave para descobrir a vontade de Deus para nosso ministério; mas os dons espirituais não formam o quadro completo. Deus também nos moldou de quatro outras maneiras.

Forma: Atentando para suas opções do coração

A Bíblia usa o termo “coração” para descrever o lote de desejos, espe­ranças, interesses, ambições, sonhos e afeições que você possui. O coração representa a fonte de todos os seus estímulos — o que você ama fazer, seus interesses e o que mais lhe importa. Ainda hoje usamos a palavra nesse sentido, quando dizemos: “Eu te amo de todo o meu coração”.
A Bíblia diz: Assim como a água reflete o rosto, o coração reflete quem somos nós.11 Seu coração revela o verdadeiro você, o que você verdadeiramente é, não o  que os outros pensam que você é ou o que as circunstâncias o forçam a ser. Seu coração determina o porquê de você dizer as coisas que diz, sentir-se como se sente e agir da forma que age.12
Fisicamente, cada um de nós tem um batimento cardíaco exclusi­vo. Assim como temos impressões digitais, padrões de íris e de voz singulares, nosso coração bate com padrões sensivelmente diferen­tes. É magnífico que, apesar dos bilhões de pessoas que já viveram, ninguém jamais tenha tido um batimento cardíaco exatamente igual ao seu.
Do mesmo modo, Deus deu a cada um de nós um “compasso” emocional único que dispara quando pensamos em assuntos, ativi­dades ou circunstâncias que nos interessam. Nós, instintivamente, importamo-nos com algumas coisas e desconsideramos outras. São pistas de onde deveríamos estar servindo.
Outra palavra para coração é paixão. Existem certos assuntos que lhe despertam paixão e outros para os quais você não liga a mínima. Algumas experiências o entusiasmam e prendem sua aten­ção, enquanto outras o desanimam ou matam de tédio. Elas revela­rão a natureza de seu coração.
Enquanto você crescia, deve ter descoberto que se interessava intensamente por alguns assuntos que não despertavam o menor interesse em sua família. De onde vieram esses interesses? Vieram de Deus. Deus tinha um propósito em lhe dar esses interesses inatos. Seu compasso emocional é a segunda chave para a compreensão de sua capaci­tação para o serviço. Não ignore seus interesses. Imagine como eles podem ser usados para a glória de Deus. Há uma razão para que você goste de fazer essas coisas.
A Bíblia nos manda continuamente servir ao Senhor com todo o [...] coração.13 Deus quer que você o sirva apaixonadamente, e não por obrigação. As pessoas raramente se destacam em tarefas que não apreciam ou que não lhes desperte paixão. Deus quer que você use seus interesses naturais para servir a ele e aos outros. Ouvir os impulsos internos pode indicar-lhe o ministério que Deus tenciona que você tenha.
Como você sabe quando está servindo a Deus de coração? O primei­ro sinal revelador é o entusiasmo. Quando você está fazendo o que ama fazer, ninguém precisa motivá-lo, desa­fiá-lo ou inspecioná-lo. Você o faz pelo mero prazer. Você não precisa de recom­pensas, aplausos ou pagamento, por­que adora servir dessa forma. O oposto também é verdade: quando você não se entusiasma com o que faz, é facilmente desestimulado.
A segunda característica de quem serve a Deus com o coração é a eficiência. Todas as vezes que você faz o que Deus o condicionou a amar, você se torna bom nisso. A paixão leva à perfeição. Se você não se importa com uma tarefa, é improvável que se destaque nela. Em contrapartida, os maiores realizadores, em qualquer campo, são movidos pela paixão, e não por lucro ou obrigação.
Todos já ouvimos dizer: “Arranjei um emprego que odeio para ganhar bastante dinheiro, então algum dia saio e vou fazer o que gosto”. Isso é um grande erro. Não desperdice sua vida em um em­prego que não exprima o que vai em seu coração. Lembre-se: as mai­ores coisas da vida não são as coisas. O significado é muito mais importante do que o dinheiro. O homem mais rico do mundo certa vez falou: Uma vida simples no temor do Senhor é melhor que uma vida rica com uma tonelada de dores de cabeça.14
Não se conforme em apenas alcançar “uma boa vida”, porque uma boa vida não é boa o suficiente. No fim das contas, ela não satisfaz. Você pode ter muito do que viver e ainda assim não ter para que viver. Em vez disso, almeje “a vida melhor” — servir a Deus de forma que exprima o que está em seu coração. Chegue a uma conclusão sobre o que você gosta de fazer — o que Deus lhe colocou no coração para fazer — e então faça isso para a glória de Deus.

Trigésimo Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: Eu fui moldado para servir a Deus.

Um versículo para memorizar: Deus age por intermédio de homens e maneiras diferentes, mas é o mesmo Deus que atinge seus propósitos mediante todos eles (l Coríntios 12.6; ch).

Uma pergunta para meditar: De que modo posso me ver servindo a outras pessoas apaixonadamente e gostando de servir?

Dia 31 Entendendo sua forma

Tu moldaste-me primeiro por dentro e depois por fora; tu me formaste no ventre de minha mãe.
Salmos 139.13; Msg

Somente você pode ser você.

Deus projetou cada um de nós de modo que não houvesse réplica em todo o mundo. Ninguém tem exatamente a mesma composição de fatores que o tornam exclusivo. Isso significa que ninguém mais na terra será capaz de desempenhar o papel que Deus planejou para você. Se você não fizer sua contribuição individual para o corpo de Cristo, ela não será feita. A Bíblia diz: Existem tipos diferentes de dons [...] Existem maneiras diferentes de servir [... e] Há diferentes habilida­des para realizar o trabalho.1 No capítulo anterior, vimos as duas primeiras: seus dons espirituais (formação espiritual) e seu coração (opções do coração). Agora veremos o resto de sua configuração.

Forma: Aplicando seus recursos pessoais

Seus recursos pessoais são os talentos naturais com os quais você nasceu. Algumas pessoas têm uma habilidade natural com as pala­vras: já nascem falando! Outras têm habilidades atléticas naturais, destacando-se em agilidade física. Outras ainda são boas em mate­mática, música ou mecânica.
Quando Deus quis criar o Tabernáculo e todos os utensílios para adoração, cuidou para que houvesse artistas e artesãos que fossem formados com destreza, habilidade e plena capacidade artística para desenhar [...] e executar todo tipo de obra artesanal.2 Hoje em dia, Deus ainda concede essas habilidades, bem como milhares de ou­tras, para que as pessoas possam servi-lo.

Todas as suas habilidades vêm de Deus. Até mesmo habilida­des usadas para o pecado foram dadas por Deus; estão apenas sen­do usadas para o mal ou de forma imprópria. A Bíblia diz: Deus dá a cada um de nós habilidade para fazer bem determinadas coisas? Visto que suas capacidades naturais vieram de Deus, elas são tão importantes e “espirituais” quanto seus dons espirituais. A única diferença é que você as recebeu no nascimento.
Uma das desculpas mais comuns que as pessoas dão para não servir é: “Eu simplesmente não tenho nenhuma aptidão a oferecer”. Isso é ridículo. Você tem dezenas, provavelmente centenas de habili­dades inexploradas, desconhecidas e ociosas, que estão latentes dentro de você. Vários estudos revelaram que uma pessoa comum tem de quinhentas a setecentas capacidades e habilidades — muito mais do que você imagina.
Por exemplo: o cérebro pode armazenar 100 trilhões de fatos. Sua mente pode lidar com 15 mil decisões por segundo, como ocorre quando seu sistema digestivo está trabalhando. Seu olfato pode per­ceber até 10 mil odores diferentes. Seu tato pode detectar um ele­mento com um mícron de espessura e sua língua pode detectar o gosto de uma parte de quinino em dois milhões de partes de água. Você é um conjunto de habilidades incríveis, uma maravilhosa cria­ção de Deus. Parte da responsabilidade da igreja é identificar e disponibilizar essas habilidades para servir a Deus.

Todas as habilidades podem ser usadas para a glória de Deus. Paulo disse: Quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus.4 A Bíblia é cheia de exem­plos de diferentes capacidades que Deus usou para sua glória. Aqui estão apenas algumas mencionadas nas Escrituras: capacidade ar­tística, capacidade arquitetônica, administração, culinária, constru­ção de navios, produção de doces, capacidade para debates, dese­nho, embalsamamento, bordados, gravação, agricultura, pesca, jardinagem, liderança, gerenciamento, serviços de alvenaria, composi­ção, produção de armas, trabalhos com agulhas, pintura, plantação, filosofia, habilidade com maquinarias, invenções, carpintaria, nave­gação, atividades militares, alfaiataria, ensino, literatura e poesia. A Bíblia diz: Há diferentes habilidades para realizar o trabalho, mas é o mesmo Deus quem dá a cada um a habilidade para fazê-lo.5 Deus tem um lugar em sua igreja, onde sua habilidade pode se distinguir e você pode fazer a diferença. Cabe a você achar esse lugar.
Deus dá a algumas pessoas a habilidade de ganhar muito di­nheiro. Moisés disse aos israelitas: Mas lembrem-se do Senhor, o seu Deus, pois é ele que lhes dá a capacidade de produzir riqueza.6 Pes­soas com essa capacidade são boas em fazer os negócios crescerem, fechar acordos ou vendas e obter lucro. Se você possui habilidade para os negócios, deve usá-la para a glória de Deus. Como? Primeiro, compreenda que sua habilidade veio de Deus e dê o crédito a ele. Segundo, use sua empresa ou negócio para auxiliar na necessidade dos outros e partilhe sua fé com os que não crêem. Terceiro, devolva ao menos o dízimo (10%) do lucro para Deus, como ato de adoração.7 E, por fim, fixe para si a meta de ser um construtor do Reino, em vez de ser um construtor de riquezas. Vou explicar isso melhor no capítulo 33.

Deus quer que eu faça aquilo que sou capaz de fazer. Você é a única pes­soa na terra que pode usar suas habi­lidades. Ninguém mais pode assumir o seu papel, porque ninguém mais pos­sui a configuração exclusiva que Deus lhe deu. A Bíblia diz que Deus equipa você com tudo o que [você necessita] para fazer a sua vontade.8 Para descobrir a vontade de Deus para sua vida, você deve examinar seriamente em que você é bom e para que não tem habilidade.
Se Deus não lhe deu a habilidade de cantar bem, não esperará que você seja cantor de ópera. Deus jamais lhe pedirá que dedique a vida a uma tarefa para a qual você não tem talento. No entanto, as habilidades que você efetivamente tem são um forte indício do que Deus quer que você faça com sua vida. São pistas para que você conheça a vontade de Deus para você. Se você for bom em projetar, recrutar, desenhar ou organizar, é seguro supor que os planos de Deus para sua vida incluem tal habilidade de alguma forma. Deus não desperdiça habilidades; ele combina nosso chamado com nos­sas habilidades.
Suas habilidades não foram concedidas apenas para que você ganhe a vida; Deus as concedeu para que você exerça seu ministério. Pedro disse: Deus deu a cada um de vocês algumas capacidades especiais; estejam certos de as estarem utilizando para se ajudarem mutuamente, transmitindo aos outros as muitas espécies de bên­çãos de Deus.9
Enquanto este livro é escrito, aproximadamente sete mil pessoas estão usando suas habilidades para o ministério na igreja de Saddleback, suprindo todo tipo de serviço que você possa imaginar: con­sertando carros doados para que sejam dados aos necessitados, achando os melhores negócios para as compras da igreja, trabalhan­do com paisagismo, organizando arquivos, projetando arte, progra­mas e prédios, fornecendo tratamento de saúde, preparando refei­ções, compondo músicas, ensinando música, escrevendo propostas de subvenções, treinando times, fazendo pesquisas para sermões ou traduzindo-os e realizando centenas de outras tarefas especializa­das. Dizemos aos novos membros: “Não importa no que você é bom; seja o que for, você deve estar fazendo para sua igreja!”

Forma: Usando seu modo de ser

Não nos damos conta de como cada um de nós é verdadeiramente único. As moléculas de dna podem se reunir em um número infinito de formas. A possibilidade de você algum dia vir a encontrar alguém exatamente igual a você é de 1 para 10 elevado a 2 400 000 000ª. potência. Se você fosse escrever esse número com cada zero da espessura de uma polegada, seria necessário uma tira de papel com 60 mil quilômetros!
Para que você coloque isso em perspectiva, alguns cientistas acre­ditam que o número de todas as partículas do Universo não passa de 10 seguido de 76 zeros; um número muito menor que as possibi­lidades de seu dna. Sua singularidade é um fato científico da vida. Quando Deus o fez, ele quebrou a forma. Nunca houve nem haverá alguém exatamente igual a você.
É obvio que Deus aprecia a diversidade — basta olhar à volta! Ele criou cada um de nós com uma combinação exclusiva de traços de personalidade. Deus fez os introvertidos e os extrovertidos. Fez as pessoas que gostam de rotina e as que gostam de variar. Fez algu­mas pessoas “racionais” e outras “emocionais”. Algumas pessoas tra­balham melhor em tarefas individuais, enquanto outras trabalham melhor em equipe. A Bíblia diz: Deus age por intermédio de homens e maneiras diferentes, mas é o mesmo Deus que atinge seus propó­sitos mediante todos eles.10
A Bíblia nos dá um monte de provas de que Deus usa todos os tipos de personalidades. Pedro era sangüíneo. Paulo era colérico. Jeremias era melancólico. Quando você vê as diferenças de persona­lidade entre os doze discípulos, fica fácil entender por que algumas vezes houve conflitos interpessoais.
Não existe temperamento “certo” ou “errado” para o ministério. Todos os tipos de personalidades são necessárias para equilibrar a igreja e lhe dar sabor. O mundo seria um lugar muito chato se fôsse­mos todos apenas baunilha. Felizmente, as pessoas vêm em mais de 31 sabores.
Seu modo de ser ou personalidade afetará como e onde você usa­rá suas habilidades e dons espirituais. Por exemplo: duas pessoas podem ter o dom de evangelização, mas, se uma é introvertida e a outra é extrovertida, esse dom será expresso de formas distintas.
Marceneiros sabem que é mais fácil trabalhar no sentido das fi­bras da madeira do que de modo perpendicular a elas. Do mesmo modo, quando você é forçado a ministrar de forma contrária ao seu temperamento, cria-se tensão e desconforto, exigem-se quantidades extras de esforço e energia e os melhores resultados não são atingi­dos. É por isso que copiar o ministério de outra pessoa nunca funcio­na; você não detém a personalidade da outra pessoa. Além do mais, Deus o fez para ser você! Você pode aprender a partir do exemplo de outras pessoas, mas deve filtrar o que aprende através de sua pró­pria forma. Hoje em dia existem muitos livros e ferramentas que podem ajudá-lo a compreender sua personalidade, para que você possa determinar como usá-la para Deus.
Como vidro colorido, nossas diferentes personalidades refletem a luz de Deus em muitas cores e padrões. Isso abençoa a família de Deus com intensidade e variedade, e também nos abençoa pessoal­mente. É agradável fazer aquilo para o que Deus o preparou. Quando você mi­nistra de forma coerente com a perso­nalidade que Deus lhe deu, sente-se realizado, satisfeito e produtivo.

Forma: Utilizando suas áreas de experiência

Você foi formado pelas experiências que teve na vida, estando a maioria delas além de seu controle. Deus as permitiu para o seu propósito na sua formação.11 Ao determinar sua forma para servir a Deus, você deve examinar ao menos seis tipos ou áreas de experiên­cias de seu passado:

•  Experiências familiares: O que você aprendeu sendo criado por sua família?
•  Experiências educacionais: Quais eram suas matérias favori­tas na escola?
•  Experiências vocacionais’. Em quais empregos você foi mais eficiente e de que mais gostou de trabalhar?
• Experiências espirituais. Qual foi sua época mais significativa com Deus?
• Experiências no ministério: Como você serviu a Deus no pas­sado?
• Experiências árduas: Com quais problemas, mágoas, espinhos e provações você aprendeu?

É a última categoria, experiências árduas, que Deus mais usa para prepará-lo para o ministério. Deus jamais desperdiça uma dor! Na verdade, é muito provável que seu maior ministério surja de sua maior dor. Quem poderia ministrar melhor aos pais de uma criança com síndrome de Down do que outro casal que tenha um filho pade­cendo do mesmo mal? Quem poderia ajudar melhor na recuperação de um alcoólatra do que alguém que tenha combatido esse demônio e tenha achado a liberdade? Quem poderia confortar melhor uma esposa que tenha sido trocada por uma amante do que uma mulher que tenha passado pela mesma agonia?
Deus intencionalmente permite que você passe por experiências árduas, a fim de capacitá-lo a ministrar às outras pessoas. A Bíblia diz: Ele nos conforta em todos os nossos problemas, de modo que podemos confortar a outros. Quando alguém estiver atribulado, se­remos capazes de dar-lhe o mesmo conforto que recebemos de Deus.12 Se você realmente deseja ser usado por Deus, deve entender uma verdade poderosa: as mesmas experiências que lhe trouxeram mais arrependimento e ressentimento na vida — aquelas que você queria esconder e esquecer são as que Deus quer usar para ajudar aos ou­tros. Elas são seu ministério!
Para que Deus utilize suas experiências dolorosas, você deve estar disposto a partilhá-las. Você tem de parar de encobri-las e deve admitir honestamente suas faltas, fracassos e temores. Fazer isso provavelmente tornará seu minis­tério mais eficiente. As pessoas se sen­tem mais estimuladas quando lhes contamos como a graça de Deus nos ajudou na fraqueza do que quando fa­zemos alarde sobre nossa força.
Paulo compreendeu essa verdade, por isso era honesto sobre seus acessos de depressão. Ele admitia: Eu acho que vocês devem saber, amados irmãos, que tempos difí­ceis nós atravessamos na Ásia. Fomos realmente esmagados e opri­midos, e tivemos medo de não conseguir sobreviver. Sentimos que estávamos condenados à morte e percebemos como éramos fracos demais para socorrer-nos a nós mesmos; isso, porém, foi bom, por­que assim nós colocamos tudo nas mãos de Deus, o único que poderia salvar-nos, pois é capaz até de le­vantar os mortos. E ele nos ajudou mesmo, e nos sal­vou de uma morte terrível; sim, e esperamos que ele faça assim sempre.13
Se Paulo tivesse mantido em segredo sua experiência de dúvida e depressão, milhões de pessoas nunca se teriam beneficiado dela. Somente experiências partilhadas podem benefici­ar os outros. Aldous Huxley disse: “Experiência não é o que acontece com você. É o que você faz com o que acontece com você”. O que você fará com o que você tem passado? Não desperdice sua dor; use-a para ajudar os outros.
Após termos visto essas cinco vias que Deus utilizou a fim de moldá-lo para seu serviço, espero que você venha a apreciar mais profundamente a soberania de Deus e tenha uma idéia mais clara de como ele o preparou para o propósito de servi-lo. Utilizar a sua for­ma é o segredo tanto da produtividade quanto da realização no ministério.14 Você alcançará sua eficiência máxima quando utilizar seus dons espirituais e habilidades na área de interesse de seu cora­ção, de uma forma que melhor expresse sua personalidade e suas experiências. Quanto melhor o enquadramento, mais bem-sucedido você será.

Trigésimo Primeiro Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: Ninguém mais pode ser eu.

Um versículo para memorizar: Deus deu a cada um de vocês algumas capacidades especiais; estejam certos de as estarem utilizando para se ajudarem mutuamente, transmitindo aos outros as muitas espécies de bênçãos de Deus (1 Pedro 4.10; bv).

Uma pergunta para meditar: Que capacidade dada por Deus ou experiência pessoal posso oferecer a minha igreja?

Dia 32 Usando o que Deus lhe deu

Visto que nos descobrimos moldados nessas partes excelentemente formadas e maravilhosamente funcionais do corpo de Cristo, passemos adiante e sejamos o que fomos feitos para ser.
Romanos 12.5; Msg

O que você é, é um presente de Deus para você; o que você faz consigo, é um presente seu para Deus.
Provérbio dinamarquês

Deus merece o melhor de você.

Ele o formou para um propósito e espera que você faça o máximo com aquilo que recebeu. Ele não quer que você se aflija ou cobice talentos que não tem. Em lugar disso, ele quer que você se concentre nos talentos que ele lhe deu para usar.
Quando você tenta servir a Deus de forma não natural, é como forçar um pino quadrado em um buraco redondo. É frustrante e produz resultados limitados. Também é um desperdício de tempo, talento e energia. O melhor uso para sua vida é servir a Deus em conformidade com sua natureza. Para fazê-lo, você deve descobrir sua FORMA, aprender a aceitá-la e a apreciá-la para depois desen­volvê-la ao seu potencial máximo.

Descubra sua forma

A Bíblia diz: Não procedam imprudentemente, mas procurem desco­brir e fazer tudo que o Senhor quer que vocês façam.1 Não deixe que se passe outro dia. Comece a averiguar e a esclarecer quem Deus quer que você seja e o que ele quer que você faça.
Comece avaliando seus dons e habilidades. Analise de forma de­morada e honesta em que você é bom e em que não é. Paulo aconse­lhou: ... procurem fazer um juízo correto de suas capacidades.2 Faça uma lista. Peça às outras pessoas uma opinião justa. Diga-lhes que quer descobrir a verdade, não ganhar elogios. Dons espirituais e habi­lidades naturais são sempre confirmadas pelos outros. Se você pensa ser talentoso para ensinar ou cantar, mas ninguém mais concorda, adivinhe! Se você quiser saber se tem o dom de liderança, basta olhar por cima do ombro! Se ninguém o estiver seguindo, você não é líder.
Faça perguntas assim: “Onde pude ver frutos em minha vida que foram confirmados por outras pessoas? Onde já fui bem-sucedido?”. Exame de dons espirituais e listas de capacidades podem ter algum valor, mas estão limitadas à sua utilização. Em primeiro lugar, elas são padronizadas; logo, não le­vam em conta seu caráter exclusivo. Em segundo, não existem definições de dons espirituais na Bíblia; logo, qual­quer definição é arbitrária e normalmente representa uma ten­dência denominacional. Outro problema é que quanto mais ma­duro você se torna, maiores são as probabilidades de você manifes­tar características de vários dons. Você pode estar servindo, ensi­nando ou se dedicando generosamente em virtude de sua maturida­de, mas não por causa de um dom espiritual.
A melhor maneira de descobrir seus dons e capacidades é experi­mentar diferentes áreas de ocupação. Eu poderia ter feito uma cen­tena de testes para dons e habilidades quando era jovem, mas ja­mais descobriria que tinha o dom do ensino, porque era algo que eu nunca tinha feito! Foi somente após ter começado a aceitar convites para palestras que vi os resultados — outras pessoas confirmaram, e então percebi: “Deus me dotou para isso”!
Muitos livros apresentam o processo de descobrimento de trás para frente. Eles dizem: “Descubra seu dom espiritual, e então saberá a qual ministério deve se dedicar”. Isso na verdade funciona de forma exatamente oposta. Comece a servir, experimentando diferentes mi­nistérios, e então você descobrirá seus dons. Enquanto não estiver efetivamente envolvido em servir, não saberá em que é realmente bom.
Você tem dezenas de habilidades escondidas e dons que desconhe­ce porque nunca os pôs à prova. Por isso, eu incentivo a tentar fazer coisas que nunca fez anteriormente. A despeito de sua idade, devo exortá-lo a nunca deixar de experimentar. Conheci muitas pessoas que descobriram talentos escondidos após setenta ou oitenta anos. Conhe­ço uma mulher na casa dos noventa anos que corre e vence corridas de 10 mil metros, e não sabia que gostava de correr até completar 78 anos!
Não tente entender seus dons até ser voluntário para servir em algum lugar. Tão-somente comece a servir. Você descobre seus dons ao se envolver no ministério. Tente ensinar, liderar, organizar, tocar um instrumento ou trabalhar com adolescentes. Você nunca saberá em que é bom enquanto não tentar. Quando não der certo, chame de “experiência”, não de fracasso. Em algum momento, você irá desco­brir no que é bom.

Leve em consideração seu coração e sua personalidade. Paulo aconselhou: Faça um exame cuidadoso de quem você é e do trabalho que tem realizado; então dedique-se a isso inteiramente.3 Mais uma vez, é proveitoso colher informações de quem o conhece me­lhor. Faça perguntas a si mesmo: “O que eu realmente mais gosto de fazer? Em quais momentos me sinto mais vivo? O que estou fazendo quando perco a noção de tempo? Gosto de rotina ou de variedade? Prefiro servir em equipe ou por conta própria? Sou intro­vertido ou extrovertido? Sou racional ou emocional? De que gosto mais: competir ou cooperar?”.

Examine suas experiências e extraia lições já aprendidas. Ana­lise sua vida e pense em como ela o moldou. Moisés disse aos israe­litas: Pensem hoje na grandeza de Deus e naquilo que aprenderam a respeito do seu poder e da sua força.4 Experiências esquecidas são inúteis; eis uma boa razão para se manter um diário espiritual. Pau­lo se preocupou em que os crentes na Galácia tivessem esquecido o sofrimento pelo qual haviam passado. Ele disse: Toda as suas expe­riências foram desperdiçadas? Espero que não! 5
Nós raramente vemos o bom propósito de Deus na dor, no fracas­so ou na vergonha; enquanto o fato está ocorrendo. Quando lavou os pés de Pedro, Jesus disse: Você não compreende agora o que estou lhe fazendo; mais tarde, porém, entenderá.6 Somente em retrospecto compreendemos como Deus planejou um problema para o bem.
Extrair lições de suas experiências leva tempo. Sugiro que você tire um final de semana para um retiro de análise da vida, onde irá parar para ver como Deus trabalhou em vários momentos decisivos de sua vida e para avaliar como ele quer usar essas lições para aju­dar os outros. Existem recursos que podem auxiliá-lo a fazer isso.7

Aceite e desfrute de sua forma

Uma vez que Deus sabe o que é melhor para você, você deveria aceitar com gratidão o modo em que ele o moldou. A Bíblia diz: Mais exatamen­te, quem és tu, ó homem, para discutires com Deus? Vai acaso a obra dizer ao artífice: Por que me fizeste assim? O oleiro não pode formar da sua massa seja um utensílio para uso nobre, seja outro para uso vil? 8 Sua FORMA foi determinada soberanamente por Deus, para o pro­pósito dele, então você não deve se ressentir ou rejeitá-la. Em vez de tentar se remodelar para ser outra pessoa, você deve comemorar a FORMA que Deus deu somente a você. Entretanto, Cristo concedeu aptidões especiais a cada um de nós — qualquer coisa que ele deseja que recebamos de seu rico depósito de dons.9
Parte da aceitação de sua FORMA está no reconhecimento de suas limitações. Ninguém é bom em tudo, e ninguém é chamado para ser tudo. Todos temos papéis definidos. Paulo compreendeu que seu chamado não era para realizar tudo ou agradar a todos, mas sim para se concentrar no ministério específico para o qual Deus o havia formado.10 Ele disse: Nosso alvo é ficar dentro dos limites do que Deus planejou para nós.11
A palavra limite se refere ao fato de Deus ter destinado cada um de nós para um campo ou esfera de serviço. Sua FORMA determina sua especialidade. Quando tentamos estender nosso ministério para além do que Deus nos preparou para fazer, experimentamos pres­são. Assim como em uma corrida cada competidor recebe uma raia, devemos individualmente correr com perseverança a carreira especi­al que Deus pôs diante de nós.12 Não sinta inveja do corredor na raia ao seu lado; simplesmente se concentre em terminar sua corrida.
Deus quer que você goste de usar a FORMA que ele lhe deu. A Bíblia diz: Esteja certo de fazer o que você deveria estar fazendo, pois assim você desfrutará a satisfação pessoal de ter feito o seu trabalho bem feito e não precisará comparar-se com ninguém.13 Satanás tentará lhe roubar a alegria do serviço de duas formas: tentando-o para comparar seu ministério com os dos outros e tentando-o para adaptar seu ministério às expectativas dos outros. Ambas são ar­madilhas mortais que irão distraí-lo do serviço tal como definido por Deus. Toda vez que você começar a perder a alegria no seu ministério, comece verificando se uma dessas tentações é a causa.
A Bíblia nos adverte a jamais nos comparar com os outros: Faça bem o seu trabalho, e assim terá algo de que se orgulhar. Mas não se compare com os outros.14 Existem duas razões pelas quais você ja­mais deveria comparar sua vocação, seu ministério ou os resultados de seu ministério com o de qualquer outro. Primeiro, você sempre irá achar alguém que pareça estar fazendo um trabalho melhor que o seu, e isso irá desencorajá-lo. Ou você sempre encontrará alguém que não pareça ser tão eficiente quanto você, e então se tornará arrogante. Ambas as atitudes lhe tirarão do serviço e roubarão sua alegria.
Paulo disse que é tolice nos compararmos com os outros. Ele dis­se: Não temos a pretensão de nos igualar ou de nos comparar com alguns que se recomendam a si mesmos. Quan­do eles se medem e se comparam consigo mes­mos, agem sem entendimento.15 A paráfrase des­te versículo segundo a versão The Message [A Mensagem] diz: Em todo essa comparação, medição e competição, eles acabam perdendo o que é mais importante.16
Você irá descobrir que pessoas que não compreendem sua FOR­MA para o ministério irão criticá-lo e tentar fazê-lo corresponder ao que eles pensam que você deveria estar fazendo. Ignore-os. Paulo tinha de lidar constantemente com críticos que não compreendiam e denegriam seu serviço. Sua resposta era sempre a mesma: evite com­parações, resista aos exageros, e almeje somente os elogios de Deus.17
Uma das razões por que Paulo foi usado tão poderosamente nas mãos de Deus foi ter se recusado a ser distraído por críticas ou por comparações de seu ministério com o de outras pessoas ou a ser arrastado para debates contraproducentes sobre seu ministério. Como John Bunyan disse: “Se minha vida é infrutífera, isso não importa a quem me enaltece e, se minha vida é frutífera, isso não importa a quem me critica”.

Continue desenvolvendo sua forma

A parábola dos talentos, contada por Jesus, demonstra que Deus quer que façamos o máximo com o que ele nos dá. Devemos cultivar nossos dons e habilidades, manter nosso coração em chamas, desen­volver nosso caráter e nossa personalidade e ampliar nossas experi­ências para que sejamos cada vez mais eficientes em nosso serviço. Paulo disse aos filipenses: Continuem crescendo em conhecimento e entendimento.18 E relembrou a Timóteo: Mantenha viva a chama do dom de Deus que está em você.19
Se você não exercitar os músculos, eles enfraque­cem e atrofiam. Da mesma maneira, se não utilizar as habilidades e capacidades que Deus lhe deu, você irá perdê-los. Jesus ensinou a parábola dos talentos para enfatizar essa verdade. Aludindo ao servo que falhou em utili­zar um talento, o mestre disse: Tirem o talento dele e entreguem-no ao que tem dez.20 Deixe de usar aquilo que lhe foi dado, e você o perderá. Use a habilidade que possui, e Deus a aumentará. Paulo disse a Timóteo: Não deixe de usar as aptidões que Deus lhe deu por meio dos seus profetas quando os anciãos da igreja colocaram as mãos sobre a sua cabeça. Ponha essas aptidões em ação; atire-se às suas tarefas de tal maneira que todos percebam o seu aperfeiçoa­mento e progresso.21
Quaisquer que sejam os dons que lhe tenham sido concedidos, eles podem ser ampliados e desenvolvidos pela prática. Por exem­plo: ninguém tem o dom de ensino completamente desenvolvido. Mas com estudo, opiniões e prática, um “bom” professor pode se tornar um professor melhore, com o tempo, tornar-se um mestre do ensino. Não se acomode com dons desenvolvidos pela metade. Apren­da e se expanda o mais que puder. Concentre-se em fazer seu melhor para Deus, um trabalho do qual não tenha vergonha.22 Aproveite todas as oportunidades de treinamento para desenvolver sua FOR­MA e aguce suas habilidades para o serviço de Deus.
No céu, serviremos a Deus para sempre. Neste momento, pode­mos nos preparar para esse serviço eterno, praticando na terra. Como atletas que se preparam para as Olimpíadas, continuamos treinan­do para o grande dia: Eles fazem isso pela medalha de ouro que perde o brilho e desbota. Você está em busca da medalha de ouro eterna.23
Estamos nos preparando para responsabilidades e recompensas eternas.

Trigésimo Segundo Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: Deus merece o melhor de mim.

Um versículo para memorizar: Procure apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que não tem do que se en­vergonhar e que maneja corretamente a palavra da ver­dade (2 Timóteo 2.15; nvi).

Uma pergunta para meditar: Qual a melhor maneira de usar o que Deus me deu?

Dia 33 Como os verdadeiros servos agem

Quem quiser ser o maior deve se tornar servo. Marcos 10.43; Msg

Vocês podem dizer o que eles são pelo que eles fazem. Mateus 7.16; cev

Servimos a Deus ao servir os outros.

O mundo define grandeza em termos de poder, posses, prestígio e posição. Se puder exigir que as outras pessoas o sirvam, você con­seguiu chegar lá. Em nossa cultura egoísta, com sua mentalidade do “eu primeiro”, agir como servo não é uma noção apreciada.
Jesus, entretanto, mediu a grandeza em termos de serviço, e não de posição social. Deus avalia nossa grandeza pela quantidade de pessoas que servimos, não pela quantidade de pessoas que nos ser­vem. Isso é tão oposto à idéia de grandeza do mundo que é difícil compreender, quanto mais praticar. Os discípulos debateram sobre quem merecia a posição de maior destaque, e, dois mil anos depois, líderes cristãos ainda fazem manobras em busca de posição e proeminência nas igrejas, denominações e organizações pareclesiásticas. Milhares de livros têm sido escritos sobre a atividade do líder, mas poucos sobre a atividade do servo. Todos querem liderar, mas ninguém quer ser servo. Preferimos ser generais a ser soldados rasos. Até mesmo os cristãos querem ser “líderes-servos”, e não apenas sim­ples servos. Mas ser como Jesus é ser servo. Foi assim que ele chamou a si mesmo.
Embora conhecer a FORMA seja importante para servir a Deus, ter o coração de servo é ainda mais importante. Lembre-se: Deus o formou para servir, e não para ser egoísta. Sem o coração de servo, você será tentado a empregar mal sua FORMA, usando-a para vanta­gens pessoais. Você será também tentado a usá-la como desculpa, para se eximir de satisfazer algumas necessidades.
É comum que Deus teste nosso coração, pedindo-nos que sirva­mos em modalidades para as quais não somos habilitados. Se você vir um homem caindo em uma vala, Deus espera que você o ajude, e não que diga: “Não tenho o dom de misericórdia ou assistência”. Embora não seja dotado para uma tarefa em particular, você pode ser chamado a realizá-la, se ninguém mais com o talento em questão estiver por perto. Seu ministério principal deve ser exercido na esfera de sua FORMA, mas seu ministério secundário é em qualquer lugar em que você seja neces­sário no momento.
Sua FORMA revela seu ministério, mas seu coração de servo reve­lará sua maturidade. Não é necessário nenhum talento especial para ficar após uma reunião e coletar o lixo ou empilhar cadeiras. Qual­quer um pode ser servo. Caráter é a única coisa necessária.
É possível servir na igreja durante toda uma vida sem jamais ter sido servo. Deve-se ter o coração de servo. Como você pode saber se possui coração de servo? Jesus disse: Vocês podem dizer o que eles são pelo que eles fazem.1

Os verdadeiros servos estão à disposição para servir. Eles não preenchem seu tempo com outras atividades que possam limitar sua disponibilidade. Querem estar prontos a servir imediatamente quando são chamados. Semelhante ao soldado, o servo deve estar sempre pronto para o dever: Nenhum soldado se deixa envolver pe­los negócios da vida civil já que deseja agradar aquele que o alistou.2 Se você só serve quando lhe é conveniente, então não é um servo de verdade. Verdadeiros servos fazem o que é necessário mes­mo quando é inconveniente.
Você está disponível para Deus a qualquer momento? Ele pode estragar seus planos sem que você fique ressentido? Como servo, você não pode ser seletivo sobre quando e onde irá servir. Ser servo significa desistir do direito de controlar sua agenda e permitir que Deus a interrompa sempre que precisar.
Se ao início de cada dia você relembrar que é servo de Deus, as interrupções não serão muito frustrantes, pois sua agenda será for­mada por qualquer coisa que Deus quiser colocar na sua vida. Os servos vêem interrupções como compromissos divinos para o minis­tério, e ficam felizes com a oportunidade de servir na prática.

Os verdadeiros servos prestam atenção às necessidades. Os ser­vos estão sempre atentos a formas de ajudar os outros. Quando vêem uma necessidade, agarram a oportunidade de auxiliar, exatamente como a Bíblia nos ordena: Portanto, enquanto temos oportunidade, façamos o bem a todos, especialmente aos da família da fé.3 Quando Deus põe alguém em situação de necessidade bem a sua frente, ele está lhe dando a oportunidade de crescer como servo. Repare que Deus diz que as necessidades de sua família na igreja devem ter preferência, não devem ser colocadas no fim de sua lista de coisas a fazer.
Deixamos escapar muitas oportunidades para ser­vir porque nos falta sensibilidade e espontaneida­de. Grandes oportunidades para servir nunca duram muito. Elas passam rapidamente, e algumas vezes nunca voltam a ocorrer. Você provavelmente terá apenas uma chance de auxiliar aquela pessoa; então, aproveite a oportunida­de. Não diga ao seu vizinho que espere até amanhã, se você pode ajudá-lo hoje.4
John Wesley foi um fantástico servo de Deus. Seu lema era: “Faça todo o bem que puder, com todos os recursos de que dispuser, de todas as formas que puder, em todos os lugares que puder, sempre que puder, a todas as pessoas que puder, enquanto você puder”. Isso é grandeza. Você pode começar procurando pequenas tarefas que ninguém mais quer fazer. Faça essas pequenas coisas como se fos­sem grandes coisas, pois Deus está observando.

Os verdadeiros servos fazem o melhor que podem com o que têm à mão. Servos não dão desculpas, não deixam para a última hora, nem esperam circunstâncias melhores. Nunca dizem “Um dia destes” ou “Quando for a hora certa”. Simplesmente fazem o que precisa ser feito. A Bíblia diz: Se você ficar esperando as condições perfeitas, nunca fará nada.5 Deus espera que você faça o que puder, com o que você tem e onde quer que você esteja. Um serviço não tão perfeito é sempre melhor que a melhor das intenções.
Uma razão que impede muitas pessoas de servir é que elas te­mem não serem boas o suficiente para servir. Acreditaram na menti­ra de que servir a Deus é somente para pessoas altamente talentosas e bem-sucedidas. Algumas igrejas fomentaram esse mito ao tornar a “excelência” um ídolo, o que faz pessoas com talentos comuns hesi­tarem em se envolver.
Você já deve ter ouvido alguém dizer: “Se isso não pode ser feito com excelência, não o faça”. Bem, Jesus nunca disse isso! A verdade é que, quase tudo que fazemos é feito de modo deficiente quando começamos a fazê-lo — é assim que aprendemos. Na igreja de Saddleback, praticamos o princípio do “suficientemente bom”: não precisa ser perfeito para Deus usar e abençoar. Preferimos envolver milhares de pessoas normais no ministério do que ter uma igreja perfeita dirigida por uma pequena elite.

Os verdadeiros servos fazem qualquer tarefa com igual dedi­cação. O que quer que façam, os servos o fazem de todo o coração.6 O tamanho da tarefa é irrelevante. A única questão é: ela precisa ser feita?
Você jamais chegará a um estágio na vida em que será importan­te demais para ajudar em tarefas servis. Deus jamais irá eximi-lo do que é trivial. É uma parte vital no currículo de seu caráter. A Bíblia diz: Se você pensa ser muito importante para ajudar alguém neces­sitado, está na verdade enganando a si mesmo. Você é realmente insignificante.7 É nesses pequenos serviços que crescemos à seme­lhança de Cristo.
Jesus se especializou em tarefas servis, que todo o mundo tenta­va evitar: lavar pés, ajudar crianças, preparar o café da manhã e servir leprosos. Nada estava abaixo dele, porque ele veio para servir. Não foi apesar de sua grandeza que ele fez essas coisas, mas por causa dela, e ele espera que sigamos seu exemplo.8

Pequenas tarefas muitas vezes demonstram um grande cora­ção. Seu coração de servo se revela em pequenos atos que outros nem pensam em fazer, como quando Paulo reuniu gravetos para acender um fogo a fim de que todos se aquecessem após um naufrá­gio.9 Ele estava tão exausto como qualquer outro, mas fez aquilo de que todos precisavam. Nenhuma tarefa está abaixo de você quando você tem coração de servo.

As grandes oportunidades estão normalmente camufladas en­tre as tarefas menores. As pequenas coisas da vida determinam as grandes. Não busque realizar grandes tarefas para Deus. Tão-so­mente faça as coisas não tão grandes, e Deus o designará para qualquer coi­sa que ele queira que você faça. Mas antes de tentar o extraordinário, ten­te servir normalmente.10
Sempre haverá mais pessoas dis­postas a fazer “grandes” coisas para Deus do que pessoas dispostas a fazer pequenas coisas. A corrida para a liderança está apinhada de candidatos, mas o campo é amplo para os dispostos a ser servos. Algumas vezes você serve “de baixo para cima” àqueles que possuem autoridade, e algumas vezes você serve “de cima para baixo” àqueles que se encontram necessitados. Em ambos os casos, você desenvolve o coração de servo, quando está disposto a fazer o que for necessário.

Os verdadeiros servos são fiéis ao seu ministério. Os servos concluem suas tarefas, cumprem suas responsabilidades, mantêm suas promessas e levam a cabo seus compromissos. Não deixam um serviço feito pela metade e não desistem quando perdem o incenti­vo. São confiáveis e dignos de crédito.
A fidelidade sempre foi uma qualidade rara.11 A maioria das pes­soas não sabe o valor do compromisso. Elas firmam compromissos de forma casual, e então os quebram pela razão mais fútil sem ne­nhuma hesitação, remorso ou arrependimento. Todas as semanas, igrejas e outras organizações são obrigadas a improvisar, porque os voluntários não se prepararam, não apareceram nem mesmo liga­ram para dizer que não viriam.
As outras pessoas podem contar com você? Existem promessas que você precisa manter, votos que precisa cumprir ou compromis­sos que precisa honrar? Isso é um teste. Deus está testando sua fidelidade. Passando nesse teste, você estará em boa companhia: Abraão, Moisés, Samuel, Davi, Daniel, Timóteo e Paulo foram chama­dos servos fiéis de Deus. E ainda melhor: Deus prometeu recompen­sar sua fidelidade na eternidade. Imagine como será no dia em que Deus lhe disser: Muito bem, meu servo bom e fiel. Você foi fiel ao lidar com essa pequena quantia; portanto, agora darei a você muito mais responsabilidades. Vamos celebrar juntos.12
A propósito, servos fiéis jamais se aposentam. Eles seguirão ser­vindo fielmente enquanto viverem. Você pode se aposentar de sua carreira, mas nunca se aposentará de servir a Deus.

Os verdadeiros servos mantêm a discrição. Servos não se pro­movem nem chamam a atenção para si mesmos. Em vez de agir para impressionar e se vestir para o sucesso, eles usam um avental de humildade para servir uns aos outros!13 Sendo reconhecidos por seus serviços, eles humildemente aceitam, mas não admitem que a notoriedade os distraia, desviando a atenção de seu trabalho. Paulo expôs um tipo de serviço que aparenta ser espiritual, mas que é na verdade apenas uma simulação, um show, um ato para atrair a aten­ção. Ele chamou isso de estar servindo à vista 14 — servir para que as pessoas fiquem impressionadas com quão espiritual nós somos. Esse era o pecado dos fariseus. Eles transformavam o auxílio às pessoas, a generosidade e até mesmo a oração em espe­táculo para os outros. Jesus detestava essa ati­tude e alertou: Tenham o cuidado de não prati­car seus deveres religiosos em público, a fim de serem vistos pelos outros. Se vocês agirem as­sim, não receberão nenhuma recompensa do Pai de vocês, que está no céu.15

A autopromoção e a atividade de servir não se misturam. Os verdadeiros servos não agem pela aprovação e pelo aplauso dos outros. Vivem para uma platéia com uma única pessoa. Como Paulo disse: Se eu ainda estivesse procurando agradar a homens, não seria servo de Cristo.16

Você não achará muitos servos verdadeiros sendo o centro das atenções. Na verdade, sendo possível, eles evitam isso. Eles se satisfazem em servir silenciosamente nas sombras. José é um grande exemplo. Ele não atraiu a atenção para si, mas serviu discretamente a Potifar, a seu carcereiro, ao padeiro e ao copeiro do faraó, e Deus abençoou sua postura. Quando faraó o elevou a uma posição de importância, José ainda manteve o coração de servo, até mesmo com seus irmãos, que o haviam atraiçoado.
Infelizmente, muitos líderes de hoje começam como servos, mas terminam como celebridades. Eles se tornam viciados em atenção, sem tomar consciência de que estar sempre sob os holofotes deixa a pessoa cega.
Você pode estar servindo no anonimato em algum lugar peque­no, sentindo-se desconhecido e sem valor. Ouça: Deus o pôs onde você está por um propósito! Ele conhece o número de fios de cabelo que há na sua cabeça e sabe o seu endereço. É melhor você ficar no seu lugar até que ele opte por mudá-lo. Ele o avisará se quiser que você vá para outro lugar. Seu ministério é importante para o Reino de Deus. Quando Cristo se manifestar novamente na terra, vocês também serão manifestos com ele, em glória. Por agora, contentem-se com o anonimato.17
Existem mais de 750 halls da fama nos Estados Unidos e mais de 450 publicações do tipo “quem é quem”, mas você não irá encontrar muitos servos verdadeiros nesses lugares. A notoriedade não signi­fica nada para os servos verdadeiros, porque eles sabem a diferença entre ser proeminente e ser importante. Existem vários atributos pro­eminentes no seu corpo, sem os quais você não poderia viver. As partes escondidas de seu corpo é que são indispensáveis. O mesmo ocorre com o corpo de Cristo. O serviço mais importante é, freqüen­temente, aquele que não é visto.18
No céu, Deus irá recompensar abertamente alguns de seus servos mais desconhecidos — pessoas das quais nunca ouvimos falar na terra, que orientaram crianças emocionalmente perturbadas, limpa­ram idosos que sofriam de incontinência, cuidaram de pacientes com aids e serviram de milhares de maneiras que desconhecemos.
Sabendo disso, não desanime quando seu serviço for desconheci­do ou nem for notado. Persista em servir a Deus! Lancem-se no tra­balho do Senhor, confiantes de que nada que vocês façam para ele seja perda de tempo ou de esforço.19 Mesmo o menor serviço é reco­nhecido por Deus e recompensado. Lembre-se das palavras de Jesus: E se, como meus representantes, vocês derem até mesmo um copo d’água fria e uma criança, serão seguramente recompensados.20

Trigésimo Terceiro Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: Sirvo a Deus quando sirvo aos outros.

Um versículo para memorizar: Se vocês derem até mes­mo um copo de água fria ao menor dos meus seguidores, certamente serão recompensados (Mateus 10.42; nlt).

Uma pergunta para meditar: Qual das seis característi­cas dos verdadeiros servos é a mais desafiadora para mim?

Dia 34 Pensando como servo

Meu servo Calebe pensa diferente e me segue de forma integra.
Números   14.24; ncv

Pensem de vocês mesmos tal como Cristo Jesus pensava de si mesmo.
Filipenses 2.5; Msg

Servir começa na mente.

Ser servo requer uma mudança de rumo em sua mente, uma alte­ração de postura. Deus está sempre mais interessado em por que você faz algo do que no que você faz. Atitudes contam mais que realizações. O rei Amazias perdeu a graça de Deus porque fez o que o Senhor aprova, mas não de todo o coração.1 Servos verdadeiros ser­vem a Deus com uma mentalidade que engloba cinco atitudes.

Os servos pensam mais nos outros do que em si. Os servos se concentram nas outras pessoas, e não em si. Esta é a verdadeira humildade: não pensar menos de si, mas pensar menos em si. Eles são abnegados. Paulo disse: Esqueçam de si o suficiente, para ajuda­rem ao próximo.2 É isso que significa “perder a vida” — esquecer-se de si mesmo para servir aos outros. Quando deixamos de nos con­centrar em nossas próprias necessidades, ficamos a par das necessi­dades ao nosso redor.
Jesus Esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo.3 Quan­do foi a última vez que você se esvaziou a si mesmo para benefício de alguém? Você não pode ser servo se estiver cheio de si mesmo. É somente quando nos esquecemos de nós que fazemos coisas que merecem ser lembradas.
Infelizmente, grande parte do serviço que prestamos é em causa própria. Servimos para que os outros gostem de nós, para sermos admirados ou para alcançarmos nossos objetivos. Isso é manipula­ção, e não ministério. Ficamos o tempo todo pensando, na verdade, em nós mesmos, e em como somos maravilhosos e nobres. Algumas pessoas tentam usar o serviço que fazem para barganhar com Deus: “Vou fazer isso por você, Deus, se você fizer aquilo por mim”. Os verdadeiros servos não tentam usar a Deus para seus propósitos; deixam que Deus os use para os propósitos dele.
Ser abnegado, assim como ser fiel, é uma qualidade extremamente rara. Dentre todas as pessoas que Paulo conheceu, Timóteo foi o úni­co exemplo que ele pôde apontar.4 Pensar como servo é difícil, pois en­tra em choque com o principal pro­blema de nossa vida: somos, por natureza, egoístas. Pensamos demais em nós mesmos. Por esse motivo, a humildade é uma luta diária, uma lição que temos de reaprender repetidamente. As oportunidades de ser servos colocam-se à nossa frente dezenas de vezes por dia, nas quais temos a chance de decidir entre satisfazer as nossas necessida­des e as necessidades dos outros. A abnegação é a essência do serviço. Podemos avaliar nosso coração, ver se somos servos pela forma de reagirmos quando os outros nos tratam como servos. Como você reage quando as pessoas não o levam em consideração, lhe dão or­dens o tempo todo ou o tratam como alguém inferior? A Bíblia diz: Se alguém tirar injustamente vantagem de você, use a oportunidade para agir como servo.5

Os servos pensam como administradores, não como donos. Os servos se lembram de que Deus é o dono de tudo. Na Bíblia, o administrador era o servo encarregado de gerenciar uma proprieda­de. José foi esse tipo de servo quando prisioneiro no Egito. Potifar confiou sua casa a José. Depois, o carcereiro confiou a prisão a José. Por fim, o faraó confiou a José toda a nação. O serviço e a adminis­tração andam juntas,6 pois Deus espera que sejamos dignos de con­fiança nas duas coisas. A Bíblia diz: O que se exige de quem tem essa responsabilidade é que seja fiel ao seu Senhor.7 Como você está lidan­do com os recursos que Deus lhe confiou?
Para tornar-se um verdadeiro servo, você terá de resolver a questão do dinheiro na sua vida. Jesus disse: Nenhum servo pode servir a dois senhores [...] Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro.8  Ele não disse “Vocês não devem”, mas “Vocês não podem”. É impossível. Viver para o ministério e viver para o dinheiro são objetivos que se excluem mutuamente. Qual deles você escolhe? Se você for servo de Deus, não pode fazer um “bico” por sua conta. Todo o seu tempo pertence a Deus. Ele exige lealdade exclusiva, e não fidelidade de meio expediente.
E o dinheiro que tem o maior potencial para substituir Deus na nossa vida. Mais pessoas são desviadas do serviço de Deus pelo materialismo do que por qualquer outra coisa. Elas dizem: “Após ter atingido meus objetivos financeiros, vou servir a Deus”. É uma deci­são tola, pela qual se arrependerão por toda a eternidade. Quando Jesus é seu Mestre, o dinheiro serve você, mas, se o dinheiro for seu mestre, você se torna escravo dele. A riqueza não é absolutamente um pecado, mas deixar de usá-la para a glória de Deus o é. Os servos de Deus sempre se preocupam mais com o ministério do que com o dinheiro.
A Bíblia é extremamente clara: Deus usa o dinheiro para saber se você é um servo fiel. Foi por isso que Jesus falou mais sobre o dinhei­ro do que sobre o céu ou o inferno. Ele disse: Assim, se vocês não forem dignos de confiança em lidar com as riquezas deste mundo ímpio, quem lhes confiará as verdadeiras riquezas? 9 A forma de você gerenciar seu dinheiro afeta a quantidade de bênçãos que Deus der­rama sobre sua vida.
No capítulo 31, mencionei dois tipos de pessoas: construtores do Reino e construtores de riquezas. Ambos são bons em fazer os negó­cios crescerem, fechar acordos ou vendas e obter lucro. Os construto­res de riquezas continuam a acumular fortunas para si, indepen­dentemente de quanto tenham alcançado, mas os construtores do Reino mudam as regras do jogo. Eles ainda tentam ga­nhar tanto dinheiro quanto for possível, mas fazem isso para distribuí-lo. Usam a riqueza para financi­ar a igreja de Deus e a sua missão no mundo.
Na Saddleback, temos um grupo de diretores de em­presas e donos de negócios que tentam fazer o melhor que podem, então fazem doações à medida de suas possibilidades, para promover o Reino de Deus. Eu os encorajo a conversar com seu pastor e iniciar um grupo de construtores do Reino em sua igreja. Procure auxílio no “Apêndice 2”.

Servos pensam no seu trabalho, e não no que os outros estão fazendo. Eles não fazem comparações, não criticam nem competem com os outros servos ou ministérios. Estão muito ocupados reali­zando o trabalho que Deus lhes deu.
A competição entre servos de Deus é absurda por muitas razões. Estamos todos no mesmo time; nosso objetivo é fazer que a pessoa de Deus apareça de forma positiva, e não a nossa pessoa. Recebemos diferentes atribuições e temos todos uma forma exclusiva. Paulo disse: Não vamos nos comparar uns com os outros, como se um fosse melhor e o outro pior. Temos coisas muito mais interessantes para fazer com nossa vida. Cada um de nós é um ser original.10
Não há lugar para ciúmes mesquinhos entre servos. Quando você está ocupado servindo, não há tempo para ser crítico. Todo tempo desperdiçado em criticar os outros poderia ser usado no ministério. Quando Marta reclamou para Jesus que Maria não a ajudava com o traba­lho, ela perdeu seu coração de serva. Os verda­deiros servos não reclamam de injustiças, não sentem pena de si mesmos nem ficam aborrecidos com os que não servem. Eles apenas confiam em Deus e seguem servindo.

Não é nossa função avaliar os outros servos do Mestre. A Bí­blia diz: Quem é você para criticar o escravo de alguém ? O Senhor determinará se seu escravo foi bem-sucedido ou não.11 E também não é nossa função nos defendermos das críticas. Deixe que seu Mestre tome conta disso. Siga o exemplo de Moisés, que se mostrou verdadei­ramente humilde quando enfrentou oposição. Ou faça como Neemias, cuja resposta às criticas era simplesmente: Meu trabalho é muito im­portante para que eu o interrompa agora [para] conversar com vocês.12

Se você serve como Jesus, pode esperar ser criticado. O mun­do, e até mesmo grande parte da igreja, não compreende o que Deus valoriza. Um dos mais belos atos de amor demonstrados a Jesus foi criticado pelos discípulos. Maria tomou a coisa mais valiosa que pos­suía, um perfume caro, e derramou sobre Jesus. Seu generoso serviço foi chamado “desperdício” pelos discípulos, mas Jesus o chamou signi­ficativo,13 e isso é tudo o que importa. Seu serviço para Cristo nunca será um desperdício, não importa o que os outros digam.

Os servos baseiam sua identidade em Cristo. Por se lembrarem de que são amados e aceitos pela graça, não têm de provar seu valor. Eles aceitam de bom grado trabalhos que pessoas inseguras conside­rariam “abaixo” delas. Um dos mais profundos exemplos de serviço realizado a partir de uma auto-estima segura foi a lavagem dos pés dos discípulos, realizada por Jesus. Lavar os pés era equivalente a ser engraxate, função desprovida de status. Mas Jesus sabia quem era; então a tarefa não ameaçou sua auto-estima. A Bíblia diz: Jesus sabia que o Pai havia colocado todas as coisas debaixo do seu poder, e que viera de Deus [...] assim, levantou-se da mesa, tirou sua capa e colocou uma toalha em volta da cintura.14

Se você quer ser servo, deve depositar sua identidade em Cris­to. Somente pessoas seguras de si podem servir. Pessoas inseguras estão sempre preocupados com a aparência perante os outros. Elas temem a exposição de suas fraquezas e se escondem sob camadas de orgulho e pretensão. Quanto mais você for inseguro, mais irá querer que as pessoas o sirvam e mais necessitará da aprovação delas.
Henry Nouwen disse: “Para sermos úteis aos outros, temos de morrer para eles, ou seja, temos de deixar de medir nossa importân­cia e valor pelos parâmetros dos outros [...] dessa forma, ficamos livres para manifestar misericórdia”. Quando você baseia seu valor e sua identidade no seu relacionamento com Cristo, fica livre das ex­pectativas dos outros, e isso permite que você realmente os sirva melhor.

Os servos não precisam cobrir as paredes com placas e prêmios para confirmar seu valor. Eles não insistem em ser tratados por títulos nem se en­volvem em mantos de superioridade. Os servos consideram irrelevantes os símbolos de status e não medem o próprio valor pelas realizações. Paulo disse: Você pode gloriar-se de você mesmo, mas a única aprovação que conta é a do Senhor.15
Se alguém teve grande chance na vida de se gabar de seus conhe­cimentos pessoais e de citar seus relacionamentos, esse alguém foi Tiago, o meio-irmão de Jesus. Ele detinha as credenciais de quem tinha vivido com Jesus na condição de irmão. Ainda assim, na intro­dução de sua carta, ele se referiu a si mesmo como servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo.16 Quanto mais próximo você estiver de Jesus, menos precisará promover a si mesmo.

Servos consideram o ministério uma oportunidade, não uma obrigação. Eles gostam de ajudar pessoas, suprir necessidades e ministrar. Servem ao Senhor com alegria.17 Por que eles servem com alegria? Porque amam ao Senhor, reconhecem sua graça, sabem que servir é o melhor uso que podem dar à vida e têm ciência de que Deus prometeu uma recompensa. Jesus prometeu: O Pai honrará e recompensará a qualquer um que me servir18 Paulo disse: Ele não esquece o trabalho que vocês fizeram nem o amor que lhe mostraram na ajuda que deram e ainda estão dando aos seus irmãos na fé.19
Imagine o que poderia ter acontecido, se apenas 10% dos cristãos em todo o mundo levasse a sério seu papel de servo. Imagine todo o bem que poderia ter sido feito. Você está disposto a ser uma dessas pessoas? Não importa sua idade; Deus irá usá-lo se começar a agir e a pensar como servo. Albert Schweitzer disse: “As únicas pessoas realmente felizes são aquelas que aprenderam a servir”.

Trigésimo Quarto Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: Para ser servo, devo pensar como servo.

Um versículo para memorizar: Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus (Filipenses 2.5; nvi).

Uma pergunta para meditar: Normalmente, preocupo-me mais em ser servido ou em achar maneiras de servir os outros?

Dia 35 O poder de Deus NA   FRAQUEZA

Somos fracos [...] mas, pelo poder de Deus, viveremos com ele para servir vocês.
2 Coríntios 13.4; nvi

Eu estou com você; isso é tudo que você precisa.
2 Coríntios 12.9a; bv

Deus realmente gosta de usar pessoas fracas.

Todo o mundo tem fraquezas. Na verdade, você tem uma coleção de defeitos e imperfeições: físicas, emocionais, intelectuais e espiritu­ais. Você também pode viver situações incontroláveis que o enfraque­cem, como obstáculos financeiros e de relacionamentos. O mais im­portante é o que você faz com isso. Normalmente, negamos nossas fraquezas, as defendemos, damos desculpas, escondemos — e torna­mos a senti-las. Isso impede que Deus as use da forma que deseja.
Deus tem uma perspectiva diferente de sua fraqueza. Ele diz: Os meus caminhos são mais altos do que os seus caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os seus pensamentos;1 então, ele muitas vezes age de forma diametralmente oposta ao que espera­mos. Imaginamos que Deus quer usar somente nossos pontos fortes; mas ele também quer usar nossas fraquezas para sua glória.
A Bíblia diz: Deus escolheu [...] para envergonhar os poderosos [...] o que o mundo acha fraco.2 Suas fraquezas não são um acidente. Deus as permitiu em sua vida deliberadamente, a fim de demonstrar seu poder por meio de você.
Deus nunca ficou impressionado com a força ou a auto-suficiência. Aliás, ele é atraído por pessoas que são fracas e admitem isso. Jesus considera os que reconhecem as próprias necessidades, “pobres em espírito”. Essa foi a primeira atitude a ser abençoada por ele.3
A Bíblia é cheia de exemplos sobre como Deus adora usar pessoas comuns e imperfeitas para realizar coisas extraordinárias, a despeito de suas fraquezas. Se Deus só utilizasse pessoas perfeitas, nada ja­mais seria realizado, porque nenhum de nós é impecável. Deus utiliza pessoas imperfeitas: esse é um fato animador para todos nós.
A fraqueza, ou “espinho”, como Paulo a chamou,4 não é um peca­do ou vício de caráter que você possa mudar, como, por exemplo, exagerar na comida ou ser impaciente. A fraqueza é qualquer limitação que você herdou ou não tem meios de alterar. Po­derá ser uma limitação física, como uma deficiência, uma doença crônica, a vita­lidade naturalmente baixa ou uma inaptidão. Poderá também ser uma limitação emocional, como a seqüela de um trauma, uma lembrança dolorosa, um comportamento peculi­ar ou algum fator hereditário. Ou poderá ainda ser uma limitação intelectual ou de suas habilidades. Nem todos somos absolutamen­te brilhantes ou talentosos.
Quando você pensa nas limitações de sua vida, pode sentir-se tentado a concluir: “Deus nunca poderia me usar”. Mas Deus jamais fica limitado pelas nossas limitações. Aliás, ele gosta de pôr seu grande poder em embalagens comuns. A Bíblia diz: Somos como va­sos de barro nos quais esse tesouro é armazenado. O poder real vem de Deus, e não de nós.5 Como a cerâmica comum, somos frágeis, falhos e quebramos com facilidade. Mas Deus irá nos usar, se permi­tirmos que ele trabalhe por meio das nossas fraquezas. Para que isso aconteça, devemos seguir o exemplo de Paulo.

Admita as suas fraquezas. Confesse suas imperfeições. Pare de fingir que é perfeito e seja honesto sobre si mesmo. Em vez de viver dando desculpas e se recusando a aceitar, identifique sem pressa suas fraquezas pessoais. Você pode até fazer uma lista delas.
Duas grandes confissões do Novo Testamento demonstram o que é necessário para uma vida saudável. A primeira foi de Pedro, que disse a Jesus: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.6 A segunda con­fissão foi feita por Paulo, que disse a uma multidão que o idolatra­va: Nós também somos humanos como vocês.7 Se você quer que Deus o use, deve saber quem é Deus e quem é você. Muitos cristãos, princi­palmente líderes, esquecem da segunda verdade: somos apenas hu­manos! Se forem necessários problemas graves para que você admita isso, Deus não irá hesitar em permiti-los, porque ele ama você.

Regozije-se na sua fraqueza. Paulo disse: Portanto, eu me sinto muito feliz em me gabar das minhas fraquezas, para que assim a proteção do poder de Cristo esteja comigo. Eu me alegro também com as fraquezas [...] pelas quais passo por causa de Cristo.8 Em princípio, isso não faz nenhum sentido. Queremos ser libertos de nossas fraquezas, e não nos regozijarmos nelas! Mas o regozijo é uma manifestação da fé na bondade de Deus. É como se ele dissesse: “Deus, eu sei que você me ama e sabe o que é melhor para mim”.
Paulo nos dá várias razões para ficarmos felizes com as fraque­zas que nasceram conosco. Primeiro, elas nos fazem depender de Deus. Falando a respeito da própria fraqueza, que Deus se recusou a eliminar, Paulo disse: Já que eu sei que tudo é para o bem de Cristo, sinto-me bem feliz com o “espinho”, e com os insultos, as durezas, as perseguições e as dificuldades; porque, quando estou fraco, então sou forte quanto menos tenho, mais dependo dele.9 Sempre que se sentir fraco, Deus o estará relembrando de que você depende dele.
Nossas fraquezas também previnem a arrogância. Elas nos man­têm humildes. Paulo disse: Para que eu não ficasse muito orgulhoso, me foi dado o dom de uma deficiência, para me colocar em constan­te contato com minhas limitações.10 Deus em muitos casos junta uma grande fraqueza com uma grande força para manter nosso ego sob controle. A limitação pode agir como o controlador que nos im­pede de ir rápido demais e passar à frente de Deus.
Quando Gideão recrutou um exército de 32 mil homens para com­bater os midianitas, Deus os reduziu a apenas trezentos homens. Isso fez que suas chances no combate contra as tropas inimigas, que possuía 135 mil homens, fi­cassem reduzidas à proporção de 1 para 450. Isso, aparentemente, era a receita para a ruína, mas Deus agiu assim para que Israel soubesse que havia sido o poder de Deus, e não a força deles, que os havia salvado.
Nossas fraquezas também incentivam a comunhão entre os cren­tes. Enquanto a força gera um espírito independente (“Não preciso de mais ninguém”), nossas limitações demonstram quanto precisa­mos uns dos outros. Quando tecemos as frágeis fibras de nossa vida, uns com os outros, surge uma corda de grande força. Vance Havner brincava: “Os cristãos são como flocos de neve: isolados, são frágeis, mas, juntos, param o trânsito”.
Acima de tudo, nossas fraquezas aumentam nossa capacidade de ministrar e de sentir compaixão. Elas nos tornam mais propensos a ser atenciosos e a sentir compaixão pelas fraquezas dos outros. Deus quer que você tenha sobre a terra um ministério semelhante ao de Cristo. Isso significa que as outras pessoas deverão achar cura em suas feridas. Suas mais profundas mensagens de vida e seu minis­tério mais eficiente surgirão de suas dores mais profundas. As coi­sas que o deixam mais constran­gido, mais envergonhado, as quais você reluta em partilhar, são os mesmos instrumentos que Deus usará com mais poder para curar os outros.
O grande missionário Hudson Taylor disse: “Todos os gigantes de Deus são pessoas fracas”. A fra­queza de Moisés era seu gênio. Em virtude de seu temperamento, ele assassinou um egípcio, feriu a rocha com a qual deveria conversar e quebrou as tábuas dos Dez Mandamentos. Ainda assim, Deus trans­formou Moisés em um homem muito paciente, mais do que qualquer outro que havia na terra.11
As fraquezas de Gideão eram a baixa auto-estima e profunda insegurança, mas Deus o transformou em um ... poderoso homem de valor.12 A fraqueza de Abraão era o medo. Não uma, mas duas vezes, ele afirmou que a esposa era sua irmã para se proteger. Mas Deus transformou Abraão no pai de todos os que crêem.13 Impulsivo e sem força de vontade, Pedro se tornou pedra,14 o adúltero Davi se tornou homem segundo o meu coração15 e João, um dos arrogantes “Filhos do Trovão”, se tornou o “Apóstolo do Amor”.
A lista poderia seguir interminavelmente. Não tenho tempo para falar de Gideão, Baraque, Sansão, Jefté, Davi, Samuel e os profetas, os quais pela fé [...] da fraqueza tiraram força.16 Deus é especialista em transformar fraqueza em força. Ele quer pegar sua maior fraque­za e transformá-la.

Partilhe suas fraquezas de forma sincera. O ministério começa com a vulnerabilidade. Quanto mais você abaixa a guarda, tira a más­cara e conta suas lutas, mais Deus poderá usá-lo para servir aos outros. Paulo foi um exemplo de vulnerabilidade em todas as suas car­tas. Ele contava abertamente.

•    Suas falhas: Quando quero fazer o bem, não o faço e, quando tento não cometer erros, acabo errando do mesmo jeito.17
•    Seus sentimentos: Meus queridos amigos de Corinto! Eu con­tei-lhes tudo quanto sentia; eu os amo de todo o coração.18
•    Suas frustrações: Fomos esmagados e totalmente oprimidos. Pensamos que jamais iríamos sobreviver àquela situação.19
•   Seus medos: Quando vim até vocês, eu estava fraco, amedron­tado e trêmulo.20

É lógico que a vulnerabilidade é arriscada. Pode ser assustador baixar as defesas e abrir a vida aos outros. Quando você expõe seus fracassos, sentimentos, frustrações e temores, você arrisca ser rejei­tado. Mas os benefícios valem o risco. A vulnerabilidade liberta emo­cionalmente. Quando nos abrimos, aliviamos a tensão e dissipamos nossos medos, o que é o primeiro passo rumo à libertação.
Nós já vimos que Deus “dá graça ao humilde”, mas muitos não compreendem a humildade. Ter humildade não é se rebaixar ou ne­gar a própria força, mas ser sincero sobre suas fraquezas. Quanto mais franco você for, mais terá da graça de Deus. E também receberá graça dos outros. A vulnerabilidade é uma qualidade cativante. So­mos naturalmente atraídos por pessoas humildes. A pretensão traz aversão, mas a autenticidade atrai, e a vulnerabilidade é o caminho para a intimidade.
É por isso que Deus quer usar suas fraquezas, e não apenas seus pontos fortes. Se as pessoas só puderem ver seus pontos fortes, irão desanimar e pensar: “Bem, melhor para ele; mas nunca poderei fazer isso”. Entretanto, quando vêem Deus usá-lo apesar de suas fraquezas, animam-se e pensam: “Talvez Deus também possa usar-me”! Nossos pontos fortes criam competição, mas nos­sas fraquezas criam a vida em comunidade.
Em algum ponto da vida, você terá de decidir se quer impressionar ou influenciar as pessoas. Você pode impressionar as pessoas de longe, mas tem de chegar perto para influenciá-las; e, quando você fizer isso, elas poderão ver suas imperfeições. Não há nenhum problema. A qualidade essencial em um líder não é a perfeição, mas a credibilida­de. As pessoas devem ser capazes de confiar em você, caso contrário não o seguirão. Como você constrói credibilidade? Não fingindo ser perfeito, mas sendo sincero.

Glorie-se na sua fraqueza. Paulo disse: Duma experiência assim vale a pena gloriar-se, porém não vou fazê-lo. Vou apenas gloriar-me de quão fraco sou e quão grandioso é Deus para usar uma fraqueza dessas para sua glória.21 Em vez de posar como ícone de invencibili­dade e autoconfiança, veja a si mesmo como um troféu da graça de Deus. Quando Satanás apontar as fraquezas que você tem, concorde com ele e encha o coração de louvores a Jesus, que compreende todas as nossas fraquezas,22 e ao Espírito Santo, que nos ajuda em nossa fraqueza.23
Algumas vezes, entretanto, Deus transforma um ponto forte em fraqueza, a fim de nos usar ainda mais. Jacó foi um manipulador, passou a vida conspirando e então fugindo das conseqüências. Cer­ta noite, ele lutou com Deus e disse: “Eu não o deixarei ir enquanto não me abençoar”. Deus disse “Tudo bem”, mas então lhe deslocou a coxa do quadril. O que significa tudo isso?
Deus tocou a força de Jacó (o músculo da coxa é o mais forte do corpo humano) e a transformou em fraqueza. Daquele dia em dian­te, Jacó passou a mancar, para que jamais voltasse a fugir. Isso o forçou a depender de Deus, quer desejasse, quer não. Se você quer que Deus o abençoe e o use de forma poderosa, deverá estar disposto a mancar pelo resto da vida, pois Deus usa pessoas fracas.

Trigésimo Quinto Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: Deus opera melhor quando ad­mito minhas fraquezas.

Um versículo para memorizar: Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza (2 Coríntios 12.9a; nvi).

Uma pergunta para meditar: É possível que eu esteja limitando o poder de Deus na minha vida por esconder minhas fraquezas? Sobre o que preciso ser sincero para que possa ajudar às pessoas?

Propósito n.° 5

VOCÊ FOI FEITO PARA UMA MISSÃO

O fruto da retidão é árvore de vida, e aquele que conquista almas é sábio.
Provérbios 11.30

Dia 36 Feito para uma missão

Do mesmo modo que me deste uma missão no mundo, eu dei a eles uma missão no mundo.
João 17.18; Msg

A coisa mais importante é que eu cumpra minha missão, o trabalho que o Senhor Jesus me deu para fazer.
Atos 20.24; Msg

Você foi feito para uma missão.

Deus está atuando no mundo e quer que você se junte a ele. Essa atribuição é conhecida como sua missão. Deus quer que você tenha tanto um ministério no corpo de Cristo quanto uma missão no mun­do. Seu ministério é seu serviço junto aos que crêem,1 e sua missão é seu serviço junto aos que não crêem. Cumprir sua missão no mundo é o quinto propósito de Deus para sua vida.
A missão de sua vida é tanto comum quanto específica. Parte dela é uma responsabilidade compartilhada com todos os outros cristãos, e a outra parte é uma tarefa separada exclusivamente para você. Veremos ambas as partes nos próximos capítulos.
A palavra “missão” tem sua raiz na palavra latina para “remeter”, ou “enviar”. Ser cristão inclui ser enviado ao mundo como represen­tante de Jesus Cristo. Jesus disse: Assim como o Pai me enviou, eu os envio.2
Jesus entendeu nitidamente a missão de sua vida sobre a terra. Quando estava com doze anos de idade, ele disse: Não sabeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai3 e, 21 anos mais tarde, mor­rendo na cruz, ele disse: Está consumado.4 Como capa e contracapa de um livro, essas duas declarações emolduram uma vida plena, que foi dirigida por um propósito. Jesus completou a missão que lhe foi confiada pelo Pai.
A missão de Jesus na terra agora é nossa missão, pois somos o corpo de Cristo. Por que devemos continuar na igreja, que é seu corpo espiritual, o que ele fez em seu corpo físico? Que missão é essa? Apresentar Deus às pessoas! A Bíblia diz: Deus [...] por meio de Cristo, nos transforma de inimigos em amigos dele. E Deus nos deu a tarefa de fazer com que os outros também sejam amigos dele.5
Deus quer resgatar os seres humanos de Satanás e reconciliá-los consigo, para que possamos cumprir os cinco propósitos para os quais ele nos criou: amá-lo, ser parte de sua família, tornar-nos semelhantes a ele, servi-lo e contar aos outros a respeito dele. Uma vez que perten­çamos a ele, Deus nos usará para alcançarmos outras pessoas. Ele nos salva e então nos envia. A Bíblia diz: Estamos aqui falando em nome de Cristo.6 Somos os mensageiros de Deus e espalhamos as boas-no­vas de seu amor e de seus propósitos para o mundo.
A IMPORTÂNCIA DE SUA MISSÃO


Cumprir sua missão na terra é parte essencial de viver para a glória de Deus. A Bíblia apresenta várias razões pelas quais sua missão é tão importante.

Sua missão é uma continuação da missão de Jesus sobre a terra. Como seus seguidores, devemos continuar o que Jesus começou.
Jesus não nos chama apenas para vir a ele, mas também para ir por ele. Sua missão é tão importante que Jesus a repetiu cinco vezes, de cinco formas diferentes, em cinco livros diferentes da Bíblia.7 É como se ele estivesse di­zendo: “Eu realmente quero que você leve isso a sério”! Estude essas cinco incumbências dadas por Jesus, e você aprenderá os detalhes de sua missão na terra — quando, onde, por que e como.
Na Grande Comissão, Jesus disse: Vão e façam discípulos de to­das as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei.8 Essa incumbência foi dada a todos os seguidores de Jesus, não somente a pastores e missionários. Esse é o seu compromisso com Jesus, e não se trata de algo opcional. As palavras de Jesus não são a “Grande Sugestão”. Se você faz parte da família de Deus, sua missão é com­pulsória. Desprezá-la seria um ato de desobediência.
Você talvez não esteja ciente de que Deus o pôs como responsável pelos incrédulos que vivem a sua volta. A Bíblia diz: Você deve ad­verti-los para que eles possam viver. Se você não falar, não advertir os ímpios a parar de praticar o mal, eles morrerão em seus pecados, mas eu colocarei sobre você a responsabilidade pela morte deles.9 Você pode ser o único cristão que algumas pessoas jamais irão co­nhecer, e sua missão é contar a eles sobre Jesus.

Sua missão é um privilégio formidável. Embora seja uma gran­de responsabilidade, é também uma incrível honra ser usado por Deus. Paulo disse: Todas essas novas vêm de Deus, que nos trouxe de volta a si mes­mo por meio daquilo que Cristo Jesus fez. E Deus nos deu o privilégio de insistir com todos para que se tornem aceitáveis dian­te dele e se reconciliem com ele.10 Sua mis­são envolve dois grandes privilégios: trabalhar com Deus e represen­tá-lo. Somos parceiros de Deus na construção de seu Reino. Paulo nos chama colaboradores e diz que somos companheiros de traba­lho no serviço de Deus.11
Jesus assegurou nossa salvação, aceitou-nos em sua família, deu-nos seu Espírito Santo e então nos tornou seus representantes no mundo. Que privilégio! A Bíblia diz: Somos representantes de Cristo. Deus nos usa para persuadir homens e mulheres a deixar de lado suas diferenças, a entrar no trabalho de Deus e a fazer as coisas corretas entre eles. Estamos falando por Cristo agora: Tornem-se ami­gos de Deus.12

Contar aos outros como obter a vida eterna é a melhor coisa que você pode fazer por eles. Se seu vizinho tivesse câncer ou aids e você soubesse a cura, seria criminoso reter tal informação. Ainda pior seria guardar segredo sobre o caminho para o perdão, o propó­sito, a paz e a vida eterna. Temos a melhor de todas as novidades do mundo, e partilhá-la é o maior carinho que podemos mostrar a qual­quer um.
Um problema dos cristãos que se converteram há muito tempo é terem esquecido de como é viver sem Cristo. Devemos nos lembrar de que, não importa quanto as pessoas pareçam estar felizes e bem-sucedidas, sem Cristo, elas estão irremediavelmente destinadas à separação eterna de Deus. A Bíblia diz que Jesus é o único que pode salvar o ser humano.13 Todos precisam de Jesus.

O valor de sua missão é eterno. Ela fará diferença no destino eterno das outras pessoas; logo, é mais importante que qualquer emprego, realização ou objetivo que você possa alcançar durante sua vida na terra. As conseqüências de sua missão irão durar para sempre, mas as conseqüências de seu emprego não. Nada que você faça pode ser mais importante que ajudar as pessoas a estabelecer um relacionamento eterno com Deus.
Por isso precisamos ser diligentes com nossa missão. Jesus disse: Todos nós devemos rapidamente cumprir as tarefas que nos foram entregues por aquele que me enviou, pois resta pou­co tempo antes que caia a noite e todo trabalho che­gue ao fim.14 O relógio que controla a missão de sua vida está correndo, então não perca mais um dia. Inicie agora sua missão de trazer outras pessoas a Cristo! Teremos toda a eternidade para celebrar com aqueles que trouxemos a Jesus, mas só temos o período de nossa vida para alcançá-los.
Isso não significa que você tenha de desistir de seu trabalho para se tornar evangelista em tempo integral. Deus deseja que você parti­lhe as boas-novas no lugar onde estiver. Estudante, mãe e dona-de-casa, professor, vendedor, gerente: qualquer que seja a sua ativida­de, você deve sempre buscar as pessoas que Deus coloca em seu caminho, e com elas partilhar o evangelho.

Sua missão traz significado à sua vida. William James disse: “O melhor uso que se pode dar à vida é empregá-la em algo que sobrevi­va a ela”. A verdade é que somente o Reino de Deus irá permanecer. Todo o resto acabará desaparecendo. É por isso que devemos ter uma vida dirigida por propósitos — vidas empenhadas na adora­ção, na comunhão, no crescimento espiritual, no ministério e no cumprimento de nossa missão na terra. Os resultados dessas ativi­dades irão durar — e para sempre!
Se falhar em cumprir a missão que Deus lhe deu na terra, você terá desperdiçado a vida que Deus lhe concedeu. Paulo disse: Minha vida não tem nenhum valor, a menos que eu a use para realizar a obra que me foi confiada pelo Senhor Jesus — obra de contar aos outros as boas-novas sobre a maravilhosa bondade e sobre o amor de Deus.15 Existem pessoas neste planeta que somente você poderá alcançar, em virtude de onde você vive e do que Deus o fez ser. Se ao menos uma pessoa for para o céu por causa de você, sua vida terá sido relevante para a eternidade. Comece a olhar em torno, em seu campo missionário pessoal, e ore: “Deus, quem você pôs na minha vida para que eu contasse a respeito de Jesus?”.

O cronograma de Deus para a finalização da história está rela­cionado à conclusão de nossa incumbência. Hoje em dia, há um interesse crescente na segunda vinda de Cristo e no fim do mundo. Quando isso ocorrerá? Logo antes de Jesus ter subido aos céus, os discípulos lhe fizeram a mesma pergunta, e a resposta foi bastante reveladora. Ele disse: Não lhes compete saber os tempos ou as datas que o Pai estabeleceu pela sua própria autoridade. Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra.16
Quando os discípulos quiseram conversar sobre as profecias, Jesus rapidamente mudou a conversa para o evangelismo. Ele que­ria que eles se concentrassem em sua missão no mundo. Em essên­cia, ele disse: “Os detalhes da minha volta não são da sua conta. O que é da conta de vocês é a missão que lhes foi dada. Concentrem-se nisso!”.
Especular sobre o momento exato do retorno de Cristo é inútil, pois Jesus disse: Quanto ao dia e à hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão somente o Pai.11 Como Jesus afirmou não saber nem o dia nem a hora, por que você deveria tentar calculá-lo? O que sabemos com certeza é isto: Jesus não irá voltar até que todas as pessoas que Deus separou para ouvir sua Palavra a tenham ouvido. Jesus disse: As boas-novas sobre o Reino de Deus serão pre­gadas em todo o mundo e a todas as nações. Depois virá o fim.18 Se você quer que Jesus volte o mais rápido possível, concentre-se em cumprir sua missão, e não em desvendar a profecia.
É fácil nos distrairmos e desviarmos de nossa missão, porque Satanás nos prefere fazendo qualquer coisa, exceto partilhando a fé. Ele o deixará fazer todo tipo de boa ação, contanto que não leve ninguém para o céu consigo. Mas, no ins­tante em que você começar a levar sua missão a sério, fique certo de que o Diabo irá lançar todo tipo de distração contra você. Quando isso acontecer, lembre-se das pala­vras de Jesus: Todo aquele que se deixa desviar do trabalho que eu planejo para ele, não está apto para o Reino de Deus.19

Quanto lhe custará cumprir sua missão

Cumprir sua missão irá exigir que você abandone seus planos pesso­ais e assuma os planos de Deus para sua vida. Você não pode ape­nas acumulá-la com todas as outras coisas que gostaria de fazer. Você deve dizer, tal qual disse Jesus: Pai [...] não seja feita a minha vontade, mas a tua.20 Submeta seus privilégios, expectativas, sonhos, planos e ambições a Deus. Pare de fazer orações egoístas como: “Deus, abençoe o que quero fazer”. Em vez disso, ore: “Deus, ajude-me a fazer o que estás abençoando”! Entregue a Deus uma folha em bran­co, com seu nome assinado embaixo e peça para ele preencher. A Bíblia diz: Antes entreguem-se inteiramente a Deus — o corpo todo — pois que vocês voltaram da morte e desejam ser instrumentos nas mãos de Deus, usados para seus bons propósitos.21
Comprometendo-se com a realização de sua missão, aconteça o que acontecer, você irá experimentar a bênção de Deus de uma forma que poucas pessoas já experimentaram. Não há quase nada que Deus não faça pelo homem ou mu­lher que se comprometer em servir o Reino de Deus. Jesus prometeu: [Deus] lhes dará tudo de que preci­sam no dia-a-dia se vocês viverem para ele e fizerem do Reino de Deus a sua preocupação primária.22

“Mais um para Jesus”

Meu pai foi pastor por mais de cinqüenta anos, servindo principal­mente em igrejas pequenas da zona rural. Ele era um simples prega­dor, mas era um homem com uma missão. Sua atividade favorita era levar equipes de voluntários ao exterior, a fim de erguer igrejas para pequenas congregações. Durante sua vida, papai ergueu mais de 150 igrejas por todo o mundo.
Em 1999, meu pai morreu de câncer. Na última semana de vida, a doença o mantinha acordado em estado de semiconsciência, quase 24 horas por dia. Quando sonhava, falava alto sobre o que estava sonhando. Sentado ao lado de sua cama, aprendi muito sobre meu pai, apenas escutando seus sonhos. Ele revivia seus projetos de cons­trução, um após o outro.
Certo dia, já próximo ao fim, enquanto minha esposa, minha sobrinha e eu estávamos ao seu lado, papai ficou subitamente agita­do e tentou levantar-se da cama. Logicamente, ele estava muito fra­co, e minha esposa insistiu em que ele voltasse a se deitar. Mas ele insistia em tentar sair da cama, então minha esposa acabou por perguntar: “Jimmy, o que você está querendo fazer?”. Ele respondeu: “Tenho de salvar mais um para Jesus! Tenho de salvar mais um para Jesus! Tenho de salvar mais um para Jesus!”. Ele começou a repetir essa frase sem parar.
Na hora que se seguiu, ele provavelmente repetiu a mesma frase mais de cem vezes. “Tenho de salvar mais um para Jesus!” Quando me sentei próximo a sua cama, com as lágrimas escorrendo, inclinei a cabeça para agradecer a Deus pela fé de meu pai. Naquele momen­to, papai estendeu o braço, pôs sua frágil mão sobre minha cabeça e disse, como se estivesse me comissionando: “Salve mais um para Jesus! Salve mais um para Jesus!”.
Pretendo que esse seja o lema do resto da minha vida. E também o convido a considerar esse objetivo o foco de sua vida, porque nada fará diferença maior na eternidade. Se você quer ser usado por Deus, deve se importar com o que mais importa para Deus; e o que mais importa para ele é a redenção das pessoas que ele fez. Ele quer que seus filhos perdidos sejam encontrados! Nada interessa mais a Deus; a cruz prova isso. Oro para que você esteja sempre atento, a fim de alcançar “mais um para Jesus”, de maneira que, no dia em que você estiver diante de Deus, você possa dizer: “Missão cumprida”.

Trigésimo Sexto Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: Fui feito para uma missão.

Um versículo para memorizar: Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obede­cer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos (Mateus 28.19,20; nvi).

Uma pergunta para meditar: Que temores me impedem de cumprir a missão da qual fui incumbido por Deus? O que me impede de contar aos outros as boas-novas?

Dia 37 Partilhando sua mensagem de vida

Quem crê no Filho de Deus tem o testemunho de Deus nele. 1 João 5:10a; gwt

A vida de vocês ecoa a Palavra do Senhor [...] as notícias sobre sua fé em Deus são conhecidas. Já não temos que dizer mais nada — vocês são a mensagem!
1 Tessalonicenses 1.8; Msg

Deus lhe deu uma mensagem de vida para partilhar.

Quando você se tornou cristão, da mesma forma se tornou men­sageiro de Deus. Deus quer falar ao mundo através de você. Paulo disse: [Nós] falamos diante de Deus com sinceridade, como homens enviados por Deus.1
Você pode sentir que não tem nada para compartilhar, mas isso é apenas o Diabo tentando mantê-lo em silêncio. Você tem um depósi­to de experiências que Deus deseja utilizar para trazer outras pesso­as para a família que é a igreja. A Bíblia diz: Quem crê no Filho de Deus tem em si mesmo esse testemunho.2 Sua mensagem de vida está dividida em quatro partes:

•    Seu testemunho, a história de como você iniciou um relacio­namento com Jesus.
•    Suas lições de vida. as mais importantes lições que Deus lhe ensinou.
•    Suas paixões de origem divina: as questões pelas quais você mais se interessa, segundo a forma que Deus lhe deu.
•    As boas-novas, a mensagem da salvação.

Sua mensagem de vida inclui seu testemunho. O testemunho é a história de como Cristo foi importante na sua vida. Pedro nos diz que fomos escolhidos por Deus para fazer sua obra e falar por ele, a fim de dizer aos outros, noite e dia, a diferença que ele fez para vocês.3 Esta é a essência do testemunho: simplesmente partilhar suas experiências pessoais no que diz respeito ao Senhor. Em um tribu­nal, não se espera que a testemunha debata o caso, comprove a verdade ou insista em determinado veredicto. Esse é o trabalho dos advogados. A testemunha simplesmente conta o que lhe aconteceu ou o que viu.
Jesus disse: [Vocês] serão minhas testemunhas, 4  e não “Vocês se­rão meus advogados”. Ele quer que você conte sua história para os outros. Dar seu testemunho é uma das partes principais de sua mis­são na terra, porque é original. Não há outra história exatamente igual à sua, então somente você pode contá-la. Se você deixar de partilhá-la, ela será perdida para sempre. Você pode não ser um estudioso da Bíblia, mas é uma autoridade quando se trata de sua vida; também porque é difícil argumentar com uma experiência pes­soal. Na prática, seu testemunho pessoal é mais eficaz que um ser­mão, porque as pessoas que não crêem vêem os pastores como ven­dedores profissionais, mas vêem a você como um “cliente satisfeito”; logo, lhe dão mais credibilidade.
Histórias pessoais também são mais fáceis de relatar do que prin­cípios, e as pessoas adoram ouvi-las. Elas captam nossa atenção e ficam em nossa memória por mais tempo. Os incrédulos pro­vavelmente perderiam o inte­resse se você começasse a citar teólogos, mas têm uma curiosi­dade natural sobre experiên­cias que nunca tiveram. Histó­rias compartilhadas criam uma ponte de relacionamento por onde Jesus pode atravessar de seu coração para o delas.
Outro mérito do testemunho é o fato de ele contornar as defesas intelectuais. Muitas pessoas que não aceitariam a autoridade da Bíblia irão dar ouvidos a uma modesta história pessoal. Foi por isso que, em seis ocasiões distintas, Paulo usou seu testemunho, em vez de citar as Escrituras.5
A Bíblia diz: Estejam sempre prontos para responder a qualquer pessoa que pedir que expliquem a esperança que vocês têm. Contu­do, façam isso com mansidão e respeito.6 A melhor forma de “estar­mos preparados” é escrever nosso testemunho e então decorar os pontos principais. Divida-o em quatro partes:

1.   Como era a minha vida antes de conhecer Jesus.
2.   Como percebi que precisava de Jesus.
3.   Como comprometi minha vida com Jesus.
4.    A diferença que Jesus faz na minha vida.

Você logicamente tem muitos outros testemunhos, além do relato de sua salvação. Você tem um relato para cada experiência na qual Deus o auxiliou. Você deve fazer uma lista de todos os problemas, circunstâncias e crises das quais Deus o salvou. Então seja sensível e utilize o relato que melhor se relacione com seu amigo incrédulo. Situações diferentes pedem testemunhos diferentes.

Sua mensagem de vida inclui suas lições de vida. A segunda parte de sua mensagem de vida são as verdades que Deus lhe ensinou a partir de suas experiências com ele. Existem lições e discernimentos que você aprendeu sobre Deus, relacionamentos, problemas, tenta­ções e outros aspectos da vida. Davi orou: Deus, ensina-me as lições da vida, para que eu me mantenha no curso.7 Deploravelmente, mui­tas vezes deixamos de aprender com várias coisas que nos acontecem. Sobre os israelitas, a Bíblia diz: Repetidas vezes Deus os resgatou, mas eles nunca aprenderam até que finalmente seus pecados os destruíram.8 Você provavelmente já conheceu pessoas assim.
Embora seja sábio aprender com nossas experiências, é ainda mais sábio aprender com as experiências dos outros. Não há tempo sufici­ente para aprender tudo na vida por tentativa e erro. Devemos aprender com as lições de vida dos outros. A Bíblia diz: Quando alguém está que­rendo aprender, o conselho de uma pessoa experiente vale mais do que anéis de ouro ou jóias de ouro puro.9
Escreva as principais lições de vida que aprendeu, para que pos­sa partilhá-las com os outros. Devemos ser gratos a Salomão por tê-lo feito, pois ele nos deu os livros de Provérbios e Eclesiastes, os quais estão repletos de lições práticas de vida. Imagine quantas frus­trações inúteis poderiam ser evitadas se aprendêssemos com cada lição de vida das pessoas que nos cercam.
Pessoas maduras desenvolvem o hábito de extrair lições das ex­periências do dia-a-dia. Eu o encorajo a fazer uma lista de suas lições de vida. Você não deve ter tido a oportunidade de ponderar a respeito delas, a menos que as tenha anotado. Eis algumas pergun­tas para cutucar sua memória e fazê-lo começar:10

•    O que Deus me ensinou com o fracasso?
•    O que Deus me ensinou com a falta de dinheiro?
•    O que Deus me ensinou com a dor, tristeza ou depressão?
•    O que Deus me ensinou pela expectativa?
•    O que Deus me ensinou com a doença?
•    O que Deus me ensinou com a decepção?
•    O que aprendi com minha família, minha igreja, meus relaci­onamentos, meu grupo pequeno e com os que me criticam?

Sua mensagem de vida inclui partilhar as paixões que Deus lhe deu. Nosso Deus é um Deus apaixonado. Ele ama apaixonada­mente algumas coisas e apaixonadamente detesta outras. À medida que você se aproximar dele, ele lhe dará uma enorme paixão por algo que realmente importa a ele, de modo que você possa ser seu porta-voz no mundo. Pode ser uma paixão por um problema, por um prin­cípio ou por um grupo de pessoas. O que quer que seja, você se sentirá compelido a falar a esse respeito e a fazer o que estiver a seu alcance para mudar a situação.
Você não consegue deixar de falar sobre aquilo que mais lhe im­porta. Jesus disse: ... o coração do homem determina o que ele fala.11 Dois exemplos disso são: Davi, que disse: O grande interesse que tenho por ti e pela tua casa arde como uma fogueira dentro de mim.12 E Je­remias, que disse: A tua mensagem fica presa den­tro de mim e queima como fogo no meu coração. Estou cansado de guardá-la e não posso mais agüentar.13
Deus dá a algumas pessoas o ardor para defender uma causa. É geralmente um problema que foi sentido na pele, como violência, vício, esterilidade, depressão, doença ou alguma outra dificuldade. Algumas vezes Deus dá às pessoas uma paixão para falar em nome de grupos que não podem falar por si sós: os que ainda não nasce­ram, os perseguidos, os pobres, os encarcerados, os maltratados, os desprovidos e os que não tiveram direito à justiça. A Bíblia está cheia de orientações para defendermos os indefesos.
Deus usa pessoas apaixonadas para impulsionar o seu Reino. Ele poderá lhe dar o ardor de começar novas igrejas, fortalecer famílias, financiar traduções da Bíblia ou treinar líderes cristãos. Você pode ter recebido uma paixão, dada por Deus, para alcançar determinado grupo de pessoas com o evangelho: homens de negócios, adolescentes, estudantes estrangeiros, jovens mães ou os que praticam deter­minado esporte ou passatempo. Se você pedir a Deus, ele fará seu coração arder por um país ou por um grupo étnico específico que precise desesperadamente de um vigoroso testemunho cristão.
Deus nos dá diferentes paixões, para que se concretize tudo que ele quer que seja feito no mundo. Você não deve esperar que alguém se entusiasme pela sua paixão. Em vez disso, devemos ouvir e valorizar as mensagens de vida uns dos ou­tros, porque ninguém tem como di­zer tudo. Jamais menospreze a pai­xão dada por Deus a outra pessoa. A Bíblia diz: É bom sempre ser zeloso pelo bem.14

Sua mensagem de vida inclui as boas-novas. O que são as boas-novas, ou evangelho? No evangelho é revelada a justiça de Deus, uma justiça que do princípio ao fim é pela fé.15 Pois Deus estava em Cristo, reconciliando o mundo consigo mesmo, não levando mais em conta o pecado das pessoas contra ele. Essa é a maravilhosa mensa­gem que ele nos deu para contar aos outros.16 As boas notícias são que, quando confiamos na graça de Deus para nos salvar pelo que foi realizado por Jesus, nosso pecados são perdoados, passamos a ter um propósito para viver e nos é prometido um futuro lar no céu. Existem centenas de ótimos livros que ensinam a pregar o evange­lho. Posso passar uma lista de livros que têm sido bem úteis para mim (v. “Apêndice 2”). Mas nem todo o treinamento do mundo irá motivá-lo a testemunhar de Cristo enquanto você não tiver assimilado as cinco convicções expressas no capítulo anterior. O mais importante é que você aprenda a amar aos perdidos da forma que Deus os ama.
Deus nunca deu vida a uma pessoa por quem não sentisse amor. Todos importam para ele. Quando Jesus estendeu os braços na cruz, ele estava dizendo: “Eis o tanto que o amo!”. A Bíblia diz: Pois o amor de Cristo nos constrange, porque estamos convencidos de que um morreu por todos.17 Sempre que você se sentir apático sobre sua missão no mundo, passe algum tempo pensando sobre o que Jesus fez por você na cruz.
Você deve se preocupar com os que não crêem, porque Deus se preocupa. O amor não lhe dá outra escolha. A Bíblia diz: No amor não há medo; o amor que é totalmente verdadeiro afasta o medo.18 Um pai se lançaria para dentro de um prédio em chamas a fim de salvar o filho, porque seu amor por aquele filho é maior que seu medo. Se você tem medo de partilhar o evangelho de Deus com aque­les que estão ao redor, peça a Deus que encha seu coração de amor por essas pessoas.
A Bíblia diz: [Deus] não quer que ninguém se perca, mas que todas as pessoas mudem seu coração e sua vida.19 Assim que você conhece uma pessoa que não conheça a Cristo, você precisa começar a orar por ela, servindo-a com amor e partilhando as boas-novas. E, enquanto existir uma única pessoa em sua comunidade que não faça parte da família de Deus, sua igreja precisa insistir em buscá-lo. A igreja que não quer crescer está dizendo ao mundo: “Vocês podem ir para o inferno”.
O que você está disposto a fazer para que as pessoas que você conhece possam ir para o céu? Convidá-las a vir à igreja? Contar sua história? Presentear-lhes este livro? Levá-las para jantar? Orar por elas diariamente até que sejam salvas? Seu campo missionário está ao seu redor. Não perca as oportunidades que Deus está lhe dando. A Bíblia diz: Aproveitem o máximo das suas oportunidades para contar a Boa-Nova aos outros. Sejam sábios em todos os seus conta­tos com eles.20
Alguém irá para o céu por sua causa? Será que al­guém no céu poderá lhe dizer “Eu gostaria de lhe agradecer. Estou aqui porque você se importou o suficiente para me falar do evangelho”? Imagine a alegria de encontrar no céu pessoas que você aju­dou a chegar lá. A salvação eterna de uma única vida é mais importante que tudo o mais que você possa conseguir na vida. Somente as pessoas irão du­rar para sempre.
Neste livro, você aprendeu os cinco propósitos de Deus para sua vida na terra: ele o fez para ser membro de sua família, exemplo de seu caráter, alguém que engrandece sua glória, ministro de sua gra­ça e mensageiro do evangelho. Desses cinco propósitos, o quinto pode ser realizado somente na terra. Os outros quatro você continu­ará exercendo na eternidade, de uma forma ou de outra. Por isso é tão importante propagarmos as boas-novas; você só tem um curto espaço de tempo para partilhar sua mensagem de vida e cumprir sua missão.

Trigésimo Sétimo Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: Deus quer dizer algo ao mundo por meu intermédio.

Um versículo para memorizar: Estejam sempre pron­tos para responder a qualquer pessoa que pedir que expliquem a esperança que vocês têm. Porém façam isso com educação e respeito (1 Pedro 3.15 b, 16a; ntlh).

Uma pergunta para meditar: Ao refletir sobre minha história pessoal, percebo que ela é mais adequada a essa ou àquela pessoa. Com quem Deus gostaria que eu a partilhasse?

Dia 38 Tornando-se um cristão de primeira classe

Jesus disse aos seus seguidores: “Vão pelo mundo todo e contem as boas-novas a todas as pessoas”.
Marcos 16.15; ncv

Assim saberemos por onde ele quer que nós andemos. Assim, todas as nações conhecerão a sua salvação!
Salmo 67.2; bv

A Grande Comissão é sua comissão.

Você tem uma escolha a fazer. Ou você é um cristão da melhor qualidade, ou é um cristão mundano.1
Cristãos mundanos buscam principalmente a satisfação pessoal. Eles estão salvos, mas são egoístas. Adoram comparecer a reuniões de louvor e a seminários edificantes, mas você jamais os achará em conferências sobre missões, porque não estão interessados. Suas ora­ções se concentram em suas próprias necessidades, bênçãos e felici­dade. É a fé do “eu primeiro”: “Como Deus pode tornar minha vida mais confortável?”. Eles querem usar a Deus para seus propósitos, em vez de serem usados por Deus para os propósitos dele.
Os cristãos de primeira classe, em contrapartida, sabem que fo­ram salvos para servir e feitos para uma missão. Eles são ávidos por receber uma missão pessoal e se entusiasmam com o privilégio de ser usados por Deus. Os cristãos de primeira classe são as únicas pessoas totalmente vivas neste planeta. Sua alegria, confiança e en­tusiasmo contagiam, porque sabem que são relevantes. Acordam a cada manhã na expectativa de que Deus opere por meio deles de formas novas. Que tipo de cristão você quer ser?
Deus o convida a participar na mais magnífica, ampla, multifor­me e importante causa da história — o seu Reino.
A história é sua história. Ele está formando sua família para a eternidade. Nada é mais importante e nada durará tanto. Por meio do livro de Apocalipse, sabemos que a missão global de Deus será cumprida. Algum dia, a Grande Comissão se tornará a Grande Con­sumação. Nos céus, uma enorme multidão de pessoas de todas as nações, tribos, povos e línguas,2 estará um dia perante Jesus Cristo para adorá-lo. Envolver-se como cristão de primeira classe lhe per­mitirá experimentar um pouco do céu antecipadamente.
Quando Jesus ordenou aos seus seguidores “irem por todo o mun­do e pregarem o evangelho a todas as pessoas”, o pequeno bando de pobres discípulos do Oriente Médio ficou pasmado. Eles deveriam ir a pé ou cavalgar pequenos animais? Era tudo que tinham para o transporte, e não existiam barcos capazes de atravessar um oceano; logo, existiam verdadeiras barreiras físicas que os impediam de ir por todo o mundo.
Hoje, temos aviões, trens, ônibus e automóveis. No final, é um mundo pequeno, que encolhe a cada dia. Você pode voar sobre o oceano em questão de horas e estar em casa no dia seguinte, se for necessário. As oportunidades para que cristãos normais, do nosso dia-a-dia, possam se envolver em missões internacionais de curta duração são praticamente ilimitadas. Cada canto do mundo está ao seu alcance — pergunte à industria do turismo! Não temos descul­pas para não espalharmos o evangelho.
Agora, com a Internet, o mundo está ficando ainda menor. Além dos telefones e aparelhos de fax, qualquer crente com acesso à Internet pode se comunicar pessoalmente com pessoas de praticamente todos os países do mundo. Todo o planeta está na ponta dos seus dedos!
Até mesmo os mais remotos vilarejos têm acesso a  e-mail, portan­to, você pode hoje entabular conversas e-vangelísticas com pessoas do outro lado do mundo, sem nem ao menos sair de casa! Nunca na história foi tão fácil cumprir a incum­bência de ir por todo o mundo. Os maiores obstáculos já não são a dis­tância, o custo ou o transporte. O úni­co obstáculo é nossa forma de pen­sar. Para ser cristão de primeira clas­se, você deve se dispor a algumas mudanças mentais. Sua perspectiva e suas atitudes devem mudar.

Como pensar como cristão de primeira classe


Troque o raciocínio egoísta pelo raciocínio altruísta. A Bíblia diz: Irmãos, não pensem como crianças. [...] Sejam adultos no seu modo de pensar.3 Esse é o primeiro passo para se tornar um cristão de primeira classe. As crianças só pensam em si; já as pessoas maduras pensam nas outras pessoas. Deus ordena: Não pensem somente em seus pró­prios interesses, mas estejam interessados nos outros também.4
É claro que essa é uma mudança de mentalidade difícil de ser realizada, pois somos naturalmente voltados para nós mesmos, e quase todas as propagandas nos incentivam a pensar em nós mes­mos. A única forma de alterar esse padrão é sermos dependentes de Deus a cada momento. Felizmente, ele não nos abandona para lutar sós. Deus nos deu o seu Espírito. É por isso que não pen­samos da mesma forma que as pessoas deste mundo.5
Comece pedindo ao Espírito Santo que o ajude a pensar nas necessidades espirituais daqueles que não crêem toda vez que for falar com eles. Com a prática, você poderá desenvolver o hábito de orar silenciosa­mente, nada além de um murmúrio, por aqueles com quem se encontrar. Diga: “Pai, ajuda-me a compreender o que está impedindo essa pessoa de conhecer você”.
Seu objetivo é verificar onde os outros se encontram em sua jor­nada espiritual, fazendo então todo o possível para levá-los a co­nhecer a Cristo. Você pode aprender a fazer isso, adotando a menta­lidade de Paulo, que disse: Não estou procurando o meu próprio bem, mas o bem de muitos, para que sejam salvos.6

Deixe de raciocinar de forma restrita e raciocine de forma glo­bal. Deus é um Deus global. Ele sempre se preocupou com o mundo inteiro. Deus tanto amou o mundo...7 Desde o início, ele quis mem­bros para sua família de todas as nações que criou. A Bíblia diz: De um só homem ele criou todas as raças humanas para viverem na terra. Antes de criar os povos, Deus marcou para eles os lugares onde iriam morar e quanto tempo ficariam lá. Ele fez isso para que todos pudessem procurá-lo e talvez encontrá-lo.8
Grande parte do mundo já pensa de forma global. Os maiores conglomerados de comunicação e negócios são multinacionais. Nos­sa vida e a vida de pessoas em outras nações se tornam cada vez mais entrelaçadas, à medida que compartilhamos moda, entreteni­mento, música, esportes e até fast-food. É provável que a maioria das roupas que você está vestindo e grande parte do que você come hoje em dia tenham sido produzidos em outro país. Nós estamos mais unidos do que percebemos.
Estamos vivendo dias emocionantes. Atualmente, existem mais cristãos sobre a terra do que em qualquer outra época. Paulo estava certo: A mesma boa-nova que chegou até vocês está saindo pelo mundo todo. Ela está transformando vidas em todas as partes, tal como transformou a de vocês....9
A melhor forma de começar a pensar de maneira global é começar a orar por países específicos. Cristãos de primeira classe oram pelo mundo. Consiga um Atlas ou um mapa e ore pelos países por nome. A Bíblia diz: Se você me pedir, eu darei a você as nações; todos os povos da terra serão seus.10
A oração é a ferramenta mais importante na sua missão no mun­do. As pessoas podem recusar nosso amor ou rejeitar nossa mensa­gem, mas não têm defesas contra nos­sas orações. Como um míssil intercon­tinental, você pode apontar uma ora­ção para o coração de uma pessoa, esteja você a um metro ou a 16 mil quilômetros de distância.
Qual deveria ser o alvo das suas ora­ções? A Bíblia diz que devemos orar por oportunidades para testemu­nhar,11 por coragem para falar,12 por aqueles que irão crer,13 para que a mensagem se espalhe rapidamente14 e por mais obreiros.15 As orações o tornam parceiro de muitas outras pessoas ao redor do mundo.
Você também deve orar pelos missionários e por todas as outras pessoas envolvidas na colheita ao redor do mundo. Paulo disse a seus companheiros de oração: Vocês nos ajudam com suas orações.16 Se você tem interesse em sugestões para orar de forma inteligente, pelo mundo e pelos obreiros cristãos, veja o “Apêndice 2”.
Outra forma de desenvolver um raciocínio global é ler ou ver o noticiário com “olhos de quem assumiu a Grande Comissão”. Sempre que houver mudanças ou conflitos, esteja certo de que Deus irá usar tais situações para trazer pessoas a si. As pessoas são mais recepti­vas a Deus quando estão sob tensão ou em transição. Pelo fato de estar aumentando a quantidade de mudanças em nosso mundo, mais pessoas estão abertas como nunca a ouvir as boas-novas.
A melhor forma de passar a pensar de maneira global é tão-so­mente se levantar e partir para algum projeto missionário de curto prazo, em outro país! Simplesmente não há como substituir a parti­cipação ativa, na vida real, em outra cultura. Pare de estudar e dis­cutir sua missão, e realize-a! Eu o desafio a ir até o fim. Em Atos 1.8, Jesus nos deu um padrão para nosso envolvimento: [Vocês] serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra.17 Seus seguidores teriam de alcançar sua comuni­dade (Jerusalém), seu país (Judéia), outras culturas (Samaria) e outras nações (até os confins da terra). Repare que nossa comissão é simultâ­nea, e não consecutiva. Embora nem todos tenham o dom de missões, todo cristão é chamado a participar de uma missão, junto a todos os quatro grupos, de alguma forma. Você é um cristão nos moldes de Atos 1.8?
Estabeleça o objetivo de participar de um projeto missionário direcionado a cada um desses quatro alvos. Insisto com você para que poupe dinheiro suficiente e faça o que for necessário para parti­cipar de uma viagem missionária de curto prazo ao exterior, o mais rápido possível. Quase todas as organizações missionárias podem ajudá-lo nisso. Isso aumentará seu amor, ampliará sua visão, au­mentará sua fé, aprofundará seu sentimento de compaixão e o en­cherá de um tipo de alegria que você jamais experimentou. Pode ser um divisor de águas na sua vida.

Substitua o pensamento imediatista pelo pensamento com perspectiva eterna. Para aproveitar ao máximo seu tempo na terra, você deve manter uma perspectiva eterna. Isso irá evitar que você dê importância excessiva a questões menores e o ajudará a distinguir entre o que é urgente e o que é eterno. Paulo disse: Fixamos os olhos, não naquilo que se vê, mas no que não se vê, pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno.18
Muitas das coisas em que empenhamos nossas energias já não significarão nada daqui a um ano, quanto mais pela eternidade. Não troque sua vida por coisas temporárias. Mas Jesus lhe disse: Todo aquele que se deixa desviar do tra­balho que eu planejo para ele não está apto para o Reino de Deus.19 E Paulo alertou: [Tratem] das coisas deste mundo como se não estivessem ocupados com elas. Pois este mundo como está agora, não vai durar muito.20
O que você está permitindo que se interponha entre você e sua missão? O que o está impedindo de se tornar um cristão de primeira classe? O que quer que seja, abandone-o. Afastemos de nós qualquer coisa que nos torne vagarosos ou nos atrase.21
Jesus nos disse: Acumulem para vocês tesouros nos céus.22 Como podemos fazer isso? Em uma de suas declarações mais incompreendi­das, Jesus disse: Por isso, eu lhes digo: Usem a riqueza deste mundo ímpio para ganhar amigos, de forma que, quando ela acabar, estes os recebam nas moradas eternas.23 Jesus não quis dizer que você deve “comprar” amigos com dinheiro, mas que você deve usar o dinheiro que Deus lhe deu para levar pessoas a Cristo. Eles então serão seus amigos por toda a eternidade, os quais o recepcionarão quando chegar ao céu! Esse é o melhor investimento financeiro que você pode fazer.
Você provavelmente já ouviu a expressão “Você não pode levar isso consigo” — mas a Bíblia diz que você pode enviá-lo adiante de si, ao investir em pessoas que estão indo para lá! A Bíblia diz: Fazendo isso, eles estarão acumulando um tesouro real para si mesmos no céu — este é o único investimento seguro para a eternidade! E estarão levando uma vida cristã frutífera aqui na terra também.24

Pare de pensar em desculpas e comece a pensar em formas criativas de cumprir seu compromis­so. Se você estiver decidido, há sempre uma forma de fazê-lo, e existem orga­nismos que irão auxiliá-lo. Eis algumas desculpas mais comuns:

• “Além do português, só sei falar in­glês”. Isso é, na verdade, uma vanta­gem em muitos países, onde milhões de pessoas querem apren­der a falar a língua inglesa e estão ávidas para praticá-lo.

•    “Não tenho nada a oferecer”. Sim, você tem. Cada habilida­de e experiência na sua formação pode ser utilizada de alguma forma.
•    “Estou muito velho (ou muito jovem)”. A maioria das organiza­ções missionárias têm projetos de curto prazo adequados a cada faixa etária.

Da mesma forma que Deus rejeitou as desculpas de Sara, quando ela disse estar muito velha para ser usada, ele também rejeitou as de Jeremias, quando este disse ser muito jovem. Não diga isso, respon­deu o Senhor, pois você tem de ir aonde quer que eu o enviar e dizer o que quer que eu diga a você. Não tenha medo do povo, pois eu estarei com você e cuidarei de você.25
Pode ser que você acreditasse ser necessário um “chamado” espe­cial de Deus e estivesse esperando alguma sensação ou experiência sobrenatural. Mas Deus já anunciou seu chamado repetidamente. Somos todos chamados para cumprir os cinco propósitos de Deus para nossa vida: adorar, ter comunhão, crescer semelhantes a Cristo, servir e sair em missão, com Deus, pelo mundo. Deus não quer usar apenas algumas pessoas; ele quer usar todas as pessoas. Somos to­dos chamados para participar de uma missão para Deus. Ele quer que toda a igreja leve todo o seu evangelho a todo o mundo.26
Muitos cristãos deixaram passar os planos de Deus para sua vida porque nem ao menos perguntaram a Deus se ele os queria servindo como missionários em algum lugar. Seja por medo, seja por ignorân­cia, eles automaticamente fecharam a mente à possibilidade de servir como missionários residentes em um ambiente de culturas diversifi­cadas. Se sua tendência é dizer não, deve checar todas as diferentes formas e possibilidades atualmente disponíveis (você irá se surpreen­der) e orar e perguntar seriamente a Deus o que ele desejará de você nos anos que se seguem. Incontáveis milhares de missionários resi­dentes são desesperadamente necessários nesse ponto crítico da his­tória, quando tantas portas estão se abrindo, como nunca aconteceu.
Se você quer ser semelhante a Jesus, deve ter misericórdia do mundo inteiro. Você não pode se dar por satisfeito apenas com sua família e amigos vindo a Cristo. Existem mais de seis bilhões de pessoas na terra, e Jesus quer achar todos os seus filhos que estão perdidos. Jesus disse: Se você insistir em salvar a sua própria vida, você a perderá. Somente aqueles que põem de lado a sua vida por minha causa e por causa da Boa Nova é que saberão realmente o que significa viver.27 A Grande Comissão é sua comissão, e fazer sua par­te é o segredo para ter uma vida de grande valor.

Trigésimo Oitavo Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: A Grande Comissão é minha comissão.

Um versículo para memorizar: Assim saberemos por onde ele quer que nós andemos. Assim, todas as nações conhecerão a sua salvação! (Salmos 67.2; bv).

Uma pergunta para meditar: Que providências posso tomar a fim de me preparar para experimentar uma mis­são de curta duração no ano que vem?

Dia 39 Equilibrando sua vida

Portanto, vivam com o devido senso de responsabilidade, não como homens que não conhecem o significado da vida, mas como aqueles que o conhecem.
Efésios 5.15; ch

Não permitam que os erros dos ímpios levem vocês pelo caminho errado e façam vocês perderem o equilíbrio.
2 Pedro 3.17; cev

Bem-aventurados os equilibrados, pois subsistirão mais do que todos.

Uma das competições das Olimpíadas de verão é o pentatlo. Ele é composto de cinco modalidades: tiro-ao-alvo, esgrima, equitação, corrida e natação. O objetivo do pentatlo é vencer todas as cinco, e não apenas uma ou duas.
Sua vida é um pentatlo com cinco propósitos, que devem ser man­tidos em equilíbrio. Esses propósitos foram praticados pelos primei­ros cristãos em Atos 2, explicados por Paulo em Efésios 4 e exemplifi­cados por Jesus em João 17, mas estão resumidos no Grande Manda­mento e na Grande Comissão de Jesus. Essas duas declarações resu­mem todo este livro — os cinco propósitos de Deus para sua vida:

l. “Ame a Deus de todo o seu coração”: você foi planejado para o prazer de Deus; logo, seu propósito é amar a Deus por meio da adoração.
2.  “Ame ao próximo como a ti mesmo”: você foi formado para servir; então seu propósito é demonstrar amor pelas outras pessoas por meio do ministério.
3.  “Vão e façam discípulos”: você foi feito para uma missão; então seu propósito é compartilhar a mensagem de Deus por meio da evangelização.
4.  “Batize-os em...”: você foi formado para fazer parte da famí­lia de Deus; então seu propósito é se identificar com sua igre­ja por meio da comunhão.
5.  “Ensine-os todas as coisas...”: você foi criado para se tornar semelhante a Cristo; então seu propósito é amadurecer por meio do discipulado.

Um compromisso sério com o Grande Mandamento e a Grande Comissão fará de você um grande cristão.
Manter os cinco propósitos em equilíbrio não é tarefa fácil. Todos tendemos a exagerar nos propósitos que nos despertam maior pai­xão e negligenciar os outros. As igrejas fazem a mesma coisa. Mas você pode manter sua vida equilibra­da e firme no caminho, juntando-se a um pequeno grupo para prestar contas uns aos outros, avaliando re­gularmente sua saúde espiritual, re­gistrando seu progresso em um diá­rio pessoal e passando o que apren­deu para os outros. Essas quatro atividades são importantes para um viver dirigido por um propósito. Se você prima por se manter no caminho certo, precisará desenvolver esses hábitos.

Converse sobre o assunto com um companheiro espiritual ou em um grupo pequeno. A melhor maneira de assimilar as idéias deste livro é discuti-las com outras pessoas no ambiente de um gru­po pequeno. A Bíblia diz: Como o ferro afia o ferro, da mesma manei­ra as pessoas podem ajudar a melhorar umas às outras.1 Aprende­mos melhor em comunidade. Nossa mente fica mais aguçada e nos­sas convicções mais intensas por meio da conversa.
Eu o exorto veementemente a juntar um pequeno grupo de ami­gos e formar um grupo de leitura de Uma vida com propósitos, a fim de rever esses capítulos semanalmente. Vocês devem discutir as im­plicações e aplicações de cada capítulo. Devem perguntar: “E daí?”, “E agora?”, “O que isso significa para mim, minha família e nossa igreja?”, “O que vou fazer a respeito disso?”. Paulo disse: Ponham em prática o que vocês receberam e aprenderam.2 No “Apêndice 1”, pre­parei uma lista de perguntas para debate para ser usadas por seu grupo pequeno ou na escola dominical.
Um pequeno grupo de leitura proporciona muitos benefícios que não podem ser alcançados somente por um livro. Vocês podem dar e receber opiniões sobre o que estão aprendendo. Podem tratar de exem­plos da vida real. Podem orar, incentivar e apoiar uns aos outros à medida que começarem a viver esses propósitos. Lembrem-se de que fomos feitos para crescer juntos, e não separadamente. A Bíblia diz: Encorajem uns aos outros e dêem forças uns aos outros.3 Após terem completado este livro juntos, em grupo, você poderá pensar em examinar outros estudos para uma vida dirigida com propósitos, disponí­veis para grupos e classes (v. “Apêndice 2”).
Também o encorajo a estudar a Bíblia individualmente. Registrei como notas ao fim do livro os mais de mil trechos da Bíblia utiliza­dos neste livro, para que você possa estudá-los em seu contexto. Leia por gentileza o “Apêndice 3”, que explica o porquê de terem sido utilizadas paráfrases e diferentes traduções. Visando a manter estes capítulos adequados à leitura diá­ria, me foi impossível explicar o fascinante con­texto da maioria dos versículos utilizados. Entretanto, a Bíblia foi feita para ser estudada por parágrafos, capítulos e até mesmo livros inteiros. O meu livro pode ajudá-lo a realizar estudos indutivos.

Faça em si mesmo uma inspeção espiritual periódica. A me­lhor forma de equilibrar os cinco propósitos na sua vida é fazer uma avaliação periódica de si mesmo. Deus dá grande valor ao hábito da auto-avaliação. Somos orientados pelo menos cinco vezes nas Escri­turas a verificar e a examinar nossa saúde espiritual.4 A Bíblia diz: Examinem-se para terem certeza de que estão firmes na fé. Não se desviem, achando que tudo está garantido. Realizem em si mesmos exames regulares [...] testem-se. Se falharem no teste, façam algo a respeito.5
Para manter a saúde física, você precisa de exames regulares com o médico, para que possa avaliar seus sinais vitais — pressão sangüínea, temperatura, peso e assim por diante. Para sua saúde espiritual, você precisa veri­ficar regularmente os cinco sinais vitais da adora­ção, comunhão, crescimento do caráter, ministério e missão. Jeremias aconselhou: Vamos fazer um bom exame na maneira que estamos vivendo e reorgani­zar nossa vida debaixo da autoridade de Deus.6
Na Saddleback, desenvolvemos uma ferramenta simples de avaliação pessoal que tem auxiliado milhares de pesso­as a permanecer no propósito de Deus. Se você desejar uma cópia dessa análise da saúde espiritual para uma vida dirigida por propó­sitos, pode me enviar um e-mail (v. “Apêndice 2”). Você ficará surpre­so ao ver como essa pequena ferramenta o ajudará a alcançar o equilíbrio para uma vida saudável e de crescimento. Paulo disse: Que a idéia entusiástica do princípio seja igualada pela ação rea­lista do presente.7

Anote seu progresso em um diário. A melhor forma de conso­lidar seu progresso no cumprimento dos propósitos de Deus para sua vida é manter um diário espiritual. Não se trata do registro de acontecimentos, mas de lições de vida que você não gostaria de esquecer. A Bíblia diz: Por isso é preciso que prestemos maior aten­ção ao que temos ouvido, para que jamais nos desviemos.8 Podemos nos lembrar do que registramos.
Escrever ajuda a esclarecer o que Deus está fazendo na sua vida. Dawson Trotman costumava dizer: “Os pensamentos se desemba­raçam quando passam pelos nossos dedos”. A Bíblia traz vários exemplos em que Deus manda as pessoas manterem um diário es­piritual. Ela diz: Conforme orientação do Senhor, Moisés manteve um registro de seu progresso.9 Não lhe deixa contente o fato de Moisés ter obedecido à orientação de Deus de registrar a jornada espiritual de Israel? Se ele fosse preguiçoso, nos seriam subtraídas as poderosas lições de vida presentes no livro de Êxodo.
Embora seja improvável que seu diário espiritual seja tão am­plamente lido como o de Moisés, ele ainda é importante. A Nova Versão Internacional diz: Por ordem do Senhor, Moisés registrou as etapas da jornada deles. Sua vida é uma jornada, e uma jornada merece um diário. Espero que você escreva sobre as fases de sua jornada espiritual, ao ter uma vida dirigida por propósitos.
Não anote apenas o que for agradável. Tal qual fez Davi, registre suas dúvidas, temores e lutas com Deus. Nossas maiores lições vêm do sofrimento, e a Bíblia diz que Deus mantém um registro de nos­sas lágrimas.10 Sempre que ocorrer um problema, lembre-se de que Deus os utiliza para cumprir todos os cinco propósitos para sua vida. Os problemas o forçam a atentar para Deus, trazem-no para uma comunhão mais íntima com os outros, constroem um caráter semelhante ao de Cristo, lhe fornecem um ministério e lhe provêm um testemunho. Todo problema é dirigido por propósitos.
Bem no meio de uma experiência sofrida, o salmista escreveu: Que isso fique escrito para que os nossos descendentes saibam o que o Senhor Deus fez e para que o louvem aqueles que ainda vão nascer.11 Você deve às futuras gerações a preservação do relato de como Deus o ajudou a cumprir os propósitos dele na terra. Trata-se de um testemunho que continu­ará a ser dado muito após você estar no céu.

Transmita aos outros aquilo que você sabe. Se você quer con­tinuar crescendo, a melhor forma de aprender mais é transmitir o que já aprendeu. O livro de Provérbios diz: Quem abençoa os outros é abundantemente abençoado; os que ajudam os outros serão aju­dados.12 Aqueles que passam adiante suas percepções obtêm ainda mais de Deus.
Agora que compreende o propósito da vida, você tem a respon­sabilidade de levar essa mensagem aos outros. Deus o está cha­mando para ser seu mensageiro. Paulo disse: Agora, quero que você diga essas mesmas coisas a seguidores confiáveis para que as possam dizer aos outros.13 Neste livro, passei a você o que apren­di com outras pessoas sobre o propósito da vida; agora é a sua vez de transmitir esses conhecimentos a outras pessoas.
Você provavelmente conhece centenas de pessoas que não sabem qual o propósito da vida. Compartilhe essas verdades com seus fi­lhos, amigos, vizinhos e aqueles com quem trabalha. Se você der este livro a um amigo, adicione um bilhete pessoal na pá­gina da dedicatória.
Quanto mais você sabe, mais Deus espera que você use tal conhecimento para ajudar os outros. Tiago disse: Quem sabe que deve fazer o bem e não o faz comete pecado.14 O conhecimento aumen­ta a responsabilidade. Porém, transmitir o propósito da vida é mais do que uma obrigação; é um dos grandes privilégios da vida. Imagine como o mundo seria diferente se todos conheces­sem seu propósito. Paulo disse: Se você transmitir essas instruções aos irmãos, será um bom ministro de Cristo Jesus.15

Tudo se destina à glória de Deus

O motivo pelo qual transmitimos o que aprendemos é a glória de Deus e o crescimento do seu Reino. Na noite anterior à crucificação, Jesus disse ao Pai: Eu te glorifiquei na terra, completando a obra que me deste para fazer.16 Quando Jesus orou com essas palavras, ainda não tinha morrido por nossos pecados, então que “obra” ele havia completado? Nesse caso, ele estava se referindo a algo dis­tinto da expiação. A resposta está no que ele disse, nos vinte versí­culos seguintes de sua oração.17
Jesus disse ao Pai o que havia feito nos últimos três anos: a preparação dos discípulos para viver para os propósitos de Deus. Ele os ajudou a conhecer e amar a Deus (adorar), ensinou a amarem uns aos outros (comunhão), deu-lhes a Palavra para que amadure­cessem (discipulado), mostrou-lhes como servir (ministério) e enviou-os a levar o evangelho aos outros (missão). Jesus foi o exemplo de uma vida dirigida por propósitos, e também ensinou aos outros como vivê-la. Essa foi a “obra” que glorificou a Deus.
Hoje em dia, Deus chama a cada um de nós para realizarmos a mesma obra. Ele não quer apenas que vivamos seus propósitos, mas que ajudemos as outras pessoas a fazer o mesmo. Deus quer que apresentemos Cristo às pessoas, trazendo-as para a comunhão, aju­dando-as a amadurecer e a descobrir como servir e então que torne­mos a enviá-las para que mais pessoas sejam alcançadas.
É disso que se trata uma vida dirigida por propósitos. Indepen­dentemente de sua idade, o resto de sua vida pode ser a melhor parte dela, e você pode começar hoje a viver com propósitos.

Trigésimo Nono Dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: Bem-aventurados sejam os equi­librados.

Um versículo para memorizar: Portanto, vivam com o devido senso de responsabilidade, não como homens que não conhecem o significado da vida, mas como aque­les que o conhecem (Efésios 5.15; ch).

Uma pergunta para meditar: Quais das quatro ativida­des vou iniciar para permanecer no caminho e equili­brar os cinco propósitos de Deus para minha vida?

Dia 40 Vivendo com propósitos

Muitos são os planos no coração do homem, mas o que prevalece é o propósito do Senhor.
Provérbios 19.21; nvi

Pois Davi [...] serviu aos propósitos de Deus em sua geração.
Atos 13.36; nasb

Viver com propósitos é a única maneira de viver de verdade. Todo o resto é apenas existir.

A maioria das pessoas luta com as três questões básicas da vida. A primeira é a identidade. “Quem sou eu?”. A segunda é a importância: “Significo alguma coisa?”. A terceira é o impacto: “Qual o meu lugar na vida?”. As respostas a todas as três perguntas são encontradas nos cinco propósitos que Deus tem para você.
No cenáculo, quando Jesus concluiu seu último dia de ministé­rio junto aos discípulos, ele lavou os pés deles como exemplo e dis­se: Agora que vocês sabem estas coisas, felizes serão se as pratica­rem.1 Uma vez que saiba o que Deus quer que você faça, a bênção vem quando você põe em prática o que aprendeu. Como chegamos ao fim de nossa jornada de quarenta dias, você agora sabe o propó­sito de Deus para sua vida, e será abençoado se o puser em prática.
Isso provavelmente quer dizer que você deverá parar de fazer outras coisas. Existem muitas coisas “boas” que você pode fazer com sua vida, mas os propósitos de Deus são os quatro fundamen­tos que você precisa fazer. Infelizmente, é fácil se distrair e esque­cer o que é mais importante. É fácil se desviar do que realmente importa e lentamente abandonar o curso. Para evitar que isso acon­teça, você deve fazer uma declaração dos propósitos de sua vida e examiná-la regularmente.

O que é uma Declaração dos Propósitos para sua vida?


É uma declaração que resume os propósitos de Deus para sua vida. Você afirma com suas próprias palavras seu compromisso com os cinco propósitos de Deus para sua vida. Uma declaração de pro­pósitos não é uma lista de objetivos. Os objetivos são temporários; os propósitos são eternos. A Bíblia diz: Mas o que o Senhor planeja dura para sempre, as suas decisões permanecem eternamente.2

É uma declaração que aponta a direção de sua vida. Colocar seus propósitos no papel irá forçá-lo a pensar especificamente so­bre o rumo de sua vida. A Bíblia diz: Saiba para onde você está indo, e estará em terreno sólido? Uma declaração dos propósitos de sua vida não apenas especifica o que você pretende fazer com seu tempo, sua vida e seu dinheiro, mas também sugere o que você não irá fazer. Provérbios diz: Quem tem juízo procura a sabedoria, mas o tolo não sabe o que quer.4

É uma declaração que define o que é “sucesso” para você. Ela afirma o que você acredita ser importante, e não o que o mundo acredita ser importante. Ela esclarece seus valores. Paulo disse: Eu quero que compreendam o que realmente importa.5

É uma declaração que esclarece suas funções. Você terá dife­rentes funções em diferentes etapas na vida, mas seus propósitos jamais serão alterados. Eles são maiores que qualquer função que você possa ter.

É uma declaração que expressa sua forma. Ela reflete a exclusividade que Deus lhe deu.
Leve o tempo que for necessário para escrever sua declaração de propósitos. Não tente completá-la de uma só vez, e não adianta tentar atingir a perfei­ção em seu primeiro rascunho; apenas anote seus pensamentos conforme lhe ocorrerem. É sempre mais fácil editar do que criar. A seguir apresento cinco questões que devem ser levadas em conta na preparação de sua declaração.

As cinco grandes questões da vida


O que será o centro de minha vida? Essa é a questão da adoração. Para quem você irá viver? Em torno de que você construirá sua vida? Você pode basear sua vida em torno de sua carreira, sua família, um esporte ou um passatempo, dinheiro, diversão ou em torno de muitas outras atividades. Todas essas coisas são boas, mas não fazem parte do centro de sua vida. Nenhuma delas é sufi­cientemente forte para mantê-lo a salvo quando a vida começar a desmoronar. Você precisa de um centro inabalável.
O rei Asa ordenou ao povo de Judá que centrassem sua vida em Deus.6 Na verdade, o que quer que esteja no centro de nossa vida é o nosso deus. Quando comprometeu a sua vida com Cristo, ele se moveu para o centro, mas você precisa mantê-lo lá por meio da ado­ração. Paulo diz: Oro para que [...] Cristo habite no coração de vocês mediante a fé.7
Como você sabe quando Deus está no centro da sua vida? Quan­do Deus está no centro de sua vida, você adora. Quando não está, você fica preocupado. A ansiedade é a luz de advertência, que indica que Deus foi empurrado para o lado. Você volta­rá a ter paz no instante em que o colo­ca de volta ao centro. A Bíblia diz: A consciência da completitude de Deus [...] dará paz a vocês. É maravilhoso quando Cristo desfaz a preocupação que está no centro de sua vida.8

Qual será o caráter de minha vida? Essa é a questão do discipu­lado. Que tipo de pessoa você será? Deus está muito mais interessa­do em quem você é do que no que você faz. Lembre-se: você irá levar seu caráter para a eternidade, mas não sua carreira. Faça uma lista das características que você quer trabalhar e desenvolver em seu caráter. Você deve começar com o fruto do Espírito Santo9 ou com as bem-aventuranças.10
Pedro disse: Não percam um minuto em edificar sobre o que lhe foi dado, complementando sua fé básica com bom caráter, entendi­mento espiritual, disciplina alerta, paciência apaixonada, admira­ção reverente, amizade calorosa e amor generoso.11 Não desanime ou desista quando tropeçar. É necessária toda uma vida para construir um caráter semelhante ao de Cristo. Paulo disse a Timóteo: Cuide atentamente do seu caráter e do que ensina. Não se deixe distrair. Tão-somente persista.12

Qual será a contribuição de minha vida? Essa é a questão do serviço. Qual será seu ministério no corpo de Cristo? Conhecendo sua mistura de formação espiritual, opções do coração, recursos pes­soais, modo de ser e áreas de experiência (forma), qual papel lhe seria mais adequado na família de Deus? Como você pode fazer alguma diferença? Tem a formação adequada para servir em algum grupo específico do corpo de Cristo? Paulo apontou dois benefícios mara­vilhosos em cumprir seu ministério: Porque isso que vocês fazem não somente ajuda o povo de Deus que está necessitado, mas tam­bém faz com que eles façam muitas orações de gratidão a Deus.13
Embora você tenha sido formado para servir os outros, nem mes­mo Jesus alcançou as necessidades de todos enquanto estava na terra. Você deve escolher a quem pode ajudar melhor, com base na sua vocação. Você precisa perguntar: “A quem eu desejo mais aju­dar?”. Jesus disse: Eu que vos escolhi e vos designei para irdes e produzirdes fruto e para que o vosso fruto permaneça.14 Cada um de nós dá frutos diferentes.

Qual será a mensagem de minha vida? Essa é a questão de sua missão junto aos incrédulos. Sua declaração de missão faz parte de sua declaração de propósitos. Ela deve incluir seu compromisso de dar seu testemunho aos outros sobre o evangelho. Você também deve listar as lições de vida, assim como as paixões que Deus lhe conce­deu para que compartilhasse com o mundo. Conforme for crescendo em Cristo, Deus poderá lhe dar um grupo especial de pessoas nas quais você deverá se concentrar para alcançar. Não deixe de pôr isso na sua declaração.
Se você for mãe ou pai, parte de sua missão é educar seus filhos para que conheçam a Cristo, ajudá-los a compreender os propósitos da vida deles e enviá-los pelo mundo na missão que Deus lhes reser­vou. Você poderia incluir na sua declaração a declaração de Josué: Mas eu e a minha família serviremos ao Senhor.15
É obvio que nossa vida deve reforçar e confirmar a mensagem que passamos. Antes de grande parte dos incrédulos aceitar a credi­bilidade da Bíblia, eles querem saber se nós temos credibilidade. É por isso que a Bíblia diz: O mais importante é que vocês vivam de acordo com o evangelho de Cristo.16

Qual será a comunidade de minha vida? Essa é a questão de sua comunhão. Como você irá demonstrar seu compromisso com os outros crentes e sua ligação com a família de Deus? Onde você irá praticar com outros cristãos os mandamentos do tipo “uns aos outros”? A qual igreja local você irá se juntar como membro ativo? Quanto mais você amadurecer, mais irá amar o corpo de Cristo e desejará se sacrificar por ele. A Bíblia diz: Cristo amou a igreja e deu a sua vida por ela.17 Você deve incluir em sua declaração uma manifestação de seu amor pela igreja de Deus.
Ao pensar nas respostas para essas questões, inclua qualquer tre­cho das Escrituras que fale ao seu coração sobre esses propósitos. Exis­tem muitos neste livro. Poderá levar semanas ou meses para que você possa elaborar sua declaração de propósitos exatamente da forma que deseja. Ore, pense sobre ela, converse com amigos ínti­mos e medite na Bíblia. Ela poderá passar por várias redações até chegar ao seu formato final. E mesmo en­tão você provavelmente fará pequenas alterações com o passar do tempo e à medida que Deus lhe der um maior discernimento sobre sua vocação. Se você tem interesse em ver exem­plos de outras pessoas, mande-me um e-mail (v. “Apêndice 2”).
Além de escrever uma declaração de propósitos detalhada, tam­bém é de grande auxílio ter um curto enunciado ou slogan que resu­ma os cinco propósitos para sua vida de uma forma fácil de decorar e que inspire você. Dessa forma, você poderá se recordar diariamen­te. Salomão aconselhou: Será uma satisfação guardá-los no íntimo e tê-los todos na ponta da língua.18 Eis alguns exemplos:

•  “Meu propósito de vida é adorar a Cristo com todo o meu cora­ção, servi-lo com minha vocação, ter comunhão com sua famí­lia, desenvolver um caráter como o dele e cumprir minha mis­são no mundo para que ele receba a glória.”
•  “Meu propósito de vida é ser membro da família de Cristo, exemplo de seu caráter, ministro de sua graça, mensageiro de sua palavra e um engrandecedor de sua glória.”
•  “Meu propósito de vida é amar a Cristo, crescer em Cristo, com­partilhar Cristo e servir a Cristo por meio de sua igreja; e levar minha família e os outros a fazer o mesmo.”
•  “Meu propósito de vida é firmar um compromisso firme com o Grande Mandamento e a Grande Comissão.”
•  “Meu objetivo é me tornar semelhante a Cristo; minha família é a igreja; meu ministério é _____________; minha missão é ______________; meu motivo é a glória de Deus.”

Você deve pensar: “E quanto à vontade de Deus para meu empre­go, casamento, lugar em que devo viver ou a escola?”. Falando com franqueza, essas questões são secundárias na sua vida, e devem existir inúmeras possibilidades que estejam de acordo com a vonta­de de Deus para sua vida. O que mais importa é cumprir os propósi­tos eternos de Deus, a despeito de onde você viver ou trabalhar ou de com quem você se casar. Essas decisões devem respaldar os seus propósitos. A Bíblia diz: Muitos são os planos no coração do homem, mas o que prevalece é o propósito do Senhor.19 Concentre-se nos pro­pósitos de Deus para sua vida, e não nos seus planos, uma vez que são aqueles que durarão para sempre.
Certa vez, ouvi uma sugestão para que a declaração de propósitos fosse baseada no que você gostaria que as outras pessoas dissessem sobre você no seu enterro. Imagine o elogio perfeito, e então construa a declaração a partir dele. Francamente, é uma péssima idéia. No final de sua vida, não terá nenhuma importância o que as pessoas disse­rem a seu respeito. Só importará o que Deus disser a seu respeito. A Bíblia diz: ...nosso propósito é agradar a Deus, não às pessoas.20
Algum dia Deus irá analisar nossas respostas a essas questões da vida. Você pôs Jesus no centro de sua vida? Você desenvolveu o seu caráter? Você dedicou sua vida a servir os outros? Você comunicou a mensagem de Deus e cumpriu a missão que ele lhe deu? Você amou e participou em sua família na igreja? Essas são as únicas questões que irão contar. Como disse Paulo: Nosso objetivo é estar à altura do pla­no de Deus para nós.21

Deus quer usar você

Há cerca de trinta anos, reparei em uma pequena frase em Atos 13.36 que iria alterar para sempre a direção da minha vida. Eram somente dez pala­vras, mas pareciam uma marca de ferro em brasa, palavras que marcariam minha vida para sempre: Pois Davi [...] serviu aos propósitos de Deus em sua geração.22 Só então compreendi por que Deus chamou Davi de ho­mem segundo o meu coração.23 Davi dedicou a vida a cumprir os propósitos de Deus na terra.
Não existe maior epitáfio que essa declaração! Imagine isso es­culpido na sua lápide: que você serviu aos propósitos de Deus na sua geração. Oro para que as pessoas possam dizer isso sobre mim quando eu morrer. Também oro para que as pessoas possam dizer isso de você. Foi por isso que escrevi este livro para você. Essa frase é a descrição definitiva de uma vida bem vivida. Você faz o que é eterno e atemporal (os propósitos de Deus), à maneira contemporâ­nea e atual (na sua geração). Uma vida com propósitos trata exata­mente disso. Nem as gerações passadas, nem as futuras podem ser­vir a Deus nesta geração. Somente nós podemos. Tal qual Ester, Deus o criou para um momento como este.24
Deus ainda procura pessoas que possam ser usadas. A Bíblia diz: Os olhos do Senhor procuram por toda a terra a fim de fortalecer aqueles cujos corações estejam completamente comprometidos com ele.25 Você seria uma pessoa que Deus pode usar para seus propósi­tos? Você serviria aos propósitos de Deus na sua geração?
Paulo teve uma vida dirigida por propó­sitos. Ele disse: Corro direto para o alvo, com um propósito a cada passo.26 Seu único moti­vo para viver era cumprir os propósitos que Deus tinha para ele. Ele disse: Porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro.27 Pau­lo não tinha medo de viver, nem de morrer. De qualquer maneira, ele iria cumprir os propósitos de Deus. Ele não podia perder!
Algum dia, a história será encerrada, mas a eternidade seguirá para sempre. William Carey disse: “O futuro é tão brilhante quanto as promessas de Deus”. Quando parecer difícil cumprir seus propó­sitos, não ceda ao desânimo. Lembre-se de sua recompensa, a qual durará para sempre. A Bíblia diz: Pois os nossos sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para nós uma glória eterna que pesa mais do que todos eles.28
Imagine como será naquele dia, quando todos apresentarmos nossa vida perante o trono de Deus, louvando a Cristo com profun­da gratidão. Juntos nós diremos: Tu, Senhor e Deus nosso, és digno de receber a glória, a honra e o poder, porque crias te todas as coisas, e por tua vontade elas existem e foram criadas.29 Nós o louvaremos por seus planos e viveremos para seus propósitos — eternamente.

quadragésimo dia
Pensando sobre meu propósito

Um tema para reflexão: Viver com propósitos é a única maneira de viver de verdade.

Um versículo para memorizar: Pois Davi [...] serviu aos propósitos de Deus em sua geração (Atos 13.36; nasb).

Uma pergunta para meditar: Quando irei parar para escrever minhas respostas às cinco grandes questões da vida? Quando colocarei meu propósito no papel?